Crítica: Missão Impossível – Efeito Fallout (Mission: Impossible – Fallout)

27

Direção: Christopher McQuarrie

RoteiroChristopher McQuarrie

Anúncios

Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Sean Harris, Angela Bassett, Vanessa Kirby, Michelle Monaghan, Kristoffer Joner e Alec Baldwin

Nota 4/5

A longevidade pouco comum de uma série como Missão Impossível somente pode ser comparada à disposição do seu próprio protagonista que, chegando ao sexto filme, demonstra uma vitalidade ímpar no papel, sem demonstrar cansaço ou falta de criatividade. Até porque, a franquia (baseada na famosa série dos anos 60) caminhou por diversos e diferentes estilos que poderiam comprometer sua existência.

Mas, se o primeiro longa, já no distante ano de 1996, ficou marcado pela elegância da direção de ninguém menos que Brian de Palma (para mim, ainda o melhor da série), o segundo – lançado em 2000 (para mim, o pior) – apresentou-se completamente diferente através da direção de John Woo, mas confirmava a intenção de Tom Cruise (produtor da série) em apostar de vez todas suas fichas no thriller de espionagem com sequências de ação em profusão, para lá de inventivas.

Depois, J. J. Abrams e Brad Bird assumiram respectivamente o terceiro e quarto filmes (em 2006 e 2011) fazendo a série ter uma identidade própria e mantendo certa qualidade dentro do gênero até a chegada do diretor Christopher McQuarrie que assumiu a franquia com Missão Impossível: Rogue Nation (2015) e agora com Missão Impossível: Efeito Fallout. Portanto, ao brincar com alguns elementos que ficaram famosos nos filmes anteriores, este Efeito Fallout se torna provavelmente o mais bem sucedido da série (além do primeiro) ao apresentar outros momentos e sequências marcantes dentro de nuances e equilíbrio narrativo do gênero de ação, sem esquecer por momentos de um humor sutil e referências ao gênero. Cenas absurdas? Ok. Tom Cruise correndo e demostrando jovialidade? Ok. Personagens usando máscaras e enganando o inimigo? Ok. Bomba prestes a explodir com os heróis correndo contra o tempo para desarmá-la em ações paralelas? Ok. Ficou faltando mesmo apenas um cena com ele pendurado que tornou a marca registrada da série!

Não que os filmes anteriores não contivessem tais elementos ou que não fossem marcantes, mas neste longa parece que McQuarrie aproveitou bem a bagagem trazida pelos antecessores e as usa de maneira inteligente dentro do arco do protagonista, sempre marcado pela questão moral e o fato do passado sempre se fazer presente. Portanto, é sintomático que a presença da personagem de Michelle Monaghan (vista dois filmes atrás), como a ex-esposa de Hunt, seja vista como um fantasma para o protagonista quando surge também a agente Ilsa (Ferguson se mostrando sempre uma personagem forte), por quem Hunt tem grande estima. E isso tudo ao mesmo tempo em que a própria narrativa usa o contexto do passado para pontuar as boas sequências de ação, como o fato, por exemplo, de que no clímax do filme seja introduzida uma perseguição com presença de helicópteros (como visto no primeiro longa da série) e uma montanha sendo escalada (como no segundo). Também é interessante notar, por exemplo, que Jeremy Renner (presente dois últimos filmes como um “substituto” de Hunt) não dê as caras aqui – dando a entender que Cruise não largará o osso tão cedo e mantenha o desejo de se reinventar.

MI_Poster Crítica: Missão Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout)Iniciado com um bom prólogo e de certa maneira apresentando o filme como uma espécie de sequência (in)direta do anterior (algo inédito na franquia), o agente Ethan Hunt (Cruise) e sua equipe formada por Luther (Rhames, único remanescente do original além de Tom Cruise) e Benji (Pegg, aqui mais contido, mas não menos funcional), em conjunto com o agente da Cia, Walker (Cavill) e a própria Ilsa (Ferguson) tentam resgatar unidades de plutônio roubadas depois de uma negociação frustrada. Para isso, Hunt se aliará a perigosa Viúva Branca (Vanessa Kirby, trazendo consigo a pitada James Bond) para recapturar o vilão Salomon Lane (Harris) – visto no filme anterior – e usá-lo como moeda de troca para reaver as bombas antes que sejam usadas por terroristas – ao mesmo tempo em que (novamente) uma suspeita do governo americano recaia sobre a fidelidade de Hunt como agente do MI-6.

Bem, é claro que o excesso de tramas, mesmo que interligadas e com boas e inesperadas reviravoltas, cobram uma atenção desnecessária do espectador durante seus quase 150 minutos, entretanto, eu admito que somente me toquei do excesso de frentes e personagens bem depois de assistir o filme e ao começar escrever este texto; o que demonstra, portanto, que o interesse sobre o longa é quase instantaneamente reativado no momento em que a trama se direciona ao seu objetivo – que são as sequências de ação em si e resolver o mote principal.

Sequências estas que merecem elogios pela capacidade da direção inserir o espectador naquele clima de maneira ininterrupta e fluida dentro do contexto disparatado, como podemos comprovar no momento em que temos uma excelente perseguição pela ruas de Paris (remetendo ao clássico Operação França de 1971); depois temos um momento dentro de um barco e depois estamos acompanhando uma outra perseguição com carros – tudo isso, obviamente, sem apelar constantemente para cortes rápidos ou movimentos bruscos de câmera que pudessem cansar o público. Ademais, mesmo quando percebemos que pode haver um inserção de dublê (algo que Tom Cruise dispensa) ou até mesmo uso de CGI em alguns momentos, é tudo tão bem realizado que jamais duvidamos que Tom Cruise realmente esteja operando tal veículo, como na própria perseguição de moto em que a presença do ator jamais é questionada. Ademais, a fotografia de Rob Hardy (Ex-Machina) é elogiável por conseguir equilibrar as cores durante toda a obra, mesmo que tenhamos cenários tão distintos entre eles (França, Londres, Caxemira) sem que tenhamos algum tipo de contraste maior, ao mesmo tempo que consiga trazer sutilezas para cada um.

Tanto, que em determinado momento, durante a sequência numa boate, temos um ótima cena entre Hunt, Walker e outro personagem que, dentro da atmosfera totalmente branca do local, vai criando um contraste eficiente até a resolução da cena envolvendo uma morte violenta; onde toda a sequência é exaltada pela ausência de trilha sonora trazendo mais crueza à cena decisiva (demonstrando o bom trabalho de som que permeia a obra, ao jamais apostar em tons exagerados a todo momento). Inclusive tal cena não teria tanta eficienência se a dinâmica de Cruise e Cavill não funcionasse, pois surgindo sempre de maneira bruta e imponente, Cavill imprime de maneira eficiente o contraponto à presença mais discreta de Hunt, inclusive trazendo certo humor em um determinado momento (no caso, como se estivéssemos vendo aquela velha dinâmica de obra policial com dois agente de personalidades antagônicas, mas que devem trabalhar juntos para resolver um caso).

Conseguindo – como dito anteriormente – manter a expectativa e o interesse do espectador, a direção entende que seu personagem principal não precisa mais provar nada, transformando-o em uma figura quase indestrutível e centro moral para os envolvidos; onde o público compra a ideia sem qualquer constrangimento. E mesmo que certo sentimentalismo seja desnecessário (algo que denuncie certos problemas no desenvolvimento pessoal de tantos personagens), Missão Impossível: Efeito Fallout assume com eficiência a vertente de um herói que ri e cospe o perigo sem qualquer problema.

printfriendly-pdf-email-button-notext Crítica: Missão Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout)
The following two tabs change content below.
FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Missão Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout)

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

27 thoughts on “Crítica: Missão Impossível – Efeito Fallout (Mission: Impossible – Fallout)

  1. Tom Cruise é um canalha que obriga a esposa a não falar sobre namorados e faz a família sofrer com religião, então a piada embora bem intencionada não funciona

  2. O Gene Wilder ia fazer o filme do Spielberg como Haliday, então a intenção do Mark Rylance obviamente era ser cômica e deslocada por favor avisa o Rodrigo Rodrigues que as intenções do Spielberg e do Rylance eram essas

    1. Bem vindo
      Obrigado pelo elogio!
      Se puder de um curtida na nossa página no facebook

  3. Filme da semana – “Missão Impossível : Efeito Fallout” – Obrigado a unir forças com o agente especial da CIA August Walker (Henry Cavill) para mais uma missão impossível, Ethan Hunt (Tom Cruise) se vê novamente cara a cara com Solomon Lane (Sean Harris) e preso numa teia que envolve velhos conhecidos movidos por interesses misteriosos e contatos de moral duvidosa. Atormentado por decisões do passado que retornam para assombrá-lo, Hunt precisa se resolver com seus sentimentos e impedir que uma catastrófica explosão ocorra, no que conta com a ajuda dos amigos de IMF.

    Uma pulga atrás da orelha, me dizia que este sexto filme de uma franquia iniciada a …22 anos atrás e com o mesmo ator com seus quase 60 anos, iria ser mais do mesmo e de pouca inspiração, cheia de clichês e empurrado com a barriga. Isto, porque nem todos os filmes desta cine-série, são realmente bons…mas surpresa, o filme é ótimo !!! Sei que pode ser batido o tema da série, as peripécias do Tom Cruise (ajudado por dublês) e na qual ele quase morreu sofrendo um acidente nas filmagens que o deixou incapacitado um tempo. Mas ele conseguiu. Não só ele, pois o elenco ajuda muito, estão lá os ótimos membros da equipe de Ethan, Luther ( o único que o acompanha desde o primeiro filme) e o excelente ator Simon Pegg como o especialista Benji. Alias, são as tiradas de Pegg, que deixa o filme bem legal. Ainda destaco o elenco feminino, a volta da agente dupla Ilsa (Rebecca Fergunson) , a ex-esposa de Ethan, Julia (Michelle Monaghan) e a vilão Viuva Branca (a linda Vanessa Kirby do seriado The Crown). É importante dizer, que a presença feminina aqui, não é representada pelo velho clichê de “mocinha em perigo que precisa ser salva”, mas “mulheres chutadoras de bundas”.

    A trama pode parecer confusa e cheia de reviravoltas ao longo da projeção, mas as cenas de ação compensam bastante. Não fica um filme cansativo. O Henry Cavill (o novo Superman), tenta dar um ânimo para um agente duplo, aqui ele se saiu melhor, mas ainda continuo achando o cara muito canastrão , e Sean Harris, retorna como Salomon Lane. O que eu acho muito bacana, são as perseguições em Paris, isto lembra bastante outros filmes principalmente o “Operação França”, mas também podemos destacar o primeiro Bourne ou os filmes de Busca Implacável.

    Um fato interessante, a franquia teve diretores diferentes em cada filme, neste repete o mesmo do filme anterior, Christopher McQuarrie, que também escreveu o roteiro. J.J.Abrams, que foi diretor do terceiro, continua produtor da franquia ao lado de Tom Cruise.

    Agora o mais estranho é a falta da presença do ator Jeremy Renner, que deveria ser o substituto de Ethan Hunt, visto nos últimos dois anteriores filmes das franquia. Pelo visto não vingou. Cruise vai ter que continuar segurando a onda sozinho e sua equipe. Alias, Renner tá em uma maré de azar, ele também foi quase um substituto de Matt Damon na franquia Bourne, mas também, não vingou, restou apenas ser coadjuvante dos filmes da Marvel mesmo.

    Nota 4 de 5

    1. parece que o Renner ia morrer no começo do filme ai nao aceitou e nao assinou o contrato

    1. Planilho,
      Bem vindo
      Obrigado pelo comentário!
      Abraços

  4. concordo com a critica… tem uns sites ae metendo o pau no filme pq eh meio cliche nas conclusoes mas convenhamos cliche nao é problema o problema é o cliche mal usado, ja dizia o critico que nao lembro quem é kkkkkkkkkkkkkkkk

    1. Texas
      Bem vindo,
      Obrigado pelo comentário. Se discordasse não teria problema também não rs
      Realmente tem alguns veículos que não gostaram do filme, é e absolutamente normal; principalmente se tratando de um filme de gênero de ação. E realmente devo concordar sobre os clichês: Isso nunca foi problema quando bem usado.
      Abraços e obrigado!

    1. Obrigado pelo comentário e elogio.
      Acho importante que traga o máximo de informação possível sobre o filme para quem esta lendo. Assim engrandecemos o debate sobre a obra

      Abraços e fique a vontade para comentar nossos textos!

  5. O filme foi amplamente elogiado pela crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, a aprovação é de 97% e com nota média de 8.4. É uma bola de neve: critica elogia, publico comparece, bilheteria sobe, noticia enaltece a bilheteria, publico comparece mais…

    1. Rivaldo
      Bem vindo
      Realmente é uma bola de Neve, mas não costumo – particularmente- levar em consideração estes sites de aprovação. Isso não significa que o filme seja exatamente bom, até porque o importante numa avaliação de um filme é o texto em si (não a nota)

      Obrigado pelo comentário…
      Abraços

  6. parabens pela critica, assisti ontem bom filme concordo com vc talvez seja o melhor ao lado do primeiro, que é excelente, desse jeito teremos um filme da serie pro resto da vida igual James Bond e Star Wars hahaha

    1. Spock
      Bem vindo
      obrigado pelo elogio. E fica realmente a dúvida se vamos ter uma série longeva. Apesar que o carisma depende muito do Tom Cruise; e mesmo como toda a disposição ele não fará isso o para sempre. Bem, vamos aguardar o que o futuro dirá…
      Abraços

  7. vc nao comentou da serie dos anos 80, com o ator que tinha cabelo branco e fez o piloto em Apertem os Cintos o Piloto Sumiu… ela é que marcou a geracao que hj ve os filmes, e nao a serie dos anos 60, que sinceramente, quase ninguem de hj em dia viu…

    1. Luizinho
      Bem vindo
      Ok, poderia até ter mencionado tal elemento. Entretanto, isso não significa que as série clássica deve ser esquecida; até porque a própria série dos anos 80 somente existiu por causa dela.

      Imagina se todo filme baseado em séries ou filmes renegássemos sua origens somente porque são antigas! não seria correto e até um desrespeito. Te garanto, por exemplo, que muitas das pessoa que veem Star Trek hoje, jamais viram um episódio da séria clássica. E nem por isso deixamos de reverenciá-la.

      Abraços

  8. Tom Cruise quem diria se firma como um ator a ponto de garantir uma serie longeva e exigente. E nao é so questao fisica, de forma fisica, mas sim de atuação mesmo. Quem imaginaria isso uns 15 anos atras…

    1. pra mim maior surpresa é o Cavill que parecia um bocó inexpressivo (ou monoexpressivo rsrsrsrs………. em Superman e aos poucos vamos vendo outros trabalhos bons dele, acho que esse é o melhor

    2. Obrigado pelo comentário amigos.
      Realmente não teria como imaginar Tom Cruise chegando nessa idade com todo o gás. Mas, de qualquer maneira, ele sempre foi um bom ator!

      E Henry Cavill demostrou que pode mais…rs
      Abraço

  9. que tal um texto com um apanhado geral dos missoes impossivel igual vcs fizeram do sexta feira 13

    1. Ice
      Bem vindo
      Dica anotada

      Obrigado pelo comentário!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *