Star Trek – Uma jornada além das estrelas – Parte 3

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O seriado original Star Trek (1966-1969) havia durado apenas 3 temporadas (de 5 planejadas), mas suas reprises fizeram com que o mesmo se transformasse em um ícone cultural e a Paramount tentou aproveitar-se disto, lançando uma série animada (TAS – 1973-1974) e posteriormente, após uma tentativa frustrada de se fazer um novo seriado com os mesmos atores, acabou aproveitando a onda aberta por Star Wars e lançou uma franquia de filmes com o elenco original a partir de 1979 (até 1991).

Gene Roddenberry (1921-1991), criador da série, lutou por uma década para a volta de Star Trek, ou no formato de seriado de TV, ou nas telas de cinema, mas acabou tendo seu papel reduzido a mero consultor da franquia, sem que a maioria de suas opiniões ou críticas fossem levadas a sério, após Jornada nas Estrelas  – O Filme (1979). Cada vez mais posto a escanteio em cada produção de cinema, começou a ter cada vez menos contato com a franquia.

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Em 1986, o filme Jornada nas Estrelas IV – A volta pra Casa, o quarto da franquia, havia feito sucesso de crítica e público (pela primeira vez, fazendo sucesso com os “não trekkers”), trazendo uma nova legião de fãs através de uma história bem amarrada envolvendo ecologia. A Paramount viu a oportunidade e o sucesso em alta de Star Trek, e percebeu que isto poderia resultar em algo maior, se um novo seriado pudesse ser lançado na TV. O fato é que eles haviam abandonado um retorno quase garantido e em grande estilo, com o cancelamento da produção Star Trek – Fase II, quando meia temporada já havia sido escrita e testes de produção já estavam sendo feitos.

Outro dilema para a Paramount era que os atores originais exigiam quantias cada vez maiores para fazer as produções de cinema a cada filme lançado e na TV, e estes valores seriam proibitivos à produção da nova série, de modo que a solução foi criar um seriado totalmente novo, e com uma nova tripulação (formada por novos atores), cuja história se passaria 100 anos depois do seriado original. A Paramount levou a ideia para o criador do seriado original, Gene Roddenberry, na época colocado como consultor “decorativo” da franquia. A princípio, Roddenberry declinou, mas voltou atrás depois de estar insatisfeito com o trabalho conceitual inicial. Com ele a bordo, em 10 de outubro de 1986, pouco meses depois do quarto filme ter estourado nas bilheterias, a Paramount anunciou o lançamento do primeiro derivado/continuação da série original.

Star Trek: The Next Generations (Jornada nas Estrelas – A Nova Geração)  (1987-1994)

Produção:

A Paramount, sem um canal próprio de TV, apresentou o conceito do seriado para várias emissoras americanas, como NBC e CBS, porém os canais queriam se comprometer apenas com um piloto e, se ele tivesse audiência positiva, aí sim autorizariam a produção de uma temporada completa. A CBS, aliás, queria apenas a produção de um minissérie e a FOX, mais interessada, queria que o seriado ajudasse a lançar um novo canal de TV, mas agendou eventual decisão apenas para março de 1987. Assim, a Paramount rejeitou todas as ofertas das grandes emissoras e vendeu a mesma pelo sistema de syndication para várias emissoras independentes americanas, mantendo controle total da série, sem a interferência de qualquer emissora e tendo uma audiência que cobria 90% do território americano, com 150 emissoras independentes. Um tiro certeiro.

O executivo da Paramount Rick Berman entrou na série a pedido de Roddenberry, tornando-se seu auxiliar e braço direito, para comandar a mesma. Ele também foi responsável por trazer para o time de escritores e roteiristas vários veteranos da TOS, como Robert H. Justman, D. C. Fontana, Eddie Milkis e David Gerrold. Ele ainda prometeu que os atores originais poderiam fazer algumas pontas como “veteranos estadistas”.

No conceito da nova série, passada 100 anos depois da tripulação do Capitão Kirk, a Federação se expandiu ainda mais pela galaxia, os velhos inimigos Klingons agora eram aliados e um deles inclusive se tornara membro da tripulação (Sr.Worf). Em TNG a nave era a nova Enterprise D, muito maior e mais equipada que a original, com a capacidade de ter sua seção “disco” se tornando independente do resto da nave, e contando ainda com um sistema holográfico de realidade virtual chamado holodeck, que permitia aos tripulantes viverem aventuras virtuais em diferentes ambientes e mundos.

Os atores contratados e seus respectivos personagens foram o britânico Patrick Stewart, um capitão de meia-idade francês chamado Jean-Luc Picard, auxiliado pelo Primeiro Oficial, o Comandante William Riker (Jonathan Frakes), o segundo oficial e chefe de ciências, o androide Data (Brent Spiner), fazendo-se assim o trio principal de comando da nave. Os outros auxiliares foram Tenente Geordi La Forge (LeVar Burton) piloto que é cego de nascença mas enxerga através de um aparelho especial, Tenente Worf (Michael Dorn), o primeiro klingon a se tornar um oficial da Frota Estelar, a Doutora Beverly Crusher (Gates McFadden), oficial médica, e que no passado teve um affair com Picard, a Conselheira da nave, Deanna Troi (Marina Sirtis), de uma raça de sensitivos que consegue sentir as emoções de outras pessoas e que havia também tido um relacionamento com Riker no passado, a Tenente Tasha Yar (Denise Crosby) oficial de segurança da nave, e o jovem Wesley Crusher (Wil Wheaton), filho da Doutora. A atriz e esposa de Gene Roddenberry, Majel Baret ganharia mais um personagem, esporadicamente ela apareceria como Lwaxana Troi, mãe da Conselheira Deanne Troi.

A estimativa era que cada episódio em média custasse por volta de US$ 1,3 milhões, fazendo a série ser uma das mais caras produções de TV do mundona época.

1ª Temporada (1987-1988)

O piloto Encounter at Farpoint de duas horas foi escrito por D. C. Fontana (o desejo de Roddenberry era  apenas uma hora, mas a Paramount insistiu em duas). No enredo, a tripulação da recém construída USS Enterprise-D examina a misteriosa Estação de Longínqua, que está sendo entregue para a Federação Unida dos Planetas pelos bandi, enquanto lidam com uma entidade onipotente chamada Q, um ser superior que julga a humanidade pelos crimes cometidos no passado. O piloto contou com a participação especial do ator DeForest Kelley, agora um aposentado Almirante McCoy com mais de 100 anos… Os efeitos especiais ficaram a cargo da ILM, e a trilha sonora foi de Jerry Goldsmith, que adaptou seu icônico tema do primeiro filme de Star Trek de 1979.

Com o episódio piloto aprovado em 28 de Setembro de 1987, a primeira parte de Encounter at Farpoint foi exibida em 98 emissoras independentes e 112 afiliadas. Os níveis de audiência foram altíssimos, por volta dos 27 milhões de telespectadores. Na época, ele foi imediatamente chamado de “o drama televisivo de maior audiência na história da syndication“. Houve algumas críticas relativas a lentidão do roteiro, mas a maioria das análises se surpreendeu pelos efeitos especiais.

Apesar da equipe ter tido liberdade criativa devido a falta de interferência de uma emissora, a primeira temporada foi marcada pela saída dos roteiristas D. C. Fontana e David Gerrold, devido às constantes interferências de Gene Roddenberry, que alterava constantemente os roteiros. Nesta temporada, apesar dos eventos da maioria dos episódio serem fechados, houve desenvolvimentos importantes para o programa como um todo como a ameaça recorrente de Q, introduzida no piloto e que reapareceu no episódio Hide and Q. Os ferengi apareceram pela primeira vez em The Last Outpost. As capacidades do holodeck foram bastante exploradas pela tripulação, como as aventuras do alter-ego de Picard, o detetive dos anos 30 Dixon Hill, no episódio The Big Goodbye, e a história do relacionamento entre Riker e Troi ficou evidenciada no episódio Haven. Os episódios do final da temporada armaram o terreno para vários arcos futuros. O episódio Datalore introduziu o irmão malvado de Data, Lore, que apareceu em vários episódios subsequentes. Coming of Age lidou com as tentativas de Wesley para entrar na Academia da Frota. Heart of Glory explorou o personagem de Worf, a cultura klingon e as relações difíceis entre a Federação e o Império Klingon, três temas que seriam de grande importância futuramente. Tasha Yar deixou o programa após o episódio Skin of Evil, se tornando a primeira personagem principal de Star Trek a morrer (permanentemente) em uma série ou filme. Quando a personagem Tasha Yar faleceu (com a saída da série da atriz Denise Crosby), o personagem Worf ganhou mais evidência, sendo promovido ao cargo de Chefe de Segurança. O season finale, The Neutral Zone, estabeleceu a presença de dois vilões recorrentes: os romulanos (fazendo sua primeira aparição desde a série original) e, por um prenúncio, os borg. A temporada teve um total de 26 episódios.

O piloto da série se tornou o primeiro programa de televisão a ser indicado ao Hugo Award desde 1972. Seis episódios foram indicados ao Emmy Award; 11001001 venceu em Melhor Edição de Som, The Big Goodbye venceu em Melhor Figurino, e Conspiracy venceu em Melhor Maquiagem.

Ao final da temporada a média da audiência foi de 8,55 milhões de espectadores, uma certeza de produção para uma segunda temporada. Mas alguns ajustes tiveram que ser feitos, pois alguns fãs reclamaram que alguns episódios pareciam cópias recicladas da série original. Outros disseram que o Comandante Riker parecia ser uma imitação barata do Capitão Kirk e que a Doutora Crusher estava lá só para dormir com o capitão e nunca “salvava ninguém”. É claro que houve exageros, mas o fato é que chegaram à Paramount algumas reclamações, e além disso havia o fato de que muitos fãs do seriado original (TOS) viam TNG com bastante desconfiança.

2ª Temporada (1988-1989)

O Co-Produtor executivo Maurice Hurley fez algumas mudanças significativas em TNG em sua segunda temporada. A atriz Gates McFadden – a Doutora Beverly Crusher – foi a primeira personagem a ser cortada da série, por problemas entre ela e Hurley durante a produção da primeira temporada. Em seu lugar foi chamada a atriz Diana Muldaur (que apareceu nos episódios Return to Tomorrow e Is There in Truth No Beauty? da TOS) como Dra. Katherine Pulaski. A atriz vencedora do Oscar Whoopi Goldberg passou a ser um personagem recorrente em alguns episódios como Guinan, uma velha amiga de Picard que comanda o bar da nave, onde a tripulação passa seus momentos de recreação. Outra mudança foi em relação ao Comandante Riker, que passou a  usar barba para não ficar muito parecido com Capitão Kirk do seriado original. A segunda temporada teve uma redução no número de episódios, motivada pela greve de roteiristas que parou Hollywood por vários meses em 1988, passando assim de 26 para 22 episódios. Devido à greve, o episódio de abertura, The Child, foi baseado em um roteiro escrito originalmente para Star Trek: Phase II, enquanto o último episódio da temporada, Shades of Gray, foi constituído em sua maioria de cenas de episódios anteriores (o que o deixou considerado como um dos piores da série).

Apesar das mudanças e dos problemas mencionados, a segunda temporada foi considerada muito melhor que a primeira, tanto pelos críticos quanto pelos fãs. As histórias ficaram mais sofisticadas e começaram a misturar drama e alívio cômico. Seu foco no desenvolvimento de personagens recebeu elogios especiais. Co-Produtor executivo Maurice Hurley tinha falado que seu objetivo principal para a temporada era executar arcos de histórias e de personagens bastante longos. Hurley escreveu o aclamado episódio Q Who, que apresentou pela primeira vez os vilões mais populares da TNG, os borg. A segunda temporada se focou no desenvolvimento de Data, em dois elogiadíssimos episódios: Elementary, Dear Data e The Measure of a Man. Miles O’Brien também se tornou mais proeminente, enquanto Geordi La Forge achou seu lugar promovido a Engenheiro- Chefe, deixando de ser piloto. Os assuntos klingon continuaram a ser explorados nos episódios A Matter of Honor e Emissary, que introduziu a antiga amante de Worf, K’Ehleyr.

As mudanças de Hurley fizeram a série se tornar mais popular e tiraram a desconfiança dos fãs mais tradicionais, mas infelizmente, não fizeram ele ter um bom relacionamento com Gene Roddenberry. Na verdade, os atritos passaram a ser constantes. Posteriormente, Hurley teve uma visão mais obscura sobre as diretrizes de Roddenberry, que ele achava carente de histórias dramáticas em potencial, considerando-as também “malucas”. No final da segunda temporada, Hurley se demitiu. O roteirista Michael Piller, que havia se juntado à equipe de TNG a convite de Hurley, assumiu a função de Co-Produtor executivo a partir da terceira temporada.

Ao final da temporada a média da audiência foi de 9,14 milhões de espectadores (superando a primeira). Cinco episódios da segunda temporada foram indicados ao Emmy: Q Who venceu em Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som.

star_trek_tng_650x300_a01_1 Star Trek - Uma jornada além das estrelas - Parte 3

3ª Temporada (1989-1990)

Com Hurley fora e Piller assumindo a sua função, tivemos também o distanciamento de Roddenberry do dia a dia da produção da série nesta temporada, devido a seus problemas de saúde. Ele deu a Piller e Rick Berman os trabalhos de produtores executivos, onde permaneceram até o fim, com Berman supervisionando a produção como um todo e Piller encarregado da direção criativa do programa. Uma das primeiras ações da dupla foi trazer de volta a atriz Gates McFadden (Dra. Crusher), dispensando a atriz Diana Muldaur (Dra. Pulaski). Nesta temporada o roteirista Ronald D. Moore se juntou ao programa após submeter um roteiro que se tornou o episódio The Bonding; posteriormente ele acabaria se tornando o “guru klingon” da franquia; significando que ele escreveu a maioria dos episódios lidando com o Império Klingon, que ganhou arcos muito interessantes ao longo de todas as temporadas. Outro roteirista/produtor, Ira Steven Behr, também se juntou à produção no meio da temporada, e apesar de seu período na TNG durar apenas um ano, ele se tornaria roteirista depois no futuro seriado Star Trek: Deep Space Nine. Depois de reclamações feitas pelo elenco, foram introduzidos os novos uniformes da Frota, feitos com duas peças.

Entre alguns outros episódios, podemos destacar na terceira temporada: Yesterday’s Enterprise (na história, tripulação da USS Enterprise-D deve decidir se envia ou não a viajante no tempo USS Enteprise-C de volta por uma fenda temporal para a destruição certa com o objetivo de proteger a sua própria linha do tempo, na qual a Federação ainda está em guerra com o Império Klingon e a Ten. Yar ainda está viva); The Offspring (o Comandante DATA ganha uma filha androide); Déjà Q (o retorno da entidade Q, desta vez expulso do Qcontinumm); Sarek (ao descobrir que Sarek – Mark Lenard – está sofrendo de uma doença incurável, o capitão Picard deve unir a mente com ele para que o embaixador possa concluir uma última negociação vital para a Federação). O final da temporada, o episódio aclamado pela crítica The Best of Both Worlds foi o primeiro cliffhanger de fim de temporada, uma tradição que continuou durante o restante da série. Neste episódio os borg retornam com tudo para destruir a Terra e a Federação, e Picard é obrigado a fazer um grande sacrifício, mas tudo acaba ficando em aberto para a temporada seguinte.

O salto de qualidade dos roteiros comparado com a primeira temporada fez com que os fãs aumentassem e muitos críticos passaram a creditar este seriado como superior até à série original. A audiência, obviamente, continuou a subir, e teve média de 9,77 milhões de espectadores (batendo as temporadas anteriores), fechando a quantidade novamente em 26 episódios.

Seis episódios da terceira temporada foram indicados ao Emmy: Yesterday’s Enterprise venceu em Melhor Edição de Som e Sins of the Father venceu em Melhor Direção de Arte.

4ª Temporada (1990-1991)

Duas novas adições no quadro de roteiristas marcaram a produção de TNG na ocasião, com as entradas de Brannon Braga e Jeri Taylor e o fato marcante foi que esta temporada superou em número de episódios a série original. A saúde de Gene Roddenberry se deteriorou ainda mais na época e ele quase não se envolvia com o programa, deixando tudo nas mãos de Rick Berman e sua equipe.

A temporada já começou com o fechamento do season finale da temporada anterior, The Best of Both Worlds – Parte 2 (na qual Picard é sequestrado pelos borg e se torna Locutus, que ordena a destruição da Frota Estelar, e só a astúcia do restante da tripulação da Enterprise-D foi capaz de resolver o problema). Outros grandes momentos da temporada foram: The Wounded (na qual os vilões cardassianos são apresentados); Family ( o primeiro e único episódio da franquia Star Trek onde a ponte de comando não aparece, e também é o único episódio da TNG em que Data não aparece); Brothers (Data é chamado por seu criador, Dr. Noonien Soong, que ainda está vivo, com Lore se juntando a eles); Qpid (Q retorna para atormentar Picard e a tripulação, os colocando em uma aventura de “Robin Hood”); e a temporada é finalizada com um novo cliffhanger, Redemption – Parte 1 (Worf deixa a Frota Estelar para lutar com o Chanceler Gowron em uma guerra civil klingon). Em termos de personagens, Wesley Crusher deixa a Enterprise para entrar para a Academia da Frota Estelar, após anos de tentativas. Neste ponto da série, por decisão do ator Wil Wheaton, ele iria aparecer em apenas alguns episódios futuros nas próximas temporadas.

Esta quarta temporada manteve o sucesso das anteriores, novamente com a média de audiência recorde, superando as predecessoras, com 10,58 milhões de espectadores americanos em média assistindo aos episódios.

Sete episódios foram indicados ao Emmy: The Best of Both Worlds, Part II venceu em Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som.

5ª Temporada (1991-1992)

Com a série já estabelecida como um dos maiores sucessos da ficção-científica na telinha, um choque na comunidade trekker aconteceu em 24 de outubro de 1991, quando o criador da saga Gene Roddenberry faleceu de ataque do coração, já no meio da produção desta temporada, que viu a introdução da jaqueta que Picard usou esporadicamente no restante da série. O deque de observação foi alterado com a remoção dos modelos de ouro representando as Enterprises do passado, sendo substituída por uma parede. A personagem recorrente bajoriana Ro Laren (Michelle Forbes) foi introduzida nesta temporada como nova tripulante.

A temporada começa com o fechamento do cliffhanger anterior em Redemption – Parte 2 (com Worf tentando resolver o conflito da guerra civil klingon que manchou o nome de sua família), e tivemos ainda outros brilhantes episódios como: The Game (o retorno esporádico de Wesley Crusher à Enterprise-D, quando ele descobre que toda a tripulação está viciada em um jogo mental); A Matter of Time (um viajante do século XXVI mostra um suspeito interesse pelos “artefatos históricos” da Enterprise); New Ground (os pais humanos adotivos de Worf o convencem a ficar com a custódia de seu filho Alexander, que tem vários problemas em se adaptar ao dia a dia da Enterprise); Conundrum (as memórias da tripulação são apagadas, e eles descobrem que estão sendo manipulados para serem parte de uma guerra); Cause and Effect (a tripulação se encontra em um loop temporal que sempre resulta na destruição da Enterprise); The First Duty (Picard suspeita que Wesley esteja ocultando algo sobre um acidente durante um treinamento na Academia da Frota Estelar, onde um colega cadete acabou perdendo a vida); I Borg (a Enterprise resgata um sobrevivente borg, e Picard planeja usá-lo como uma arma para destruir toda a coletividade, ao tira-lo do Coletivo Borg); o maravilhoso episódio duplo Unification Parte 1 e Parte 2 (quando o Embaixador Spock aparentemente deserta para o Império Estelar Romulano, e Picard e Data viajam disfarçados a Romulus para descobrir a verdade e vêem que Spock tenta unificar os vulcanos e os romulanos “em paz”, porém cai em uma armadilha – o episódio contou com a participação dos atores Leonard Nimoy como Spock, e Denise Crosby como Sela, a filha romulana de Natasha Yar, que foi vivida pela própria Denise Crosby); o sensacional e emocional The Inner Light (ao encontrar uma misteriosa sonda no espaço, Picard é levado a uma jornada de uma vida inteira em apenas 25 minutos). A temporada é encerrada com mais um cliffhanger, Time’s Arrow, Part I (um artefato de 500 anos é descoberto na Terra: a cabeça danificada de Data, e a Enterprise investiga envolvimentos alienígenas no passado da Terra e Data cumpre seu destino).

Por causa da morte de Roddenberry, criador e produtor executivo, em sua homenagem existe uma dedicatória no início do episódio Unification Parte 1 e o nome dele permaneceu com o crédito de Produtor-Executivo até o final desta temporada.

Esta temporada deu a audiência máxima imbatível até hoje para a franquia Star Trek, pois uma média de 11,50 milhões de espectadores assistiram o programa em território americano.

Cinco episódios foram indicados ao Emmy: Cost of Living venceu em Melhor Figurino e Melhor Maquiagem; e A Matter of Time e Conundrum empataram em Melhores Efeitos Especiais. Além disso, The Inner Light se tornou o primeiro episódio de televisão desde o episódio The City on the Edge of Forever da série original em 1968 a vencer o Hugo Award de Melhor Apresentação Dramática.

6ª Temporada (1992-1993)

Com a morte de Roddenberry, seu auxiliar direto e braço direito Rick Berman se tornou o chefão absoluto de Star Trek na Televisão. Berman viu que era hora de expandir ainda mais os limites do seriado, pois ao mesmo tempo que cuidava da Nova Geração, preparava sua substituta, Star Trek: Deep Space Nine, junto com seu auxiliar, Michael Piller.

O nível de qualidade dos roteiros ainda estava bem alto. A temporada começa com a conclusão do cliffhanger de Time’s Arrow, Part 2 (a tripulação da Enterprise segue Data para San Francisco dos anos 1890, tentando impedir que alienígenas interfiram com a história da Terra), e entre outros destaques também podemos citar os episódios: Relics (ao investigar uma nave acidentada em uma Esfera de Dyson, a Enterprise acaba resgatando Montgomery Scott (James Doohan), preso no transporte da pequena nave há 75 anos); True Q (Q revela que uma jovem mulher viajando na Enterprise é parte do QContinuum); A Fistful of Datas (a mente de Data é conectada com o computador da nave, criando problemas inesperados no holodeck); o envolvente episódio duplo Chain of Command Part 1 e Part 2 (o Capitão Jellico recebe o comando da Enterprise enquanto Picard é enviado em uma missão secreta dentro do território cardassiano, acabando por ser capiturado e torturado pelo seu sádico interrogador cardassiano); Tapestry (um acidente mata o Capitão Picard, e Q lhe dá a chance de alterar seu passado); mais um grande episódio duplo envolvendo a mitologia klingon, Birthright Part 1 e Part 2 (Worf recebe uma informação na Deep Space Nine que seu pai está vivo, prisioneiro dos romulanos e enquanto isso, um acidente na engenharia faz Data ter seu primeiro sonho); Second Chances (Riker encontra uma duplicata sua criada por um defeito do teletransporte preso em um inóspito planeta); e finaliza com o cliffhanger Descent Part 1 (a tripulação da Enterprise encontra borgs agindo de forma individualista, enquanto Data tem suas primeiras emoções).

O índice de audiência continuava alto, pois a média geral foi de 10,83 milhões de espectadores, mas não conseguiu mais se manter crescente, como vinha ocorrendo a cada temporada anterior. Também foi na 6º temporada que o outro seriado spinoff, Star Trek: Deep Space Nine foi lançado em sua primeira temporada, tendo até um quase crossover quando do episódio Birthright em TNG.

Duas séries de Star Trek concorrendo entre si por audiência na TV… bons tempos!

Três episódios foram indicados ao Emmy: Time’s Arrow venceu em Melhor Figurino e Melhor Maquiagem, e A Fistful of Datas venceu em Melhor Mixagem de Som.

7ª Temporada (1993-1994)

A sétima temporada foi a última da The Next Generation.

Foi uma decisão conjunta entre atores, produtores e Paramount, de que o seriado havia cumprido seu dever. Havia consenso de que a série podia continuar no ar por muito mais tempo, mas também foi consenso de que era melhor finalizar a série e fechar todas as pontas naquela ocasião, enquanto a mesma ainda estava em alta para a crítica e a audiência. Uma decisão que deixou muitas saudades, mas era melhor acabar no auge do que finalizar abruptamente em decadência, e além do mais, a Paramount já tinha em mente que a série iria também suceder o seriado clássico nos cinemas.

A temporada começa com o encerramento do cliffhanger da temporada anterior, Descent Part II (Borgs estão sendo liderados por Lore e os dados ficam sob seu controle, sendo alimentados com emoções negativas), e ao longo da temporada também tivemos outros destaques como os episódios duplos Gambit Parte 1 e Parte 2 (a tripulação da Enterprise investiga o aparente assassinato do Capitão Picard durante uma viagem arqueológica, mas Riker é sequestrado por mercenários e encontra Picard trabalhando como parte da tripulação); Inheritance (Data encontra uma mulher que afirma ser sua “mãe”); The Pegasus (o antigo capitão de Riker vem a bordo da Enterprise para resgatar a USS Pegasus e Picard investiga as circunstâncias da perda da nave e descobre que houve um “acobertamento”); Lower Decks (oficiais juniores tentam uma promoção e um deles é enviado para uma perigosa missão, ajudando um espião cardassiano); Journey’s End (Wesley considera seu futuro, enquanto a Enterprise é enviada para remover colonos nativos americanos de um planeta prestes a entrar na jurisdição dos cardassianos); Preemptive Strike (a Alferes Ro Laren se forma em treinamento tático avançado e é enviada por Picard para levar o grupo terrorista Maquis para uma armadilha). O episódio final, All Good Things…, foi ao ar em 23 de maio de 1994, revisitando os eventos do piloto, na qual Picard se encontra mudando de períodos do tempo devido a influência de Q, com uma distorção do espaço tempo ameaçando destruir toda a realidade. O SkyDome, em Toronto, sediou um evento massivo para o final da série e milhares de pessoas foram ao estádio para assistir o season finale no telão.

A temporada final também teve índice de audiência alto, mas inferior aos dois últimos anos: 9,78 milhões de espectadores em média.

Cinco episódios foram indicados a um total de nove Emmys e a série como um todo se tornou a primeira exibida por syndication a ser indicada ao Emmy de Melhor Série Dramática. Até hoje, The Next Generation é a única série de syndication a ser indicada ao prêmio. All Good Things… venceu em Melhores Efeitos Especiais e Genesis venceu em Melhor Mixagem de Som. All Good Things… venceu o segundo Hugo Award da série.

O fim de TNG

Após 7 temporadas, 178 episódios, vários prêmios e indicações, uma das mais importantes séries de ficção-científica da TV chegava ao fim. Seu legado até hoje é incalculável, pois elevou ainda mais o nome Star Trek ao longo das décadas seguintes. Na verdade há um legado mensurável, o de quebrar o tabu de que Star Trek não teria sobrevida sem o carisma da série clássica, quando o ocorrido foi justamente o contrário. A Nova Geração, iria  agora pegar a herança deixada pela tripulação original e se aventurar nas telas grandes com os 4 longa-metragens produzidos posteriormente, e ainda deixar um filhote na TV, o spin-off Star Trek : Deep Space Nine, que também geraria outro filhote, Star Trek: Voyager, todos ambientados no mesmo universo criado por Gene Roddenberry. Posteriormente outras séries seriam lançadas, Star Trek: Enterprise e Star Trek: Discovery, mas isto veremos mais para frente, pois a aventura humana está apenas começando…

Lembrando que por aqui (Brasil), a série demorou um pouco para chegar. Lançada oficialmente em 1987, só chegou ao Brasil em 1991 pela extinta Rede Manchete (a Globo desistiu de comprar os direitos para o Brasil), que, infelizmente, por muitos anos só exibiu a mediana primeira temporada. Apenas no final da década de 90, através da Rede Record, outras temporadas foram exibidas e finalmente o canal a cabo Sci-Fi Brasil exibiu a série completa.

Hoje, TNG está disponível completa na Netflix.

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Ricardo Melo

Profissional de TI com mais de 10 anos de vivência em informática. Tem como hobby assistir seriados de TV, ir ao cinema e namorar!!! Fã de rock'n'roll, música eletrônica setentista, ficção-científica e estudos relacionados a astronáutica. Quis ser astronauta, mas moro no Brasil... Os anos 80 foram meu playground!

16 thoughts on “Star Trek – Uma jornada além das estrelas – Parte 3

  1. muito bom esse texto seu Ricardo parabens
    como fã hardcore da serie classica sempre torci o nariz pra TNG ate que uns 3 anos atras resolvi dar uma chance e me surpreendi, nao é que a coisa é boa mesmo rsrsrs na verdade, apesar do meu saudosismo falar alto e eu preferir os personagens classicos, ate pelo carisma deles, é obvio que a TNG como série ,producao e ate cenarios é muito superior, é a melhor coisa de ST na TV, ja no cinema os filmes nao me animaram muito nao, mas na TV é a melhor coisa ja feita pra ST

  2. TOS é uma série legal para a época. Pioneira. Diferente. Mas assistida hoje, é bem tosca. Os filmes elevaram Star Trek a um patamar mais alto, mas ainda assim abaixo de Star Wars. Depois veio TNG que, aí sim, deixou Star Trek no mais alto nivel possivel na TV. Como série, é melhor em produção, roteiros, orçamento, efeitos especiais, historia… tudo. Teve um spin-off, DS9, que é bem legal, mas tb não chega no mesmo nível.

  3. NG é a melhor coisa pra TV q Star Trek ja teve… nada se compara. TOS era legal, mas alguns episodios hj soam infantis devido aos roteiros da epoca e ao orcamento minimo

    1. tecnicamente NG é melhor mesmo, a producao nem se compara, mas nada supera o carisma da tripulação classica, ainda que na série isso tenha sido curto, os longametragens perpetuaram a tripulação classica pra todo o sempre como a principal de ST

  4. Parabens pela serie de artigos sobre nossa querida Jornada nas Estrela. Vida longa e próspera ao Maxiverso!

  5. vendo o video notei que o tema foi usado na abertura de um desenho animado dos anos 80 de um cara que caía num mundo habitado só por anões e tinha uma contraparte dele maligna, cada um tinha a metade de uma mesma espada

    1. Blackstar e a Espada Estelar! rsrsrs eu adorava, mas poucos conhecem!

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