DireçãoAnna Boden e Ryan Fleck

Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn, Jude Law, Lashana Lynch, Clark Gregg, Rune Temte, Akira Akbar, Gemma Chan, Djimon Hounsou e Annette Bening 

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Nota 3/5

Como tinha rapidamente dito antes na nossa página, este Capitã Marvel da diretora Anna Boden em conjunto como Ryan Fleck jamais tem como pretensão ser grandioso, mesmo servindo como aperitivo para a derradeira luta dos Vingadores contra Thanos no próximo filme do grupo de heróis (veja aqui a crítica de Guerra Infinita), mas sim objetivava algo que se aproxima mais da leveza do que necessariamente do épico. Entretanto, mesmo que com vários problemas em sua narrativa inicialmente bagunçada (falarei mais a frente), o longa ainda se torna elogiável ao encontrar seu rumo dentro da proposta de trazer o primeiro protagonismo e representatividade feminina para os filmes do estúdio Marvel. Inclusive, chega até ser desnecessário fazer um pequeno resumo da história, uma vez que seu início praticamente se torna justamente a parte problemática do longa, com os excessos narrativos abordados (o grupo em que a protagonista faz parte, o envolvimento da personagem de Annette Bening e sua relação com a Capitã Marvel, a luta contra os Skrulls…). Contudo, o filme acaba tornado-se – mesmo que não intencionalmente – um subterfúgio para o roteiro ir contra a expectativas criadas de quem seriam o vilão e os mocinhos, o que de certa maneira é sempre bem vindo (quando um filme quebra tais expectativas e acaba até ajudando a obra – falarei também mais a frente – ao tentar fugir de uma estrutura comum), e acaba trazendo uma sensação de que “a direção pelo menos tentou…”. 

Já que estamos falando nestes problemas, acho melhor comentá-los antes de abordar os aspectos positivos da obra: se dentro seus primeiros minutos somos apresentados a diálogos do tipo “Você deve controlar sua emoções” ou “Você é melhor que isso”, a direção demonstra total falta de cuidado (ou capacidade) ao apresentar suas sequências e mise-en-scénes para lá de confusas, permeadas de cortes bruscos, achando que isso beneficiaria o filme de alguma forma. Fora que a fotografia e o CGI constantemente teimam em escurecer as cenas (não sei quantas vezes eu já repeti isso em filmes baseados em quadrinhos, e a mínima falta de cuidado nas composições das cenas que acabam por quase um “item obrigatório”); obviamente tornando a vida de quem optar pelo 3D algo ainda mais prejudicial (isso quando se tem a opção, visto que muitos cinemas só exibem os filmes em 3D), principalmente quando apresentados ao universo do planeta Kree, onde Vers/Carol/Capitã Marvel (Larson) integra um grupo de soldados liderados por Yon-Rogg (Law) durante uma missão para resgatar uma importante figura política das mãos dos skrulls e todas as cenas são permeadas destes elementos citados. Isso sem contar também que a montagem, quase caótica, insiste em flashbacks que acabam confundido e enrolando ainda mais a história sem necessidade, com relação ao passado da protagonista e sua origem terráquea.

Bem, lendo até este parágrafo parece que eu tinha mudado de idéia e retificando que o filme teria tudo para ser um desastre já em seu o primeiro ato. Mas, repetindo, Capitã Marvel acaba se superando depois do primeiro ato e encontra seu ritmo e atinge seus objetivos, até mais do que se esperava. Justamente quando o filme abraça seu lado humano buscando trabalhar a dinâmica dos personagens – quando Vers vêm à Terra depois dos acontecimentos anteriores, onde que acaba tendo que encontrar pistas sobre seu passado, principalmente ao usar da leveza e humor de referências aos anos 90, na maior parte de maneira funcional. E se em Guardiões da Galáxia o protagonista de Chris Pratt é alguém que respira os anos 80, em Capitã Marvel, a narrativa – e sua trilha sonora – é pautada pelo contraste tecnológico da década seguinte. Assim, para os mais velhos que viveram a época de internet discada e lan houses, alguns momentos serão um misto de saudosismo e risos, acredito que com os mais novos as piadas soaram ainda mais absurdas devido a situações inimagináveis para quem “nasceu” na tecnologia atual – inclusive, não sendo à toa, que a protagonista “adentre” o planeta através de uma blockbuster. E o longa é permeado destas referências que funcionam na maior parte do tempo, como por exemplo, Exterminador do Futuro 2, MIB – Homens de Preto (principalmente pela presença e “importância” do gato, ainda que em alguns momentos, pela artificialidade, o mesmo incomode, mas no modo geral funciona bem, sobretudo pelo humor inerente) e True Lies, ademais é na trilha sonora que o filme alcança também bons resultados ao usar sucessos da época como “Only Happy When It Rains” do Garbage e “Just Girl ” do No Doubt (duas bandas lideradas por mulheres, o que acaba aumentando a representatividade e rebeldia feminina que o filme traz pela sua protagonista).

Assim, trabalhando com a versão (muito bem) rejuvenescida do agente Fury (Jackson) e do então novato agente Coulson (Gregg, em uma maquiagem digital ainda mais bem realizada), temos alguns bons momentos do filme ao ver o agente e a S.H.I.E.L.D sendo transformados de agência de espionagem comum para uma espécia de agência “para super-heróis”. Portanto, Brie Larson surge sempre de maneira imprevisível, carismática e às vezes com certas doses de molecagem onde percebemos que ela está confortável nas maioria das cenas, como podemos reparar em pequenos gestos da atriz como um leve sorriso ao atingir um inimigo, ou quando assopra os cabelos que caem sobre seu rosto.

Importante salientar que a atriz consegue, ao mesmo tempo, mostrar certa rispidez em seus atos, sem necessariamente perder uma certa doçura, e dentro deste contexto, podemos mencionar a ótima presença da atriz Lashana Lynch como melhor amiga da protagonista e que consegue trazer um interessante momento durante um sincero diálogo entre as duas, devido a ausência da primeira – que aparentemente foi dada como morta depois do acidente (mesmo que a direção pareça não saber como terminar a cena e precise usar um artifício cômico para quebrar o clima). E se Samuel L Jackson traz um Nick Fury menos sisudo e mais falante (até bem humorado, quem diria…), Ben Mendelsohn é quem mais se diverte com seu papel escondido sob uma pesada maquiagem durante boa parte do tempo. E como tinha mencionado no início do texto, o filme, ao se atrapalhar no desenrolar da história – principalmente com relação ao skrulls – é justamente ao introduzir (através destes personagens) a questão dos refugiados e do seu “terrorismo” que a coisa não se perde e ainda ganha coesão. Interessante notar que, por terem a capacidade de copiar a forma de outras pessoas, eles acabam servindo ainda mais com uma alegoria quanto à questão migratória, visto a situação real das pessoas nessa condição que precisam se adaptar ao povo que os “acolheram” e consequentemente perdem sua “identidade”.

Em seu clímax, Capitã Marvel confirma sua transgressão da mulher diante da sociedade que insiste em jogar nos ombros femininos a comprovação de  sua posição e força (“não preciso provar nada para você“). E se não tenta ser imponente em sua conclusão – em uma sequência narrativamente superior e empolgante, e menos confusa que a inicial – é satisfatório para mostrar o poder da personagem que precisava ir de encontro ao seu passado e conflitos pessoais. E mesmo com a expectativa pela sua presença no novo filme dos Vingadores (infelizmente uma característica comum nos filmes do gênero, que pode diminuir um pouco os acontecimentos vistos nesse filme), ainda assim, somos compelidos a torcer pela sua volta.

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Capitã Marvel

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

26 thoughts on “Crítica: Capitã Marvel

  1. o filme no geral é mais ou menos mas é interessante como a Marvel faz tudo de forma competente… precisavam incluir um personagem poderoso e de carisma para o ultimo filme, aproveitaram e deram o protagonismo a uma mulher forte, com um visual sensacional (que uniforme bem criado!) e uma historia bem divertida para introduzi-la… ah, Zack Snyder, como vc errou, meu filho! Ainda bem que a DC tem Mulher Maravilha, Aquaman e agora Shazam, enfim os filmes deles estao decolando!

  2. Ótimos comentários por se tratar de um universo cinematográfico. Achei o filme bem fraco…muito diálogo desnecessário e cenas de ação com pouco tempo de duração. Foi o mais fraco filme da Marvel até com. Aguardando o Ultimato.

  3. Rodrigo, concordo com a maior parte do que vc falou, so acho que caberia uma critica maior aos problemas do filme. Como toda analise é feita do ponto de vista pessoal do autor, pode ser que sua alegria por ver um filme protagonizado por uma heroina tenha, digamos, feito cair seu nivel de tolerancia aos problemas? O filme é divertido, ninguem discute, mas tem mais pontos problematicos do que os que vc citou. Acho que se o Capitao Marvel do filme fosse um homem, como originalmente era nos quadrinhos, as criticas talvez fossem menos complacentes. E antes que alguem venha me apedrejar: sim, eu gostei e por mim a Capitã que lidere os Vingadores daqui pra frente.

    1. Chimisuco
      Bem vindo
      Obrigado pelo comentário.

      Acho que dimensionei os problemas e consegui equilibrar. Em que ponto eu deveria ter criticado mais?
      O fato do filme ter sido protagonizado por uma mulher é justamente um dos motivos que me fez gostar também do filme. E isso tem que ser levado em consideração sempre.
      Estamos falando de representatividade , então isso sempre é bem vindo. Obviamente, isso não pode ser o único requisito, temos que levar em conta também a direção, roteiro, fotografia etc..

      Abraço e espero ter ajudado na discussão!

  4. filme mediano, abaixo do que a Marvel vinha fazendo, mas melhor que as bombas Thor 1 e 2, Homem de Ferro 3… fica no nivel de Homem Formiga: legalzinho, divertido, esquecível, mas nao – jamais – ruim, a Brie Larson nao sei dizer se foi bem ou mal k k k tinha horas que a atuação dela parecia muito blaze pra mim e tinha horas que ela me parecia vender corretamente a personagem

  5. criticos e espectadores tem que se acostumar: o cinema mudou… hj vc ve um filme que é “apenas” parte de uma serie de muitos outros filmes, uma historia que esta dentro de outra maior, vc pode achar ruim e ficar de mi mi mi ou aceitar e curtir sem reclamar, gostei do Rodrigo que nao fica de birrinha com isso, nao reclama que Capitã Marvel é parte de uma franquia, mesmo que pontue que a historia serve, claro, pra levar ao desfecho em Ultimato

    1. Dani
      Bem vindo
      Obrigado pelo comentário
      Realmente o fato de tornar tudo uma preparação para outro filme , acabe enfraquecendo um pouco. Mas ainda sim, não é de todo prejudicial se pensarmos a longo prazo.
      E birra de fãs de quadrinhos é algo complicado rs
      Abraço

  6. Estive dia desses no cinema para assistir Capitã Marvel. Fiquei tão impressionado com o discurso do filme que não resisti e vim escrever uma resenha.

    É o seguinte:

    Em 2017, o lançamento de Mulher Maravilha foi exaltado como um hino do neofeminismo. Estrelado pela estonteante Gal Gadot, a história de uma heroína no mais pleno arquétipo Atena + Ártemis exibia, entre outras coisas, uma sociedade de amazonas misândricas como o clímax do ativismo do exército das SJW Progressistas Pós-Modernas.

    Em si, o enredo de Mulher Maravilha não é ruim; a diversão é até decente, mas a mensagem subliminar é questionável. Ainda assim, Wonder Woman custou 149 milhões de dólares e rendeu 821 milhões, o que lhe garantiu o troféu de 9º maior bilheteria de 2017.

    Dois anos depois de Mulher Maravilha, o lançamento de Capitã Marvel ofereceu um novo palanque para os argumentos neofeministas. Inclusive, a atriz principal, Brie Larson, foi acusada de fazer discursos “lacradores” e havia até mesmo a expectativa de que isso gerasse um boicote ao filme. O que não ocorreu:

    Capitã Marvel custou 152 milhões de dólares e após 4 dias de exibição havia acumulado a bagatela de 456 milhões de dólares em bilheteria. No Brasil, Capitã já se tornou a terceira maior arrecadação da Marvel Studios, ficando atrás apenas de Capitão América: Guerra Civil e Vingadores: Guerra Infinita. O provável é que seu lucro ultrapasse Mulher Maravilha, mas isso não é o mais importante. O mais importante é a mensagem explícita que carrega.

    Em inglês, a palavra “wonder” pode ser traduzida como “maravilha”, mas uma tradução mais correta seria “deslumbramento”, no sentido de que “wonder” sugere um êxtase prazeroso da imaginação ou um estado de admiração por encantamento.

    Em contrapartida, apesar de “marvel” também poder ser traduzido como “maravilha”, a palavra tem um sentido mais refinado de espanto ante o extraordinário, um estado de surpresa diante do fenomenal e do grandioso – e esta é exatamente a diferença entre Mulher Maravilha e Capitã Marvel.

    Mulher Maravilha é vistosa, Capitã Marvel é magnífica.

    A super guerreira Diana Prince foi interpretada pela modelo internacional Gal Gadot. Gadot, com 1,78m de altura, Miss Israel em 2004, tem uma beleza incontestável e um corpo super malhado – atributos que foram bem aproveitados pela produção e pela indumentária de sua personagem.

    Em contrapartida, Carol Danvers, a piloto da aeronáutica que se torna um dos seres mais poderosos do universo, foi interpretada pela jovem Brie Larson. Com apenas 1,70m e 58 kg, Larson tem uma beleza mediana e passaria quase despercebida caso comparecesse a uma festa ao lado de Gadot. Mas a Capitã de Brie Larson é um gigante perto da Wonder Woman de Gadot.

    NÃO LEIA DAQUI EM DIANTE CASO NÃO QUEIRA RECEBER SPOILERS

    Durante o longa Capitã Marvel, podemos perceber o quanto Carol Danvers era poderosa antes de ser “poderosa”: ela era o tipo de pessoa que você pode derrubar QUANTAS VEZES QUISER.

    Entenda: para derrubar uma pessoa QUANTAS VEZES VOCÊ QUISER, essa pessoa deve levantar-se TODAS as vezes que cair. E Carol Danvers cai na praia, cai jogando baseball, cai andando de bicicleta, cai correndo de kart, cai treinando na academia militar, cai durante o teste de uma aeronave, cai na explosão de um reator… e levanta-se, sozinha, sempre.

    Nos trechos em flashback, as jovens atrizes London Fuller (que interpreta Carol aos seis anos de idade) e Mckenna Grace (Carol aos 13 anos) dão um show quando se erguem encarando a câmera com um olhar de “Venha, mundo! Mostre o que mais você pode tentar fazer comigo! – e eu vou mostrar de volta o que eu vou fazer com você”. O efeito do close up em cada um daqueles olhares é inspirador.

    Em outro trecho, Maria Rambeau, piloto habilidosa e melhor amiga de Carol Danvers / Capitã Marvel, se vê ante um dilema: ficar em segurança na terra cuidando de sua filha ou guiar um avião recém-adaptado para ir até o espaço e enfrentar uma força alienígena inimiga tecnologicamente mais avançada.

    Quase enveredando por uma típica crise melodramática, Maria ouve sua pequena lhe dizer que momentos como esse existem para que você reflita exatamente qual mensagem deseja passar para seus filhos. E isso basta para que Rambeau entenda o que deve fazer.

    Pessoas “comuns” atropeladas por contextos capazes de trazer à tona a verdadeira matéria que nos constitui: é disso que os bons filmes de heróis deveriam tratar. E as mulheres-heroínas em Capitã Marvel não deixa a desejar: elas são emocionais, vulneráveis e ternas, mas ao mesmo consistentes de um modo flexível, intensas de um modo empático e determinadas de uma maneira fascinante.

    “Eu não sou o quê você acha que eu sou”, diz Danvers para Fury, logo no início do filme, antes de tentar abater um skrull com uma rajada de fótons. Na sequência, enquanto estão em perseguição ao skrull, Fury conversa com Coulson no carro:

    – Você viu a arma dela? – pergunta Fury.

    – Não. – responde Coulson.

    Capitã Marvel não tem braceletes, ou laços mágicos, ou aviões invisíveis. Ela não dispara com armas: ela tem suas mãos, suas convicções e uma missão. E isso é tudo que precisa.

    Numa cena-chave, Danvers encontra-se no ambiente virtual da Inteligência Suprema, o governante soberano do planeta Hala. Ao tentar revoltar-se contra a subserviência imposta pela Inteligência, é golpeada por raios de força. Imobilizada, recebe um aviso: “o que lhe foi dado também pode ser retirado”.

    Esta frase marca uma epifania, quando Danvers compreende que sua “stamina” não foi “dada”: ela sempre esteve ali, porém acorrentado pelos mecanismos de controle daquilo que ela conhecia como Inteligência Suprema. E o que aconteceria se ela, uma simples terráquea voluntariosa e altruísta, decidisse renunciar ao servilismo? O que aconteceria se ela decidisse parar de lutar “com uma mão amarrada às costas” e desse vazão à sua avassaladora energia feminina?

    Finalmente liberta do domínio da “Inteligência Suprema”, Danvers manifesta toda sua potência, destrói a ameaça alienígena no espaço – que foge com o rabo no meio das pernas – e retorna à Terra para um último compromisso: próximo aos destroços de uma nave, a Capitã encontra seu antigo instrutor, Yon-Rogg (interpretado por Jude Law).

    Rogg era a ferramenta que a Inteligência Suprema havia colocado ao lado e acima de Marvel para garantir sua submissão à autoridade. As frases pseudo-motivacionais de Rogg – “tudo que quero é que você seja a melhor versão de si mesma” – nunca foram potencializadoras, mas limitadoras das capacidades de Carol.

    Se a Inteligência Suprema é todo o conjunto de Moralidades virtuais masculinas e femininas que agrilhoam as aptidões femininas, o traidor Rogg é a própria personificação do mito da “sociedade patriarcal machista opressora”. Ciente de sua desvantagem na situação, ele desafia Marvel para um embate mano a mano, sem que ela use plenamente seus poderes.

    – Estou tão orgulhoso de você! – diz Rogg, colocando sua arma no coldre. – Você percorreu um longo caminho desde que a encontrei naquele dia, à beira do lago. Mas será que você consegue controlar suas emoções tempo o suficiente para me enfrentar? Ou irá permitir que elas roubem o melhor que você tem? Eu lhe disse: você estaria pronta apenas quando controlasse suas emoções e me vencesse sendo você mesma. E esta é sua chance! Este é o momento, Vers!

    E então Rogg ergue os punhos, desafiando-a:

    – Desligue seu show de luzes e prove, prove para mim, que você é capaz de me vencer sem… – e antes que possa terminar sua frase, Rogg recebe uma cacetada fotônica disparada por Danvers, sendo arremessado com violência contra uma pedra a centenas de metros de distância. Danvers aproxima-se dele. Rogg está caído e ferido. Ele a olha com temor. Ela o olha com desapego enfático.

    – Eu não tenho que lhe provar coisa alguma. – responde Carol, enquanto cata Rogg pela mão e o arrasta pelo deserto.

    Assistir Capitã Marvel é uma aula do legítimo poder feminino que as feministas atuais, ainda deslumbradas com a ilha de Themyscira, com os sovacos peludos e os absorventes mastigáveis, deveriam assistir várias vezes.

    O feminismo não é, não deveria ser e nunca se tratou de uma luta contra os homens. Para as mulheres, o feminismo deveria significar uma busca pela feminilidade em seus genes, pelo poder singular que reside nos seus dois cromossomos X.

    O Aretê Feminino não consiste em provar o seu valor para ou contra os outros, mas simplesmente descobrir sua Identidade Pessoal e cumprir seu propósito com força, coragem, honra, sentimento, justiça e sabedoria; sem amarras; por si, para si e para o bem dos outros à sua volta.

    Em um trecho revelador, o líder skrull Talos pergunta a Danvers: “Você gostaria de saber quem você realmente é?”.

    Esta é a pergunta que ecoa pelo filme e mais além. E esta, sim, é uma questão Maravilhosa para as autênticas mulheres do século XXI – e um espetáculo para todos os homens que as admiram.

    Capitã Marvel é um filmaço.

  7. Como disse o Adriano Silva, a inversão conceitual entre krees e skrulls foi bem legal… pense na clássica dicotomia que opõe Elfos e Orcs, no mundo de Tolkien. Ou nos (deuses) Asgardianos e nos (demônios) Trolls, no universo de Odin e de Thor. É sempre assim. Os diferentes de nós (ou daquilo que gostaríamos de ser) são sempre disformes (as narrativas de segregação são sempre construídas de modo desrespeitoso com o outro e, ao mesmo tempo, autoelogioso em relação a nós mesmos ou ao padrão de beleza que elegemos). Os outros são sempre a ameaça e a aberração. Tudo que não é “nós” é pintado como feio e mau. É curioso também como, em quase todas essas mitologias, a ameaça vem de baixo. Ou, se você preferir, do sul. O underworld, amigo, no inconsciente coletivo desse planeta, somos nós: os latinos, os africanos, os asiáticos subequatoriais. Gente parda, gente crespa. Capitã Marvel rompe com essa velha dicotomia, tão ingênua quanto mal-intencionada, de dividir o mundo entre good guys e bad guys. Essa fórmula fácil e rápida, que esconde capciosamente um milhão de tons de chumbo e de sangue, não encerra apenas uma visão de mundo juvenil, própria das histórias em quadrinhos para crianças e adolescentes, mas expõe também uma visão de mundo que está entranhada nos bolsões mais conservadores, e poderosos, do mundo em que vivemos hoje. De Washington a Brasília.

  8. Bom texto, bem equilibrado, sem puxar pra um lado pró ou anti representatividade exagerada, dando o tom exato sobre isso. O próprio filme não exagerou em nada, nem no ativismo, foi equilibrado nesse ponto tb.

    1. o filme é pra cumprir agenda de militância, não tem relevância nenhuma pro MCU, e essa bilheteria boa na estreia nao me engana, ainda vai naufragar

    2. vc esta atrazado querido o filme já é um sucesso já deu lucro é a segunda maior estreia do MCU chupa essa cana

    3. Cobos
      Bem vindo
      Acho que o texto ideal tem que tentar passar como você estivesse no lugar de outras pessoas.
      O equilíbrio é importante e sempre devemos tentar explorar o máximo de um filme.
      Isso não significa ser frio ou indiferente.
      Abraço

    1. Priscilla
      Bem vinda
      Obrigado pelo comentário.
      A metáfora é algo bem presente. E espero que com o texto, você possa se aprofundar mais nos subtextos dos filmes.
      Abraço

  9. O.filme tem uma ligacao com Homem de Ferro dois qd o Jarvis.informa duas operacoes secretas chamadas Golias, Exodus e Pegazus. No filme do homem formiga dsscobrimos q Golias era o.projeto de aumento de tamNho e agora descobrimos o q era Pegazus so falta Exodus, o q sera Exodus?

  10. Concordo com a critica, o filmeeh bom, nao eh pra zer epico, tsm q levar isso em conta, azsim o filme pode ser c9nsiderado bom mesmo com alguns problemas

    1. Peleh
      Bem vindo
      Realmente, mesmo com os problemas visíveis, ainda sim é possível tirar bons momentos!
      Abraço

    1. Marcos
      Bem vindo
      Obrigado pelo seu comentário. Pena que o filme não tenha agradado.
      Abraço

  11. esse filme me causou a mesma impressão que Han Solo, feito corretamente e com atores esforçados, mas que fica na cara que é um filme tapa buraco. O filme carece totalmente de inspiração e criatividade nas cenas de ação e no roteiro. As interações entre os personagens são o ponto alto, mas ainda sim possuem problemas consideráveis de falta de apelo emocional e diálogos fracos. Brie Larson se esforça muito, mas como a própria Carol desconhece quem é, ficou difícil me conectar com ela como espectador. Essa dita “reinvenção” das histórias de origem foi a parte que mais prejudica o filme na minha visão, são mostrados alguns flashes da vida dela e não possui nenhum momento em que você sinta a real Carol Danvers, estão mais preocupados em fase fazer uma pose da hora do que mostrar verdadeiramente a que a personagem veio. O desperdício do elenco também é notável, todo o núcleo da Starforce não possui a menor relevância a não ser nas cenas de pancadaria e senti muita pena da Annette Bening estar fazendo um papel tão ridículo. E o que dizer da perda do olho do Fury ?

    1. hate puro rsrsrs o filme é bom, mas não é excepcional (e nem se vende como tal)… tem cenas boas e outras nem tanto (como a maioria dos filmes não excepcionais, aliás)… é um filme de origem, tem que contar de algum jeito o passado do personagem, achei que ficou razoável, encaixou o argumento da perda de memória com o passado militar, foi uma saída pra fugir do clichê, do convencional, a mim contentou. Os krees estão lá para fazer número mesmo, o importante é o líder Yon Rogg, não dá pra contar a origem e história de cada membro da tropa. A Annette Bening mandou bem, o papel é de coadjuvante, maior que um figurante, menor que um protagonista, qual o problema aqui? A perda do olho do Fury foi tb “normal” ué, um acontecimento dentro da normalidade, nada excepcional, se vc esperava um acontecimento absurdo ou um evento cósmico pra explicar a perda do olho, vai se decepcionar k k k k

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