Impressões Finais: Temporada de Animes OUT/2017
O ano de 2017 acabou, juntamente com a temporada do outono japonês. Com esse post, espero deixar um gostinho do que tivemos na última temporada de animes com as impressões finais de cinco desses animes, organizados da menor à maior nota que atribuí a eles ao final da crítica.
Mas antes, uma visão geral da temporada. Desde outubro, os cinco títulos mais acompanhados, segundo o MyAnimeList, foram: Mahoutsukai no Yome, que ainda continuará em 2018; Shokugeki no Souma: San no Sara, a terceira temporada do anime; Black Clover (TV), que continuará por mais uns meses, já que terá 51 episódios; Inuyashiki, a adaptação do mangá de mesmo nome; e Net-juu no Susume, adaptação de um web manga.
Quanto aos animes que receberam as melhores notas, de acordo também com o MyAnimeList, tivemos: 3-gatsu no Lion 2nd Season, segunda temporada desse belo anime; Gintama.: Porori-hen, como sempre, Gintama fazendo sucesso; Mahoutsukai no Yome, que também foi um dos mais assistidos; Shokugeki no Souma: San no Sara, um sucesso mais recente do mundo dos animes; e Houseki no Kuni (TV), que tive o prazer de assistir e comentar abaixo.
OSAKE WA FUUFU NI NATTE KARA
Episódios: 13 | Estúdio: Creators in Pack | Gênero: slice of life, comédia, romance | Diretor: Saori Tachibana | Origem: web manga | Score MyAnimeList: 7/10
Baseado no web manga da desconhecida artista Crystal na Yousuke, o anime curtinho mostra um pouco do dia-a-dia de um casal curioso: Chisato é uma moça séria que trabalha numa empresa enquanto seu marido, Sora, é um mixólogo, ou seja, trabalha fazendo drinks. Como ele sabe que sua esposa adora bebidas, os dois formam um casal perfeito, pois sempre que ela chega em casa, seu marido atencioso e habilidoso prepara o drink ideal para o momento. Assim que Chisato começa a beber, sua personalidade muda drasticamente, algo que só ele tem o privilégio de presenciar.
Bêbada, Chisato deixa de ser a pessoa séria que costuma ser e fica muito mais relaxada e fofa, se comportando de forma lovey dovey com Sora, que age como se não tivesse sido sua intenção. A animação é bem feita para um anime curto, e as bebidas, cujas receitas são mencionadas, podem ser uma fonte de ideias para os que gostam de drinks.
Nota: 5.5/10
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NET-JUU NO SUSUME
Episódios: 10 | Estúdio: Signal. MD | Gênero: jogos, comédia, romance | Diretor: Yaginuma Kazuyoshi| Origem: web manga | Score MyAnimeList: 8/10
Moriko Morioka tem 33 anos e está desempregada. A moça também não está estudando em nenhuma instituição, sendo assim, ela é o que se costuma chamar de NEET (Not currently engaged in Employment, Education, or Training) e seus dias se resumem a jogar MMOs (massive multiplayer online games). Apesar de Moriko não ser um caso extremo como o personagem Satou, de NHK ni Youkoso, ela evita socializar pessoalmente e se sente envergonhada sempre que tocam em assuntos envolvendo trabalho.
A moça se sente muito mais à vontade lidando com seus amigos online, os quais conhece por meio de um MMO chamado Fruits de Mer, no qual está viciada. Nesse jogo, Moriko joga como um personagem masculino, Hayashi, e até aqui nada de estranho, já que é comum encarnar um gênero diferente em jogos online… O problema é que ela acabou inventando que é um jovem universitário, para não ter que revelar a verdade que ela julga embaraçosa. Mesmo assim, Moriko procura aproveitar os momentos na companhia dos outros jogadores, tendo ficado particularmente próxima da personagem Lily.
Hayashi e Lily são praticamente um casalzinho no jogo, e a amizade de ambos se aprofunda, apesar dos segredos que escondem. Quando esses segredos vêm à tona no mundo real, algumas surpresas agitam a vida pacata da protagonista.
O anime aborda um tema interessante para quem joga ou já jogou MMOs, já que nossos personagens nem sempre refletem quem nós somos, e muitas pessoas procuram ser alguém diferente enquanto interagem através de uma tela. Podemos estender essa atitude até mesmo para o comportamento online das pessoas de modo geral, em redes sociais e outras plataformas de comunicação, já que muitas assumem outra persona quando interagem nesses meios. No caso do anime, essa diferença entre o personagem online e a pessoa real traz consequências interessantes no florescer de um romance.
A animação e a trilha sonora não são incríveis, mas para compensar, os dubladores (seiyuu) fizeram um ótimo trabalho dando voz ao Koiwai, Sakurai e, especialmente, à Moriko. Me surpreendi quando soube que a seiyuu Mamiko Noto também deu voz à Kotomi, de Clannad, já que as duas personagens têm vozes e personalidades bem diferentes.
Recomendo o anime especialmente àqueles que já jogaram MMORPGs, pois com certeza se identificarão com algumas das situações apresentadas. Para os que gostam de romance, Net-juu também poderá agradar. Além dos 10 episódios, o anime tem mais dois especiais, então não deixem de conferi-los.
Nota: 6/10
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INUYASHIKI: LAST HERO
Episódios: 11 | Estúdio: MAPPA | Gênero: ação, drama, psicológico, sci-fi, seinen | Diretor: Satou Keiichi e Yabuta Shuuhei | Origem: mangá | Score MyAnimeList: 8/10
Inuyashiki é um homem de 58 anos que gosta de sua família, mas parece não receber o mesmo afeto em troca. Recentemente, sua companhia tem sido a cachorrinha que ele encontrou na rua. Não bastasse a indiferença vinda de sua esposa e filhos, ele ainda recebe a notícia de que tem câncer e que não terá muito tempo de vida. Uma noite, no entanto, ele é vítima de um acidente com um misterioso OVNI. Depois de acordar do acidente, ele nota que está estranho, que há algo de errado com seu corpo. Os alienígenas o transformaram de forma que sua vida não será mais a mesma. O mesmo ocorreu com Shishigami, um estudante que estava no mesmo local, no mesmo momento.
O anime é uma adaptação do mangá Inuyashiki, de Oku Hiroya, o mesmo criador de Gantz. É inevitável comparar Inuyashiki com seu trabalho mais famoso, mas as semelhanças correspondem até certo ponto. Primeiramente, temos um protagonista muito mais velho, um forte indício do público-alvo seinen do anime e do mangá.
Por outro lado, o antagonista Shishigami é bem mais jovem, e isso cria um contraste interessante na história. O mais velho consegue sentir muito mais empatia pelas pessoas, o que é determinante em suas ações. Já o estudante parece se importar apenas com pessoas próximas, como amigos e familiares. No mais, é indiferente à vida alheia, levando-o a atitudes terríveis. Temos, então, duas pessoas aparentemente comuns transformadas em herói e vilão após drástica modificação feita em seus corpos durante o incidente alienígena.
Uma semelhança com Gantz é o gosto do autor pelo sci-fi e pelas mortes. Se repararem no final da opening de Inuyashiki, verão que duas das sílabas que compõem o nome dos personagens formam a palavra shinu (死ぬ), que significa “morrer” em japonês. Também há muita presença de tecnologia no anime, não só em relação às mudanças ocorridas com os personagens, mas pelo papel dos meios de comunicação, como a televisão e a internet, com seus “chans” e Twitter. O anime mostra o uso da tecnologia voltado tanto para o bem quanto para o mal.
Quanto à animação, o uso de CGI é relativamente mascarado, mas ainda assim visível em muitos momentos. Pessoalmente, não vejo problema com o método, apesar de muita gente não gostar. A trilha sonora não é muito marcante, a não ser a opening do anime. Um ponto positivo que me chamou a atenção foi a voz natural e agradável do antagonista Hiro Shishigami. O seiyuu do personagem é Murakami Nijirou, um novato que tem a voz muito parecida com a do incrível Mamoru Miyano em alguns de seus papéis (Light Yagami, em Death Note; Saburou, em Nobunaga Concerto; Fushimi, em K-Project, etc).
Nota: 6/10
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BLEND-S
Episódios: 12 | Estúdio: A-1 Pictures | Gênero: slice of life, comédia | Diretor: Masuyama Ryouji | Origem: mangá 4-koma | Score MyAnimeList: 7.5/10
Maika é uma estudante que adora tudo o que é estrangeiro. Seu sonho é poder estudar num outro país e, por isso, a garota decide procurar um emprego para juntar dinheiro. O problema é que às vezes Maika tem um olhar que pode ser interpretado como desprezo pelas pessoas com quem ela conversa, e isso faz com que seja difícil ter sucesso nas suas entrevistas de emprego. No entanto, um belo dia, Maiko encontra por acaso o trabalho ideal: um maid café onde cada garçonete encarna uma personalidade. Como não poderia deixar de ser, a protagonista fica com o papel de garçonete sádica.
Com seu olhar de desprezo, sem falar nos inúmeros mal entendidos, Maika faz sucesso entre os clientes que gostam do estereótipo. Além deles, o próprio gerente é um grande fã da menina, só que mais pelo fato de ela ser uma japonesa que ele considera ideal, já que Dino tem uma queda pela aparência oriental da garota, com seus longos cabelos pretos. Além de Maika, as outras garçonetes também garantem o sucesso do café. Temos Kaho como a tsundere, Mafuyu, como imouto, Miu como onee-san e, posteriormente, Hideri como a idol do café.
Nem é preciso dizer que o fanservice é forte nesse anime, mas aqui ele se aplica mais às personalidades estereotipadas (ou melhor, à encarnação delas) do que a um conteúdo voltado para o ecchi. É um anime com boa animação, sem muita apelação, agradável de se assistir, e quem gosta de garotas moe provavelmente terá a sua ideal nesse slice of life de comédia.
Nota: 6.5/10
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HOUSEKI NO KUNI
Episódios: 12 | Estúdio: Orange | Gênero: ação, fantasia, seinen | Diretor: Kyogoku Takahiko | Origem: mangá | Score MyAnimeList: 8.5/10
Esse anime cujo nome pode ser traduzido para “Terra das Jóias” parece estranho à primeira vista, mas conforme assistimos, constatamos que é estranho de um jeito bom. A história se passa num futuro distante onde humanos não mais existem, mas sim outras formas de vida, especialmente uma forma de vida imortal: personificações de pedras preciosas. A semelhança com Steven Universe no que diz respeito a esse último aspecto é notável, mas lembrem-se que o mangá que originou o anime foi lançado em 2012, antes do desenho da Cartoon. Sendo assim, podemos dizer que Houseki no Kuni tem uma boa dose de originalidade.
Temos como personagem principal uma das 28 pedras, a Fosfofilita (Phosphophyllite), e o que ela tem de irreverente na sua personalidade, tem de frágil na sua composição. Por esse último motivo, não lhe foi designada a tarefa de lutar, por se quebrar muito facilmente. Por isso, o Mestre das pedras, que tem aparência humana e veste roupas de monge, ordenou que Fosfofilita compilasse uma enciclopédia para que pudessem “preservar o presente e se preparar para o futuro”.
A desastrada Fos, entretanto, mais se mete nos problemas alheios do que cumpre sua missão. Ela quer ser útil de outra maneira: lutando ao lado de suas companheiras e buscando uma forma de ajudar a isolada pedra Cinábrio (Shinsha). Com os ataques constantes do Povo da Lua (tsukijin), que visam se apoderar das pedras preciosas, Fos acaba passando por experiências marcantes.
O anime possui belos cenários e a animação faz vasto e visível uso de CGI (lembrando animes como Ajin e o novo Berserk) e apesar de o método não ser muito querido entre os que gostam de animes, é preciso dizer que no caso de Houseki no Kuni o CGI rendeu elogios. Apesar de não ser o próximo cinematic da Blizzard, a animação ficou agradável aos olhos, e o método foi uma boa escolha se considerarmos as lutas que requeriam efeitos especiais. Nesses momentos, também se destacou a bela trilha sonora.
Houseki no Kuni é um prato cheio para os gemólogos de plantão, fãs de fantasia, Steven Universe, ou então, qualquer um que estiver no clima para assistir algo bem diferente. O anime começa quase confuso com seus mistérios, não só para o espectador, mas também para as personagens, especialmente Fos, que ainda tem muito a descobrir sobre o funcionamento do mundo em que vive, e um dos pontos fortes do anime é justamente o desenvolvimento da protagonista.
Nota: 7.5/10
Karina Moreira
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Excelente análise. HOUSEKI NO KUNI é o melhor! Mesmo com seus tantos diálogos difíceis de entender, ritmo acelerado demais a ponto de ficar complicado de digerir o que aconteceu, Houseki no Kuni tem grandes chances de ser um dos melhores animes da temporada. Provavelmente já ganhará o prêmio de mais bonito, afinal essa animação 3D, que mais parece 2D, é incrivelmente agradável aos olhos. Cores fortes e personagens divertidos também são fatores a levar em consideração. Gostei bastante do encerramento como um todo, a parte visual dele está linda, assim como a de todo o anime. Eu não julgo a história deste anime pelo primeiro episódio, afinal eu escolhi ele justamente pela possibilidade de uma história interessante. Também foi minha escolha pelo fato de ser parecido com Steven Universo, uma das minhas séries favoritas. Porém, neste anime, os papéis são invertidos. As ameças são contra as pedras e não as pedras. Eu vou sim falar bastante de Steven quando tiver oportunidade, e já começo lhes dizendo que foi uma série que mudou minha vida e jeito de pensar, então não é pouca coisa não. Enfim, eu gostei sim de Houseki e vou continuar assistindo (quando eu falo de continuar assistindo os animes que estou escrevendo, falo que vou continuar sentindo algum prazer enquanto vejo, porque assistir ou não eu não posso escolher, já que tenho que vir aqui falar com vocês). Levemos em consideração os episódios que virão apenas, já que o anime tem obrigação de segurar o público no primeiro episódio. Continue com essas belas análises, eu sempre acompanho!
Não acompanho Steven Universe, mas espero assistir algum dia.
Quanto a Houseki no Kuni, concordo com a animação 3D muito agradável aos olhos, e claro, os personagens; um dos meus favoritos foi o Mestre. Tomara que não demorem com uma continuação, já que promete muita coisa boa!
Ai meu Deus… passei 6 meses sem.ver nada por causa do TCC e agora vou retomar… adeus vida social
Haha, aproveite! Temos mais posts com impressões de animes das temporadas anteriores também, se quiser conferir 😉
Porra deu 6 pra netjuu
Pra dar nota eu faço uma média entre aspectos técnicos do anime e o divertimento que tive com ele. Meu divertimento até que foi acima da média, mas o maior problema que notei em Net-juu é o andamento muito lento. Caberia mais conteúdo em cada episódio se o andamento fosse um pouco mais rápido. Além disso, a animação é mediana, assim como a trilha sonora. O que subiu um pouco a avaliação técnica foram os seiyuus, que são ótimos, especialmente a que deu voz à Moriko, e os personagens relativamente carismáticos.