O filme Equilibrium (2002), do diretor Kurt Wimmer, não foi sucesso nem de público nem de crítica na ocasião de seu lançamento – apesar de desde então e cada vez mais, ter obtido reconhecimento como uma obra de qualidade, sendo considerado desde o início dessa década como um filme cult.

Equilibrium-Cartaz-300x300 Análise: o mal compreendido EquilibriumTalvez o maior erro da época tenha sido uma tentativa da produtora de compará-lo a Matrix (1999) dos irmãos Wachowski, o maior sucesso sci-fi de toda uma geração, o que absolutamente não faz sentido, além de ser altamente ingrato com o longa de Wimmer, muito menos “fácil” de se assimilar – e olha que Matrix já não é uma obra superficial, tendo muito mais camadas que o costumeiro da produção mainstream de Hollywood.

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Equilibrium mostra um futuro situado após uma eventual Terceira Guerra Mundial. A sociedade vive sob um regime totalitário que, no entanto, aboliu a maior parte dos crimes e infrações do cidadão comum, restando de criminosos praticamente apenas os “rebeldes” que são contrários ao sistema.

A saída encontrada pela sociedade para o fim dos “problemas” da raça humana – que eventualmente nos levam às guerras e conflitos – foi a erradicação da capacidade do ser humano de sentir emoções, o que deixou a civilização mais fria, analítica e racional no dia a dia.

A premissa não muito inovadora, a equivocada comparação com Matrix (que chegou a estampar o cartaz do longa com a frase “esqueça Matrix”) e o início do filme que culmina, logo nos primeiros minutos com uma cena de luta impossível, onde o protagonista vivido por Christian Bale enfrenta vários adversários em um espaço confinado sem ser atingido e com uma arma que parece ter munição infinita, dão a falsa impressão de que a obra é mais um clichê de ficção distópica com baixo orçamento e pouca verossimilhança e má qualidade.

Ledo engano.

Para os que continuaram a assistir o filme, tudo passa a fazer sentido depois – inclusive a munição “infinita” e as lutas “impossíveis” – e a qualidade do longa sobe a cada reviravolta sofrida pelo protagonista. A obra não é inovadora, mas isso não pode ser visto como um problema (Matrix se notabilizou justamente por aglutinar conceitos de diversas outras obras, inclusive de livros, animes, quadrinhos, etc), e como um todo o filme tem muito mérito.


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A “orwelliana” Libria

A sociedade de Libria:

O futuro do filme retrata a nação de Libria, onde residem os sobreviventes da III Guerra citada. Essa sociedade considerou que a humanidade – ou o que sobrou dela – não aguentaria uma Quarta Guerra Mundial, e por isso a população “aprovou” a implementação de leis duras que tinham o objetivo de evitar novos conflitos e guerras.

Assim, um novo regime de governo centralizado e rígido foi criado, seu líder recebeu o nome de “Pai”, e foi aprovado um conjunto de leis que criaram um órgão chamado de Clero Tetra Grammaton, responsável pelo policiamento do que agora era considerado crime: sentir emoções. Os sacerdotes do Clero tinham o objetivo de identificar e punir (com a morte, se necessário) os criminosos que estivessem infringindo a lei.

E como os cidadãos deveriam deixar de sentir emoções? Usando a “arma” criada para se resolver os problemas da humanidade relativos aos sentimentos, a droga Prozium (uma mistura de Prozac com Valium?), que inibia a capacidade humana de se emocionar. Por lei, todo humano deveria tomar suas doses de Prozium regularmente e, assim, abster-se de sentir qualquer tipo de emoção.

A nova lei criminaliza também a manifestação artística, romântica, afetiva ou qualquer outra que se dê por meio das emoções, e até mesmo a posse a exibição de obras de arte de qualquer tipo – mesmo livros – é proibida.

Assim, Libria é o resultado de um controle rígido do Estado sobre seus cidadãos. Podemos ver as ruas em perfeita ordem, com todas as pessoas vivendo apenas pelas rotinas diárias de suas obrigações. A nação onde se passa o filme suprimiu completamente todas as formas se subjetividade da existência das pessoas, que agora, no entanto, vivem “em paz”. Mas é uma paz que se faz muito também pela presença do Estado de forma militarizada e ostensiva, com policiais fortemente armados nas ruas e telões com o Pai proclamando suas mensagens de ordem para a população de forma quase onipresente.


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Inspirado em Neo e também Montag de Fahrenheit 451

John Preston:

O protagonista do filme, apesar de se inspirar visualmente no Neo de Matrix (outro motivo das comparações), é muito diferente daquele, pois é muito mais inseguro, falho e “humano”, ainda que no começo esteja anestesiado pelo Prozium e agindo conforme sua profissão preconiza, já que ele é um dos Sacerdotes do Grammaton.

Após deixar de tomar a droga por um dia, Preston sente o gosto do sentimento, que sequer lembrava existir. A sensação de reviver as emoções, somada à angústia da culpa por um acontecimento passado, se mostra inebriante e forte demais para ser relevada, e o Sacerdote resolve infringir a lei e deixar de tomar suas doses de Prozium.

Assim, dia a dia, Preston redescobre sua humanidade, sua admiração pelos detalhes da vida, dos momentos únicos que permeiam a existência, e começa a se dar conta de que lei e ordem podem não ser argumentos fortes o suficiente para amputar do homem sua capacidade de sentir emoções.

A cena em que Preston “acorda” para seus sentimentos, onde a metáfora de sua casca de dureza e racionalidade é retirada tal qual uma película de insulfilm é retirada de uma vidraça, é sublime.

A partir de então, Preston passa a tentar combater o sistema da qual faz parte, para ajudar a Resistência a derrubar o Pai e “libertar” Libria.


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a dualidade “Paz x Opressão” de Libria

A ideologia dialética do Pai e de Libria:

Apesar de parecer a muitos um disparate achar que a sociedade aceitaria se submeter a um controle como o demonstrado na obra, tal idéia – se passada por um crivo de analogia – se mostra bastante plausível. Não por acaso o próprio filme mostra uma imagem de Hitler para que percebamos que, assim como os alemães “pediram” pelo estado totalitário e rígido que Adolf prometia em suas campanhas, quando ainda era um político promissor no partido nacionalista germânico, outros povos podem perfeitamente acatar limitações e restrições às suas liberdades em nome de um “bem maior”.

Os filósofos Márcio Araújo e Mayke Cardoso comentam em sua análise do filme que a desordem e a desigualdade social ao longo da história foi constituída pelo homem devido a necessidade de se sobrepor em relação aos outros homens.

Segundo eles, Thomas Hobbes, pensador inglês, defendia a criação de um Estado Artificial para defender os indivíduos de suas próprias barbaridades e vicissitudes (“o homem é o lobo do homem”). Diria ainda Hobbes, relacionando com o filme, que o conflito e a guerra são inerentes à natureza humana. A emoção, os instintos, os sentimentos, os prazeres levam a humanidade a uma busca desenfreada pelo hedonismo e por sensações terrenas transbordantes. Nada mais “normal”, portanto, que se justifique a supressão das emoções com a alegação de que assim se estaria atingindo um nível de segurança mais firme e seguro na sociedade.

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a “orwelliana” Libria²

O filme enfatiza justamente a necessidade de neutralização dos sentimentos humanos, pós-catástrofes provocadas pela disputa, ganância, competitividade, egoísmo exacerbado, consumismo padronizado. No entanto, sentir é uma capacidade que nos torna expressivos, inventivos, diferentes, capazes. Se por um lado, a disciplina e a obediência são essenciais para o controle da ordem estabelecida e por tanto da erradicação de várias ações destrutivas que estão cada vez mais freqüentes na nossa realidade, por outro superficializa-se as relações pessoais.

Os filósofos explicam que o pensamento dialético é aquele em que raciocinamos de uma maneira mais lógica, procurando resultados exatos, tentando não ter interferência da emoção e dando mais voz a razão. É um pensamento consciente que utilizamos para alcançar nossos objetivos de uma maneira mais óbvia e lógica.

A sociedade retratada por Libria nos mostra como seria um “mundo dialético”, portanto. Um mundo onde todos seremos iguais no pensar, no andar, no falar, no vestir, etc. Todos frios, racionais, lógicos e coerentes. Não há individualidades, sentimento, emoção, afeto.

Márcio e Mayke comentam também que a cena onde se demonstram as idéias do pensamento anti-dialético é aquela onde o personagem principal é interrogado por sua própria prisioneira, que lhe pergunta o por que dele estar vivo e o propósito de sua existência e ele dá uma resposta totalmente dialética e linear, dizendo que “estava vivo para servir e dar continuidade à sociedade Libriana”.


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Gun Kata aplica ciência exata às lutas

O “Gun Kata”:

Os Sacerdotes do Clero, além de agentes de confiança do Pai, com treinamento psicológico e de inteligência, possuem habilidades notáveis de combate para exercer de forma mais eficiente sua missão policial. Essas habilidades constituem-se na arte-marcial chamada de Gun Kata, desenvolvida pelo Grammaton para dar aos seus membros mais importantes uma vantagem considerável na luta contra os criminosos e a Resistência.

O Gun Kata é o que explica a “luta impossível” da seqüência inicial do longa e também os combates de Preston quando este parte no encalço do Pai, já no clímax da história. Tudo passa a fazer sentido quando são mostrados os mecanismos de funcionamento da técnica de luta, incluindo a utilização das armas (e o ato de recarregá-las).

Claro que, como todo filme sci-fi, é necessário uma dose de suspensão de descrença para se aceitar a técnica marcial, porém a mesma se mostra perfeitamente plausível diante de suas explicações de funcionamento. É muito mais verossímil que o mostrado em Matrix, por exemplo, e, portanto, não mostra-se coerente que um filme seja criticado por um estilo de luta “fantástico” e o outro louvado pelo mesmo motivo.

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praticante de Gun Kata enfrentando vários oponentes

A seqüência em que Preston precisa passar por um corredor cheio de clérigos pesadamente armados e, antes de iniciar a luta, joga pentes de bala no meio do recinto – mostrando que sabe perfeitamente onde estará em determinado momento da luta – é sensacional e mostra na prática a aplicação da dialética e do cálculo matemático em uma batalha, onde nada ocorre por acaso e conseqüência empírica ou de forma causal, mas sim por conseqüência rígida do planejamento e do cálculo preciso do praticante do Gun Kata.

Basicamente a técnica usa justamente de física, matemática e outras ciências que permitem ao seu praticante calcular adequadamente ângulos, posições e movimentos que lhe dão máxima eficiência em uma combate corpo a corpo ou um tiroteio. Por meio dos cálculos, o Sacerdote sabe exatamente em qual posição deve estar sua arma, qual o ângulo da mira e qual a velocidade do movimento deve fazer para acertar o oponente, cuja posição ele também previu de antemão graças também a cálculos precisos e conhecimento de técnicas diversas de movimentação padrão humana, reflexos condicionados e treinamento das forças policiais. Quando em grau avançado, o Gun Kata permite até ao seu praticante saber em que direção os oponentes irão atirar – e assim ele calcula a qual a distância segura ficará dos tiros para não ser alvejado, realizando movimentos mínimos para evitar ser atingido.


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sociedade de supressão de individualidades

Os problemas do filme:

Apesar de muito bom, Equilibrium tem seus problemas, evidentemente. O roteiro do próprio Wimmer é bastante coeso, mas não escapa de alguns deslizes – como as atitudes paradoxalmente emotivas do Pai em determinados momentos. Mas nada que comprometa.

Os atores principais estão muito bem no filme, porém os coadjuvantes carecem de um desenvolvimento melhor e mais profundo e até de arcos dramáticos mais completos, ainda que isso não atrapalhe o desenvolvimento da história.

As referências à George Orwell, Ray Bradbury e principalmente Aldous Huxley podem soar como clichês para muitos, e portanto se caracterizar como um problema, apesar de que em momento algum elas soem forçadas ou caricatas.

Porém o maior problema é mesmo o desfecho de uma das lutas do clímax, na qual um dos oponentes de Preston tem o rosto “ferido” e a retratação é bastante insatisfatória, talvez devido ao baixo orçamento do longa.


Outras questões:

Interessantes as ponderações de Giovanni Coelho de Souza sobre o filme:

Em um Estado Perfeito, o estabelecimento da paz, em si mesmo, não daria lugar a uma harmonia organizacional completa e inquebrantável? […] A pseudo-perfeição propagada pelo Pai proporcionou a criação de uma sociedade assassinada intelectual, moral, ética e existencialmente, reduto de cidadãos que servem ao Estado como objetos destinados a serem descartados e repostos quando da exaurida chegada ao seu fim no mesmo. Porém, que tipo de Estado se apresenta no filme? Uma autocracia ditando todas as ordens dos dias. Uma autocracia ditando todas as maneiras e modos das pessoas. Uma autocracia de feições pseudo-religiosas, ditando o que se deve pensar, falar e realizar a todos os dias, a todas as horas, a todos os anos. […].

A sociedade tirânica de Equilibrium, então, é uma mera ridícula paródia, nada engraçada, e totalmente violenta (uma contradição que revela a genialidade do roteiro) da sociedade perfeita buscada sem a presença dos sentimentos que levem à destruição de todas as coisas na Terra. É isso que Preston percebe, incomodando-se após a execução do amigo que entregara porque este “sentia”; ele percebe que a perfeição na qual fora criado e condicionado a crer como a maior realização humana de todos os tempos era apenas pó, mentira e imperfeição enrustida.

No momento inicial, a curiosidade o faz querer provar do “veneno da serpente”, esta que, fora do “paraíso”, indica com as suas picadas a verdade da humana realidade a todo autêntico ser humano. No meio do caminho, enroscando-se na serpente, sua mente começa a trabalhar a favor dos valores perdidos em si mesmo, os valores contidos nos vícios e nas virtudes humanas que caracterizam com suprema segurança a todo autêntico ser humano. Concluído seu caminho e alcançada “a verdade”, sendo uma serpente conhecedora do verdadeiro propósito do Bem e do Mal inerentes a todo sentimento, Preston tornou-se verdadeiro, sincero e real, um autêntico ser humano.

O “Adão” de Equilibrium encontrou a sua “Eva” em Mary O’Brien (Emily Watson), a amante do amigo Jurgen (William Fichtner), que ele entregara, amante cremada, como todos que ousam “sentir”, nos fornos do Clero Grammaton. O ponto-chave da mudança de Preston está em seu encontro com ela, uma “Criminosa Sensória”, como são chamados no filme aqueles que “sentem”; e na tomada de consciência à qual chega ao perceber o quanto monstruosamente tratou de, por Libria, entregar ao forno crematório a sua esposa. Em certo sentido, revelando sutilmente uma curiosidade sexual e afetiva em relação à mulher que fizera com que seu único amigo abandonasse a tal “perfeição sócia” na qual ambos nasceram, Preston comeu da maçã, gostou da sensação e saiu do seu “paraíso ilusório” para iniciar a revolução do sentir.


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fotografia inspirada em Blade Runner

Conclusão:

Equilibrium é um ótimo filme de ficção científica, onde talvez o orçamento pequeno possa ter comprometido um pouco a parte visual da obra, sobretudo os efeitos especiais de determinadas cenas – mas convém lembrar que as principais cenas de luta estão impecáveis. Também podemos elogiar a edição, a montagem e a fotografia – claramente inspirada em clássicos como Blade Runner.

Por conta disso e de expectativas mal criadas quanto à obra em si – sobretudo no tocante às comparações equivocadas com Matrix – é comum que alguns torçam o nariz para o filme, e até mesmo deixem se levar erradamente pelas impressões causadas pela já citada primeira seqüência (que só é explicada e, portanto, compreendida corretamente, quase no fim do filme, em relação principalmente à plausibilidade do que é mostrado).

Além disso, a montagem que privilegia a ação em detrimento do argumento (uma óbvia escolha comercial, bastante compreensível inclusive) esconde doses pesadas de filosofia e referências ao sci-fi como gênero, bem como cyberpunk, distopia, etc., que se captadas, permitem um saborear muito maior da obra como um todo.

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Ralph Luiz Solera

Escritor e quadrinhista, pai de uma linda padawan, aprecia tanto Marvel quanto DC, tanto Star Wars quanto Star Trek, tanto o Coyote quanto o Papaléguas. Tem fé na escrita, pois a considera a maior invenção do Homem... depois do hot roll e do Van Halen, claro.

36 thoughts on “Análise: o mal compreendido Equilibrium

  1. nada como um texto lúcido e coerente pra quebrar os preconceitos e paradigmas que um filme tem, seja do público, seja dos “críticus cinéfilus inteletuais” que só acham bons os filmes dos anos 60 ou dos diretores preferidos deles

  2. é por analises como essa que eu curto muito esse site, parabens pela pesquisa e pelo entendimento de cinema, muito bom mesmo

  3. nada como pegar um autor bom que sabe fundamentar sua opiniao e que adora pegar filmes nao muito famosos e mostrar pra gente as qualidades dele… parabens Ralph Solera, adoro seus textos

  4. da ate gosto de pegar uma analise dessas pra ler parabens pra vcs so artigos de alto nivel nesse site… e ai devemos confinar e falir e morrer de fome ou trabalhar pra ter dinheiro e morrer de gripe e lotar hospitais, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, brasileiro defendendo politivco de estimacao e esquecendo do grande dilema que vivemos desde a segunda guerra mundial, mas a resposta pra mim é que o povo vai se ferrar de um jeito ou de outro como sempre enfim descupa ter viajado na maionese bela analise valeu vou ler outros textos de vcs

    1. obrigado Bicho rs… no mais, confie sempre na ciência e no resultado de estudos sérios, de achismo basta as opiniões de certos políticos e seus “fãs”, de esquerda ou de direita 😉

  5. “as atitudes paradoxalmente emotivas do Pai em determinados momentos”

    Eu entendi que o “Pai” não utiliza o Prozium, por isso ele tem atitudes emotivas. Que é também uma crítica aos falsos moralistas que condenam ações mas as fazem por baixo dos panos.

    1. Perfeito, é o que entendi também. Considero paradoxal porque “ninguém” questiona aquele comportamento que evidencia o não uso da droga. Ora, se oficialmente ele toma a droga, como pode agir de forma emotiva? Bastaria uma citação a algum questionamento desses ou o proprio Preston em algum momento do embate colocar isso para o Pai e tudo estaria resolvido, além de evidenciar essa questão da crítica aos que pregam uma coisa e fazem outra. No caso, “pregam” literalmente rsrs.

  6. Surpreendente análise. Reconheço que vim cheio de veneno pronto pra detonar a defesa do filme porém ponderei muito com base no que vc escreveu. Parabéns. Vou reassistir.

    1. É raro ver alguém mudar de ideia ao ler um artigo rsrsrs

    1. Fahrenheit 451 é um filme de 1966 baseado no livro, e foi lançado no cinema nos anos 60 colega .

  7. Ralph Solera que excelente análise! Esses dias vi um vídeo do Omelete falando de caras durões no cinema e qd citam o Cris Bale falam de Equilibrium e citam o filme como “bem ruinzinho”… acho que o cara lá do Omelete devia dar uma lida no seu artigo, com certeza ele iria rever seu conceito a respeito da obra.

  8. Ralph Luiz Solera, primeiramente parabéns pelo texto! Não se encontra uma crítica tão fundamentada sobre o filme na internet. Felizmente na época de lançamento de Equilibrium, eu tinha visto o seu trailer em outro DVD e achei fantástico! Quando olhei a capa na locadora com os dizeres “Esqueça Matrix” não fiquei chocado/revoltado. Fiquei curioso ainda mais (e olhe que eu sou fã de “carteirinha” de Matrix). No trailer é enfatizada mais a ação/lutas do Preston. Mas no decorrer do filme em que o personagem principal sai da frieza de um executor, em nome de uma “nova ordem” e descobre a essência do ser humano, é formidável! Sobre as suas roupas, que todos querem comparar com as de Neo, não vejo motivo para tanto: No início do filme é explicado que é proibido “sentir”. Então qualquer coisa que não seja monocromática, despertará sensações visuais. O problema é que boa parte do público já foi com o filme Matrix na cabeça antes de assistir a Equilibrium. Especialmente por terem sido instigados pela desastrosa jogada de marketing, propondo-nos a “esquecer” Matrix. Acredito que por muito tempo Matrix servirá de referência para filmes Sci-Fi. Mas Equilibrium é totalmente distinto desse. Muito bem trabalhado também. Só não concordei com alguns comentários anteriores, de que Neo abriu mão de sua humanidade. Assim como Preston adquiriu a sua, Neo substituiu sua compreensão de humanidade por outra. Mas não menos importante. O modelo de sociedade que ele acreditava não existia mais. Havia sim uma nova organização social, e por consequência, novos valores.

    1. Wesley, obrigado pelo comentário! Agregou bastante à discussão, com certeza. Sua visão sobre o Neo não ter perdido a humanidade, mas sim apenas ter alterado a mesma, me fez pensar a respeito, acho uma linha de pensamento bem válida. Bacana! Qt a Equilibrium, concordo com suas observações e principalmente a relativa às roupas, faz todo sentido, e eu não tinha pensado nisso. Abraço!

  9. Fantásticas suas análises. Li a do Planeta Proibido e do Videodrome! Parabens!!! Ansiosa pela proxima!

    1. Obrigado, Annalise. Veja a do Assassinato por Morte também! 🙂

  10. Ótimo filme, apesar do orçamento limitado. Quem o critica só por se parecer com Matrix é da mesma laia que acha Ex-Machina uma obra prima kkk

  11. Saudações,
    Gostei muito da análise feita sobre Equilibrium. foi um filme que assisti por acaso e achei muito interessante, uma vez que a trama traz nuances de escritores que me agradam (Bradbury em Fahrenheit 451, 1984 de Orwell e Huxley). Pode até parecer Matrix, mas não é. Enquanto Neo perde sua referência humana ao ser o “escolhido”, Preston é re-humanizado. Um momento muito bonito do filme acontece quando ele encontra um parceiro de trabalho lendo W. B. Yeats e o mata por isso. Algum tempo depois vem à tona o turbilhão de sentimentos e as lágrimas que trazem Preston de volta a si mesmo. Nota 8,7!
    Ah! Quero aprender Gun kata!

    1. Que bom que gostou, Daniela. Existe, claro, uma similaridade (nem tão grande assim) visual com Matrix, mas conceitualmente os filmes são bem diferentes. E gostei do seu comentário acerca de Preston e Neo, um perdeu a humanidade e o outro “recuperou”.

  12. excelente análise… na verdade é a melhor que já vi sobre esse filme, derruba um monte de preconceitos contra ele e mostra que é uma bela obra de gênero

    1. Obrigado Andressa! A intenção foi justamente quebrar a rejeição infundada e mostrar que o filme é melhor do que parece.

  13. Excelente texto

    A qualidade do filme também pode ser analisada pelo decorrer dos anos. Se o filme sobrevive ao passar do tempo.

    O maior problema é justamente esta referencia demasiada a Matrix (que foi lançado três anos antes apenas) que até entendo na época por achar o filme com Keanu Reeves ser uma referencia. Mas o filme sobreviveria muito mais se fosse uma obra com mais características próprias.

    Entretanto, ao demonstrar um analise tirando da sombra de Matrix é o caminho a ser feito.

    1. entendo que a referencia a Matrix veio da distribuidora e dos espectadores… o diretor não tentou conscientemente plagiar Matrix

  14. Conheci esse filme qd li a crítica do O Procurado (com Angelina Jolie) em que o Pablo Vilhaça elogia Equilibrium, dizendo até que ele era subestimado… aí eu fui atras pra assistir e gostei bastante.

  15. Adoro o filme… mas só fui gostar dele depois de assistir uma segunda vez… na primeira, assisti com uma crítica na cabeça e um preconceito – admito – de comparar ele com Matrix. Na segunda eu consegui gostar do filme e compreender tudo o que ele tem de bom.

  16. Recomendo essas leituras complementares de Equilibrium, mas são complementares mesmo, porque seu texto já está completíssimo e muito bem embasado, Parabéns. Muita gente não gosta do filme, acho que pelos motivos que vc expôs… eu mesmo fui assistir meio achando que era um trash vabagundo, por conta da capa do DVD e da frase “Esqueça Matrix”… e me surpreendi com o conteúdo filosófico e a qualidade da obra como um todo. Não é excelente como o próprio Matrix e outros em que se inspirou, como Blade Runner, mas é sim um ótimo filme.

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