Mangá: Zucker
A crítica de hoje, Dia Internacional da Mulher, é sobre um mangá voltado para o público feminino, feito por brasileiras. Isso mesmo! Zucker é um mangá de volume único que foi produzido pelo Studio Seasons e lançado pela editora NewPOP em 2010. Lembro de tê-lo adquirido por volta dessa época e ficado admirada com sua qualidade. Não só a edição estava caprichada — a NewPOP era uma das poucas editoras que lançava mangás em papel off-set na época, além da suave capa cartonada — mas a qualidade do trabalho das autoras estava igualmente boa. Já tinha topado com partes dos capítulos lançados na revista NeoTokyo (esteve presente em 11 edições da revista) e, recentemente, resolvi ler o mangá pela segunda vez.
O volume conta com duas histórias, a principal, que é Zucker, e um one-shot curtinho chamado Le Bal Masque. As duas se encaixariam bem na demografia shoujo. Começando por Zucker, já de início ela chama a atenção por ser ambientada no sul do Brasil, o que é visível pela arquitetura e pela forma de falar de um dos personagens (foi muito bom terem incluído notas sobre o significado de algumas expressões). A história narra um evento na vida de Dora Zuckermann, uma moça que sai de São Paulo para herdar a confeitaria da sua avó, no sul do país, porém, chegando no local ela descobre que precisará passar por um pequeno desafio para poder herdar o livro de receitas especiais.
Além de Dora, temos mais três personagens. Não houve tempo para desenvolvê-los muito bem, claro, mas é possível notar o cuidado que as criadoras tiveram com suas personalidades. Temos alguns momentos voltados para o drama, com toques de comédia aqui e ali. É uma história bonitinha e este foi um volume único bem gostoso de se ler. Depois de Zucker, temos a história-bônus Le Bal Masque, sobre uma jovem que fará uma apresentação para conseguir uma bolsa de estudos numa escola de ballet, mas ocorre um imprevisto. Leiam e descubram o que acontece.
A respeito da arte, tenho apenas elogios. Zucker foi desenhada por Simone Beatriz, enquanto Le Bal Masque foi desenhada por Sylvia Feer. Ambas têm o roteiro de Montserrat. A arte das duas histórias é muito bonita, fizeram bom uso de retículas e a quadrinização foi bem pensada; não perde em nada para os mangás orientais. Tenho mais uma obra do estúdio, Helena, e pretendo comprar outras, afinal, é sempre bom conferir o trabalho de artistas brasileiros. Para quem não conhece o estúdio, ele foi criado em 1996 e conta com três integrantes. Elas têm um site bem organizado com várias informações sobre seus trabalhos e portfólios. A propósito, não deixem de conferir o projeto delas no apoia.se!
Nota: 6.5/10
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Dia das Mulheres e o Shoujo no Brasil
Ontem foi lançado o primeiro projeto independente de Shoujo Mangá Brasileiro feito por 6 mulheres do cenário de quadrinhos no Brasil, contando com as artistas Renata Rinaldi, Cah Poszar, Lígia Zanella, Mari Petrovana, Janaina Araújo e Juliana Loyola. A capa será da Simone Beatriz, sim, a ilustradora de Zucker de quem falei acima. O prefácio será escrito por ninguém menos que Sônia Bibe Luyten, pesquisadora de mangás! É possível apoiar o projeto a partir de R$10 e garantir o ebook da coletânea, ou a partir de R$35 para a versão impressa, dentre outros valores que garantirão mais brindes! Mas o financiamento vai só até o dia 7 de maio deste ano, então não demorem, é tudo ou nada. Cliquem aqui para conferir.
Karina Moreira
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!!! Eu amo o traço de todas as meninas do Seasons, mas admito, o traço da Simone Sensei me traz algo especial e único. Esse estilo um tanto vintage, é o que mais me fascina. Eu peguei a edição pra ler aos poucos, mas quando vi, já estava no fim T-T… Fiquei com aquele gostinho de quero mais sabe?
Karina me diz uma coisa esses mangás brasileiros sao publicados no exterior, sobretudo no Japao? Se a resposta for sim, qual a receptividade dele? Se a resposta for nao, qual a receptividade em geral de mangás importados, pro Japão (ou seja, nao japoneses) e qual o conceito que eles tem dos mangás brasileiros?
meu Deus onde vc achou isso um mangá brazuca e pra mulher que achado!
Eu conheço bem o trabalho do pessoal, ele começou primeiramente a ser publicado na revista neo Tokyo. Achei muito bem feito o desenho e a história é simples e meiga. Na verdade fiquei sabendo da publicação porém nunca encontrei em bancas de jornal. ^^
As palavras “mangá” e “nacional” dificilmente estão na mesma frase. Um mangá voltado e sobre feminismo então, mais raro ainda. Parabéns pela escolha. É uma história rápida, completa, os traços da Simone Beatriz são de uma delicadeza e de detalhes ricos e finos. Ainda de brinde vem uma segunda historia igualmente bela, a arte é de Sylvia Feer que já tem um traço mais ativo e mesmo assim delicado, eu não conhecia o traço dela o que me impressionou pela beleza. Já os roteiros das duas histórias são coesos e fecham os laços perfeitamente para um andamento suave e significativo. Excelente resenha. Recomendo!
Mangá bem legal para descontrair, com andamento ótimo é mistérios legais (embora o desfecho do mistério principal tenha sido previsível). Vale a pena ter!!!
Concordo, é curtinho, mas vale a pena ter na coleção 🙂