Perfil: Rod Serling (1924 – 1975) – Um dos mais criativos produtores da TV

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“Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação.”

Com este texto introdutório rede de TV norte-americana CBS exibiu na noite do dia 02 de Outubro de 1959, o estreia do seriado, Além da Imaginação (Twilight Zone), que acabou se tornando um dos marcos da TV e considerado um dos melhores seriados de todos os tempo. Quem introduzia a série, era seu criador, que se tornou o host do seriado, abrindo e fechando estórias, Rod Serling. Por trás de um gênio que levou as estórias de televisão e cinema para um outro patamar, havia um homem com uma mente brilhante que havia sofrido os horrores da II Guerra Mundial e do antissemitismo da sociedade americana. A sessão Perfil do Maxiverso homenageia todo ano uma personalidade da literatura, do cinema, da TV, das trilhas sonoras e dos quadrinhos, agora é a vez de invadir o mundo da TV, para conhecermos mais sobre este fantástico indivíduo.

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Nasceu em um mundo difícil

Rodman Edward “Rod” Serling, nasceu em Syracuse em 25 de dezembro de 1924, dia de Natal no estado de Nova Iorque nos Estados Unidos da América. Vindo de uma família judia, cuja mãe Esther Cooper, era uma dona de casa e seu pai Samuel “Sam” Lawrence Serling trabalhou como secretário e inventor amador antes de seus filhos nascerem, mas assumiu a profissão de merceeiro do sogro para ganhar uma renda estável. Mas a vida naquele período, era muito difícil e Sam Lawrence, se tornou açougueiro, mas infelizmente teve que fechar sua loja logo no começo da chamada “Grande Depressão” após que da Bolsa de Valores de Nova Iorque levando o país a um quase colapso financeiro, levando ao endividamento e pobreza da então emergente sociedade norte-americana. Rod tinha um irmão mais velho, Robert J. Serling, que se tornaria mais tarde escritor e aviador.

Por causa das dificuldades financeiras, a família se mudou de Syracuse para Binghamton, também no estado de Nova Iorque. É importante ressaltar que mesmo com problemas financeiros, a família de Rod o incentivou desde criança seu lado artístico. Seu pai, construiu um pequeno palco no porão, onde Rod frequentemente encenava peças com ou sem ajuda de amigos ou vizinhos. O menino se entretinha por horas encenando diálogos de revistas populares ou filmes que tinha visto. Além de tudo, era um menino bastante esperto e curioso. Ele fazia perguntas sem esperar por suas respostas. Em uma viagem de uma hora de Binghamton a Syracuse, o resto da família permaneceu em silêncio para ver se Rod notaria sua falta de participação. Ele não notou e falou sem parar durante toda a viagem de carro.

Na escola, no ensino fundamental, Serling era visto como o palhaço da turma e rejeitado por muitos de seus professores como uma causa perdida. Mas sua professora de inglês da sétima série, Helen Foley, o encorajou a participar das atividades extracurriculares de oratória da escola. Ele se juntou ao time de debate e foi palestrante em sua formatura do ensino médio. Começou a escrever para o jornal da escola, no qual, de acordo com o jornalista Gordon Sander, “estabeleceu uma reputação como ativista social”. Escrever havia se tornando um hábito importante para o jovem rapaz.

Desde cedo se interessou pela escrita e também pelos programas de rádio. Era um ouvinte ávido de rádio, especialmente interessado em thrillers, fantasia e programas de terror. Arch Oboler e Norman Corwin eram dois de seus escritores favoritos. Ele também trabalhou como funcionário de uma estação de rádio de Binghamton… tentou escrever… mas nunca teve nada publicado. Ele foi aceito na faculdade durante seu último ano do ensino médio. No entanto, os Estados Unidos estavam envolvidos na Segunda Guerra Mundial na época, e Serling decidiu se alistar em vez de começar a faculdade imediatamente após se formar na Binghamton Central High School em 1943.

II Guerra Mundial – Os horrores que moldou um escritor

Serling alistou-se no Exército dos EUA na manhã seguinte à formatura do ensino médio, seguindo seu irmão Robert. Começou a servir em 1943 no Acampamento Toccoa, Geórgia e depois serviu no 511º Regimento de Infantaria Paraquedista da 11ª Divisão Aerotransportada. Ele finalmente alcançou o posto de Técnico de Quarto Grau. Em 1944, Serling e outros começaram a lutar boxe para desabafar a agressividade. Ele competiu como peso-mosca e teve 17 lutas, chegando à segunda rodada das finais da divisão antes de ser nocauteado. Ele tentou a sorte no Golden Gloves, com pouco sucesso.

Em 25 de abril de 1944, Serling recebeu suas ordens e viu que seria enviado para o oeste, para a Califórnia. Ele sabia que lutaria contra o Império do Japão e não contra a Alemanha nazista. Isso o decepcionou, pois esperava ajudar na luta contra Adolf Hitler, já que era judeu. Em maio, foi designado para o Teatro do Pacífico, na Nova Guiné e nas Filipinas. Em novembro de 1944, sua divisão entrou em combate pela primeira vez, desembarcando nas Filipinas. A 11ª Divisão Aerotransportada, no entanto, não foi usada como paraquedistas, mas como infantaria leve durante a Batalha de Leyte. A divisão ajudou a proteger a área após as cinco divisões que haviam desembarcado anteriormente.

Por uma série de razões, Serling foi transferido para o pelotão de demolição do 511º, apelidado de “Esquadrão da Morte” devido à sua alta taxa de baixas. De acordo com o Sargento Frank Lewis, líder do esquadrão de demolições, “Ele cometeu um erro em algum ponto da operação. Aparentemente, ele irritou alguém.” Lewis também considerou que Serling não era adequado para ser um soldado de campanha: “ele não tinha a inteligência ou a agressividade necessárias para o combate.”   Em certo momento, Lewis, Serling e outros estavam em um tiroteio, presos em uma trincheira. Enquanto esperavam a noite chegar, Lewis notou que Serling não havia recarregado nenhum de seus carregadores extras. Serling às vezes explorava sozinho, contra ordens, e se perdia.

O tempo de Serling em Leyte moldou sua escrita e suas visões políticas para o resto de sua vida. Ele viu a morte todos os dias enquanto esteve nas Filipinas, nas mãos de seus inimigos e aliados, e em acidentes bizarros como o que matou outro soldado judeu, Melvin Levy. Levy estava proferindo um monólogo cômico para o pelotão enquanto descansavam sob uma palmeira quando uma caixa de comida caiu de um avião acima, decapitando-o. Serling liderou os serviços fúnebres de Levy e colocou uma Estrela de Davi sobre seu túmulo.  Mais tarde, Serling ambientou vários de seus roteiros nas Filipinas e usou a imprevisibilidade da morte como tema em muitos de seus escritos.  No episódio “The Purple Testament” de Twilight Zone de 1960, um prólogo escrito por Serling afirmava: “Pelotão de infantaria, Exército dos EUA, Ilhas Filipinas, 1945. Esses são os rostos dos jovens que lutam, como se algum pintor onisciente tivesse misturado um tubo de óleos que eram ao mesmo tempo marrom-terra, cinza-poeira, vermelho-sangue, preto-barba e medo-branco-amarelado, e esses homens eram os modelos. Pois esta é a província do combate, e esses são os rostos da guerra.”

Serling retornou da missão bem-sucedida em Leyte com dois ferimentos, incluindo um no joelho, mas nenhum deles o impediu de combater quando o General Douglas MacArthur enviou os paraquedistas para seu propósito habitual em 3 de fevereiro de 1945. O Coronel Haugen liderou o 511º Regimento de Infantaria Paraquedista quando este pousou em Tagaytay Ridge, encontrou o 188º Regimento de Infantaria Planadora e marchou para Manila. Encontrou resistência mínima até chegar à cidade, onde o Vice-Almirante Sanji Iwabuchi organizou seus 17.000 soldados atrás de um labirinto de armadilhas e armas e ordenou que lutassem até a morte. Durante o mês seguinte, a unidade de Serling lutou bloco por bloco pelo controle de Manila.

Quando partes da cidade foram tomadas do controle japonês, os civis locais às vezes demonstravam sua gratidão dando festas e oferecendo banquetes. Durante uma dessas festas, Serling e seus companheiros foram alvejados, resultando na morte de muitos soldados e civis. Serling, ainda soldado raso após três anos, chamou a atenção do Sargento Lewis ao correr para a linha de fogo para resgatar um artista que estava no palco quando a artilharia começou a disparar. Ao se aproximar da fortaleza de Iwabuchi, o regimento de Serling teve uma taxa de baixas de 50%, com mais de 400 homens mortos ou feridos. Serling foi ferido e três companheiros foram mortos por estilhaços de projéteis disparados contra sua equipe de demolição itinerante por uma arma antiaérea. Ele foi enviado à Nova Guiné para se recuperar, mas logo retornou a Manila para terminar a “limpeza”.

A última missão de Serling foi como parte da força de ocupação no Japão. Durante o serviço militar, o Soldado Serling foi condecorado com o Coração Púrpura, a Estrela de Bronze e a Medalha de Libertação das Filipinas. A experiência de combate de Serling o afetou profundamente e influenciou grande parte de seus escritos. Deixou-o com pesadelos e flashbacks pelo resto da vida. Ele disse: “Eu estava amargurado com tudo e sem rumo quando saí do serviço. Acho que recorri à escrita para desabafar.”

Um novo mundo…paz e esperança…até quando ?

Após ser dispensado do Exército em 1946, Serling trabalhou em um hospital de reabilitação enquanto se recuperava dos ferimentos. Seu joelho o incomodou por anos. Mais tarde, sua esposa, Carol, se acostumou com o som dele caindo na escada quando seu joelho cedeu. Após a guerra e se recuperar dos problemas, ele entrou para o curso superior de educação física do Antioch College, em Yellow Springs, Ohio. E lá ele mostrou interesse no departamento de teatro e, em seguida, à radiodifusão. Mudou de curso para literatura e obteve seu diploma de bacharel em artes em 1950. Segundo o próprio: “Eu era meio confuso e inquieto, e meio que gostava daquela estrutura de trabalhar por um período e ir para a faculdade por outro período”.

Como parte de seus estudos, Serling tornou-se ativo na estação de rádio do campus, uma experiência que se mostrou útil em sua futura carreira. Ele escreveu, dirigiu e atuou em muitos programas de rádio no campus, e depois em todo o estado de Ohio, como parte de seu trabalho de estudo. Lá, ele conheceu Carolyn Louise “Carol” Kramer (3 de fevereiro de 1929 – 9 de janeiro de 2020), Uma colega de classe, que mais tarde se tornou sua esposa. No início, ela se recusou a namorá-lo por causa de sua reputação promíscua no campus, mas acabou mudando de ideia. Na faculdade, ele se juntou à igreja unitária, que o casou com Kramer em 31 de julho de 1948. Eles tiveram duas filhas, Jodi (nascida em 1952) e Anne (nascida em 1955).

Agora com uma família pra sustentar e ainda na faculdade, para ganhar um dinheiro extra, Serling trabalhou meio período testando paraquedas para a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos. De acordo com seus colegas de trabalho na estação de rádio, ele recebia US$ 50 por cada salto bem-sucedido e já havia recebido US$ 500 (metade antes e metade se sobrevivesse) por um teste perigoso.  Seu último salto de teste foi algumas semanas antes de seu casamento. Em uma ocasião, ele ganhou US$ 1.000 por testar um assento ejetável a jato que havia matado os três participantes anteriores.

Hora do Rádio…

Hora de ganhar mais um pouco…e sua experiência de rádio no campus ajudou a procurar novas experiências em estações profissionais. Serling se ofereceu como voluntário na estação WNYC em Nova York como ator e escritor no verão de 1946. No ano seguinte, ele trabalhou naquela estação como estagiário remunerado em seu programa de trabalho-estudo em Antioch.  Ele então fez bicos em outras estações de rádio em Nova York e Ohio. Segundo ele: “Aprendi sobre o ‘tempo’, escrevendo para um meio que é medido em segundos”, disse Serling mais tarde sobre suas primeiras experiências.

Enquanto cursava a faculdade, Serling trabalhou na oficina de rádio do Antioch Broadcasting System e, em poucos anos, assumiu a direção da emissora. Posteriormente, assumiu o comando de produções de rádio em larga escala em Antioch, transmitidas pela WJEM, em Springfield. Ele escreveu e dirigiu os programas, atuando neles quando necessário. Ele criou toda a produção para o ano letivo de 1948-1949. Com uma exceção (uma adaptação), todos os textos daquele ano foram seus trabalhos originais.

Suas escritas começaram a ganhar muito reconhecimento ainda na faculdade, ganhando seu primeiro prêmio. O programa de rádio, Dr. Christian, havia iniciado um concurso anual de roteiro oito anos antes. Milhares de roteiros eram enviados anualmente, mas muito poucos podiam ser produzidos. Serling ganhou uma viagem para Nova York e US$ 500 por seu roteiro de rádio “To Live a Dream”. Ele e sua nova esposa, Carol, compareceram à transmissão da premiação em 18 de maio de 1949, onde ele e os outros vencedores foram entrevistados pela estrela de Dr. Christian, Jean Hersholt. Um dos outros vencedores naquele dia foi Earl Hamner Jr., que também havia ganhado prêmios em anos anteriores. O primeiro emprego de Serling depois da faculdade foi na rádio WLW como redator. O cargo havia acabado de ser desocupado por Hamner, que saiu para se concentrar em sua escrita. Hamner mais tarde escreveu roteiros para The Twilight Zone de Serling.

Além de ganhar de US$ 45 a US$ 50 por semana na estação de rádio da faculdade, Serling tentou ganhar a vida vendendo roteiros freelance de programas de rádio, mas a indústria naquela época estava envolvida em muitos processos judiciais, o que afetou a disposição de contratar novos escritores (alguns cujos roteiros foram rejeitados frequentemente ouviam um enredo semelhante produzido, alegavam que seu trabalho havia sido roubado e processavam por indenização).Serling foi rejeitado por razões como “forte concorrência“, “este roteiro carece de qualidade profissional” e “não é o que nosso público prefere ouvir”. Seu roteiro premiado de Dr. Christian foi ao ar em 30 de novembro de 1949. Então as coisas começaram a mudar pra melhor

Serling iniciou sua carreira profissional como escritor em 1950, quando ganhava US$ 75 por semana como redator de continuidade de rede para a rádio WLW em Cincinnati, Ohio. Enquanto estava na WLW, continuou trabalhando como freelancer. Vendeu diversos roteiros de rádio e televisão para a Crosley Broadcasting Corporation, empresa controladora da WLW. Após vender os roteiros, Serling não teve mais envolvimento com eles. Eles foram vendidos pela Crosley para emissoras locais nos Estados Unidos. Serling apresentou uma ideia para um programa de rádio semanal no qual os fantasmas de um menino e uma menina mortos na Segunda Guerra Mundial olhariam pelas janelas do trem e comentariam sobre o cotidiano da vida humana enquanto ele se deslocava pelo país. Essa ideia foi significativamente alterada, mas foi produzida de outubro de 1950 a fevereiro de 1951 como Adventure Express, um drama sobre uma menina e um menino que viajam de trem com o tio. A cada semana, eles se aventuravam em uma nova cidade e se envolviam com os moradores locais.

serling2 Perfil: Rod Serling (1924 - 1975) - Um dos mais criativos produtores da TV

TV…esta grande maravilha tecnológica para bilhões…

Serling disse sobre seu tempo como redator de rádio: “Do ponto de vista da escrita, o rádio consumia ideias que poderiam ter sido suficientes para viver como freelancer por semanas. No minuto em que você se vincula a uma estação de rádio ou TV, você escreve 24 horas por dia. Você arranca ideias, muitas delas insubstituíveis. Elas continuam e, consequentemente, nunca mais podem continuar. E você as vendeu por US$ 50 por semana. Você não pode se dar ao luxo de dar ideias de graça — elas são muito difíceis de encontrar. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu não escreveria para a equipe. Eu encontraria outra maneira de me sustentar enquanto começava como redator.”

Serling sabia que a transmissão a Rádio, já estava perdendo audiência pra uma nova invenção…a TV. Em pouco tempo lares americanos (e depois do mundo inteiro), passaram a obter o novo aparelho em suas casas. A ideia de ter transmissões e imagem e som ao mesmo tempo, era algo que fascinava bastante. Serling chegou a declarar sobre o que achava do rádio: “O rádio, em termos de … drama, cavou sua própria cova. Ele mirou para baixo, tornou-se barato e inacreditável e se contentou de bom grado com o segundo melhor.”

Serling migrou do rádio para a televisão, como redator da WKRC-TV em Cincinnati. Suas funções incluíam escrever anúncios de depoimentos para remédios médicos duvidosos e roteiros para uma dupla de comediantes, ao mesmo tempo que criou uma série de roteiros para um programa de televisão ao vivo, The Storm, bem como para outros dramas antológicos (um formato muito procurado pelas emissoras de Nova York). Serling continuava a enviar manuscritos para editoras, mas continuava a receber rejeições. Mudando de estratégia, por volta de 1950, Serling contratou Blanche Gaines como agente. Seus roteiros de rádio receberam mais rejeições, então ele começou a reescrevê-los para a televisão. Sempre que um roteiro era rejeitado por um programa, ele o reenviava para outro, eventualmente encontrando espaço para muitos no rádio ou na televisão.

Após a faculdade, ele abandona a WKRC para se tornar um escritor freelancer em tempo integral. Ele relembrou: “Escrever é uma profissão exigente e egoísta. E por ser egoísta e exigente, por ser compulsiva e exigente, eu não a abracei. Eu sucumbi a ela.” De acordo com sua esposa, Serling “simplesmente pediu demissão um dia, durante o inverno de 1952, cerca de seis meses antes do nascimento de nossa primeira filha, Jody — embora ele também estivesse trabalhando como freelancer e em um programa dramático semanal para outra emissora de Cincinnati.” Ele e sua família se mudaram para Connecticut no início de 1953. Lá, ele ganhava a vida escrevendo para os programas antológicos dramáticos ao vivo que eram predominantes na época, incluindo Kraft Television Theatre, Appointment with Adventure e Hallmark Hall of Fame. No final de 1954, seu agente o convenceu de que ele precisava se mudar para Nova York, “onde a ação acontece”. Neste período sobre escrita, Serling disse: “Às vezes, as situações eram clichês, os personagens bidimensionais, mas sempre havia pelo menos alguma busca por uma verdade emocional, alguma tentativa de fazer uma declaração sobre a condição humana”.

Então aquilo que ele menos esperava aconteceu…em 1955, um dos seus roteiros foi escolhido para o Kraft Television Theatre, de alcance nacional. Era o 72º roteiro que Serling tinha escrito e o país inteiro estaria assistindo. E por incrível que pareça, ele perdeu a primeira transmissão ao vivo. Ele e a esposa contrataram uma babá para passar a noite e disseram a ela: “Ninguém ligaria porque tínhamos acabado de nos mudar para a cidade. E o telefone simplesmente começou a tocar e não parou por anos!” O título deste episódio era “Patterns”, e logo mudou sua vida. Era como acertar na loteria.

“Patterns” dramatizou a disputa de poder entre um chefe corporativo veterano, sem ideias e energia, e o jovem e brilhante executivo que estava sendo preparado para substituí-lo. Em vez de demitir o funcionário leal e arriscar manchar sua própria reputação, o chefe o alista em uma campanha para afastar a concorrência. Serling modelou o personagem do chefe em seu antigo comandante, o Coronel Orin Haugen. Os principais críticos de vários jornais americanos, fizeram bastante elogios ao episódio. Com neste período não havia uma forma da gravar programas, eles era exibidos ao vivo. A pedido do público e motivado pela alta audiência da transmissão, “Patterns” foi novamente encenado com nova boa audiência. Durante o período entre os dois shows, os executivos da Kraft negociaram com pessoas de Hollywood sobre os direitos de “Patterns”. A Kraft disse que estava considerando retransmitir “Patterns”, a menos que os direitos da peça ou do filme fossem vendidos primeiro.

Imediatamente após a transmissão original de “Patterns”, Serling foi inundado com ofertas de emprego permanente, felicitações e pedidos de romances, peças de teatro e roteiros para televisão ou rádio. Ele vendeu rapidamente muitos de seus trabalhos anteriores, de qualidade inferior, e assistiu consternado à sua publicação. Os críticos expressaram preocupação de que ele não estivesse cumprindo sua promessa e começaram a duvidar que ele fosse capaz de recriar a qualidade de escrita que “Patterns” havia demonstrado.

Serling então escreveu “Requiem for a Heavyweight” para a série de televisão Playhouse 90 em 1956, novamente recebendo elogios da crítica. Neste episódio, fala de um boxeador veterano que se recusa a abandonar a carreira, mesmo tento problemas graves de saúde que o levariam a morte, ao mesmo tempo que está endividado com a máfia. O novo sucesso fez com que anos depois, este roteiro fosse adaptado ao cinema em 1962, com Anthony Quinn, Mickey Rooney e Julie Harris.

No outono de 1957, a família Serling mudou-se para a Califórnia. Quando a televisão era novidade, os programas eram transmitidos ao vivo de Nova York, mas, à medida que os estúdios começaram a gravar seus programas, o negócio mudou da Costa Leste para a Costa Oeste. Os Serlings viveriam na Califórnia durante grande parte de sua vida a partir de então.

Desculpe…vamos censurar !

A medida que sua reputação aumentava na TV, mais trabalhos eram requisitados. Mas Serling começa a ter problema com os censores. Nos primeiros anos da televisão, patrocinadores frequentemente atuavam como editores e censores. Serling era frequentemente forçado a alterar seus roteiros depois que patrocinadores corporativos os liam e encontravam algo que consideravam muito controverso. Eles desconfiavam de qualquer coisa que pudessem desacreditá-los para os consumidores, então referências a muitas questões sociais contemporâneas eram omitidas, assim como referências a qualquer coisa que pudesse competir comercialmente com um patrocinador.

O enredo inicial de seu roteiro para a estória Noon on Doomsday (exibido em 25 de abril de 1956) se passava no sul dos Estados Unidos, sobre o linchamento de um penhorista judeu. No entanto, quando Serling mencionou em uma entrevista de rádio que o roteiro foi inspirado nos eventos e no racismo que levaram ao assassinato de Emmett Till, a censura por parte dos anunciantes e da emissora de TV resultou em mudanças significativas. O programa, conforme exibido, se passava na Nova Inglaterra e tratava do assassinato de um estrangeiro desconhecido. Posteriormente, ele retornou aos eventos de Till ao escrever A Town Has Turned to Dust para a série “Playhouse 90”, mas teve que ambientá-lo um século no passado e remover qualquer dinâmica inter-racial antes que fosse produzido pela CBS TV.

Frustrado por ver seus roteiros despojados de declarações políticas e identidades étnicas (e por ter uma referência ao Chrysler Building removida de um roteiro patrocinado pela Ford), Serling decidiu que a única maneira de evitar tal interferência artística era criar seu próprio programa. Em uma entrevista com Mike Wallace, ele disse: “Não quero mais brigar. Não quero ter que batalhar com patrocinadores e agências. Não quero ter que lutar por algo que eu quero e me contentar com o que é menos importante. Não quero ter que me comprometer o tempo todo, que é essencialmente o que um roteirista de televisão faz quando quer abordar temas controversos.”

Um mundo infinito…Além da Imaginação…

twilight Perfil: Rod Serling (1924 - 1975) - Um dos mais criativos produtores da TV

Decidido a ter seu próprio programa, em 1958, Rod Serling preparou o roteiro The Time Element” do que seria o piloto de uma nova série pra ser apresentada a rede CBS . A série que ele imaginou pra a CBS se chamaria The Twilight Zone. Em vez disso, a CBS usou o roteiro para um novo programa produzido por Desi Arnaz e Lucille Ball, Westinghouse Desilu Playhouse, em 1958. A história girava em torno de um homem que tem pesadelos vívidos com o ataque a Pearl Harbor. O homem vai a um psiquiatra e, após a sessão, o final surpreendente (um recurso pelo qual Serling se tornou conhecido) revela que o “paciente” havia morrido em Pearl Harbor, e o psiquiatra era quem de fato tinha os sonhos vívidos. O episódio recebeu uma resposta tão positiva dos fãs que a CBS concordou em deixar Serling prosseguir com o piloto de The Twilight Zone.

Para esta série, Serling lutou arduamente para obter e manter o controle criativo. Ele contratou roteiristas que respeitava, como Richard Matheson e Charles Beaumont. Em uma entrevista, Serling afirmou que o formato de ficção científica da série não seria controverso com patrocinadores, executivos da emissora ou o público em geral e escaparia da censura, ao contrário de seus roteiros anteriores. A série seria antológica, isto é, cada episódio seria um conto independente e não seriado. Serling baseou-se em sua própria experiência em muitos episódios, frequentemente sobre boxe, vida militar e pilotos de avião. Além da Imaginação incorporou suas visões sociais sobre relações raciais, um tanto veladas pelos elementos de ficção científica e fantasia dos programas. Ocasionalmente, a questão era bastante direta, como no episódio “Eu Sou a Noite — Pinte-me de Preto”, em que o ódio fez com que uma nuvem negra se formasse em uma pequena cidade do Centro-Oeste americano e se espalhasse pelo mundo. Muitas histórias de Além da Imaginação refletiam suas visões sobre papéis de gênero, apresentando mulheres de raciocínio rápido e resilientes, bem como esposas espertas e rabugentas.

A série se tornou bastante popular e durou 5 temporadas entre outubro de 1959 a junho de 1964. Além da Imaginação, desde a sua estreia elevou o nível de produção a um outro patamar. Aquela narrativa fantástica, com estórias contadas com muito suspense e ação, fizera o público ficar cativo a cada novo episódio.

A série também ajudou a lançar novos diretores. Rod Serling por exemplo arriscou na direção e chegou a dirigir alguns episódios, outros como Richard Donner para o episódio Nightmare at 20,000 Feet, e John Brahm para Time Enough at Last, teriam carreiras promissoras nos anos seguintes em Hollywood. A série também abriu portas para novas promessas da dramatização. Muitos atores já consagrados e outros em início de carreira trabalharam em no seriado, como Robert Redford, William Shatner, Leonard Nimoy, Burt Reynolds, George Takei, Jack Klugman, Cliff Robertson, Donna Douglas, Elizabeth Montgomery, Denis Hooper, Lee Marvin e Charles Bronson, só pra falar nos mais famosos.

Após 5 temporadas, e mudanças no formato de exibição dos episódios ao longo dos anos, e também mudanças de roteirista, a CBS decidiu tirar a série do ar, após informar Serling que a o programa já estava sofrendo com as baixas audiências. A série produziu 156 episódios. As temporadas 1, 2, 3, 5 têm episódios de meia hora, e a quarta temporada, de 1962 a 1963, tem episódios de 1 hora. Após seu cancelamento, uma rede de TV concorrente ABC demonstrou interesse em trazer Serling para sua emissora para escrever uma série com temática mais explicitamente de terror, Witches, Warlocks and Werewolves (Bruxas, Bruxos e Lobisomens), mas Serling não ficou impressionado. “Os executivos da emissora parecem preferir ‘fantasmas’ semanais, e temos o que parece ser uma diferença considerável de opinião. Não me importo que meu programa seja sobrenatural, mas não quero ser colocado em um cemitério toda semana.” Pouco depois, Serling vendeu sua participação de 40% em The Twilight Zone para a CBS.

Serling tinha estórias guardadas que não foram produzidas no período. Anos depois nos anos 90, já com Serling falecido, o escritor e amigo Richard Matheson e a viúva Carol Serling, conseguiram produzir um especial de TV pela CBS, de duas horas com três estórias inéditas chamado Rod Serling’s Lost Classics (1994). Claro que a série também seguiu a outros revivals ao longo dos anos como seu retorno em 1985, 1993, 2002 e 2019. Sem contar em um filme produzido por Steven Spielberg, grande fã do seriado , No Limite da Realidade (Twilight Zone – The Movie) junto com outros diretores famosos como John Landis , Joe Dante e George Miller.

Twilight Zone marcou a TV de tal forma que logo após seu lançamento várias emissoras apostaram em seriados de TV com o tema e ficção-científica, como foi o caso de Jornada nas Estrelas(Star Trek) 1966-1969, ou os seriados do produtor Irwin Allen (Viagem ao Fundo do Mar, Terra de Gigantes, Perdidos no Espaço, O Tunel do Tempo), ou o seriado do Batman (1966-1968). Havia também séries antológicas lançadas com o formato de Além da Imaginação, como foi o caso de Alfred Hitchcock Presents, Quinta Dimensão entre outros.

Durante seu período de apresentação, o programa recebeu várias premiações: três Prêmios Emmy (Rod Serling, duas vezes, e George Clemens pela Cinematografia), três World Science Fiction Convention Hugo Awards (Dramatic Presentation: 1960, 1961, 1962), um Directors Guild Award (John Brahm), um Producers Guild Award (Buck Houghton pela melhor produção de Séries), e em 1961 a Unit Award for Outstanding Contributions to Better Race Relations

Vida segue e novos projetos…

Consagrado como um dos maiores roteiristas da TV, logo pintaram outros trabalhos para Serling escrever fora de Além da Imaginação. Em 1964, ele foi convidado para escrever uma versão moderna do famoso livro de Charles Dickens de 1843, “O Conto de Natal”. O projeto para a rede de TV ABC, foi lançado como Carol for Another Christmas (Conto de um outro Natal), com direção de Joseph L. Mankiewicz, protagonizado pelo ator Peter Sellers, Ben Gazzara, Robert Shaw entre outros. Foi lançado dezembro de 1964 e recebeu críticas mistas.

Com uma nova produtora, ele tentou lançar novas séries de TV, mas a maioria ficou apenas como pilotos e não foram aprovadas, ou reaproveitadas no seriado Além da Imaginação. Um dos seus projetos aprovados, foi uma série western, estrelada por Lloyd Bridges, chamada The Loner (1965-1966) para a rede CBS, só que ela durou apenas uma temporada de 26 episódios pois o próprio Serling não mostrava muito interesse nela.

Galeria do Terror … uma nova série antológica.

night-gallery Perfil: Rod Serling (1924 - 1975) - Um dos mais criativos produtores da TV

Bastante ainda marcado por Além da Imaginação, a NBC convidou Serling para um novo projeto de série antológica, Galeria do Terror (The Night Gallery). Ambientado em um museu mal iluminado, o filme piloto trazia novamente Rod Serling como apresentador, no papel do curador, que apresentava três contos macabros baseados em terror e suspense, revelando telas que apareceriam nos segmentos subsequentes da história. Sua breve primeira temporada (composta de apenas seis episódios) foi alternada com três outros programas exibidos no mesmo horário. Por insistência da emissora a série também começou a incluir breves esquetes cômicos de “blackout” durante sua segunda temporada, que Serling desprezava bastante. Ele declarou: “Eu pensei que eles [os esquetes de blackout] distorciam o fio da meada do que estávamos tentando fazer na Night Gallery. Não acho que se possa mostrar Edgar Allan Poe e depois voltar com Flip Wilson por 34 segundos. Eu simplesmente não acho que eles se encaixem.” Serling ficou descontente com o rumo que a série tomava, e deixou o cargo de produtor, escrevendo apenas alguns episódios que foi mais ou menos um terço dos roteiros da série. Na terceira temporada, no entanto, muitas de suas contribuições foram rejeitadas ou severamente alteradas. Galeria do Terror, foi cancelada em 1973. A NBC posteriormente combinou episódios da curta série paranormal The Sixth Sense com Galeria do Terror, a fim de aumentar o número de episódios disponíveis em distribuição. Serling teria recebido US$ 100.000 para filmar introduções para esses episódios reembalados.

Por fim Galeria do Terror em suas 3 temporadas, gerou 43 episódios (com 93 segmentos) mais o piloto. Um fato interessante sobre o piloto que foi ao ar em 8 de novembro de 1969. Todos as três estórias foram escritas por Serling, com o segundo segmento, Eyes, sendo a estreia na direção de Steven Spielberg , bem como uma das últimas atuações de Joan Crawford . Spielberg também dirigiu um segmento na primeira temporada em 1970, intitulado “Make Me Laugh”, que foi outro roteiro de Serling. Este segmento foi filmado como uma tomada longa, e Spielberg disse que “horrorizou ” os executivos da rede devido ao seu estilo pouco ortodoxo. Spielberg era muito fã de Além da Imaginação, e trabalhar com Serling em Galeria do Terror foi quase um sonho. Anos depois, já consagrado, ele lançou uma versão de cinema do seriado e tentou fazer sua própria série antológica, Amazing Stories.

Outros projetos de TV posteriores

Consagrado profissionalmente, ele tentou se afastar um pouco do estilo que o consagrou na TV pra tentar novos caminhos, no final dos anos 60 e 70. Entre seus projetos, Serling apresentou brevemente a primeira versão do game show Liar’s Club em 1969. Nos anos seguintes, Serling apareceu em comerciais de TV para a Ford, Radio Shack, Ziebart e a montadora japonesa Mazda. Ele também fez aparições ocasionais como ator, todas em material que não escreveu. Serling aparece como uma versão de si mesmo (mas chamado de “Mr. Zone”) em um trecho cômico no The Jack Benny Program; ele aparece em um episódio de 1962 da sitcom de curta duração Ichabod and Me no papel do recluso romancista da contracultura Eugene Hollinfield; e em um episódio de 1972 do drama policial Ironside intitulado “Bubble, Bubble, Toil, and Murder” (que também contou com a participação da jovem Jodie Foster), no qual ele desempenha um pequeno papel como o proprietário de uma loja de magia oculta.

Também em projetos de narrador, como para a série consagrada de vida marinha Mundo Oceânico de Jacques Cousteau(1968-1975), em séries documentais sobre o desconhecido e sobrenaturais: In Search of...(1973-1975), Encounter with the Unknown (1973), Monsters! Mysteries or Myths? (1974), UFOs: Past, Present, and Future (1974), The Outer Space Connection (1975) entre outros.

Em meados dos anos 70, o produtor de TV, Irwin Allen, tentou fazer um remake do seriado Tunel do Tempo (1966-67), mas acabou que o projeto não foi pra frente, então transformou o piloto em um filme telefilme para a TV, que se chamou Time Travelers(1976). O roteiro ficou a cargo de Jackson Gillis, baseado em uma estória de Rod Serling.

Em 1973, Rod Serling foi o narrador do documentário In Search of Ancient Astronauts (A Procura dos Antigos Astronautas), que era baseado no filme e livro “Eram os deuses astronautas” do polêmico escritor suíço, Erich von Däniken. A narração de Serling trouxe seu estilo característico às teorias pseudocientíficas apresentadas.

Cinema

final_macacos Perfil: Rod Serling (1924 - 1975) - Um dos mais criativos produtores da TVUm dos projetos de grande impacto para o cinema sem dúvida alguma foi quando Serling foi convidado pelo produtor Arthur Jacobs para escrever o roteiro do filme Planeta dos Macacos (1968), baseado no livro de Pierre Boulle. Embora tenha sido finalmente rejeitado por uma série de razões. Uma das principais preocupações era o custo, já que a sociedade de macacos tecnologicamente avançada retratada no roteiro de Serling envolveria cenários, adereços e efeitos especiais caros. O roteirista Michael Wilson, anteriormente na lista negra, foi contratado para reescrever o roteiro de Serling e, como sugerido pelo diretor Franklin J. Schaffner, a sociedade de macacos foi simplificada como forma de reduzir custos. O final estilizado e surpreendente de Serling foi mantido e se tornou um dos finais de filme mais famosos de todos os tempos.

Anos depois Serling foi convidado pra escrever o piloto e o segundo episódio de seguimento do seriado de Planeta dos Macacos, mas infelizmente, estes dois roteiros foram rejeitados e pouca coisa foi aproveitada quando exibido em 1974.

 

O Retorno ao rádio

Incrivelmente, Rod Serling retornou ao rádio no final de sua carreira com The Zero Hour (também conhecido como Hollywood Radio Theater) em 1973. A série antológica dramática apresentava contos de mistério, aventura e suspense, sendo exibida em estéreo por duas temporadas. Serling apresentou o programa, mas não escreveu nenhum dos roteiros. A série terminou em 26 de julho de 1974.

A última apresentação de Serling no rádio foi ainda mais inusitada: Fantasy Park foi um show de rock com 48 horas de duração, transmitido por quase 200 emissoras em 1974 e 1975. O programa, escrito e produzido pelo diretor da McLendon National Productions, Steve Blackson, contou com apresentações de dezenas de astros do rock da época e até reuniu os Beatles. Foi também completamente imaginário — como disse Beau Weaver, diretor de programação da KNUS, um “teatro da mente para os anos 70”. O show utilizou álbuns de discos, muitos gravados ao vivo, além de barulho da plateia, entrevistas, atualizações da programação pelo apresentador Fred Kennedy e outros efeitos sonoros. (As emissoras que transmitiram o especial foram supostamente inundadas por ligações perguntando como chegar ao show inexistente.) O gerente geral da KNUS, Bart McLendon, recrutou Serling para gravar os segmentos do apresentador, anúncios promocionais personalizados e comerciais de televisão.

Serling escreveu os avisos, que iam ao ar a cada hora: “Olá, aqui é Rod Serling e bem-vindos de volta ao Fantasy Park — a multidão aqui hoje é surreal.” “Este é o Fantasy Park — o maior show ao vivo — já realizado.”

Ensinando nas Faculdades

Com uma agendada lotada frequentemente palestrava em campus universitários por todo os EUA. Ele ministrava seminários de uma semana nos quais os alunos assistiam e criticavam filmes. No clima político da década de 1960, ele frequentemente sentia uma conexão mais forte com os alunos mais velhos em suas aulas noturnas.

Ele também era um ativista antiguerra chegando a participar de protestos contra a Guerra do Vietnã. Ele também lutava pela igualdade racial e participava de marchas pelos direitos humanos.

Morte e legado

Rod Serling era um fumante inveterado. Ele fumava de três a quatro maços de cigarro por dia. Em 3 de maio de 1975, ele sofreu um ataque cardíaco e foi hospitalizado. Passou duas semanas no Hospital Comunitário do Condado de Tompkins antes de receber alta. Um segundo ataque cardíaco duas semanas depois forçou os médicos a concordar que uma cirurgia de coração aberto, embora considerada arriscada na época, era necessária. O procedimento de dez horas de duração foi realizado em 26 de junho, mas Serling sofreu um terceiro ataque cardíaco na mesa de operação e morreu dois dias depois no Strong Memorial Hospital em Rochester, Nova York. Ele tinha 50 anos, deixando a esposa Carol (Carolyn Louise Kramer) e duas filhas.

Seu funeral e sepultamento ocorreram em 2 de julho no Cemitério Lake View, Interlaken (Condado de Seneca), Nova York. Um memorial foi realizado na Capela Sage da Universidade Cornell em 7 de julho de 1975. Os oradores no memorial incluíram sua filha Anne e o reverendo John F. Hayward.

Em dezembro passado, celebramos 100 anos deste fantástico escritor e 50 anos de seu falecimento. Mas seu legado ficará conosco por gerações de novos escritores, criadores e artistas…

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AvatarRicardo-150x150 Perfil: Rod Serling (1924 - 1975) - Um dos mais criativos produtores da TV

Ricardo Melo

Profissional de TI com mais de 10 anos de vivência em informática. Tem como hobby assistir seriados de TV, ir ao cinema e namorar!!! Fã de rock'n'roll, música eletrônica setentista, ficção-científica e estudos relacionados a astronáutica. Quis ser astronauta, mas moro no Brasil... Os anos 80 foram meu playground!

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