Os 5 Possíveis Caminhos do Escritor Brasileiro
Se você chegou até aqui é porque é um escritor brasileiro comum. Não é um youtuber, nem famoso e nem participou de um evento extraordinário que desperte o interesse da grande massa. É apenas comum. E, a despeito disso, você insistiu. Gastou seus meses e até mesmo anos para fazer seu livro que, ao seu ver, merece alcançar os leitores.
Você, meu caro, tal como eu, é alguém que persegue aquilo que gosta e que sonha mesmo quando percebe (e se você já tentou penetrar nesse ramo, você percebeu) o quão difícil é emergir com suas palavras em meio a um país de tão poucos leitores. E, já que estamos falando das verdades, quando estes leitores leem (lemos), raramente dedicam (dedicamos) tempo aos escritores brasileiros, principalmente aos novos (nós).
E por não sermos visados e não vendermos, sofremos com o silêncio das editoras e com a frustração de ter um trabalho legal em mãos e não conseguir publicá-lo. Podemos – e alguns até fazem –, claro, gritar para os céus e para todos que queiram ouvir que as editoras não nos dão espaço, que não querem arriscar no nosso trabalho, preferindo os gringos e as biografias de famosos. Bom, isso é verdade. Elas preferem não arriscar. Pra que trabalhar com a dificuldade de levantar um novo autor em um público pouco leitor? Pra que arriscar quando você sabe que o seu consumidor prefere um Stephen King da vida, ou Harry Potter, ou Jogos Vorazes ou qualquer livro que seja adaptado para o cinema? A chance de uma pessoa comprar um livro por que viu o filme dele é muito maior. Mesmo que ela nunca vá lê-lo! É só ver as estantes de seus amigos ou das próprias livrarias.
Então a nós não resta nada?
Não é bem assim. Há meios de ingressar neste mercado literário, sim. Mesmo sendo um escritor comum brasileiro. Há, claro, como nadar contra a maré. Loucos estes. Loucos nós. O que vou falar neste artigo – que será um pouquinho maior que a média – é sobre o que aprendi no meu caminho até aqui. Sobre as brechas que existem para se ingressar no mercado. Apenas ressalto que, entre as maneiras que destacarei, não um jeito mais certo que outro, ou melhor; depende do seu perfil. Há casos de sucesso e fracasso em todos itens.
Comecemos.
- Editoras pagas
Você já deve ter ouvido falar destas; mais mal do que bem, provavelmente. Contudo, no mundo que vivemos hoje, a maneira mais fácil de chegar a qualquer lugar ou fazer qualquer coisa é gastando. E quanto mais você gasta, mais gente disposta a te ajudar aparecerá. Claro que neste eixo é onde estão a maioria dos picaretas que tentarão tirar dinheiro fácil de você. O ideal é procurar os autores destas editoras e pergunta-los como foi a experiência, como está sendo trabalhar com a editora etc. Ressalto que não há demérito em publicar por uma editora paga, como muitos o farão acreditar. Cabe a você saber, se você tem uma grana boa sobrando pra gastar com isso, se é algo que você realmente quer.
Prós: agilidade (não tem fila de espera), alcance logístico (o livro vai, de fato, para muitas livrarias) e certeza de publicação (geralmente o trabalho de saber se o livro é viável ou não para a publicação fica para o autor que irá pagar).
Contras: alto investimento (muita grana mesmo), pode dar errado (e se der, você perdeu uma boa grana).
- Editoras que não cobram (ou tradicionais)
Aqui é bom ressaltar que você não vai ser publicado por uma editora grande. Pelo menos de primeira, não vai. Então o que resta são as editoras médias e pequenas, que não são tantas, mas fazem um trabalho sério, tentando se destacar pela qualidade literária. Certamente, você terá que peneirar um pouco mais para encontra-las. Mas elas existem.
Prós: você não gasta (ou gasta pouco), há alguma segurança em relação ao seu trabalho (alguém leu e apostou nele), você tem um suporte editorial.
Contras: pode demorar, pode não dar certo, o alcance logístico da editora certamente será menor (geralmente se restringindo à cidade e à região em que ela está localizada), os lucros são baixos.
- Publicação independente
A publicação independente se torna cada vez mais prática e viável. Você consegue publicar o seu livro quando bem entender e como bem entender com um custo muito mais baixo do que em uma editora paga. Gastando menos, você pode publicar um e-book, e, gastando mais, bancar a própria impressão. Há também como utilizar-se das ferramentas de crowdfunding (financiamento coletivo) para viabilizar seu projeto. Aconselho, contudo, que procure ao menos um revisor, uma pessoa que trabalha com a capa e um diagramador, além de utilizar leitura crítica para avaliar seu trabalho e os furos que ele certamente contém (e sempre contém).
Prós: o lucro é só seu, você pode escolher os profissionais com os quais irá trabalhar, você mantém os direitos sobre seu trabalho, o trabalho sai mais rápido.
Contras: a visibilidade é baixa, o alcance é baixo, há custos (mesmo que menores).
- Editais públicos
O artista brasileiro vive muito de apoio governamental (isso pode dar raiva em alguns, mas é verdade). Dito isso, há muitos editais que permitem o escritor publicar seu trabalho. Estes editais possuem três níveis. Do mais difícil para o mais fácil: federal, estadual e municipal. Os editais federais geralmente são realizados pelo Ministério da Cultura e permitem todo mundo participar; os estudais se restringem aos seus estados; e os municipais, ao seu município. Atente-se a este último, pode ser a maior chance de se publicar. Aconselho-te a procurar a prefeitura de sua cidade (a secretaria da cultura, se tiver) e perguntar sobre o que podem fazer para te ajudar.
Prós: nenhum gasto, ganhos seus, visibilidade regional (dependendo de quem faz o edital).
Contras: seu trabalho se restringe à região muitas vezes, você vai ter que aceitar algumas coisas (tal como papel, formato do livro, símbolo na contracapa etc).
- Concursos
Por último, a forma mais difícil de se ingressar no mercado literário: os concursos. Há grandes concursos no Brasil e grandes editoras por trás destes, o que levam a alta concorrência e a alta qualidade dos trabalhos. A maioria dos
concursos são anuais e você tem que ficar atento para não os perder.
Prós: grande visibilidade, certeza de um bom trabalho, reconhecimento, não possui gastos, geralmente há um contrato com uma grande editora.
Contras: é muito difícil, geralmente se aceita apenas trabalhos inéditos, a periodicidade anual desanima que se reenvie um trabalho.
Bom, é isso galera. Qualquer dúvida, podem comentar ou me enviar um e-mail (escritormatheusmundim@gmail.com).
Espero que tenha sido útil. Abraço!
Matheus Mundim
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faltou dizer qual vc recomenda
Paulo, depende muito do seu perfil… todos meios tem seus prós e contras. Mas, se for para indicar um, aconselho que primeiro procure a secretaria de cultura da sua cidade.
uau vou salvar aqui como um guia pra mim e compartilhar com meus colegas
fico feliz por ajudar!