Crítica: Caça-Fantasmas (Ghostbusters)
Direção: Paul Feig
Elenco: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones (II), Chris Hemsworth, Neil Casey, Charles Dance e Andy Garcia.
Evito a todo custo participar de discussões sobre um filme que não sejam para analisar a obra em si. Mas ao saber que houve reclamações e resignações que o remake do filme de 1984 seria protagonizado por mulheres, sinceramente não poderia deixar de comentar sobre esse pensamento babaca misógino. Assim, caso seja uma destas pessoas, aconselho não terminar o texto, pois agora as mulheres mandam e é bom se acostumarem.
Um dos grande méritos do novo As Caça-Fantasmas, se deve em nenhum momento as personagens serem vistas com objeto sexual ou terem seus corpos explorados em alívios cômicos (assim é elogiável também a decisão de manter o visual do uniformes parecido ao original evitando assim decotes, roupas apertadas e afins). Portanto, me alegra que, como visto na mídia, meninas estejam se identificando com o filme para que, ao mesmo tempo, evita-se que meninos questionem o fato de mulheres estarem no comando de um filme de grandes proporções.
Mesmo usando praticamente a mesma estrutura do filme de 1984, inclusive alguma cenas idênticas, este As Caça-Fantasmas (é ”As” Caça-Fantasmas sim e pronto!) não somente consegue uma personalidade própria como se torna uma voz importante a favor do feminismo pelas mulheres assumirem uma série que começou 32 anos atrás e ainda povoa o imaginário coletivo.
O roteiro de Katie Dippold inverte os papeis e é admirável ao tornar a figura do secretário Kevin (Hemsworth) num homem, apesar de toda a beleza, num completo tapado com dificuldade em atender um simples telefone. Portanto, é elogiável também que o ator, visto sempre como o símbolo da masculinidade, se preste a fazer um papel completamente caricato. Papel que a direção consegue ainda tornar funcional dentro da trama, algo que poucos conseguem fazer quando abordam o sexo feminino. Ou pelo fato de alguns personagens de certa maneira tenham suas masculinidades postas em suspeita (algo altamente ofensivo para os homens), como visto na reação de um dos agentes federais ao ver o personagem de Chris Hemsworth.
Erin Gibert (Wiig) está prestes a ser promovida em uma respeitada instituição de ensino, mas após diversas aparições sobrenaturais na cidade, ela e sua amiga Abby (McCarthy) começam a caçar o tais fantasmas com ajuda da faz tudo Holtzmann (McKinnon) e de Patty (Jones), uma ex-funcionária do metrô. De todas, mesmo com a presença de Melissa McCarthy, a que se mais destaca realmente é a personagem vivida por Kate McKinnon. Ela consegue ser tão carismática com sua expressões, que roubas todas as cenas que tem maior tempo de tela.
A dinâmica entre as atrizes funciona e jamais tenta emular os personagens masculinos do filme de 1984 e elas possuem suas próprias personalidades e o humor tão característico funciona na maior parte das vezes – inclusive alguma gags físicas de conotações fálicas. Até porque houve total aprovação do elenco original e assim não podemos duvidar de sua autenticidade – fora o fato de que o próprio Ivan Reitman (diretor em 84) é o um dos produtores do filme. Todavia em alguns momentos, para aprofundar o relacionamento entre Erin e Abby, o roteiro se expõe ao sentimentalismo de maneira desnecessária, principalmente no clímax, mas nada que possa prejudicar o contexto.
O diretor Paul Feig acertou ao permear o longa com doses maiores de ação ao mesmo tempo em que atualiza o visual do filme com relação aos equipamentos que agora são mais variados e servindo à narrativa. Assim, a direção também aposta num visual mais colorido, cujos efeitos não se tornam incômodos na maior parte do tempo, e possuem um grande apelo principalmente no público mais jovem.
A direção também usa bem os enquadramentos e principalmente a profundidade de campo longa (algo fundamental no 3D) em vários momentos. Assim como a direção de artes transforma o visual do filme em algo constantemente e obrigatoriamente reverencial sem alterar muito o longa clássico, seja pelo elementos óbvios como o veículo Ecto 1 e o famoso prédio sede, como pelo fato dos figurinos da personagem Erin remeterem ao anos 80, como o uso de ombreiras e o visual de Holtzmann (claro não podemos esquecer do famoso Stay Puft e o cômico Geléia).
As Caça-Fantasmas se sai bem como produto independente, na maior parte do tempo divertido sem desrespeitar a memória dos fãs do original. Confirmando que as questões que não servem ao propósito do filme e apenas denunciam o preconceito e sexismo de cada dia devem ser combatidas sempre. Entretanto, caso ainda os detratores não aceitem, um dos símbolos maiores da força feminina no cinema deixa bem claro quem manda.
Who you gonna call?
Cotação 4/5
Rodrigo Rodrigues
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O Caçafantasmas de 2022 é um filme mediano, mas é bom o suficiente pra ensinar que não basta querer empoderar as minorias e as mulheres, o produto precisa ser bom. Na verdade, esse Caça-fantasmas das minas e o 8 Mulheres e 1 Segredo por exemplo acabam é enfraquecendo as mulheres, pq os filmes são tão ruins que as críticas acabam ou elogiando em demasia pra mascarar o resultado ruim, ou detonando o péssimo produto, o que enfraquece o empoderamento (“ta vendo, filme lacrador nao presta”). Nao tem muito misterio: o filme tem que ser bom, e se for bom, as mulheres, negros, nao heteros etc vao ser empoderados se forem protagonistas. Que a lição do Caçafantasmas de 2022 seja aprendida: respeito ao material original, referencias, continuidade da mitologia sao fundamentais para se continuar uma “franquia”.
mandou bem… mas trago verdades: o caça-fantasmas “das minas” como vc disse não é ruim pq é lacrador, é ruim pq é ruim mesmo, filminho péssimo, esculhambado até pelas feministas, um tiro que saiu pela culatra dos militantes
sinceramente, uma grande bomba esse filme… me lembrou até o quarteto fantastico novo em que tb pra cumprir cota de lacração, transformaram o tocha humana em negro, sendo que ele é irmão da susan kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk que coisa bisonha gente… é tão mais facil dar espaço aos negros de forma decente e nao assim desse jeito forçado… do mesmo jeito esse caçafantasmas feminista forçou a barra a errou feio, uma pena, pq depoe contra o movimento pela igualdade
Graças, interessante crítica, para mim appallingly me do filme. Muitos cresceram com essa grande história, agora podemos ver um reboot que, do meu ponto de vista, ver o Elenco de Caça Fantasmas em sua forma feminina como protagonistas, dá uma volta muito boa. Em adição ao elenco é excelente, possui Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Leslie Jones e Kate McKinnon também uma vantagem e um bônus é o aparecimento de Chris Hemsworth. Eu acredito que juntos formam uma grande química na tela.
que língua é essa?
Bruzo,
Obrigado pelo comentário.
Bem, acho que tratar o filme original como um grande clássico do cinema pode ser um pouco exagerado , mas o filme marcou época e até hoje faz sucesso. Isso, por si só, já é algo que poucos filmes conseguem
Abraço e espero que continue a acompanhar o site.
estragaram o filme… isso sim!… piadinhas o tempo todo, forçadas, que não se encaixam… nao tem quimica entre as personagens… pra mim nao deu certo nao…
Obrigado pelo comentário Lucila. Isso que engrandece a discussão sobre um filme.
Bem, quanto as piadas, nem todas realmente funcionam.
Mas discordo quanto a química, pois para mim deu certo. Obviamente não é melhor que a do original , mas as qualidades do filme vão além das piadas em si e isso deve-se levar em questão também.
Abraço
Legalzinho… assim como o original. Dois filmes nacanas e só. Caçafantasmas nunca foi um filme maravilhoso como muitos agora querem fazer crer.