Resenha: A Morte de Bunny Munro
Título: The Death of Bunny Munro (no Brasil: A Morte de Bunny Munro)
Autor: Nick Cave
Editora: Canongate Books (no Brasil: Record)
Ano: 2009 (no Brasil: 2010)
Páginas: 352
Em homenagem aos dois lançamentos da semana, o disco Skeleton Tree e o filme One More Time With Feeling, a publicação de hoje é sobre um dos maiores artistas de todos os tempos, Nick Cave, e seu polêmico livro, A Morte de Bunny Munro.
Nick Cave é um personagem sempre presente no cinema e na música, seja em trilhas sonoras, seja em participações especiais. Contudo, o muito admirado pelo diretor Wim Wenders (Wings of Desire (1987); Every Thing Will Be Fine (2015)) também flertou algumas raras vezes com a literatura, resultando em conteúdos controversos e polêmicos, o que, dada sua história, é apenas o esperado.
O que esperar de alguém que em seus momentos mais obscuros, década de 1980, viciado em heroína, foi encontrado no metrô de Londres escrevendo uma carta não com uma caneta, mas com uma seringa cheia de sangue?
A Morte de Bunny Munro traz a história de Bunny, um vendedor de cosméticos viciado em sexo e álcool, que se depara com o suicídio de sua esposa. Enquanto um serial killer caminha em direção a Brighton, sua cidade, como se fosse em direção a ele, como se fosse apenas busca-lo, Bunny vai perdendo o controle, vendendo produtos de porta em porta para as mulheres, em uma viagem ao lado de seu pequeno filho.
Com referências eróticas (para fazer uso do eufemismo) a Kylie Minogue (com quem Nick já cantou) e a Avril Lavigne (por quem há uma estranha obsessão) que renderam pedidos de desculpas ao final do livro, A Morte de Bunny Munro conta a história de um homem de idade média perdido em sua sordidez (como muitos de nossa sociedade) que vê a esposa morrer e se depara com uma vida pela frente tendo que cuidar de seu filho e contemplar sua culpa. Apesar de todos os seus defeitos gritantes, ele se sente uma boa pessoa em alguns momentos.
O livro possui: várias referências às partes íntimas de Avril Lavigne, tantas ou mais referências às partes íntimas de Kylie Minogue, uma cena de sexo entre Bunny e o próprio diabo, o protagonista interagindo com suas próprias conquistas, muita conversa (muita) sobre donas de casa e um fantasma vestido em laranja.
Pode soar como um livro erótico barato, mas é mais que isso. Vale a pena pegar e ler essa novela curta e divertida.
Matheus Mundim
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Durante esta leitura, existiram bastantes momentos nos quais me relembrei de um escritor que devorei na minha adolescência, de nome Irvine Welsh, autor de vários livros conhecidos, entre eles o que deu origem a um filme marcante, “Trainspotting” e também ao filme “ A Praia”, com Leonardo Di Caprio.
Não conheço este autor. Procurarei ler algum livro dele. Obrigado pelas dicas!
Um abraço!
Excelente resenha… terminei o livro ontem. O livro funciona como um verdadeiro caldeirão de sentimentos e de elementos facilmente reconhecíveis para quem ouve a obra musical deste australiano: o humor ácido, a ironia, os fantasmas da morte e, principalmente, onde julgo que está a base desta obra, a loucura das pessoas solitárias. Está tudo bem presente neste livro, que é, ao mesmo tempo, uma comédia e um drama.
Valeu, Luis! Bom ver fãs de Nick Cave no nosso Brasil. O cara é “o cara”. Abraço!