Richard Dawkins e o seu neo-ateísmo condenável

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E o famigerado autor do livro “Deus, um delírio” resolveu falar sobre o cristianismo novamente. Mas engana-se quem acha que ele desferiu ataques. Desta vez, não. Desta vez, ele resolveu reconhecer algo que parece meio óbvio (e de acordo com suas afirmações anteriores, até contraditório).

Antes de comentar, porém, sugiro a leitura deste artigo: “Richard Dawkins says Christianity is world’s best defence against radical Islam” (tradução livre: Richard Dawkins diz que o cristianismo é a melhor defesa do mundo contra o Islã radical).

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Entranharam? Eu não. Explico o porquê.

Na verdade, o biólogo Richard Dawkins é um comentarista patético. Como pôde demorar tanto tempo para reconhecer o óbvio? É mais do que evidente que o sistema moral oferecido pelo cristianismo é mais civilizado do que aquele praticado pelo ISIS e similares. Eu, por exemplo, não vejo cristãos explodindo prédios, praticando ataques suicidas ou defendendo pena de morte por apostasia. Coisas que, até onde sei, são bastante comuns em determinados seguimentos no Islã.

Mas este posicionamento tardio não aconteceu por acaso, tem uma explicação. Richard começa a perceber o quanto o seu “discursinho neo-ateísta” contribuiu para o fortalecimento dos radicais islâmicos. Ao advertir contra os “males” da religião dominante – o cristianismo – ele fez exatamente o oposto do que queria, fortaleceu um sistema que não admite o contraditório.

Quem acompanha o crescimento exponencial de grupos islâmicos na América e na Europa, por exemplo, sabe o quanto este tipo de proselitismo ateu criou um clima onde os cristãos, com medo de serem rotulados como “preconceituosos, evitam apresentarem-se como tal.

A situação é tão grave, que até mesmo a Chanceler alemã, Angela Merkel, fez um apelo. Em um debate público na Universidade de Berna, ela conclamou que os europeus fossem com mais frequência à igreja para conhecerem melhor a Bíblia.

Difícil, entretanto, é acreditar que a civilização ocidental irá reparar o dano causado. Infelizmente, para além de qualquer posicionamento religioso, ela própria perdeu a noção do mal que enfrenta, especialmente quando estamos falando dos slogans da esquerda.

Há anos este setor vem alimentando o discurso do “politicamente correto” e do “multiculturalismo”, dizendo, entre outras coisas, que todas as civilizações ou sistemas morais estão em seu próprio processo de evolução, que não há moral maior ou melhor, e sim, “diferente”.

Convenhamos, fosse a lógica assim, não poderíamos sequer contestar quando um homem, movido por caprichos culturais ou religiosos, optasse por destruir o clitóris de sua mulher por acreditar que ela não tem direito de sentir prazer sexual.

Ao criticar, sempre correríamos o risco de cometer um impropério contra a “dignidade cultural” do outro, o que não tem o menor cabimento numa sociedade saudável.

Praticas devem passar, sim, pelo crivo da moral e da ética do bom convívio. Estes valores são universais. Uma sociedade não pode ser refém de uma parcela* que não respeita as regras básicas de coexistência. Além de insano, é um completo despropósito. Afinal, não se busca a aproximação com outros povos aceitando suas mazelas a qualquer preço, busca-se sob a luz do espírito democrático, respeitando regras comuns.

Já dizia Kwame Anthony Appiah: “Uma cultura só tem importância se for boa para os indivíduos”. E é exatamente isso. Em seu conceito de evolução, Dawkins já deveria ter aprendido que boa parte dos indivíduos já busca a aproximação naturalmente, escolhendo o que é melhor em outras culturas em detrimento do que consideram pior em suas próprias. A religião é uma delas. O problema é que os relativistas morais estão pregando exatamente o contrário quando não estão falando da cultura dos países desenvolvidos (que odeiam). Neste caso, não há “relatividade” que impeça os intelectuais de bradarem que as melhores culturas são “preconceituosas”, incluindo o seu aspecto cristão, numa espécie de “dois pesos e duas medidas” – tão brilhantemente denunciada por Rodrigo Constantino.

Em suma, para eles não há “verdades” fora da concepção de um determinado grupo social, enquanto, é claro, não estiverem falando das culturas compreendidas como referências; quando isso ocorre, a história é bem outra…

Se um determinado indivíduo não pode encontrar verdades além de sua própria formação grupal, tampouco pode superar os limites de sua formação cultural para apreciar aspectos positivos em outras culturas – coisa que o multiculturalismo esquerdista defende. (Sugiro a leitura do artigo “Por baixo da mesa“, de Olavo de Carvalho).

No mais, Dawkins esquece-se que o cristianismo, assim como muitas outras religiões, pode não ser algo de seu afeto, mas promove um efeito psicológico às pessoas impossível de deixar de valorizar, a saber, a temperança e o autocontrole. Infelizmente, nem todos os cristãos o praticam como deveriam, mas o valor é ensinado desde a mais tenra idade a qualquer um que se proponha a aprendê-lo. (Não preciso ser um religioso ou ter alguma espécie de religiosidade para comprovar isso).

E mais: há uma verdade que gosto de pensar como algo positivo. Nem sempre a polícia pode estar em todos os lugares em todos os momentos para impedir alguém de praticar algo prejudicial à sociedade – além de indesejável, isso seria o ápice do totalitarismo – mas sem dúvida alguma, os valores internos de cada um podem: seja ele cristão, espírita, budista ou qualquer outro praticante de uma cosmovisão religiosa (ou não) que esteja disposto a respeitar a crença ou não crença dos demais.

Afinal, qualquer ameaça à liberdade ou o direito à liberdade dos outros deve ser combatida.

*A palavra “parcela” é utilizada no artigo para indicar tanto os grupos pertencentes ao radicalismo islâmico quanto seus possíveis financiadores “pacíficos”.

Vídeo mostra Dawkins incentivando a ridicularização dos cristãos.

Sugestão de leitura:

 

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Rodrigo Silva

Mais palmeirense do que brasileiro, cientista político, estudante de Direito, liberal convicto, leitor voraz, botonista de final de semana e plumitivo nas horas em que não é nem torcedor do Palmeiras, nem resenhista de faculdade e muito menos jogador de botão.
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