Resenha: Reconhecimento de Padrões

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Título: Reconhecimento de Padrões
Título original:
 Pattern Recognition
Autor: William Gibson
Editora: Aleph
Ano: 2003
Tradução: Fábio Fernandes
Páginas: 416

William Gibson, um dos grandes pilares da ficção científica, completou 68 primaveras na semana passada, mais precisamente no dia 17 de março. Logo, nada mais justo do que homenageá-lo resenhando uma de suas principais obras, não?

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E, quando falamos em “principais obras”, já pensamos nos três livros que compõem a trilogia SprawlNeuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive, lançados no Brasil pela editora Aleph. Entretanto, muito já foi falado sobre essas obras, principalmente Neuromancer. O catálogo do autor é tão diversificado e amplo, que sentimos que alguns títulos são injustiçados devido ao alcance mais restrito. É o caso de Reconhecimento de Padrões, livro que inaugura outra trilogia do autor, a Blue Ant, e o escolhido do Maxiverso para o misto de análise e homenagem a um dos maiores e mais influentes autores que se tem notícia.

Consideramos Reconhecimento de Padrões um dos marcos na carreira de Gibson por ser seu décimo oitavo lançamento, porém o primeiro a situar seu enredo no mundo contemporâneo. Por que será que William Gibson demorou tanto para criar uma história que se passa no presente? Continue com a gente para descobrir!

Um pouco mais sobre o autor.

william-gibson Resenha: Reconhecimento de PadrõesO profeta neo-noir, como é conhecido, nasceu em 1948 na Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Seu pai, membro de uma construtora em ascendência, morreu precocemente por asfixiamento num restaurante. William Gibson tinha apenas seis anos na época, e teve que lidar com uma mãe depressiva e ansiosa desde então. Logo, levado para uma cidadezinha no interior da Virgínia, Gibson tornou-se uma criança introspectiva, que encontrava refúgio nos livros. Nas palavras do próprio autor, a junção da literatura com a ausência de tecnologia na cidade em que morava foi a receita perfeita para a composição de seus futuros romances.

Aos dezoito anos, perdeu a mãe. Sem finalizar a graduação, passou a peregrinar pelo Canadá e Europa, recluso e com um interesse atípico na contracultura, movimento de mobilização e contestação social com auge nos anos 60 que utiliza novos meios de comunicação para atingir a massa da população. Com a intenção de se distanciar da guerra do Vietnã, Gibson fixou-se em Toronto. Seus primeiros salários vieram do trabalho numa drogaria, onde pôde observar a crescente depressão de americanos que se refugiavam no Canadá – tema este, a depressão, também abordado indiretamente  em seus livros, principalmente com a relação tênue do ser humano com a tecnologia e o vazio dos grandes centros urbanos.

Sua primeira aparição pública se deu num programa da rede americana CBS, onde falou sobre subcultura. Com o pagamento recebido, equivalente a cinco meses do aluguel da residência que morava, William Gibson financiou suas próximas viagens pela Europa. Ao invés de fazê-las sozinho, porém, levou consigo a canadense Deborah Jean Thompson, com quem casou em 1972. Nos anos seguintes, enquanto concentrava-se em seu mestrado e dedicava-se à crição de seus contos, cuja temática definia como “ficção científica baseada na literatura fascista”, fora sustentado pelo salário da esposa, que trabalhava como professora.

Em seguida, parou de escrever e, por um período de três anos, trabalhou em vários empregos e concentrou-se em ampliar sua coleção de discos punk. Através de convenções de ficção científica em Vancouver, entrou em contato com o músico e autor John Shirley. Graças a ele, conheceu os autores de ficção científica Bruce Sterling e Lewis Shiner. Sterling avaliou os primeiros trabalhos de William Gibson como um “início promissor”.

Focou-se no movimento cyberpunk em meados de 82, juntamente com Sterling, Shiner e Shirley, depois de participar de uma convenção de ficção científica chamada ArmadilloCon. A partir daí, passou a escrever contos para revistas de literatura até a publicação de Neuromancer para a Ace Science Fiction Specials. A ideia era terminar a história em até cinco anos, mas após assistir Blade Runner, sentiu que a obra já estava pronta e o espaço deixado entre o que tinha e o que imaginou ser o produto final ficaria a cargo da interpretação dos leitores.

Apesar de não ser aclamado pela crítica e ser considerado um hit logo no lançamento, Neuromancer conquistou seu nicho e, com o passar do tempo, adquiriu o status de referência no segmento da ficção científica. Desde então, William Gibson continuou a lançar outros títulos, até que chegamos no ano de 2003 com…

Reconhecimento de Padrões – Bem vindo ao “mundo espelho”.

Como falamos no início, Reconhecimento de Padrões é o primeiro romance de William Gibson ambientado no mundo contemporâneo. Apesar disso, o tom futurista está sempre presente, e é possível identificá-lo tanto nas minúcias como escancaradamente. Percebe-se que o autor não tentou definir o livro como “um livro de ficção científica”, ou “um livro de suspense”. A mistura permite um pouco de tudo e a ausência de forma faz muito bem para o roteiro.

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Capa atual da obra no Brasil

No Brasil, Reconhecimento de Padrões foi lançado pela editora Aleph em 2004, sendo reeditado em 2013. A capa da segunda edição do livro encabeça essa publicação, enquanto a capa da nova edição encontra-se ao lado. Apesar de gostar muito da capa original, não posso negar que a edição de 2013 tem seu charme. Peço licença, aliás, para parabenizar o trabalho da Aleph, que tem trazido obras de ficção científica, fantasia, terror e quadrinhos – segmentos tidos como subgêneros pelos críticos de hoje em dia -, colocando-as em evidência para o grande público, no lugar que merecem estar. O trabalho de tradução de Fábio Fernandes, que também traduziu A Cidade e a Cidade (leia nossa crítica aqui!) também está de parabéns!

O livro faz parte da trilogia Blue Ant. Assim como a trilogia Sprawl, a Blue Ant possui um tema em comum, porém tratam-se de três livros com histórias fechadas. Em Reconhecimento de Padrões, conhecemos Cayce Pollard, uma novaiorquina na faixa dos trinta anos que trabalha como cool hunter. Não estava familiarizado com o termo até ler o livro, e felizmente William Gibson nos situa: cool hunter é um caçador de tendências. Ele deve realizar estudos mercadológicos em grandes centros urbanos e culturais para identificar o que possui potencial para virar moda e, em seguida, vender essa informação para empresas de marketing.

Apesar de se considerar uma freelancer, Cayce possui um empregador recorrente: Hubertus Bigend, fundador da empresa de propaganda Blue Ant, que dá nome a trilogia. Cayce vai até Londres para uma reunião com Bigend, para analisar a possibilidade de mais uma parceria. Munida de sua jaqueta Rickson e de roupas que não exibem nenhuma logomarca, Cayce vai até a empresa e se encontra com Bigend, que apresenta Dorotea Benedetti, designer gráfica que acaba de desenvolver um logo para uma empresa de sapatos. O trabalho de Cayce, inicialmente, é o de identificar se o logo que Dorotea criou será bem sucedido ou não.

Mas como alguém pode prever isso? Será que alguém possui essa capacidade? Bem, em Reconhecimento de Padrões, Cayce possui. Aqui está um pouco da pequena dose de ficção científica que o livro possui: Cayce é muito sensível a logotipos e logomarcas e, literalmente, “reconhece padrões”. Graças a essa essa sensibilidade, ela pode prever se um logo dará certo ou não antes mesmo dele ser divulgado para o grande público. O desempenho de Cayce já fora comprovado em todo o segmento de marketing e, por isso, ela é uma profissional muito requisitada, já que todas suas previsões revelam-se verdadeiras. O que poucos sabem, porém, é que a sensibilidade de Cayce possui um lado negativo: a jovem sofre de reações psicológicas intensas, similares a crises de ansiedade, quando diante de uma marca muito massificada, como o logo da Coca-Cola ou o boneco da Michelin – sendo este último o maior medo de Cayce. Lembram-se que eu falei que Cayce não usava nenhuma marca no corpo? Pois é, não é nem uma questão de gosto… Cayce não consegue usá-las.

A reunião termina quando Cayce conclui que o logo desenvolvido por Dorotea é ineficaz. A empresa de sapatos decide criar outro para substituí-lo e Cayce, sem perceber, acaba de criar uma rival (e não apenas profissionalmente).

Em seu tempo livre, Cayce utiliza a Internet para se comunicar com os amigos em redes sociais e interagir em fóruns de discussão cujo temas ela aprecia; não só ela, mas todos os personagens parecem estar vinte e quatro horas por dia conectados através de seus celulares e computadores. Por mais que esse hábito seja comum nos dias de hoje, pode ser considerado embrionário quando pensamos na época em que o livro foi lançado.

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As várias capas do livro pelo mundo

Um dos fóruns que Cayce frequenta tem como tema de discussão o mundo do cinema. Lá, seu nickname é CayceP e a pessoa que ela mais interage é um rapaz que ela conhece apenas por Parkaboy. Atualmente, os membros do fórum encontra-se num estado de alvoroço devido a um filme que está sendo compartilhado em publicações aleatórias. Dividido em vários trechos de curta duração que se completam, o filme é considerado uma verdadeira obra-prima para os amantes de cinema, mas ninguém sabe quem são os atores envolvidos no projeto, muito menos os produtores e diretores. Cayce até se interessa pelo filme, mas não demonstra muito entusiasmo com ele num primeiro momento…

… até que Bigend contrata-a para descobrir quem é a pessoa (ou pessoas) por trás da produção do filme. Nesse momento, temos uma leve suspeita de que a verdadeira missão de Cayce em Londres não envolvia a aprovação do logo desenvolvido por Dorotea, e sim a descoberta do diretor anônimo que produzia o filme. Bigend, claramente um anti-herói manipulador e disposto a tudo para conseguir o que quer, acredita que a maneira com que o filme é produzido e distribuído é genial, e pode ser muito bem aproveitada no futuro – e, vejam só, hoje em dia temos o declínio dos DVDs e CDs e o uso cada vez mais frequente de serviços de streaming, como Netflix, Youtube e Spotify. Gibson começava o século XXI de uma maneira extremamente tecnológica e, uma vez mais, premonitória.

Cayce viaja para os lugares mais variados do mundo, de Tokyo a Moscou, para coletar pistas sobre a equipe de produção do tal filme. Auxiliada por um homem misterioso chamado Boone e pelo amigo virtual Parkaboy, a personagem logo se vê numa trama muito maior do que imaginava e descobre, da pior maneira, que sua arqui-inimiga Dorotea também está envolvida no caso com um objetivo similar ao seu.

William Gibson traz alguns conceitos muito interessantes no livro. O mundo em que vivemos, cheios de outdoors e propagandas para onde olhamos é referido por Cayce como “mundo espelho”. Isso porque ele tenta refletir nossos desejos, bem como a necessidade de preencher um vazio interior que não pode ser saciado simplesmente pela aquisição de produtos. Outra sacada muito interessante é a maneira com que o autor se refere ao jetlag – aquela sensação estranha que temos quando chegamos num lugar com fuso horário diferente do nosso. Cayce costuma dizer que seu corpo chegou no lugar antes de sua alma e, por isso, tem-se a estranheza.

Mais um detalhe bem interessante em Reconhecimento de Padrões é a dinâmica de Cayce e a maneira como William Gibson a apresenta. A personagem não possui uma história prévia que nos é contada, e seu desenvolvimento é realizado maestralmente aos poucos. O autor não vê necessidade de transforma Cayce Pollard numa mulher de personalidade forte, ou numa personagem desbocada e cheia de carisma. Ela é mais complexa que isso, e suas nuances são apresentadas naturalmente, a medida em que o enredo é contado.

Reconhecimento de Padrões mostra também como a sociedade contemporânea é solitária. A própria Cayce viaja sozinha o tempo todo e passa a maior parte da história sozinha. A solidão é apresentada como característica do mundo moderno e resultado da distância que o ser humano impõe a si por causa das tecnologias (que, teoricamente, deveriam nos aproximar). A fragilidade das relações humanas também é tema do livro, já que nunca sabemos as reais intenções dos personagens. Num momento, acreditamos num determinado personagem e, n’outro, a história segue um rumo completamente inesperado e o personagem em questão toma uma ação que jamais imaginaríamos.

rickson Resenha: Reconhecimento de PadrõesPor fim, Reconhecimento de Padrões faz referência também ao trágico 11 de setembro (a história do livro se passa um ano após o incidente). O pai de Cayce, Win Pollard, desapareceu no dia do atentado e, até hoje, a jovem não sabe se perdeu ou não o pai. William Gibson mostra como o atentado afetou a vida das pessoas através do olhar minucioso à vida da protagonista. Apesar de não ser um dos temas centrais da trama, é interessante observar como um autor que trabalha tanto com a fantasia utiliza um fato real para direcionar acontecimentos de sua obra.

Reconhecimento de Padrões é um livro desafiador. O início dele exige muito do leitor, pois toda descrição de ambientes e pessoas feita por William Gibson tem a substituição do produto pela marca. Logo, o personagem não bebe um café, e sim um Starbucks. Ele não veste uma calça, mas uma Levi’s. Cayce não usa uma blusa, e sim uma Rickson – em tempo, a Rickson homenageou William Gibson após esse livro e lançou uma coleção de jaquetas com seu nome assinada pelo próprio Buzz Rickson, como mostramos na imagem ao lado. A trama tem um desenvolvimento lento, mas necessário para situar o leitor e “vender” esse mundo tão diferente para ele. Entretanto, a história engrena sem grandes problemas e logo você se vê envolvido na história de Cayce Pollard.

Os outros livros da trilogia Blue Ant são Território Fantasma, lançado no Brasil em 2013, e História Zero, cuja publicação se deu no ano passado. Nem precisamos dizer que todos os livros são indispensáveis não apenas para fãs de ficção científica, como para qualquer um que se interessa por um bom livro que aborde temas polêmicos e profundos, certo? Certo!

Leitura obrigatória! Se ainda não leu, conta pra gente se conseguimos te convencer! E, se já leu, compartilha sua opinião com o Maxiverso nos comentários!

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Marcus Colz

Livreiro, gamer, aficcionado por filmes, séries e música, não necessariamente nessa ordem. Fã de black metal que simpatiza com a Katy Perry. Come junk food mais do que deveria e não suporta alho, apesar de não ser um vampiro. Na busca de seu próprio universo, se encontra no Maxiverso.

8 thoughts on “Resenha: Reconhecimento de Padrões

  1. Gostei da resenha. Muito interessante saber que tudo aquilo que hoje é realidade aparecia já no romance de William Gibson. As aplicações do reconhecimento de padrões são muito mais profundas do que o simples reconhecimento facial dos novos iPhones. O romance mostra o imenso potencial destes sistemas de analise de dados. As vantagens e aspeitos positivos são muitos, mais também os problemas se não sabermos controlar as derivas. A importância do marketing hoje é cada vez mais forte, muito dinheiro depende das campanhas corretas e das modificações feitas no tempo preciso. Para isso as empresas devem aprimorar os seus investimentos e sistemas de computação. Porem, os cidadãos precisarmos conhecer muito melhor quais são as possibilidades, limites e problemas.

  2. Marcus mandando muito bem na escolha dos livros, como sempre.
    Acredito que dois temas podem gerar desdobramentos interessantes. O primeiro é a questão de uma sociedade (pós)moderna, baseada em tecnologias digitais, mas que se mostra tão individualista. Penso que acabamos responsabilizando as tecnologias digitais pelo distanciamento das pessoas. Nossa cultura já é baseada em um individualismo que é fortalecido por um pensamento iluminista e não pelas novas tecnologias. Acredito que, no fundo, elas são um grito de socorro, a maneira com que estamos tentando resolver essa distância tão perturbadora.
    Segundo ponto: o jetlag. Pensar que o corpo chega antes da alma pode possibilitar uma leitura de que se trata de um processo identitário. Se considerarmos que o processo de compreensão do mundo se dá através de nossos sentidos, o corpo precisa chegar antes. O corpo precisa estar presente para que, assim, o “estar” se dê. Cada lugar é um lugar, cada momento é um momento, proporcionando experiências únicas através de nossos corpos.

    Acredito que Reconhecimento de Padrões seja um livro importantíssimo para quem gosta do Gibson. Eu li e não me arrependi.

    1. Faaala Paulo! Valeu por comentar aí, meu!

      Bem, esses pontos que você trouxe são bem interessantes. Primeiramente, quanto ao jetlag, é interessante ver que, pela descrição da Cayce, ela pode estar no lugar, porém sente que não está. Logo, acredito que você esteja certo quando diz que o corpo precisa chegar antes para a experiência ser vivida de maneira única, mas ela jamais será completa sem a consciência, ou a “alma”, que chega depois. Por isso a personagem narra essa sensação com tanto estranhamento.

      Já quanto ao individualismo, realmente, somos uma sociedade individualista cada vez mais preocupada com o progresso. Esse progresso se reflete nas tecnologias, que muitas vezes são consideradas objetivos e, em outras, ferramentas. No caso da interação humana, elas não passam de ferramentas, mas sua função acaba se deturpando. Quantas pessoas dão um “curtir’ na sua postagem do Facebook? Agora, quantas pessoas te mandam um inbox pra debater o tema da sua postagem?

      Isso é só um exemplo. Temos o caso do whatsapp, a fuga das pessoas que não se sentem bem conversando pessoalmente, os trolls de Internet que se tornam insuportáveis só por estarem escondidos no virtual… Enfim, dá uma discussão das boas, e é muito bacana ver uma ficção levantar tantas questões!

      Valeu pelo comentário! Manda mais que eles são sempre bem vindos!

      Abraço! (e sigam a recomendação do Paulo, Reconhecimento de Padrões é leitura obrigatória!)

    1. Opa, tudo bem contigo, Samir?

      Obrigado pelo elogio e pelo comentário! Já teve a oportunidade de ler o livro?

      Abraço!

    1. Fala aí, pessoal. Só quem tem “sick minds” igual a gente pra gostar dessas leituras aí, hein? Haha!

      Brincadeiras a parte, o livro vale a pena subir alguns degraus na sua lista, Sick Mind. E compartilha com a gente sua lista de leitura! Quem sabe algum dos livros que você pretende ler não aparecem logo mais por aqui?

      Nemo Nox, já leu Reconhecimento de Padrões? Compartilha sua lista de leitura com a gente também!

      Abraços!

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