Crítica: Missão: Impossível – Acerto de contas – parte 1

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Direção: Christopher McQuarrie 

Elenco: Tom Cruise,  Simon Pegg, Ving Rhames, Hayley Atwell, Vanessa Kirby, Esai Morales, Pom Klementieff , Greg Tarzan Davis , Shea Whigham, Henry Czerny, Frederick Schmidt e Rebecca Ferguson

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Desde 1996, quando revitalizou a franquia do seriado dos anos 60, Missão Impossível nos trouxe momentos inesquecíveis de ação dentro de narrativas que foram mudando de acordo com o diretor.

Inclusive, poderia até começar o texto fazendo um breve resumo sobre os anteriores como feito no anterior Fallout, mas não vejo muita necessidade aqui. A única coisa poderia dizer é que o primeiro – dirigido por Brian de Palma – continua sendo meu preferido e o segundo – dirigido por John Woo – que antes era que gostava menos acabou conquistando minha preferência no lugar do terceiro; este dirigido por J. J. Abrams.

No entanto, desde que assumiu definitivamente a franquia de Christopher McQuarrie com Nação Secreta em 2015, Missão impossível aumentou seu arco de personagens e histórias, não somente contanto com o trio principal (Cruise, Rhames e Pegg), mas também inserindo, por exemplo, a personagem de Rebecca Ferguson. Claro que há inevitavelmente um excesso ao ponto de que minha memória tende a falhar quando chegamos a esse sétimo – e teoricamente – penúltimo filme.

Missão: Impossível – Acerto de contas – parte 1 apresenta um novo perigo, agora envolvendo inteligência artificial.

Soando tal conceito mais atual que nunca devido aos seus perigos para a sociedade em qualquer nível relacionado a IA, Ethan Hunt e equipe precisam recuperar duas partes de uma chave que dará acesso a tal entidade tecnológica antes que caia nas mãos erradas (leia-se um governo poderoso com “boas intenções”) e crie uma nova ordem mundial num mundo digital.

Todavia, o roteiro de Bruce Geller e Erik Jendresen complica em demasia o que poderia simplificar como o fato de não ficar muito claro o que seria exatamente essa inteligência artificial, pois tem uma cena envolvendo um artefato explosivo e charadas que parece alguém manipulando; mas como provavelmente não é isso, demonstra que tal entidade tem um senso de humor doentio, sendo algo mais avançado que o roteiro consegue mostrar. Isso sem contar que desperdiça um tempo em tentar inserir dilemas sobre a fragilidade do ser humano em ser corrompido pelo poder de controlar essa tecnologia.

Não que seja em vão tal discussão (e não é), até porque vivemos em uma sociedade em que o ser humano é o elo mais fraco e dependente diante de uma tecnologia e manipulação sobre as informações, mas somado a outros aspectos e personagens, a história acaba criando um inchaço desnecessário. Inclusive usando um argumento que particularmente acho desonesto que são fatos que aconteceram décadas atrás como argumento para motivação do protagonista.

Outro bom exemplo desse inchaço é justamente no fardo que Ethan Hunt traz desde o primeiro filme em ter que lidar com as perdas de alguém da equipe como um mártir (o fato de o filme trazer a tal chave no formato de uma cruz é bem simbólico), ao mesmo tempo em que precisa dar minimamente um espaço a alguns núcleos; seja o próprio vilão Gabriel (Morales) e a guarda-costas Paris (uma sádica Pom Klementieff), os agentes secretos americanos (Shea Whigam e Greg Tarzan Davis caçando Ethan desde o filme anterior) e principalmente a inclusão de Grace (Atwell) como nova ajudante de Ethan. Claro que na trama ela tem sua importância, mas não vejo necessário esse esforço em criar uma personagem nova, até porque ela soa como uma repaginação ou elemento de troca descartável das personagens femininas anteriores; como se fosse um triste padrão para manter a aura jovial de Tom Cruise ao relacionar-se com mulheres bem mais jovens.

Mas obviamente estamos falando de um filme de ação e não poderíamos deixar de conotar que tudo é sempre bem vindo devido à entrega de Tom Cruise. Não há uma sequência que você para e não sinta a urgência provocada pelo carisma do ator.

Claro que temos umas ou outras cenas que claramente vemos um descuido com a ação que acaba confundindo o espectador de quem é quem e para onde está indo (vide a sequência do tiroteio no deserto), mas no geral entregam tudo aquilo que se espera.

A longa sequência se passando em Veneza – com uma boa perseguição de carros – e a do aeroporto são bem coordenadas, sem grandes intromissões de CGI que pudessem atrapalhar. Inclusive, é bem vindo notar que a fotografia tente criar um elo visual com o primeiro filme de 1996, onde temos as ruas de Veneza iluminadas apenas pelas luzes dos postes, criando um clima mais soturno, culminado numa ótima cena ocorrida dentro de um corredor apertado – elevando ainda mais o grau de dificuldade da cena, trazendo ao clímax do longa que, assim como o primeiro filme, também envolve trem de passageiros e com pequenas reviravoltas – incluindo a cena do pulo de paraquedas numa moto (a tal cena que esta no trailer).

Missão: Impossível – Acerto de contas – parte 1, mesmo com uma quebra de ritmo pontual, é eficaz na maior parte do tempo (longo tempo, diga-se de passagem) como primeira parte do último ato e depois de quase 30 anos nos cinemas, a franquia de permite se exceder na trama e personagens que cercam Tom Cruise/Ethan Hunt, sempre correndo.

Mas como o cinema sempre nos traz simbolismo com o que ocorre fora da tela (luta dos direitos dos roteiristas e atores da indústria de Hollywood), devemos lembrar que Top Gun: Maverick – segundo Spielberg – pode ter salvado o cinema/blockbusters devido à distribuição do filme nas salas e sua respectiva bilheteria. Agora em Missão: Impossível – Acerto de contas – parte 1 continua a saga em prol da sétima arte, ironicamente tendo como grande adversário – assim com no filme – uma minoria de humanos tentando usar IA para determinar o futuro da maioria.

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

7 thoughts on “Crítica: Missão: Impossível – Acerto de contas – parte 1

  1. zero lacração, zero militancia, zero panfletagem, e ainda sim um bom filme, é amigo, aproveite, é raro, mas ainda temos isso…

    1. Sim , o filme tem tudo isto… mas infelizmente flopou…e vou falar mais…praticamente quase a mesmas cenas e estórias parecidas com o novo Indiana Jones….

  2. o segundo é o pior disparado da série… bem ruinzinho mesmo, os melhroes sao os dois ultimos (antes desse 7), mas tb tenho carinho especial pelo 1

  3. Essa serie Missao Impossivel é uma das melhores coisas que Hollywood fez ate hj! Todos os filmes sao bons! Esse é um dos melhores!!!!!!!!!!!!!!

  4. filme excelente, um dos melhores MI, esta sofrendo com a greve e com o direcionamento de todo mkt existente pra barbieheimmer, o que é uma pena, pq provavelmente é no minimo do mesmo nivel dos dois da moda (provavelmente é melhor que Barbie por mais divertido que alguem possa acha-lo)

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