O retorno de Blink 182 e Red Hot Chili Peppers!
Antes de começarmos, vamos todos saldar o grande Travis Barker, que figura a capa dessa publicação e, com todas as honras, ilustra bem o assunto que abordaremos hoje: o retorno de duas grandes bandas do bom e velho rock ‘n roll.
Ok, talvez não seja o “velho rock ‘n roll”, mas mantenho o adjetivo bom. Além do saudosismo, a qualidade musical das bandas que falaremos a seguir (bandas essas que eu já citei no título, então não sei porque continuo fazendo mistério) é inegável. Além de músicos completos, os membros do Blink 182 e do Red Hot Chili Peppers alcançaram uma posição na cena que nem todo artista consegue: todos eles podem escolher com quais projetos desejam trabalhar, sem se preocuparem com o retorno monetário destes.
Mas por que tanto o Blink como o Red Hot decidiram lançar novos CDs e turnês justo agora? Isso você confere a seguir!
Dark Necessities: um maduro “mais do mesmo”.
Não entendam meu “mais do mesmo” como algo ruim. Red Hot Chili Peppers possui uma identidade musical muito forte e é possível reconhecê-los só de ouvir os primeiros segundos de qualquer música do grupo – o que é bem legal. Tudo bem que com Dark Necessities, divulgado no último dia 05, é um pouco diferente… O tom atmosférico do início, preparando terreno para um ritmo mais dançante e funky foge um pouco da fórmula tradicional do Red Hot… E isso é muito bem vindo!
Não tem como deixar de falar do piano no início da música. Quando o instrumento teve tanto destaque numa faixa do Red Hot? Geralmente, o piano é utilizado em estúdio para preencher o instrumental e, com isso, criar um som mais uniforme e comercial (e isso acontece com grande parte das bandas, não apenas com o Red Hot Chili Peppers). Quando colocado da maneira que a banda fez, em conjunto com o baixo de Flea, temos uma inovação na já tradicional fórmula que dava certo. Pode ser cedo demais para falar, mas acredito que o Red Hot Chili Peppers vai trazer uma sonoridade única para si no novo projeto, The Getaway. O disco, aliás, está com lançamento previsto para o dia 17 de junho e será o primeiro desde Blood Sugar Sex Magik (disco de 1991) a não ter a produção de Rick Rubin. Quem assume o cargo dessa vez é Danger Mouse, produtor e DJ que já trabalhou com Cee Lo Green, U2, Snoop Dogg e Gorillaz. A mixagem fica por conta de Nigel Godrich, do Radiohead.
Admito que a saída da zona de conforto é bem interessante, ainda mais quando se trata de uma banda estabelecida. O Red Hot poderia lançar algo similar ao famoso (e ótimo) Stadium Arcadium, de 2006, ou então, apelar para as raízes de Californication e vir com aquele papo de “este CD representa um novo começo para nós”. Felizmente, Anthony Kiedis e companhia nos surpreendem! Óbvio que sentimos a falta de Frusciante (quem não sente?), mas confio na proposta da banda, e Josh Klinghoffer desempenha bem seu papel. Acredito que sempre irão pegar no pé do cara justamente por não ser o Frusciante… E que bom que ele não é o Frusciante, não? A diversidade na música é muito bem vinda sim, obrigado! 😉
A turnê de divulgação do próximo CD começa em maio, e por enquanto não temos notícias de uma possível passagem pelo Brasil (a última foi em 2013). O disco já está disponível na pré-venda, inclusive nas versões cassete (isso mesmo, cassete!) e vinil.
Curiosos? Pois é, eu também… Que tal conter um pouco a ansiedade conferindo a tracklist de The Getaway e o single Dark Necessities?
01. “The Getaway”
02. “Dark Necessities”
03. “We Turn Red”
04. “The Longest Wave”
05. “Goodbye Angels”
06. “Sick Love”
07. “Go Robot”
08. “Feasting on the Flowers”
09. “Detroit”
10. “This Ticonderoga”
11. “Encore”
12. “The Hunter”
13. “Dreams of a Samurai”
Bored To Death: não estamos entediados com o Blink!
Blink 182 também está de volta. Após a saída do frontman Tom Delonge no ano passado (motivado pelos negócios que desenvolveu fora do mundo da música), Mark Hoppus e Travis Barker trazem para a formação oficial do já tradicional trio o músico Matt Skiba, atual vocalista do Alkaline Trio.
Como sempre, a guitarra e a bateria estão muito presentes, e Bored To Death apresenta novamente os vocais de Mark Hoppus. É impossível não remeter o novo single ao +44, banda que Hoppus montou junto com Travis durante o primeiro hiato do Blink. Particularmente, aprecio bastante do timbre de Mark Hoppus, mais inclusive do que o de Tom. Pode ser até uma questão de gosto pessoal, mas para mim a voz de Delonge será sempre a de um garoto de dezessete anos que mora no subúrbio da Califórnia e sonha em conquistar aquela gatinha líder de torcida. Por mais que essa ainda seja a proposta do sempre jovial Blink 182 (isso fica evidente até no nome do novo disco, California), o vocal de Hoppus mostra que o Blink cresceu junto com seu público e está pronto para apresentar um trabalho que não perde sua essência, porém amadurece naturalmente.
O processo de criação do novo álbum foi, literalmente, a composição de um desenho numa página em branco. Não havia nenhuma ideia prévia ou coisa do tipo. Os músicos apareciam no estúdio com a intenção de gravar algo, mas não haviam preparado nada. Tudo era desenvolvido em grupo, e no final de um dia de gravação eles poderiam ter duas músicas novas em mãos, ou então apenas resquícios de ideias que poderiam ser trabalhados mais tarde. Após dois meses, California já estava pronto – o sétimo disco da banda, cuja estreia está prevista para o dia 01 de julho. Deem uma olhada na tracklist, que totaliza dezesseis músicas.
01. Cynical
02. Bored to Death
03. She’s out of Her Mind
04. Los Angeles
05. Sober
06. Built This Pool
07. No Future
08. Home Is Such a Lonely Place
09. Kings of the Weekend
10. Teenage Satellites
11. Left Alone
12. Rabbit Hole
13. San Diego
14. The Only Thing That Matters
15. California
16. Brohemian Rhapsody
A turnê para divulgação do novo disco chega nos Estados Unidos em 22 de julho, juntamente das bandas All Time Low e, em datas selecionadas, A Day to Remember e All-American Rejects. Pra já ir se acostumando com a volta do Blink, vamos assistir o lyric video do novo single da banda? Segue ai!
Por que agora?
Essa parte do texto é pura especulação, e vocês tem total liberdade para concordar ou não comigo (aliás, recomendo que use a seção de comentários para se manifestar!). Por que tanto o Blink como o Red Hot escolheram justo essa época para retornarem? Por que não o fizeram a dois anos atrás? Por que não em 2015?
Tenho notado uma mudança no mercado fonográfico, e qualquer pessoa um pouco mais atenta às bandas e artistas do momento chegaria à mesma conclusão. Até meados de 2013 e 2014, o pop reinou absoluto nas paradas (me sinto no Disk MTV usando esse termo). Para conseguir atenção do publico, era necessário ser uma diva cheia de exageros e uma baita produção por trás. Artistas como Lady Gaga, Justin Bieber, Katy Perry, Rihanna, Beyoncé e mais recentemente Taylor Swift nos remetem automaticamente a isso. Há mais ou menos dois anos, porém, esse cenário tem mudado de forma tímida, porém constante.
Primeiro, tivemos o destaque de Adele, uma artista que fugia completamente dos padrões do pop e, ainda assim, conseguiu a atenção do grande público. Em seguida, bandas como Imagine Dragons e artistas alternativos como The Weeknd mostraram que trabalhos mais autorais tinham sua vez no mercado fonográfico. O terreno foi moldado pouco a pouco para receber uma vez mais duas bandas que sempre prezaram pelo trabalho autoral e nem sempre tão comercial.
Vale lembrar que chamar a atenção do público e ser comercial são duas coisas diferentes, apesar de uma ser consequência da outra. Quando me refiro à atenção do público, falo da relevância que esses trabalhos tem na cena musical. Bandas com anos de estrada e um público cativo não fazem tanta questão de vender discos (apesar de isso não significar que não querem vender discos), mas desejam ser relevantes em seus respectivos segmentos – e como ser relevante numa época em que tudo que se cantava era “gaga oh lala, want your bad romance”? Muitos podem afirmar que existe público para tudo, e realmente existe, mas por que será que tanto o Blink 182 como o Red Hot Chili Peppers decidiram interromper as atividades por tempo indeterminado justo em meados de 2011? O mercado fonográfico não os estimulava a lançar nada, imagino… E isso felizmente foi se transformando com o passar do tempo.
O que esperar daqui para frente? Bem, não considero seguro especular sobre isso, mas arrisco dizer que The Getaway e California chegarão para marcar a cena musical de 2016 e estimular bandas antigas a se renovarem e artistas novos a lançarem trabalhos cada vez mais autorais e menos direcionados a distribuição viral de gravadoras.
O que vocês pensam disso? Façam suas apostas!
Marcus Colz
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