Homem de Ferro: nova personagem assume armadura
Nesta semana, precisamente dia 6 de julho, a Marvel Comics anunciou quem assumirá a armadura do Homem de Ferro no lugar de Tony Stark. Sim, o playboy número um da Marvel será substituído ao final da saga da Guerra Civil II. Ainda não sabemos se isso significa uma aposentadoria para Stark, ou um final trágico com o desfecho da Guerra Civil II, mas o que a Casa das Ideias já adiantou sobre a próxima Invincible Iron Man #1, é que a jovem Riri Willians será a nova vingadora mecanizada.
Riri Willians é uma estudante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, e através de engenharia reversa, criou uma armadura dentro de seu próprio quarto. A personagem se destaca por fazer parte da série de mudanças que ocorreram nos principais personagens da editora nos últimos anos. Com o intuito de romper com os padrões da indústria dos quadrinhos e a categoria dos super-heróis, a Marvel tem investido em reformular seus títulos, alterando a etnia e o gênero de seus protagonistas. Caracterizado por uma grande quantidade de personagens brancos, em geral norte-americanos e predominantemente homens, os quadrinhos de super-herói excluíam a representação de uma parcela significativa da sociedade.
Durante os anos 1960′, os jovens conquistaram voz através dos movimentos de contracultura que questionaram os padrões ideológicos conservadores de uma sociedade oriunda dos anos 1950′, marcados por forte repressão cultural e sexual. Durante este processo de afirmação identitária da juventude da década de 60, os quadrinhos também foram alvo de crítica e também veículo de expressão.
A contracultura nos quadrinhos mainstream, ou seja, os de maior consumo e produzido pelas principais editoras como Marvel e DC, se deu no período da Era de Bronze dos quadrinhos, ocorrido ao longo dos anos de 1970. A partir deste período podemos observar o crescimento do protagonismo de negros, asiáticos, latinos, entre outros grupos étnicos-culturais que vinham sendo ignorados e excluídos das narrativas das HQs.
A partir dos anos 1960′, os movimentos feministas conquistaram também um maior espaço no mundo dos quadrinhos. A representação das mulheres nos quadrinhos foi fortemente criticada uma vez que as personagens eram criadas por homens, que muitas vezes sublimavam ali o que idealizavam ser a mulher, criando uma imagem distante da identidade feminina e gerando estereótipos ofensivos, como no caso de personagens que hipersexualizam o corpo da mulher. Apesar de o movimento feminista criticar a hegemonia masculina nos quadrinhos há décadas, somente nos últimos anos é que as mulheres vêm ganhando espaço tanto em personagens que melhor retratam a mulher, quanto em produção e criação de quadrinhos.
Com a intenção de se sintonizar a esses movimentos, a Marvel tem introduzido novos personagens e ressignificado antigos, como no caso do Capitão América, que em 2014 foi substituído por Sam Wilson, o Falcão; ou Thor, que, desde a saga Pecado Original, tem Jane Foster como “hospedeira” da entidade divina dos trovões; o mesmo ocorreu no Universo Ultimate do Homem-Aranha, quando o jovem porto-riquenho Miles Morales, vestiu o manto do aracnídeo.
Um dos autores que encabeça essas mudanças é Brian Michael Bendis, responsável por criar Jéssica Jones, que atingiu o grande público com sua adaptação para série no Netflix, Miles Morales, já citada novidade do mundo dos atiradores de teia, e Riri Willians, que agora será a nova Homem de Ferro.
Essa não é a primeira vez que Tony Stark deixa seu ofício de super-herói de lado. Em maio de 1983, na Invincible Iron Man #170, James Rhodes, o melhor amigo de Tony, assume a armadura do milionário mulherengo para impedir que as Industrias Stark fossem destruídas por um vilão chamado Magma. Rhodes arca com a responsabilidade de ser o herói pois seu amigo, Tony, não estava em condições de “pilotar” a armadura. Stark vinha sofrendo de alcoolismo, e essa condição não mudou tão cedo, somente na edição número 191, em fevereiro de 1985, Tony Stark retorna a usar sua armadura.
A saga é adaptada para o cinema de forma conservadora no segundo filme do Homem de Ferro, onde o carismático ator Robert Downey Jr. interpreta Tony Stark durante sua crise de alcoolismo justificada no filme por uma atitude desesperada uma vez que o personagem enfrentava a morte devido a intoxicação causada pelo reator arc, dispositivo que alimenta a armadura do Homem de Ferro e impede Stark de morrer por complicações cardíacas causadas pelos estilhaços da bomba que o atingiu no primeiro filme. Durante a crise, Rhodes, interpretado por Don Cheadle, enfrenta Stark a fim de impedir que o amigo causasse maiores danos e problemas para si e para os outros, então Rhodes veste a armadura para assegurar que seu poder não caia em mãos erradas.
Tony Stark, o Homem de Ferro, é um dos maiores e mais antigos personagens da Marvel. Criado em março de 1963, por Stan Lee, Larry Lieber, Don Heck e Jack “The King” Kirby, o Homem de Ferro surgiu como uma aposta azarada da Casa das Ideias em criar um personagem inspirado na indústria bélica, que nos anos 60 foi o principal alvo dos protestos de jovens contrários às intervenções militares estadunidenses. Para a grata surpresa da editora, o Homem de Ferro caiu no gosto do publico leitor e se tornou um dos carros chefes da Marvel até os dias de hoje, que encontrou na figura de Downey Jr. uma revitalização do personagem que promoveu o Homem de Ferro ao protagonismo dos principais eventos do universo ficcional da Marvel, além de inserir o mesmo em diversas mídias, como desenhos animados e videogames.
Muito se discute sobre quanto tempo Robert Downey Jr. interpretará Tony Stark, pois o ator está no cargo desde 2008 quando se iniciou a trilogia de filmes do Homem de Ferro, além de integrar a equipe dos Avengers em seus dois filmes já lançados e sua recente participação significativa no terceiro filme do Capitão América, lançado este ano. Foi confirmado também que Downey Jr. estará como Tony Stark no filme do Homem-Aranha: Homecoming, que estreará em 2017.
Com a imanente necessidade de substituir os atores que interpretam seus principais personagens nas telonas há quase uma década, a Marvel atualmente possui uma grande quantidade de opções para alterar seus títulos sem recorrer no famigerado reboot, ou seja, sem precisar reiniciar suas histórias. Então nos resta a dúvida: será que veremos estes novos personagens da Marvel rompendo os paradigmas não só nos quadrinhos, mas também nos cinemas?
Nós do Maxiverso estaremos sempre atentos às novidades, então descubram nos “próximos episódios” das nossas colunas, true believers!
Raul Cassoni
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Como já vimos, essa empreita fracassou. A era das representatividades forçadas passou. A Marvel já admitiu publicamente o fracasso e deve rever a maioria dessas viajadas. Não que eu não queira heroínas mulheres e negras, eu quero (sou negra, só faltava eu não querer… kkk), mas eu não quero que TROQUEM o Tony por uma nova personagem, eu adoro o Tony e pra mim e todos que leem HQs desde criança, ELE É O HOMEM DE FERRO! Não quer uma Jane sem-graça Foster como Thor, quero o THOR ORIGINAL! E por ai vai… pq não criam uma nova personagem/alcunha nórdica pra Jane? Pq não empoderam a Sif? Ia ser muito melhor. A Riri daria certo se surgisse a Iron Heart como algo NOVO, não como um substituto do Iron Man. Infelizmente por décadas os brancos cisgeneros eram 99% das criações nos quadrinhos, mas não será obliterando os personagens clássicos que vamos compensar isso. Não quero um Johnny Storm negro… fala sério! O Johnny não é negro, isso é forçar DEMAIS a barra. Não quero um Luke Cage branco pelo mesmo motivo (ainda mais, rs, já que tem poucos negros nas HQs). A ideia da Marvel até foi legal, a realização nem tanto. Vão rever isso e talvez acertar o passo. A própria Riri, pode se transformar em uma personagem com personalidade própria, sem ficar no lugar do Tony. Torço pra isso! Kisses…
Joana, concordo em partes contigo. Não concordo que os personagens devem permanecer imutáveis, acho um tanto conservador demais isso. Gosto dos personagens como são, mas gosto quando propõe uma mudança até mesmo radical. A questão é que aquele personagem “clássico” não vai deixar de existir se mudarem ele. Ex: rolou o maior bafafa por causa do Capitão América se tornar da Hydra. Particularmente, não gostei da história e nem muito da ideia, mas blz, não acho que devem impedir que autores façam isso com os personagens.. mesmo pq, existe um zilhão de histórias deles, eu posso ler a que eu gostar mais, oras.
Como indiquei nesse mesmo texto aqui, essas mudanças não são “modinha” ou coisa de agora.. isso sempre rolou.. então nessa última vez que o Tony pendurou a armadura, eu pensei “legal mudarem um pouco, mas eu sei que em breve ele volta pro posto dele”. Outras pessoas reagiram como se descobrissem que não são filhos de seus próprios pais… acho que rola muito exagero na reação dos fãs e muita precipitação.
Concordo contigo que o ideal seria criar personagens novos, ou até mesmo como vc sugeriu dar ênfase em personagens já criados e que não são bem aproveitados.
Quanto à queda das vendas, acho que rola uma má fé em dizer que a culpa foi das minorias.. na tal reunião pra se discutir a queda das vendas, essa era UMA das pautas.. não a única, nem a maior. Tinha outras pautas que eu acho bem capaz de ser responsável pela queda das vendas, por exemplo: o excesso de grandes arcos que envolvem muita gente e arcos que reiniciam a coisa toda ou geram 500 spin off.. o excesso de descontinuidade nas histórias.
Ps: eu gostei bastante da ideia da Jane virar Thor e o Thor se tornar indigno.. podia ter sido outra mulher que não a Jane Foster necessariamente, mas a ideia de uma mulher como Thor foi muito boa e o Thor Indigno foi um chacoalho muito necessário pro personagem que tava meio preso numa mesmice.
Abraço
Claramente o autor não entende que, não é porque ELE não se importa que agora the Thor seja mulher, que OUTROS também não se importem. Não é pq ELE não se importa do Tony não ser mais o Iron alguma-coisa, que OUTROS também não se importem. Claro que o excesso de spin-offs e outros fatores também influenciaram a decisão da Marvel, mas essa tentativa forçada de enfiar representatividade guela abaixo dos leitores alterando seus personagens clássicos TAMBÉM foi um dos principais motivos apontados na tal reunião. Não é “culpa” das minorias, é culpa dos editores por acharem que fazendo essas lambanças todas eles estariam contemplando as minorias, mas esqueceram evidentemente das MAIORIAS, que não quer que troquem um guerreiro asgardiano clássico por uma mulher até então pouco representativa em termos de popularidade, só e apenas só para dizer que agora the Thor é um personagem feminino. Que se criem personagens para representar as minorias, acho válido, claro. Mas que não se troquem simplesmente os clássicos pelos novos. Eles podem coexistir.
bem vindos ao mundo o mimimi… Todos os herois transformados em minorias, desde que os vilões sejam HOMENS BRANCOS HETEROS. HOMENS BRANCOS HETÉROS INTELIGENTES, porque se notar bem todo herói foi transformado em burro ou sem maturidade (Thor, Superman, etc…) além de todos terem segredos obscuros no passado… que saudades das boas histórias com heróis que eram adultos de verdade… HOje só o vilão é inteligente (como se fosse para dizer que o homem ou é bobão ou canalha, homem bom é liderado, homem que tenta liderar é mau0, veja nos filmes mesmo, o Iron Man é inteligente mas completamente infantil (Pepper é Madura), Thor é um bocó (Jane é cientista e Madura), Loki é inteligente, até no Frozen, Mulher Maravilha “kick ass”, Superman e Batman são burros (até o Batman hoje é burro), todos homens inteligentes são maus, os bobões são os bons… é sim um padrão…
O autor não está criando nada, está apenas sendo preguiçoso, aproveita-se do panorama da diversidade para faturar e não colabora de fato com a cultura negra. Difícil é criar algo novo como Pantera Negra, Luck Cage, Tempestade, Falcão quando não era politicamente correto. A cultura negra é rica, mais rica ainda atualmente, quantos heróis essencialmente negros poderiam ser criados ligados às suas raízes. Inspiração não falta: música, esporte, política, cinema. Nunca os negros estiveram tão bem representados. A Marvel ao invés de criar mimetiza (mulher Thor, mulher homem de ferro; eu sei, não é assim que a Marvel quer que chamemos, mas é assim que parece).
Jorge, é tanto politicamente correto que o THor mesmo virou um babaca beberrão, o Odin virou outro babaca e a Frigga e a nova Thor são sábias e maduras… MUlher Maravilha sábia, Superhomem e Batman infantis e burros (Batman burro!!!). Em tudo perderam a mão, tem história do Batman que o moleque dele de 10 anos derrota um cara que derrotou o Batman (para deixar claro que não é machismo, mas lógica… precisa o herói ser burro? Todo homem é imaturo? Toda mulher e gay são maduros, corajosos e de bom curacao?) COitado de quem tem que criar um filho hoje
Sinceramente não vejo problema, enquanto as histórias forem boas e bem argumentadas. Como disse em resposta ao Gael, claro que essas mudanças podem ser oportunismo comercial, uma vez que se intenciona atingir novos mercados relacionados às minorias. Então concordo com o que e Jorge falou, o ideal seria ver personagens novos que tragam o protagonismo desses segmentos sociais como em outros períodos já ocorreu. Mas diferente da época dos anos 70 e 80, o ideal seria que esses personagens fossem pensados e criados por aqueles que se identificam com eles. Hoje em dia cada vez mais a Marvel e a DC contratam escritoras e ilustradoras para suas heroínas, mas os números ainda são pequenos comparados com a maioria de homens. A própria Riri Willians será uma adolescente negra escrita por um adulto, homem e branco. Claro, a etnia e o sexo do autor não significam que ele não seja capaz de fazer isso, mas manja aquele incômodo ao assistir aquele filme do Hulk que tem cenas no Brasil e ver aquela galera falando um portunhol nada a ver? Então, é isso que acontece quando alguém distante de sua realidade tenta retratar ela muitas vezes rs… tá, brincadeira a parte, o mercado dos quadrinhos (e a sociedade) tem passado por um forte processo de reestruturação em questão de representação e representatividade dessas parcelas significativas da sociedade, então essa polêmica, essas discussões, são parte natural de um processo que é extremamente saudável e necessário.
Com relação ao que vc disse, AgN68, não podemos generalizar, os personagens são retratados de diversas maneiras em vários meios, então temos que considerar que, como a Disney comprou a Marvel, em mídias voltadas ao grande público e ou ao público infantil como o cinema e os games, os personagens vão ser retratados de forma mais cômica ou amena, mas isso não significa que em geral não possamos mais encontrar representações deles com conteúdo mais adulto.. E no próprio cinema temos personagens que fogem o estereotipo de burros que vc disse.. achei o Capitão América bastante inteligente e maduro no Universo Cinematográfico da Marvel. e não podemos esquecer o bom e velho Batman, que na nova adaptação pras telonas reforçou o tipo sério e sempre um passo à frente dos outros por sua inteligência… então relaxem, deem uma chance pra essa nova geração de quadrinhos da Marvel e da DC 😉
Ótimo post, muito informativo. Vamos ver como será a recepção dessas mudanças.
Obrigado Karina! As mudanças estão dando o que falar, mas pra indústria do quadrinho é aquele velho ditado “falem mal, mas falem de mim”! 😉
Gosto de ver editoras sempre promovendo mudanças e acho super interessante notar que, diferentemente do que seria normal, a porção mais conservadora está nos fãs e não nas cabeças criadoras. Mais uma prova que a cultura, pop ou não, é uma forma de propor mudanças necessárias na sociedade!
Gael, concordo contigo.. e realmente, em geral os fãs são mais conservadores que os artistas. Mas na minha opinião, mudanças como este caso do Homem de Ferro acabam não agradando nem gregos e nem troianos.. pois os fãs mais conservadores preferem que não hajam mudanças radicais nas histórias e personagens que conhecem, enquanto os fãs mais liberais, que anseiam por novidades e ou pelo empoderamento dos segmentos sociais historicamente excluídos, acabam não gostando de ver personagens simplesmente mudando de etnia ou gênero. Alguns casos creio que tenha dado certo, como as novas histórias da Miss Marvel e da Capitã Marvel, mas em casos como da Jane Foster como Thor ou como este da Riri, é mais complicado.. pois passa uma impressão de que elas estão substituindo os personagens originais, ou seja, têm o estigma de ser “uma mulher com a armadura do Stark” ou “uma mulher com o martelo do Thor”.. Acredito que seria melhor que criassem personagens novos, invés de ficar reformulando os antigos.. claro, se a reformulação for criativa e bem feita, será sempre bem-vinda, mas é difícil não parecer um mero oportunismo ao reutilizar personagens que já fazem ou fizeram grande sucesso..
Quem é aquele indio ali na ultima imagem????????????
Fred, este personagem é o Lobo Vermelho. Foi criado por Roy Thomas e John Buscema em 1970 para a revista número 80 dos Avengers. William Talltrees ganhou seus poderes místicos ao orar pedindo para uma entidade chamada Owayodata poderes para vingar a morte de seus pais. Além de seus poderes, o Lobo Vermelho é acompanhado por um guardião.. sim, um lobo.. rs.