Crítica: Creed – Nascido para Lutar
Creed – Nascido para Lutar
Direção: Ryan Coogler
Elenco: Sylvester Stallone, Michael B.Jordan, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Tony Bellew, Ritchie Coster e Graham McTavish.
Após a despedida do garanhão Italiano nas telas com o tocante Rock Balboa de 2006, Sylvester Stallone retoma o papel que definiu sua carreira em Creed – Nascido para lutar. Para a surpresa de todos, motivado talvez pela incapacidade do ator de admitir o fim do personagem, Stallone mostra que ainda tinha uma pequena faísca dramática para tirar de seu alter-ego.
Um longa que consegue ao mesmo tempo manter coerência à história do personagem icônico, como possivelmente renova a franquia sem desrespeitar o material original. Entretanto, o filme carece totalmente do carisma de Rocky e sua bagagem referencial para que funcione, sendo este, talvez, o grande gargalo deste novo filme.
O roteiro de Ryan Coogler em conjunto com Aaron Covington, não se esconde tentando criar algo novo dentro da mitologia da série e usa o velho argumento usado em Rocky – um lutador. Assim, o jovem Creed passa boa parte do tempo em treinamento para enfrentar o campeão do mundo, Rick Pretty Conlan (Bellew), sem que realmente fosse esta a sua obrigação dentro do contexto apresentado. O filme fica refém dos próprios clichês e Creed não consegue por conta própria seguir seu próprio caminho sem ater em demasia ao passado; como por exemplo, o clímax, que sempre foi obviamente o acontecimento mais esperado dos filmes, se torna algo forçado e sem base dramática alguma, uma vez que os oponentes são indiferentes um ao outro.
Crescendo dentro de instituições para menores, Adonis (Jordan) tem sua vida transformada ao descobrir que é filho bastardo do lendário Appollo Creed, morto em Rocky IV. Após contar com a ajuda da viúva de Appollo (Rashad) ele recomeça a vida no luxo da família Creed, mas ainda buscando seu lugar no mundo. Quando seu lado boxeador fala mais alto, ele decide abandonar o emprego e buscar ajuda com o velho amigo do pai. As decisões dos personagens são tomadas de maneiras apressadas demais e a edição não ajuda ao tornar tudo menos abrupto, soando certa falta de cuidado nas motivações do protagonista; como visto, no inicio do longa, o jovem lutador decide tomar uma decisão para no momento seguinte, contemplarmos sua escolha através de imagens das lutas dos filmes anteriores sem que realmente nos convencermos de sua autenticidade.
O bom Michael B. Jordan consegue se mantêm fiel a proposta do filme e junto com Tessa Thompson conseguem criar um casal até certo ponto simpático. Os dois por momentos protagonizam boa cenas, e o casal tem um boa química devido aos seus dramas, principalmente Bianca (Thompson) por ironicamente ser vítima de sua própria profissão. Todavia, tudo um pouco longe do que foi feito por Stallone e Talia Share no filme de 1976. Mas quando Rocky entra em cena a percepção é que Stallone está tão à vontade que parece jamais ter deixado o papel (que de certa maneira é verdade). A dinâmica com Adonis funciona, usando o tradicional confronto de gerações nos diálogos acaba rendendo bons momentos, como por exemplo, o fato da palavra nuvem possuir significados diferentes para ambos.
A velha caracterização de Rocky e seu conhecido figurino estão lá: a velha calça e casaco de moletom, o velho chapéu, acrescido de uma jaqueta contra o frio e agora um par de óculos. Todos os velhos trejeitos e gestual do boxeador que Stallone sempre incorporou ainda permanecem. Mas o ator, ciente da idade, faz questão de deixar bem claro, através da voz e expressão, que estamos diante de um homem que enfrenta a solidão como nunca fez. O drama do personagem não deixa de nos emocionar no melhor diálogo do filme quando tenta expurgar suas dores e perdas de um homem que vive apenas de lembranças. Mesmo sendo uma cena esquemática, por repetir o que foi feito no filme anterior, a cena funciona pela atuação comovente do ator.
As óbvias referências são vistas principalmente na fotografia que remete as famosas ruas da Filadélfia que se tornaram símbolos. Assim como as sequências de treinamento pelas ruas incentivado pelos moradores – devidamente atualizados para o universo do protagonista – e é claro a famosas escadarias imortalizadas durante toda a saga. E não podeira falta, claro, a famosa trilha sonora criada por Bill Conti, que pode ser ouvida brevemente durante a luta final.
Obviamente, estamos cientes que após quarenta anos , as lutas e dramas de Rock Balboa que tanto acompanhamos estão chegando ao fim. Entretanto, uma nova geração de filmes se abre, mas vale perguntar se Creed terá fôlego para um continuar o legado deixado por uma saga tão coerente e que explorou o máximo suas possibilidades.
Rodrigo Rodrigues
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legal, mas por mais que o ator seja carismatico, o Rocky tinha um apelo maior, e mesmo com o Stallone no elenco nao é a mesma coisa… fica abaixo da saga do Rocky portanto
Creed conseguiu fazer dois filmes bons…Rocky não são todos que são bons…o filme 5° por exemplo, é uma bomba…
o 5 os fãs nem levam em conta hahaha mas a maioria é muito legal e o 1 e 2 sao muito bons, o 3 e 4 sao mais caricatas
Interessante
Vou assistir para comprovar.
Ricardo,
Obrigado por ler a critica. Espero que tenha gostado do filme.
Abraço
Muito boa a crítica, parabéns. Assisti o filme e praticamente concordo com tudo o que vc escreveu. Saí saudoso do cinema rs… adeus Rocky!
Obrigado Jonas pelo comentário e elogios. O feedback dos leitores que motiva a continuar a escrever.
Acredito que o personagem já fez tudo que podia. Realmente saímos saudosos dos cinema rs
Abraço e novamente obrigado.
a trilha sonora é a classica?
Ola Lavínia.
Obrigado novamente por ler a crítica e espero que tenha gostado.
A Trilha sonora não é a clássica exatamente, apenas a famosa música tema e incorporada na luta final de maneira rápida.
De resto são novas músicas para adaptar o filme ao contexto do protagonista.
Abraço.
Rocky sem Gonna Fly Now no treino não é Rocky rsrsrssrsrs
Desdêmono Torres.
Realmente a trilha de Rocky é a alma do filme. rs
Mas ela esta presente. Um pouco, mas esta la
Abraço.