Resenha: A Mão Esquerda da Escuridão

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Título original: The Left Hand of Darkness
Autora: Ursula K. Le Guin
Ano: 1969
Tradução: Susana Alexandria
Editora: Aleph
Páginas: 296

Sinopse:

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Genly Ai foi enviado a Gethen com a missão de convencer seus governantes a se unirem a uma grande comunidade universal.

Ao chegar no planeta Inverno, como é conhecido por aqueles que já vivenciaram seu clima gelado, o experiente emissário sente-se completamente despreparado para a situação que lhe aguardava.

Os habitantes de Gethen fazem parte de uma cultura rica e quase medieval, estranhamente bela e mortalmente intrigante. Nessa sociedade complexa, homens e mulheres são um só e nenhum ao mesmo tempo. Os indivíduos não possuem sexo definido e, como resultado, não há qualquer forma de discriminação de gênero, sendo essas as bases da vida do planeta. Mas Genly é humano demais. A menos que consiga superar os preconceitos nele enraizados a respeito dos significados de feminino e masculino, ele corre o risco de destruir tanto sua missão quanto a si mesmo.

(Fonte: Editora Aleph)

Crítica:

Depois de muito tempo sem ler, escolhi a Mão Esquerda da Escuridão para voltar à ativa. Não tinha como me decepcionar com o livro vencedor dos prêmios Hugo (1970) e Nebula (1969).

Conheça Gethen, um mundo invernal, e sua população andrógina. Genly Ai é um emissário da federação galáctica Ekumen. Sua missão no planeta é dialogar com os habitantes e seus respectivos governos para se unirem à coalizão.

Vemos o trajeto do emissário e suas ponderações a respeito da estruturação social de Gethen. A análise de um povo fictício em um planeta que não existe, com seus mitos e histórias, que vão intercalando o livro ao longo da narrativa.

Ursula Le Guin explora com maestria a tridimensionalidade das personagens e suas divergências de pensamento. Por não terem características sexuais definidas (exceto durante o kemmer, que é quando ocorre um pico hormonal e cada parceiro assume um papel, masculino ou feminino), há uma lógica de organização social diferente. O conflito de Genly Ai com outros personagens, principalmente com Estraven, revela o quanto o ser é fruto de suas condições e modelos sociais.

Por não permanecerem num sexo definido, não existem papéis de acordo com uma lógica heteronormativa, não há um “sexo frágil”. Isto influencia diretamente nas relações, pois a dualidade se dá no conflito de princípios. Não há um feminino a ser demonizado, quando o próprio rei fica grávido. São os ideais e ambições que movem o livro e, ainda assim, limitados por um planeta que age contra seus habitantes.

A leitura no início não é tão fluida, em parte pelas expressões do vocabulário dos habitantes de Gethen, como também por estarmos tão perdidos na situação quanto – eventualmente – Genly Ai. Ao longo do livro nos acostumamos com a situação do planeta e o contexto no qual o personagem está inserido, e então tudo flui rapidamente: nos aventuramos pelo gelo, compreendemos a história e a percepção dos pesquisadores e, quando vemos, já estamos no final, um pouco órfãos da história que acabou.

E, de extra, se a proposta do livro não for cativante o suficiente, a introdução da autora já vale o investimento. Começamos o livro não pela história, mas pela reflexão de Le Guin, tratando da lógica de produção da ficção científica e sua capacidade de descrever o mundo através de metáforas. A verdade, afinal, é uma questão de imaginação.

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AvatarRenata-150x150 Resenha: A Mão Esquerda da Escuridão
Estudante, blogueira, preguiçosa, manifestante de gaveta e comilona. Largou a Filosofia e fugiu para a Arquitetura, e, desde então, acha que dormir é luxo.

1 thought on “Resenha: A Mão Esquerda da Escuridão

  1. Não acredito que, FINALMENTE, encontrei alguém que leu este livro e teve a benção de fazer uma resenha <3 É um dos meus livros preferidos, sou fã de carteirinha da titia Ursula e fiquei imensamente feliz de vê-lo aqui, sendo resenhado com tanta propriedade. Obrigada, Renata.

    Abs,
    Ruh Dias
    perplexidadesilencio.blogspot.com

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