Lista: Cinco papéis de DiCaprio que mereciam o Oscar
Dia 29 de fevereiro. Leonardo DiCaprio finalmente conquistou o Oscar de Melhor Ator. Foi uma árdua batalha, cheia de injustiça, revolta, memes nas redes sociais e a serenidade constante do nosso amigo Leo, que não parecia sofrer com o esquecimento da Academia.
Foi mais difícil do que achar uma tábua de madeira para salvar a Rose; foi mais longo do que as páginas do diário de um adolescente; foi mais trabalhoso do que se infiltrar num filme do Scorsese; foi mais desafiador do que procurar um louco e descobrir no fim das contas que o louco é você; mas a vitória foi mais prazerosa do que todo o dinheiro que o “lobo” de Wall Street conseguiria arrecadar.
É, meus amigos, vamos gritar todos juntos: #SOMOS TODOS LEO!
Para homenagear nosso querido Leonardo DiCaprio e mostrar que ele já merecia o Oscar há muito tempo, selecionei cinco filmes que, na minha opinião, já deveriam ter ajudado o ator a ganhar o tão famigerado prêmio da Academia. Eles estão organizados em ordem crescente, no que eu considerei ser “do pior para o melhor filme” do Leonardo DiCaprio. É óbvio que minha opinião pode ser diferente da sua, mas é aí que a seção de comentários fica ainda mais divertida, não é? Desçam a lenha!
Percebam que, dos cinco filmes, quatro contam com a direção de Martin Scorsese. Em time bom não se mexe, não é?
(aliás, não preciso nem falar que tem spoiler aqui, certo? ah, ok…)
Estão prontos?!
[dropcaps style=”style-3″ fchar=”5″][/dropcaps]Os Infiltrados (The Departed, 2006)
Lembro de assistir esse filme e pensar “esse Leonardo DiCaprio malandrão é bem interessante”. Não conhecia muito os filmes dele na época, mas era meu primeiro contato com um lado diferente do ator – um lado que me chamou muito a atenção e me fez prestar atenção nele. Em Os Infiltrados, ele vive Billy Costigan, um policial que deve se infiltrar (dã!) no grupo mafioso de Frank Costello (o mestre Jack Nicholson) com o intuito de reunir provas contra seus membros e colocá-los atrás das grades. Do outro lado, temos Matt Damon, numa performance também memorável como o trambiqueiro Colin Sullivan, que deve se infiltrar na polícia a fim de se tornar informante de Costello. A trama fica ainda mais interessante quando ambos descobrem que existe um espião observando cada um de seus passos.
Já disse que esse papel revelou um lado diferente de Leonardo DiCaprio para mim, mas ao mesmo tempo, tive a sensação de que Billy Costigan era o papel perfeito para ele. DiCaprio não estava apenas a vontade interpretando o policial que finge ser gangster… ele era mesmo um mocinho que tinha que se acostumar com a ideia de ser malvadão. Se as pessoas ainda não levavam a sério o lado artístico de Leonardo DiCaprio, essa impressão com certeza mudou depois desse filme – isso porque, além de inovar na própria carreira, ele mostrava que possuía carisma suficiente para aguentar o peso do filme nas costas, se destacar em meio a grandes nomes do cinema e, ainda assim, ser o protagonista bonzinho que todo mundo torce para se dar bem no final. Uma pena que não é bem isso que acontece…
2006 foi um bom ano para Leonardo DiCaprio. Apesar de não ter concorrido ao Oscar com esse filme, o ator foi indicado pelo seu papel em Diamante de Sangue (que logo vai aparecer por aqui).
[dropcaps style=”style-3″ fchar=”4″][/dropcaps]Ilha do Medo (Shutter Island, 2010)
Baseado no romance homônimo de Dennis Lehane (um autor que recomendo fortemente para qualquer leitor que se interesse por uma boa ficção), Ilha do Medo nos apresenta um crime que deve ser solucionado. Estamos no ano de 1954, e um paciente do Shutter Island Ashecliffe Hospital, hospital psiquiátrico situado numa ilha isolada na região de Boston, desapareceu. Para encontrá-lo, são chamados os detetives Teddy Daniels (nosso Leo) e Chuck Aule (o sempre sem tempero Mark Ruffalo). Logo, algumas atitudes da equipe de médicos e cuidadores do hospital levantam suspeitas. Eles evitam falar sobre o desaparecimento e não liberam documentos que são considerados fundamentais para a investigação.
O filme dá uma reviravolta tremenda quando nos é revelado que Teddy Daniels não é um policial, e sim um paciente do hospital que tem fantasiado com outra realidade para fugir da sua própria: a esposa matou seus três filhos e ele, dominado pela raiva e prestes a enlouquecer, acaba assassinando-a. Incapaz de lidar com o crime que cometeu e ciente da própria selvageria, Teddy decide internar-se. O interessante é que o filme apresenta a nova trama de uma maneira tão bem planejada que você duvida dela e acredita que tudo não passa de uma conspiração do hospital para impedir que o verdadeiro crime seja revelado (inclusive, algumas pessoas realmente acreditam que é esse o caso mesmo depois de terem assistido o filme todo).
Na verdade, todos os personagem que interagem com Teddy vivem essa fantasia junto com dele a pedido do médico e diretor do hospital, Dr. Cawley (o ator com mais cara de vilão de Hollywood Ben Kingsley), que prefere tentar esse tratamento alternativo ao invés da lobotomia. O resultado, entretanto, não é de acordo com o esperado.
Leonardo DiCaprio sequer foi indicado por esse filme, mas a dualidade do personagem é tão interessante que acredito valer no mínimo uma indicação. Além disso, vemos um ator mais maduro, que abandonou o caricato “mocinho” para classificar-se apenas como “protagonista”.
[dropcaps style=”style-3″ fchar=”3″][/dropcaps]Diamante de Sangue (Blood Diamond, 2006)
O primeiro filme da lista que rendeu uma indicação para Leonardo DiCaprio (e o único que não é dirigido pelo Scorsese), Diamante de Sangue conta com o cruzamento de três vidas que não possuem quaisquer elementos em comum. De um lado, temos DiCaprio como o brilhante Danny Archer, um mercenário que troca diamantes por armas e vive a violência contínua da república do Zimbábue. Do outro, o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou) encontra um diamante que pode mudar sua vida, que não está lá aquelas coisas depois da separação da família e do triste destino do filho, fadado a se tornar um soldado mesmo ainda sendo uma criança. No meio deles, a jornalista Maddy Bowen, interpretada pela belíssima Jennifer Connely, tenta desvendar os mistérios por de trás dos “diamantes de sangue”, nome que se dá aos diamantes extraídos em zonas de guerra africanas e vendidos para financiar conflitos e, assim, gerar o lucro dos senhores da guerra e empresas de diamantes em todo o mundo.
Os interesses dos personagens são diferentes, e eles se vem de lados contrários. Não há certo ou errado, apenas o inevitável. O personagem de Leonardo DiCaprio é dubio e tem suas próprias motivações, já que seu maior desejo é fugir da África e deixar toda a violência que testemunha diariamente para trás. Solomon Vandy, por sua vez, tem ares de “herói com vida difícil”, mas o personagem em si é muito mais profundo que isso, já que ele se mostra disposto a tudo para preservar a família. Maddy Bowen, por sua vez, é movida por um forte senso de justiça, mas não hesita em usar as pessoas para conseguir o que quer.
Diamante de Sangue é uma produção colaborativa entre Estados Unidos e Alemanha. A política possui um grande espaço no filme, bem como os impactos causados por ela na vida de pessoas comuns.
O ano de 2006 foi duplamente frustrante para mim, pois além de Leonardo DiCaprio não ganhar, Ryan Gosling também não faturou seu Oscar. Para quem não se lembra, o ator foi indicado pelo papel de um professor viciado em drogas no filme independente Half Nelson. Quem ganhou nesse ano? Forest Whitaker com o filme O Último Rei da Escócia. Você lembra? Pois é, nem eu.
[dropcaps style=”style-3″ fchar=”2″][/dropcaps]O Aviador (The Aviator, 2004)
Até hoje, me lembro de uma cena específica desse filme: Howard Hughes pede o projeto de um avião para um de seus empregados, e não consegue mais parar de repetir a mesma frase. “Gimme de blueprints”, “Gimme de blueprints”, “Gimme de blueprints”, “Gimme de blueprints”. É assustador, incômodo, surpreendente e, ao mesmo tempo, triste. Triste, porque vemos um homem brilhante tendo que lidar com um problema de saúde que ele não escolheu ter. Esse filme comprova como uma enfermidade mental pode afetar muito mais nosso corpo e a pessoa que somos do que uma doença física.
Howards Hughes, para quem não se lembra, era um multimilionário aviador e diretor de cinema. Dirigiu o Scarface de 32 e Anjos do Inferno, um dos filmes preferidos de Scorsese (que, por sua vez, assina a direção de O Aviador). Era muito conhecido por sua excentricidade e pela vida pessoal conturbada, e esses são justamente os temas centrais de O Aviador. DiCaprio contracena com duas Cates/Kates, uma com C (Blanchett, que, para variar, está ótima) e a outra com K (Beckinsale, uma das minhas atrizes favoritas), além de Alec Baldwin e até Gwen Stefani. O filme possui várias cenas memoráveis e perturbadoras (como Howard Hughes colocando garrafas de vidro enfileiradas com seus próprios dejetos, uma ao lado da outra), e foi a primeira vez que senti que nosso Leo era capaz de carregar um filme sozinho – e sim, para quem discordar, eu acredito que ele carrega o filme sozinho. Trata-se quase de uma cinebiografia sobre uma figura histórica que ele interpreta, oras!
Os problemas com a justiça, o TOC, o lado charmoso e encantador, que fazia todas as mulheres se derreterem… Todas essas facetas de Hughes são muito bem interpretadas por Leonardo DiCaprio, que chegou a ser indicado ao Oscar por esse papel em 2004, mas acabou perdendo injustamente para o Ray de Jamie Foxx.
[dropcaps style=”style-3″ fchar=”1″][/dropcaps]O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Sreet, 2013)
Por mim, eu terminaria a publicação aqui, porque não vejo motivos para explicar porque Leonardo DiCaprio merecia o Oscar por seu papel em O Lobo de Wall Street. Mas tudo bem, vamos colocar mais umas cem palavras aqui para te convencer que estou certo.
Jordan Belfort sonha com a riqueza fácil. E se aproveita do Black Monday, um dos eventos mais polêmicos e amorais da história dos Estados Unidos, para alcançar seu objetivo. Vendendo ações de pouca procura, mas que geram uma gorda comissão para seu próprio bolso, Jordan logo se vê com mais dinheiro do que seus cofres podiam suportar. Ele e seus amigos passam a viver a vida intensamente, encarando o prazer absoluto como algo obrigatório em suas rotinas. Isso já garante diversas cenas politicamente incorretas e, como já disse aqui, é interessante ver Leonardo DiCaprio num papel como esse.
Parte do mérito da grandiosidade do filme está na direção de Scorsese, mas novamente é DiCaprio que demonstra firmeza e segurança no papel. Temos sexo demais, palavrões demais, ousadia demais. A abundância está presente na sua forma mais pura nesse filme, e o que tinha tudo para ser uma cópia descarada de Wall Street – Poder e Cobiça, transforma-se num filme único, com identidade, com um tom próprio e com algumas técnicas de produção atípicas – a citar, por exemplo, a mudança do fullscreen para widescreen em vários momentos da história.
O que chama a atenção, além de tudo que já citei aqui, é a lábia que o personagem de Leonardo DiCaprio possui – e como ele faz tais ações manipulativas serem naturais, quase até justificáveis. Além disso, o que dizer de um galã de Hollywood que se submete a uma cena de sadomasoquismo? A ousadia está presente não só na direção de Scorsese, mas também na direção que DiCaprio deu a própria carreira com o passar dos anos, sendo intensamente celebrada com a obra prima que é O Lobo de Wall Street.
Nosso amigo Leo foi indicado ao Oscar de 2013, mas acabou perdendo para Matthew McConaughey e seu Clube de Compras Dallas. Só eu que achava que 2013 devia ser o ano de DiCaprio e McConaughey, por sua vez, deveria ter ganhado o Oscar de melhor ator pelo seu papel em Interestelar, onde sequer foi nomeado?
Os ânimos ainda estão quentes por causa do Oscar, ou você acha que a cerimônia esfriou? Tem algum filme do Leo que eu esqueci de mencionar? Comenta ai e me ajuda a lembrar outras de suas performances memoráveis!
Marcus Colz
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Pipóóca!
E Diario de Um Adolescente….?
Opa, tudo bem, G Prattes? Gosto bastante da atuação dele em Diário de um Adolescente, mas considero-o muito mais maduro como ator nos papéis que encontram-se na lista.
Obrigado pelo comentário!
Bom texto… pena que nao me faz gostar mais dele. Sempre a mesma cara, mesma entonacao, mesma postura, mesmos trejeitos, mesmo cabelo… e qd muda, como em Regresso, eh pq foi pra atender o roteiro.
E ai Brunin, tudo bem? Acredito que toda modificação para um personagem deve ser realizada em prol do roteiro. Logo, a interpretação do DiCaprio visava o melhor desempenho para o personagem com base no roteiro e no que o diretor almejava.
Vejo diferenças gritantes em várias interpretações dele. É só pegar o personagem dele em O Aviador e comparar o Grande Gatsby, por exemplo. Ambos excêntricos, porém bem diferentes. Logo, concordamos em discordar nessa.
Obrigado por compartilhar sua opinião com a gente!
Naum tenho como opinar sobre esse belo post
#somostodosgloria
Muito boa a lista! To megafeliz pelo Leo… ainda nao vi Ilha do Medo… sim, infelizmente rs…
Opa, tudo bem, Marcinha?
Por favor, assista! É um dos melhores filmes com o meninão (e um dos melhores filmes de suspense que já assisti).
Se tiver oportunidade, leia o livro também!
Obrigado pelo comentário!
Achei muito merecido o prêmio ter ido para o Leo, o cara é demais. Você comentou aí que ele sequer foi indicado quando fez Ilha do medo e eu fiquei besta, o filme é ótimo e a atuação dele merecia uma indicação mesmo. Não sei o que a galera pensa, mas gosto muito de Prenda-me se for capaz. To querendo assistir Os infiltrados e O aviador também.
E ai Sheilinha! Como você tá? Valeu pelo comentário hein!
Então, também fiquei besta com isso. Muito injusto, e a injustiça foi corrigida com um filme que, ao meu ver, não é o melhor papel do Leonardo DiCaprio.
Assista esses sim! O Aviador é bem pesado no sentido psicológico da coisa, enquanto Os Infiltrados é um Scorsese dos pés a cabeça. Ambos valem a experiência.
Beijão!