Batman e Superman nos Cinemas
Com proximidade da estréia de Batman vs Superman – A Origem da Justiça, o Maxiverso continua com seu especial dos dois ícones da cultura pop. Depois da análise do filme Batman, de Tim Burton, vamos fazer um breve apanhando dos heróis no cinema.
Podemos comprovar que nenhuns dos dois tiveram vida fácil e que precisaram de todas suas habilidades para superar os desafios na tela grande que nem sempre foram permeados de acertos. Pelo contrário!
Batman
O personagem criado por Bob Kane em 1939, assim como a maioria dos heróis criados na época, tiveram seus contextos e origens mudadas de acordo com a demanda e contexto da época.
Por exemplo, nos filmes de baixo orçamento exibidos em episódios nos cinemas nos anos 40, Batman e Robin enfrentavam um vilão japonês (com direito a raio laser e capacetes controladores de mentes).
O Batmovel era um carro comum e a Batcaverna era uma espécie de escritório com mesa e tudo (o conceito da caverna como refúgio foi inventado nestes filmes e as HQ começaram a usar posteriormente). Outro detalhe interessante era que Batman e Robin eram , em suas identidades secretas, agentes federais a serviço da polícia (o Comissário Gordon não existia).
Aproveitando da onda de filmes como Mandrake, Flash Gordon, Tarzan, Batman foi um sucesso numa época que a TV ainda estava engatinhando.
Mesmo não tendo literalmente um filme lançado nos cinemas (mas sim um telefilme) não poderíamos de deixar de mencionar a série.
Assim, o herói chega aos lisérgicos anos 60 com uma roupagem colorida típica, humor acima da média e um Batman não tão em forma, em uma série de TV muito famosa.
Com episódios cheios de onomatopeias que marcaram época e sem qualquer cuidado com a essência do personagem, a série afundou a reputação do personagem durante décadas (até hoje muita gente tem esta série como referência para o personagem).
Entretanto, a série Batman foi um sucesso sendo cultuada até hoje. Mas ratifico que muitos fãs (inclusive eu) rechaçam a adaptação por comprometer o personagem. Inclusive pelo fato de alimentar as famosas piadas sobre a sexualidade do herói.
Somente em 1989, com Tim Burton, o personagem ganhou o respeito merecido. Batman retornou as suas origens sombrias na mão do diretor acostumado com mundos bizarros e fantasiosos.
Após o sucesso mundial do primeiro filme, Burton retornou a direção em Batman Returns de 1992. Com mais independência e poder de decisão de Burton, o filme consegue ser mais bem estruturado e mais completo que o primeiro. Contudo, os vilões roubam as cenas literalmente e deixa o protagonista em segundo plano.
Tim Burton e Michael Keaton pularam fora no terceiro filme. Assim, foram substituídos respectivamente por Joel Schumacher e Val Kilmer.
Com uma abordagem mais colorida (leia-se Neons) e visualmente menos estilizada que Burton, Joel Schumacher não consegue acrescentar nada ao personagem no seu Batman Eternamente.
Mesmo tentando se aproximar mais visualmente das HQ, o diretor faz o herói passar vergonha com mamilos no uniforme e um charada interpretado por Jim Carrey com um liquidificador na cabeça.
Se os fãs achava que Batman Eternamente foi um deslize, ledo engano. Tentando justificar como uma homenagem a série dos anos 60 (!), o diretor fez de Batman & Robin um dos piores filmes de super-heróis do cinema.
O filme tem todos os elementos que causam pesadelos nos fãs ate hoje: Batmamilos, closes nas nádegas dos atores, Batcartão, Batmovel carnavalesco, camisinha para lábios, o vilão Bane que mais parecia um boneco inflável…
Bem, não adianta ficar comentando muito. O filme é tão indefensável que diretor pediu publicamente desculpas e George Clooney se arrepende até hoje de ter vestido o uniforme.
Fim da linha para o nosso herói? Durante longos 8 anos, Batman foi esquecido e ninguém queria mais se arriscar a cometer o mesmo erro. Até que surge a figura do jovem diretor Christopher Nolan e tudo muda.
Em 2005, Nolan assumiu a franquia com Batman Begins, jogou tudo fora e começou do zero. Resultado? Um das maiores trilogias de heróis feitas. Uma abordagem realista, atual e contextualizada com a essência do personagem.
Batman se reergueu e ainda nos presenteia com o épico O Cavaleiro das Trevas, já o melhor filme de personagens em quadrinhos feito, junto com Superman.
Superman
O homem de aço também não teve um começo fácil em temos de adaptação se compararmos aos dias de hoje. Assim como Batman, Superman também foi se adaptando de acordo com a ocasião e suas origens, habilidades e universo eram constantemente atualizados (para o bem ou para o mal).
No início o personagem foi interpretado por Kirk Alyn numa série exibida nos cinemas na década de 40. Logo após, George Reeves interpretou o herói na famosa série As Aventuras do Superman, pegando carona no sucesso do longa metragem Superman and the Mole-Man, com o próprio Reeves.
Novamente, assim com Batman, o personagem não tinha um contexto definido e seus poderes ou habilidades eram descontextualizados. Superman poderia enfrentar um cientista louco querendo dominar o mundo, homens topeiras ou simples assaltantes de bancos.
Após a misteriosa morte de Reeves em 1959, o herói somente retornou ao cinema em 1978 com o clássico Superman dirigido por Richard Donner.
O filme, sem dúvida, é a melhor adaptação de um personagem em quadrinhos até hoje (ao lado de O Cavaleiro das Trevas). Dirigido de maneira quase religiosa por Donner, o filme consegue criar um mitologia própria que acabou sendo copiada para os quadrinhos na época.
Os efeitos são até hoje convincentes, a trilha sonora mágica de John Williams encanta de maneira única, a edição é ágil, personagem são carismáticos e ainda temos o mito Marlon Brando. Tudo perfeito!
Fora isso, o roteiro traz realmente um grande desafio para o protagonista (normalmente um problema para os roteiristas). Lembrando que , por ser poderoso demais , é difícil nos identificarmos com o personagem
Assim, não podemos esquecer também que o filme tem um dos finais mais arriscados, oníricos e poéticos do cinema. Lindo!
A imagem de Christopher Reeve se fundiu a do personagem para toda a eternidade. Ninguém fica imune que ele fez acreditar que o homem poderia voar e mudar o curso da história por causa da mulher.
Infelizmente, Richard Donner foi demitido por desavenças com os produtores durante as filmagens (o primeiro e segundo filmes foram filmados ao mesmo tempo).
O diretor Richard Lester terminou as filmagens se aproveitando de boa parte do que foi feito por Donner. Mesmo com um roteiro com problemas e o visível contraste na direção, Superman II foi um sucesso pelo seu ritmo e por inserir novos desafios ao protagonista com o icônico General Zod que se tornou figura constante nas futuras adaptações.
Com total domínio criativo em Superman III, Richard Lester fez o que sempre quis: transformar o filme do herói em algo mais cômico (algo parecido com que feito com Batman nos anos 60). Assim o humor que era apenas visto em nuances no segundo filme, neste terceiro longa, o diretor não poupa as gags, principalmente ao transformar o genial comediante Richard Pryor em protagonista.
Cenas bizarras, como na sequência final com imagens de videogame e uma mulher robô, o filme foi um fiasco. Claro que nem tudo foi perdido, a cena da luta no ferro velho, sem dúvida, é um das melhores cenas de toda a série. Graças claro, a Christopher Reeve que sempre nos convenceu que Clark Kent e Superman sempre foram indivíduos diferentes.
Superman IV chegou aos cinemas em 1987 e com mensagens antiarmamentista foi a última vez que vimos Christopher Reeve vestindo o manto. A série já estava desgastada e sepultou o herói nos cinemas durante um bom tempo.
Com efeitos especiais de quinta categoria e um Homem Nuclear com unhas grandes e vestuário duvidoso, o filme é uma seqüência de cenas constrangedoras (até hoje não consigo achar um razão para a personagem de Mariel Hemingway conseguir respirar no espaço na sequência final do filme). Fica até difícil entender como Gene Hackman aceitou retornar ao papel de Lex Luthor.
O herói ficou no purgatório durante anos e com especulações sobre um novo filme surgindo de tempos em tempos.
Entretanto, uma dessas historias se confirmou como verdadeira: Tim Burton foi cotado para revitalizar a franquia com nada mais, nada menos que Nicolas Cage como Superman. Mesmo o projeto de certa maneira encaminhado, não seguiu em frente.
Ao lado , como podem ver, uma das várias fotos divulgadas do teste de figurino feito pelo ator. Baseado na divulgação, peço que cada um tire a própria conclusão. Mas convenhamos que o uniforme não ficou tão ruim.
Com uma direção elegante e respeitosa de Brian Singer, Superman Returns de 2006 seria literalmente o retorno em grande estilo do personagem ao cinema. Seria.
Todavia, um roteiro problemático (que fica demasiadamente preso em render homenagens ao filme de 1978) e um casting defeituoso, decepciona o público e crítica fazendo com que o personagem volte para a berlinda.
Não que o filme de Singer não seja ruim. Ao respeitar o material de Richard Donner e possuir boas sequências (como a do resgate do avião), ajudado pela mítica trilha sonora do John Williams, o longa consegue alguns bons momentos.
Mas é só. Algumas decisões, por mais ousadas que fossem, não tiveram o efeito desejado e o elenco não ajudou. Brandon Routh por mais que tivesse alguns nuances de Christopher Reeve, não possuía a maturidade pedida pela história. Assim com a escolha errônea da jovem Kate Bosworth (22 anos na época) para interpretar um Lois Lane com filho e ganhadora do Pulitzer.
Até que surge Zach Snyder trazendo uma nova roupagem ao personagem.
Bebendo diretamente dos quadrinhos, o diretor transforma Homem de Aço numa batalha galáctica mais próxima das HQ atuais e completamente diferente das abordagens feitas pelos filme anteriores : Um Superman sem inocência e que com uma origem e narrativa que assustou um pouco os fãs mais antigos.
Contudo o maior problema é justamente a falta de humanidade e a direção de Snyder um tanto nervosa que não deixa o espectador respirar (não foi um elogio).
Mesmo assim, acredito que a decisão do diretor em apostar nesta abordagem deve ser respeitada, por entender que o personagem não poderia ficar preso eternamente ao passado e precisava de novos ares e direções.
Tanto Batman quando Superman, independente do sucesso do confronto entre os dois, continuarão com suas adaptações no cinema por muito tempo.
Mesmo com acertos, sempre haverá reclamação de fãs, mas o que se espera, pelo menos, que a essência dos personagens sejam mantidas e que os erros cometidos no passado não se repitam.
Rodrigo Rodrigues
Latest posts by Rodrigo Rodrigues (see all)
- Crítica: Coringa – Delírio a Dois - 11/10/2024
- Crítica: Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice - 13/09/2024
- Crítica: Alien – Romulus - 24/08/2024
- Crítica: Caça-Fantasmas (Ghostbusters) - 18/06/2024
- Crítica: Furiosa: Uma Saga Mad Max - 11/06/2024
Muito interessante esse artigo especial. Parece que os sites de cultura pop mais tradicionais estao ganhando um concorrente de peso.
Essa foi a melhor postagem que vi sobre o assunto… tem uns errinhos com virgulas espaçadas que deve ter passado na revisão, mas tirando isso ta perfeito.
Meus parabens.
Dedeca
Obrigado pelo comentário. Estamos nos dedicando ao máximo para atender os leitores.
Quanto aos espaçamentos estaremos atentos quando ocorrer.
Abraço
Muito interessante a materia……….. adorei relembrar tudo isso…… parbens pela pesquisa…… otima ideia voce teve
Jairo Lopes
Agradeço o elogio.
Toda a pesquisa e dedicação são compensadas com sua opinião.
Muito Obrigado,
Abraço