Crítica: Dois Caras Legais (The Nice Guys) – Dica Netflix

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doiscaras_cartaz Crítica: Dois Caras Legais (The Nice Guys) - Dica NetflixDois Caras Legais (Nice Guys)

Direção: Shane Black

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Elenco: Russell Crowe, Ryan Gosling, Angourie Rice , Matt Bomer, Margaret Qualley , Keith David , Yaya Da Costa , Beau Knapp ,  Gil Gerard , Daisy Tahan , Ty Simpkins , Jack Kilmer e  Kim Basinger

Dois Caras legais é eficiente ao mostrar o tradicional clichê de duplas de policiais com personalidades diferentes que se unem para investigar um crime. Recheado com um humor e gags eficazes – por momentos nonsense -, baseando sua estrutura nos longas policiais dos anos 70, o filme do diretor Shane Black é uma agradável surpresa e torna-se um produto que vai além das aparências.

O roteiro do diretor em conjunto com Anthony Bagarozzi é inteligente ao apostar nas referências setentistas e desenvolver a história com parcimônia e acrescentando os elementos e reviravoltas que em determinado momento ficam a margem do relacionamento dos protagonistas. Todavia, sem jamais deixar de ser pontuado pelo humor, vamos aos poucos sendo levados por ambas as narrativas.

Quando coincidentemente Healy (Crowe) e March (Gosling) começam a investigar uma trama de desaparecimento e morte de uma atriz de ‘filmes experimentais’, a dupla começa a adentrar na atmosfera deste cenário típico da Califórnia e seus personagens excêntricos. Personagens em sua maioria sem qualquer moralismo e movidos a dinheiro e de pretensões dúbias (incluindo ai uma Kim Basinger bem modificada pelas alterações plásticas), mas que mesmo beirando ao ridículo, não os tornam menos violentos e perigosos.

Russel Crowe é o típico investigador que usa mais força bruta que propriamente a apuro investigativo, onde sua aparência desleixada e rude é engrandecida pelo estilo noir associada ao seu personagem e ao filme propriamente. Um homem sem apego emocional que se impõe pela frustração e violência, mas que não pensa duas vezes em cobrar pelos seus serviços de ‘achacador’. Assim Rayn Gosling de certa maneira é o investigador subestimado e tido como perdedor. Viúvo, não consegue aprovação até mesmo da própria filha, mas que possui um arco dramático mais trabalhado por sempre precisar provar para si mesmo sua capacidade.doiscaras_final Crítica: Dois Caras Legais (The Nice Guys) - Dica Netflix

Mas quem rouba as cenas realmente quando presente é a personagem de Angourie Rice, vivendo entre dois mundos distintos ela tenta reconstruir sua personalidade diante da ausência da mãe e se torna justamente a única com algum senso de moralidade diante dos fatos para lá de inusitados. A naturalidade da jovem atriz é tanta que por momentos e principalmente pelos diálogos e situações jamais imaginamos uma atriz de 15 anos.

Contudo, a química entre o trio que realmente funciona (o que é fundamental para que o humor bem sucedido) mesmo com a falta de jeito de Crowe para este tipo de abordagem mais sutil. Assim, a direção é criativa ao preparar o público para os momentos cômico e ainda consegue dar uma pequena crítica contextual e de humor negro a indústria pornográfica e automobilística (provavelmente as duas mais rentáveis da época).

Neste ponto o filme abre também uma irônica discussão ao expor os corpos femininos de maneira explícita sem soar algo sexista, mas exatamente como certa crítica a esta época e característica do corpo feminino ser visto como objeto mesmo envolvendo mortes e assassinatos. Claro que isso, felizmente, isso não acontece mais hoje no cinema, né?

O design de produção é competente ao recriar toda aquela atmosfera dos anos 70, com seu visual característico, inserindo o espectador naquele cenário durante toda a projeção. Principalmente durante o ponto alto do filme, onde durante uma festa, com todas as peculiaridades, por momentos parecemos estar dentro de uma espécie de Boogie Nights de Paul Thomas Anderson e obviamente Los Angeles – Cidade Proibida. Talvez, o único porém seja durante seu clímax, ao tentar inserir uma sequência de ação de maneira um pouco exagerada, a cena destoa da narrativa proposta, mais prejudicada ainda pela falta de uma boa mise en scene da direção que torna a sequencia incômoda com seus cortes e movimentação rápida de câmera.

Contudo e ciente que não é uma obra original, Dois caras legais aposta justamente nas suas referências, no humor eficaz e é claro no seu elenco afiado para conquistar o espectador.  A sensação de Déjà vu é inevitável, mas o resultado despretensioso é elogiável.

Cotação 4/5

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

2 thoughts on “Crítica: Dois Caras Legais (The Nice Guys) – Dica Netflix

  1. Nossa, eu lembro de ter visto umas fotos dos bastidores desse filme, mas até tinha me esquecido dele, que bom que você me lembrou. Muito boa a review, estou afim de assistir, e curiosa pela atuação do Gosling, tem uns filmes com ele que curto bastante. A propósito, eu nem tava sabendo que a Kim Basinger ainda atuava, haha. Vou assistir assim que puder, valeu R.R.

    1. Valeu Karina,
      Este filme passou quase despercebido nos cinemas e foi uma boa surpresa.

      A Kim Basinger “atua” como de costume. Mas aparece pouco.

      Assista e depois me diz o que achou

      Abraço

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