Análise: Além da Imaginação (The Twilight Zone) – Parte 2
O seriado Além da Imaginação (The Twilight Zone) havia sido um marco na TV nos anos 60 (veja aqui a Parte 1 desse especial, sobre a série original), pois revolucionou o conceito de fantasia e ficção científica, gênero que daria uma guinada importante, décadas depois, passando a fazer parte da cultura popular. Não era de se estranhar que anos depois, um novo seriado ou refilmagem fosse realizado aproveitando vários de seus roteiros bem bolados. Além do inevitável reboot da série, em 1983, o cineasta Steven Spielberg lançou nos cinemas o filme No Limite da Realidade (The Twilight Zone: The Movie), baseado no Além da Imaginação original.
No Limite da Realidade (The Twilight Zone: The Movie) – 1983:
Steven Spielberg já era um grande fã e admirador de Rod Serling e sua criação máxima, o seriado Além da Imaginação. Um dos primeiros trabalhos dele como diretor foi justamente em uma produção de Serling, no seriado Galeria do Terror (Night Gallery). Em 1969 o futuro cineasta dirigiu o episódio Eyes e dois anos depois o episódio Make Me Laugh, uma grande experiência pra quem futuramente iria dirigir Tubarão (1975), Contatos Imediatos do 3° Grau (1977), Caçadores da Arca Perdida (1981), E.T. – O Extraterrestre (1982) e tantos outros, e mudar o mundo ao lado de George Lucas. Não apenas isto, em 1971 ele dirigiu o telefilme Encurralado (Duel), que acabou sendo exibido no cinema (seu primeiro filme na tela grande). Este filme contou com o roteiro original de Richard Matheson, um dos roteiristas originais de Twilight Zone.
Já consagrado mundialmente após o lançamento de E.T. – O Extraterrestre, o cineasta Steven Spielberg, tinha a ideia de juntar um grupo de amigos cineastas que também eram fãs de Além da Imaginação para criar e dirigir a seu modo, uma história da série e lançar isto como um longa-metragem nos cinemas. O diretor John Landis (Os irmãos cara de Pau) aceitou o desafio coproduzindo com Spielberg. Os outros dois diretores que também se juntaram a empreitada foram: George Miller (Mad Max) e Joe Dante (Piranha e Gremlins). A produção ficou a cargo da Amblin Entertainment de Spielberg para os estúdios da Warner Bros.
Carol Serling, viúva de Rod Serling, deu autorização para a produção do filme (ela participou como consultora criativa da produção e também fez ponta em um dos segmentos do filme como aeromoça). Da equipe e elenco principal do filme, oito pessoas fizeram parte da produção de episódios da versão original da série Além da Imaginação: os roteiristas Richard Matheson e George Clayton Matheson, o compositor Jerry Goldsmith (um dos maiores compositoes de trilhas sonoras da História do cinema) e os atores Bill Mumy, Murray Matheson, Kevin McCarthy, Patricia Barry e William Schallert. Matheson foi contratado para adaptar os contos originais para o cinema. Bruce Houghton, produtor da versão original da série Além da Imaginação em suas três primeiras temporadas, faz uma ponta no 3º segmento do filme.
O filme foi produzido usando as histórias dos episódios originais de Twilight Zone, sendo refilmados agora em cores e com o melhor dos efeitos especiais disponíveis na época. Cada diretor foi encarregado por um segmento. A ideia inicial era usar voz de arquivo de Rod Serling para narrar os episódios como acontecia no seriado de TV, mas a produção decidiu convidar o veterano ator Burgess Meredith (Rocky – O Lutador), que participou de vários episódios originais da série, para fazer a narração dos segmentos. O diretor John Landis foi encarregado de criar um prólogo e o primeiro segmento, Time Out, ideias originais do próprio Landis. O segundo segmento foi dirigido por Steven Spielberg, a estória Kick the Can era uma refilmagem de um episódio homônimo da terceira temporada. Joe Dante ficou a cargo do terceiro segmento, It’s a Good Life, refilmagem do episódio homônimo, também da terceira temporada e por fim, George Miller, ficou com o episódio Nightmare at 20,000 Feet, refilmagem do episódio homônimo da quinta temporada. Todos os diretores tinham liberdade para trabalhar com suas equipes costumeiras de trabalho em seu segmento.
Prólogo (Dir. John Landis):
Dois homens, um motorista (Albert Brooks) e um carona (Dan Aykroyd) passam a viagem noturna discutindo sobre vários assuntos, quando vem a tona os episódios preferidos de Além da Imaginação.
Segmento 1 – Time Out (Dir. John Landis):
Um racista, Bill (Vic Morrow), é preterido para um promoção em favor de um judeu. Bebendo no bar, ele desabafa com os amigos xingando várias minorias raciais dos Estados Unidos: além dos judeus ele diz vários impropérios aos afrodescendentes e asiáticos. Ao deixar o bar, Bill imediatamente nota que a rua está diferente, parecendo com de uma cidade na França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é parado por soldados nazistas que estranhamente o tratam como sendo um judeu. Bill escapa e sofre uma queda. Quando acorda, está para ser linchado por um grupo da Ku Klux Klan que o trata como a um negro no sul rural dos Estados Unidos. Em nova mudança, Bill se vê em uma floresta do Vietnã, sendo caçado por tropas americanas que o tomam por um vietcong. No final, ele volta a ser capturado pelos nazistas.
Segmento 2 – Kick the Can (Dir. Steven Spielberg)
Um idoso chamado Senhor Bloom (Scatman Crothers) está no Asilo Sunnyvale conversando com outros residentes e todos começam a se lembrar da infância, contando suas brincadeiras favoritas, menos o amargurado Leo Conroy (Bill Quinn). Mais tarde da noite, o senhor Bloom revela sua lata mágica e diz a todos que poderá fazer com que rejuvenesçam e revivam as respectivas infâncias.
Segmento 3 – It’s a Good Life (Dir .Joe Dante)
Helen Foley (Kathleen Quinlan), viajando para um novo emprego, para num bar do interior para perguntar a direção que deve tomar. Enquanto conversa com o proprietário (Dick Miller), ela assiste o menino Anthony (Jeremy Licht) que jogava numa máquina arcade, ser empurrado por dois outros frequeses que acham que a máquina causa interferência na transmissão de TV (um desses fregueses interpretou Anthony no episódio original: Bill Mumy). Helen defende o menino mas na saída do bar acaba atropelando-o, quando ele ia embora em uma bicicleta. O garoto não sofre nada mas a bicicleta fica avariada. Ela resolve levar Anthony até onde ele mora, uma grande e distante casa que se percebe ser cópia da que aparece num desenho animado visto na TV da família. Anthony apresenta sua estranha família: Tio Walt (Kevin McCarthy); a irmã Ethel (Nancy Cartwright); a mãe dele e Ethel (Patricia Barry) e o pai (William Schallert). Em um dos quartos, Helen vê outra irmã de Anthony, Sara (Cherie Currie), que está de costas e por isso a mulher não percebe que a menina não tem boca. A família de Anthony age estranhamente e ao receber um bilhete escrito por Ethel, que diz que o menino “é um monstro”, Helen descobre que todos estão apavorados e que o garoto tem fantásticos e assustadores poderes.
Segmento 4 – Nightmare at 20,000 Feet (Dir. George Miller)
Um nervoso e estressado passageiro Senhor John Valentine (John Lithgow) não consegue se controlar durante uma tempestade que atinge o avião em que viaja. Ao olhar pela janela durante os clarões de relâmpagos, John fica ainda mais apavorado quando avista um homem aparentemente nu em cima da asa, destruindo um dos motores. Mas ninguém mais além dele vê a criatura. Quando o comandante confirma que um dos motores está em pane e John vê a criatura indo para os outros, John percebe que só ele poderá impedir o terrível desastre.
Epílogo (Dir. John Landis):
Ao final do quarto segmento, o motorista interpretado por Dan Aykroyd reaparece como o motorista de ambulância que diz a Valentine ter ouvido sobre um homem que passara por um grande susto. E repete a pergunta que fizera ao companheiro no início “Wanna see something really scary?” ou “Quer ver algo realmente assustador?”, com possivelmente o mesmo desfecho de antes.
O Desastre:
No dia 23 de julho de 1982, por volta das 2 e meia da manhã, o ator Vic Morrow e duas crianças, Renee Chen de 6 anos de idade, e My-ca Dinh Le, de 7 anos, morreram num trágico acidente no set de filmagem do primeiro segmento Time Out, dirigido por John Landis. A cena era uma batalha no Vietnã, durante uma perseguição de helicópteros e com soldados atirando contra Morrow, que carregava no colo duas crianças vietnamitas para fora de um vilarejo próximo a um lago. A equipe de efeitos especiais havia planejado a explosão de um dos helicópteros. Quando as bombas foram acionadas, o helicóptero foi lançado diretamente para cima de Morrow e as crianças. Os três morrreram instantaneamente. Investigações sobre o caso começaram imediatamente. A primeira constatação foi a de que, àquela hora, era proibido que crianças estivessem trabalhando. Renee Chen e My-ca Dinh Le não estavam oficialmente trabalhando para a produção (ou seja, não tinham contrato), e seus pais receberam o cachê em dinheiro adiantado. O diretor John Landis, o produtor associado George Folsey Jr.,o gerente de produção Dan Allingham, o coordenador de efeitos especiais Paul Stewart e o piloto Dorcey Wingo foram acusados de homicídio involuntário. O julgamento teve início em 3 de setembro de 1986 e o veredito foi dado em 9 de maio de 1987. Landis e os quatro membros de sua equipe foram inocentados do caso.
O resultado:
O filme custou U$ 10 milhões e rendeu por volta dos U$ 30 milhões nas bilheterias domésticas. O certo é que o desastre no set de filmagem, fez com que o filme se tornasse maldito e esquecido por muita gente. Algo que a maioria dos diretores envolvidos, também preferem esquecer. O próprio John Landis cortou relações com Spielberg. Ambos diretores hoje em dia não gostam de falar sobre o filme (que, além de tudo, tem qualidade técnica bem abaixo do esperado).
Ricardo Melo
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Informação valiosa. Para minha alegria que encontrei o seu website por acidente, e estou muito feliz com o que eu vi aqui. Abraço.
Agradecemos vossas palavras. Em breve fecharemos com a última parte desta matéria. Abraços e seja nosso leitor frequente.
assisti uma vez um filme que tb tinha varios segmentos, um deles era de um bau com um monstro dentro, os caras que descobrem o bau acabam tendo que se livrar dele – nao sem antes matar uma mulher de proposito, fazendo ela abrir o bau kkk – sabe que filme é esse?
Uh…não sei, desculpa. Se souber, eu aviso.
Jean, o filme é Creep Show, se não me engano. Tinha um segmento de um cara que tenta parar de fumar, outro com o ator que fez o Frank Debrin de Corra que a Policia vem Ai e o outro, mais famoso, é do pessoal que é atacado por uma criatura num lago e ficam presos em uma plataforma flutuante (bem divertido, mas a “criatura” é uma lona preta kkk ridiculo).
Assisti una 3 anos atraz lwgalzinho sim da pra ver mas nao e muito.bom
Serve mais pra ter conhecimento que grandes cineastas, também podem errar.
filme muito fraco… mancha na carreira no Spielberg
Algumas pessoas tem ele como cult !
Vai saber.
Teve um Além da Imaginação nos anos 2000 muito bom adorei queria q passasse na netglix
No terceiro post sobre “Além da Imaginação”, comentaremos mais sobre este seriado e as versões dos anos 80 e 90.
Serling monstro. Mudou a historia da TV.
Não só pelo espetacular Além da Imaginação, é dele parte da adaptação do livro que deu origem ao filme “Planeta dos Macacos”. E também de um seriado similar, chamado “Galeria do Terror”, onde o Spielberg começou a dirigir.
Serie mais inventiva q já existiu… responsável por Lost, Arrquivo X e tudo q surgiu nessa linha
Com certeza, ela mudou o conceito que se tinha anteriormente sobre ficção-científica e literatura fantástica.