Anime: Pupa é tão ruim assim?

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pupa1 Anime: Pupa é tão ruim assim?Pupa é conhecido como um dos piores animes já feitos, juntamente com School Days, Tsukihime (o “anime que não existe”) e outros, especialmente alguns de visual com erros de proporção, ou considerado desagradável (alguns incluem Aku no Hana na lista, mas devo discordar com todas as forças) e aqueles animes de gênero ecchi que não conseguem justificar minimamente o excesso de fanservice (péssimo para muitos, ótimo para outros).

Nota-se que esses são os “Top of Mind” daquelas animações que nem deveriam ter sido feitas, e depois de me deparar com mais uma lista dessas e de ouvir tantos comentários detonando Pupa, me intrigou a existência de um anime supostamente tão ruim, por isso, resolvi assisti-lo com mente aberta para ver se realmente faz jus à sua má fama.

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Quando um anime é bom?

Antes, devemos começar com uma breve reflexão sobre o que faz com que um anime seja bom. Para alguns, trata-se de uma resposta subjetiva, mas acredito que existam alguns critérios baseados em consensos gerais que podem trazer um pouco mais de objetividade a essa questão.

Para começar, quando assistimos a um anime, prezamos por uma história interessante, bem estruturada — a estrutura pode variar muito, não existe uma melhor que a outra, mas ela deve fazer sentido de alguma forma –, com personagens minimamente bem construídos e interações significativas. Animação é uma característica que considero secundária, assim como trilha sonora, e há muitas outras variáveis se quisermos ser mais específicos, mas podemos dizer que essas são as principais.

Muitas vezes, nem precisamos pensar tanto nas qualidades inerentes às boas histórias, bastando conhecer uma história muito boa e sentir seus pontos positivos, ou uma muito ruim e notar facilmente que há algo de errado. Como eu disse, decidi conhecer Pupa com a mente aberta e não demorei muito pra notar que, de fato, havia algo de errado com aquele anime… Algo de muito errado.

Afinal, do que se trata?

Pupa é um anime curto, de 12 episódios com cerca de 4 minutos cada, bem abaixo do tempo médio dos animes semanais. É adaptação de um mangá de mesmo nome e estreou em 2014. No anime, temos dois irmãos abandonados, o garoto Utsutsu e sua irmã mais nova Yume, que só têm um ao outro como apoio e, um dia, borboletas misteriosas aparecem em seu caminho e um “vírus Pupa” oferece perigo. Vamos à review da história, e já aviso que ela contém SPOILERS (para evitá-los, melhor pular imediatamente para a conclusão).

Logo de início, vemos que se trata de um anime low-budget, de animação bem simples que tenta compensar com o efeito de texturas, animação cujos desenhos parecem ter sido feitos à mão e não com lineart muito precisa, lembrando um pouco as animações amadoras feitas para acompanhar músicas de Vocaloid. Lembra também as animações de transições bem simples utilizadas em visual novels. Não considero a animação o maior problema, no entanto.

O maior problema está na forma como a história se desenrola. O conteúdo é bastante grotesco, com muito sangue e coisas horrendas, além de insinuações incestuosas, eventos abruptos e sem muito sentido. Basicamente, gore pelo gore. Um dos principais motivos para o anime ser considerado tão ruim está nessa falta de desenvolvimento, tanto da história, quanto dos personagens. É um anime curto, mas isso não é justificativa para um desenvolvimento tão falho, já que existem outros “shorts” muito melhores e com a mesma duração.

Pupa tenta lançar uma história que deveria ter algum tipo de explicação pelo menos, mas não temos uma introdução ao tema central, nem aos personagens, e a identificação com estes se torna impossível. Utsusu e Yume são irmãos, os dois têm problemas familiares, ambos interagem de forma estranha e quase incestuosa, e é apenas isso, nada mais é desenvolvido e aprofundado sobre esses dois personagens que deveriam, pelo menos, nos causar empatia pelo sofrimento que passam. É um desenvolvimento superficial ou inexistente.

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Há uma personagem extra na história, uma adulta completamente amoral e de curiosidade anormal, fazendo de tudo e todos um experimento. Ela inclusive usa seu próprio ventre para conceber uma “criança-monstro” a partir do esperma de Utsusu e dos óvulos de Yume e, mais uma vez, nos perguntamos como ela teria conseguido isso, afinal, o anime é todo cheio de furos. Ou seja, a única personagem mais intrigante também foi mal aproveitada.

Pupa falha em despertar interesse no espectador, que quer saber mais sobre a história, mas o anime não a entrega nem no começo e nem depois. Pupa é basicamente uma sequência aleatória de acontecimentos bizarros, sem as explicações necessárias. A menina Yume se transforma e ficamos a maior parte do anime sem entender nada sobre essa transformação, com apenas algumas pistas inconclusivas aqui e ali.

Além disso, a história parece ter sido criada por alguém com fetiche em incesto e canibalismo praticado por menininhas fofas, já que as cenas do tipo são muito sugestivas de atividade sexual, lembrando animes hentai, com toques masoquistas também, já que o irmão se permite ser devorado. Sendo assim, o anime acaba nos lembrando daqueles outros de fanservice que deixam a história em segundo plano.

Ending e opening não são dignas de nota, assim como a trilha sonora, que não é nada excepcional e pouco combina com o restante do anime, no máximo, poderia-se argumentar que as músicas agradáveis durante as cenas sangrentas teriam algum efeito de contraste. Mas o anime todo é tão mal feito que não acredito que isso realmente tenha sido pensado.

O último episódio é o mais sem sentido e decepcionante de todos, porque sequer conclui o que vinha apresentando até aquele momento: não mostra o “bebê-monstro”, não explica o que é a organização que perseguia os irmãos, o que é o “vírus Pupa”, nada. O episódio final apenas mostra um acontecimento do passado dos irmãos, mais precisamente, quando Utsusu deu a Yume o seu prendedor de cabelo. E é isso. Um final tão abrupto e inconclusivo assim — se é que pode ser chamado de final — realmente consegue queimar qualquer história. Esse flashback poderia ter sido encaixado no começo ou no meio do anime, mas não usado no fim (que fim?).

Conclusões…

O que podemos concluir é que Pupa foi feito pelo shock value. É um anime sem começo, meio e fim. É estranho e aleatório e, com certeza, se fosse uma comédia, teria mais simpatizantes (comédias nonsense têm uma fanbase considerável). No entanto, como se trata de puro gore, é mais fácil desprezá-lo como algo bobo apenas para chocar.

Diante do exposto acima, eu posso afirmar que, sim, Pupa é realmente ruim, à luz dos critérios listados na primeira seção deste texto. Talvez alguém com gosto bem peculiar considere o anime aproveitável, mas garanto que poucas pessoas terão uma opinião contrária ao consenso geral, após assistirem. Se você não assistiu ainda, talvez você fique curioso assim como fiquei e queira ver com seus próprios olhos. Vá em frente e tire suas próprias conclusões, e não se esqueça de comentar aqui depois.

Nota: 3/10

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Karina Moreira

Formada em História, é membro do Grupo de Estudos de Histórias em Quadrinhos de Franca (GEHQ). Há anos não consegue viver sem sua dose diária de animes e mangás, o que aumentou seu interesse pela cultura japonesa, e espera conseguir dominar o complexo idioma dos kanji um dia... De vez em quando, gosta de desenhar e passar a madrugada rindo de vídeos de pegadinhas.
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16 thoughts on “Anime: Pupa é tão ruim assim?

  1. gnt vcs falando q adoraram, qq vcs tem na cabeça???? o ngc é incestuoso e gosta de gore, se vcs acham isso legal, vcs tem problema, e n adianta falar “ai mas eu queria algo simples e sem sentido pra ver”, de fato é sem sentido, mas n é simples, o ngc é terrível, se vc acha relaxante assistir algo doente desse tipo, por favor procure ajuda psiquiátrica

  2. é bem ruim mesmo mas ao mesmo tempo da pra se divertir bastante assistindo, as vezes a gente so quer ver alguma coisa sem ficar pensando se aquilo faz sentido ou nao, se o roteiro é bom ou nao, so quer dar uma relaxada na cama assistindo algo pra esfriar a cabeça

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