Top 7 bons filmes antigos de ficção
Se você gosta de filmes de ficção científica, mesmo os antigos, esta lista merece sua atenção. São 7 sugestões de sci-fi antigos de qualidade, ainda que hoje em dia algumas coisas se mostrem um pouco ‘datadas’. São filmes que marcaram época e se tornaram referências no gênero, mesmo que isso tenha ocorrido algumas décadas atrás. Aproveite:
Terra Tranquila (The Quiet Earth – 1985 – Nova Zelândia):
Um dos filmes pioneiros com temática ‘planeta desolado’, que consegue mostrar o quão aterrador deve ser andar sozinho pelo mundo vendo cidades vazias, carros abandonados e tudo que a humanidade já construiu, ruindo pela ação do tempo, além de mostrar como o silêncio de uma cidade abandonada pode ser terrível para a mente humana. Nesta obra de Geoff Murphy, o cientista neozelandês Zac Hobson acorda uma bela manhã e descobre que está total e absolutamente sozinho na Terra. Todas as pessoas desapareceram. O longa então mostra a rotina de Zac e sua lenta mas inevitável decadência mental. No início, o cientista busca outros sobreviventes do que quer que tenha aniquilado os habitantes do planeta, mas conforme vai desanimando, começa a ‘pirar’ e começa a passar seu tempo apenas curtindo o fato de ser o dono do mundo. Sem investir em cenas de ação ou efeitos especiais, o filme mantém o foco no drama existencial do personagem e nos efeitos que a solidão pode causar nas pessoas. A cena final é memorável.
Eles Vivem (They Live – EUA – 1988):
O filme, que tem uma das melhores cenas de briga de todos os tempos, foi redescoberto nos últimos anos pelos aficcionados pelo gênero, e já está ficando famoso. Eles Vivem conta a história de quando um ‘cara qualquer’ encontra, sem querer, óculos fabricados por uma espécie de ‘resistência’, que busca combater uma eventual invasão alienígena. O apetrecho permite a quem o usa ver as coisas, digamos, como elas realmente são… e de posse de um dos óculos, John Nada (!) acaba descobrindo que a questão da invasão é ainda mais preocupante do que a princípio, do ponto de vista temporal, e se engaja na causa da resistência. Trata-se praticamente de um filme B de John Carpenter, com orçamento limitado e atores de segunda, porém o que vemos é uma obra muito bem tocada, que apenas em poucos momentos (e um final pouco usual) mostra ser uma produção modesta. Trata-se também de uma crítica ácida ao consumismo e ao american way no pior sentido que ele tem, disfarçada de sci-fi, e apesar de explícita, fica totalmente incorporada ao filme, sem soar forçada. O visual entrega a idade do longa, típico dos anos 80, mas a trama se mostra bem interessante.
Planeta Proibido (Forbidden Planet – EUA – 1956):
Clássico absoluto da ficção científica ‘de antigamente’ (ao lado de O Dia em que a Terra parou), que tem Leslie Nielsen (que mais tarde ficaria famoso como comediante) como aperitivo extra, agora pode parecer datado na concepção visual – principalmente da nave e do robô – e sonora, mas ainda assim é excepcional. Com roteiro inspirado em um conto, que por sua vez se inspirou em A Tempestade (sim, de Shakespeare), o filme mostra o resultado de uma expedição enviada a um planeta distante atrás dos tripulantes de uma outra expedição enviada ao mesmo local, 20 anos antes, e que nunca mais deram notícia. No planeta Altair IV, a expedição atual encontra os sobreviventes da missão original e fica sabendo da tragédia de duas décadas atrás, quando uma força ‘invisível e misteriosa’ assassinou praticamente toda a equipe de então. Em busca de respostas, o comandante Adams (Nielsen) acaba descobrindo a terrível verdade por trás do ocorrido e a obra nos entrega essas respostas de forma sublime, dosando um pouco de ação com muita filosofia e psicologia em profundidades raramente vistas no cinema mainstream. O insight de Adams, no final, é fantástico. O sucesso do longa de Fred M. Wilcox propiciou o sci-fi viável economicamente. Sem ele, não teríamos 2001, a série Star Trek, etc…
Solaris (Solyaris – URSS – 1972)
Em tempos de Guerra Fria, Solaris foi concebido pelo genial Andrei Tarkovski como uma espécie de ‘contraponto’ ou ‘versão’ soviética da obra-prima americana 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. A refilmagem realizada década passada pasteurizou de forma hollywoodiana toda a aura “anti-2001” que Tarkovski imprimiu ao filme, e que ele abertamente propagava, pois considerava o filme de Kubrick “um blefe, frio e estéril“. Ideologias políticas à parte, trata-se de uma obra ímpar, densa, cheia de simbolismos e analogias de filosofia, antropologia, logosofia, psicologia, história, etc. (para quem quiser se aprofundar, recomendo esse estudo de Giovanni Alves sobre a obra). O filme mostra a ida do Dr. Kris Kelvin, psicólogo, à estação espacial Solaris, que orbita o planeta de mesmo nome, para investigar acontecimentos estranhos lá ocorridos com a tripulação. O planeta em questão é um oceano por completo e parece ter vida inteligente, e essa possibilidade é o objeto de estudo da estação. Solaris é lento, arrastado e monótono em vários momentos (a cena dos carros passeando pela cidade é dura de assistir), mas o pano de fundo riquíssimo e o drama de Kelvin fazem valer a pena, assim como as explanações sobre a solarística.
No Mundo de 2020 (Soylent Green – EUA – 1973)
Uma das primeiras obras de futuro distópico a obter sucesso e visibilidade no cinema, ainda mais se considerarmos como a ficção científica, salvo raras exceções, era vista nessa época como um gênero ‘menor’ da sétima arte. O filme de Richard Fleischer mostra um futuro de pobreza e fome da população, que é mantida alimentada pelo governo através de rações distribuídas ao povo. A Soylent Corporation, responsável por fabricar os tabletes de ração, produz diversos tipos, cada um feito a partir de determinada matéria prima, e o tal tablete verde (o Soylent Green do título original) acaba tendo importância cabal na história, onde o policial Robert Thorn (o astro Charlton Heston) investiga a morte de um executivo da Soylent, ocorrida em circunstâncias ‘estranhas’. A investigação vai mostrando aos poucos o mundo caótico e com valores distorcidos do futuro, a falência do Estado – mas apenas na parte estrutural que concerne ao povão – e os costumes novos que as pessoas desenvolveram. O final revela uma verdade estarrecedora sobre a realidade do sistema vigente naquele futuro, principalmente no tocante a Soylent Corporation, em um conceito copiado diversas vezes posteriormente, até os dias atuais.
Nimitz – De Volta ao Inferno (The Final Countdown – EUA – 1980)
Esta ficção com roupagem de ‘filme de guerra’ é uma produção de primeira com um elenco estelar da época (Kirk Douglas, Martin Sheen, Katharine Ross, James Farentino, Ron O’Neal), dirigida de forma magistral por Don Taylor, de tal maneira que nem parece ter 35 anos. Na história, o porta-aviões USS Nimitz precisa levar, em uma de suas missões rotineiras de manobras militares no Pacífico, Warren Lasky, um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA, que tem o objetivo de ser um observador da rotina do navio (e descobrimos depois que esse objetivo não era exatamente esse, mas nem ele sabia disso). Durante a viagem, o navio passa por uma tempestade elétrica e algo a princípio impossível acontece: ao fim da tormenta, o porta-aviões realizou uma viagem ao passado! De forma incrivelmente verossímil, o filme mostra como o comandante Matthew Yelland lida com a questão, como gerencia seu pessoal e o principal, como encara a possibilidade de ter que eventualmente participar da Segunda Guerra Mundial com um navio com poderio militar suficiente para, sozinho, mudar o rumo da História da humanidade. Um filme que praticamente não envelheceu, com cenas incríveis filmadas no verdadeiro USS Nimitz, da marinha americana.
O Dia em Que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still – EUA – 1951)
Outro clássico absoluto da ficção científica, apesar desse status se dar mais pela concepção do que pela realização, que mesmo tendo um design conceitual primoroso (ainda mais se considerado o ano de 1951), falha em não conseguir passar na obra a grandeza que um acontecimento como o ocorrido na história deveria ter. Assim, as movimentações militares podem ser consideradas ‘tímidas’ e a segurança ‘precária’ para um evento de proporções tão grandes como o retratado (e mostradas de forma mais real na refilmagem de 2008), quando uma nave extraterrestre chega à Terra e um alienígena desce dela com uma ‘mensagem à humanidade’ (ou aviso?!). Decepcionado com a recepção hostil, o alien Klaatu resolve viver um tempo entre os humanos para conhecê-los melhor e decidir o que fazer a respeito de sua missão. O filme é uma mensagem pacifista, um apelo contra a Guerra que havia acabado no ano anterior, mas – por conta da época – um tanto ingênuo e minimalista se comparado com os roteiros atuais. Curiosidades: a frase “Klaatu barada nicto“, dita pelo alienígena, virou referência pop, sendo citada e usada em diversos segmentos da cultura ocidental posteriormente e o filme conta com a trilha sonora do mestre Bernard Hermann.
Ralph Luiz Solera
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Caro Ralph
Parabéns, a lista está de primeira. Sei que evidentemente não dá para colocar todos os filmes que a gente gosta na lista, mas mesmo assim, senti falte de alguns filmes que eu gostaria de acrescentar. Não vou cair no lugar comum de citar os “medalhões” (Star Wars, Star Trek, Exterminador do Futuro, etc), porque eu acho que a intenção da lista é divulgar filmes que as pessoas não conhecem. Por isso, minhas sugestões (apenas para completar 10 filmes) são:
Fuga do Século XXIII de 1976 (Logan’s Run) – Um filme sobre um futuro aparente maravilhoso, onde nada falta, mas que as pessoas só podem viver até os 30 anos.
Barbarella de 1968 – Um verdadeira clássico do Roger Vadim, estrelado pela lindíssima Jane Fonda, que mesmo sendo um pouco ingênuo, para os padrões de hoje, retrata muito bem o psicodelismo dos anos 60.
Metrópolis de 1927 – Outro verdadeiro clássico do Fritz Lang, que muita gente acha que era alemão, mas na verdade nasceu em Viena. Esse é uma obra prima do cinema mudo e, talvez, o principal expoente do expressionismo alemão no cinema.
Um abraço.
Iuri Buscácio
oi mestre Iuri, tudo bem?
Belas contribuições as suas!
A obra-prima Metrópolis está na segunda parte do texto; Logan’s Run e Barbarella acabaram ficando de fora mesmo da lista… o filme da Jane Fonda eu não cheguei a pensar em incluir, mas o Fuga do Século XXIII estava numa pré lista desse post e acabou ficando de fora rs… assisti os 3 e gosto deles todos, mas Metropolis realmente é uma produção de primeira linha, um degrau acima!
Abraço!
Não vi Terra Tranquila e Solaris (tenho baixado inclusive)
recomendo ambos!!!! mas Solaris veja o russo, não o remake americano pasteurizado
amei essas dicas!!! fantásticas!