Crítica: X-Men – Apocalipse
Direção : Bryan Singer
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Rose Byrne, Evan Peters, Sophie Turner, Tye Sheridan, Lucas Till, Kodi Smit, Ben Hardy, Alexandra Shipp e Oscar Isaac.
Mesmo com uma trilogia já construída, o diretor Bryan Singer conseguiu a proeza de reconstruir a série de maneira orgânica, dentro de uma estrutura que funcionou mesmo alterando uma linha temporal já estabelecida, correndo o risco de torná-la confusa e passível de erros (ao mesmo tempo em que rejuvenesce antigos e apresenta novos personagens). Assim como feito no X-Men – Primeira Classe e X-Men – Dias de um Futuro Esquecido, o roteiro de Simon Kinberg adapta sua trama dentro de um contexto histórico funcionando com pano de fundo para o confronto das ideologias entre os mutantes liderados por Charles Xavier (McAvoy). Se antes tínhamos a crise dos mísseis de Cuba e depois a guerra do Vietnã, agora temos a corrida armamentista nuclear entre americanos e russos para ser usada com grande ameaça.
A direção consegue dar o espaço para cada personagem sem que prejudique o ritmo do filme o ou enfraqueça os conflitos pessoais. A química entre os envolvidos funciona e só acrescenta ao filme, e, como o um bom roteiro, faz com que os conflitos empurrem o filme para frente e não desperdicem tempo com situações desnecessárias. Este talvez seja um mérito deste X-men -Apocalipse: usando boa parte do tempo para trabalhar seu numeroso elenco, Bryan Singer consegue não tornar sua estrutura pesada com tantas frentes a serem trabalhadas (o que é elogiável se tratando da terceira parte de uma franquia, assim é mais que providencial a piada relacionada a Retorno de Jedi). Cada um tem uma importância dentro do plano, e quando você pensa que um personagem ira se sobressair na cena seguinte outro personagens apresentam seu protagonismo, como visto no terceiro ato, onde o personagem Noturno tem uma importante participação no clímax para pouco depois a personagem Jean Grey (Turner) brilhar.
Ainda no Egito antigo e acordado após de milênios de uma tentativa frustrada de dominar a raça humana, o mutante Apocalipse (Isaac) desperta de seu sono forçado pronto para dominar novamente o planeta. Para isso busca ajuda de aliados igualmente mutantes (quatro cavaleiros do apocalipse) para ajudá-lo a fortalecer seus poderes. Mas claro que no fundo tudo se trata ainda da velha questão de ideologias entre Xavier e Magneto. Para isso a presença de James McAvoy e Michael Fassbender é fundamental. Se Xavier consegue transpor seus dramas pela responsabilidade e capacidade de reconhecer suas limitações, Magneto se mostra novamente um personagem complexo com o melhor arco dramático.
Tentando a todo custo ter uma vida normal, o personagem funciona com uma espécie de Michael Corleone: onde ele quer que vá a tragédia e a violência sempre o alcançam. Assim é interessante que trabalhe numa metalúrgica, que serve como uma ironia de que mesmo com a intenção de mudanças, jamais abandona o passado por questão de segurança. Assim, mesmo tento um profundo respeito pro Xavier, é visível que suas contradições irão se confrontar futuramente. A questão dos mutantes, diferente da antiga trilogia, é vista com ‘normalidade’, pois mesmo sendo tratados como aberrações, possuem uma melhor aceitação e, em alguns casos vistos, até inspiração. É informado portanto que os mutantes estão entre nós há milênios, o que acaba levantando a questão de como Seriam os deuses astronautas? – confirmada na abertura, que traz importantes momentos da história da humanidade que estaria relacionados a origem mutante.
A direção, seguindo a lógica anterior, rejuvenesce os personagens como visto com Noturno (Sheridan) com um figurino remetendo ao visual Michael Jackson e Tempestade (Shipp). O longa ainda consegue introduzir, novamente, o personagem Wolverine (Jackman) sem que destoe ou soe algo desnecessário, pois sua aparição é contextualizada. O design de produção aposta num visual um pouco mais exagerado em comparação ao filmes anteriores, talvez para atender a parcela mais jovem dos fãs em quadrinhos, mas ainda consegue manter-se fiel em sua narrativa sem destoar tanto, como podemos ver na seqüência inicial onde os dourados egípcios se sobressaem soando um pouco cafona e o fato de abusarem da cores e luminosidade, que não condiz, por momentos, à época dem que se passa o filme (o visual hi-tech do cérebro, por exemplo).
Assim como feito no recente Guerra Civil, a direção não apela constantemente para as cenas de ação em detrimento dos personagens. Todavia o problema seja mesmo o antagonista que acaba sendo prejudicado pela sua construção e surja apenas para esticar a conflito, pois com tantos poderes fica pouco crível toda a necessidade de passar boa parte da projeção tentando encontra um momento certo para por seu plano em prática. Vale ressaltar a seqüência protagonizada por Mercúrio (Peters), assim como feito em Dias de um Futuro Esquecido, é uma das melhores cenas do filme. Mas um pequeno detalhe devermos considerar: ao contrário do filme anterior, a cena, apesar de bem realizada, ao som de Sweet Dreams, claramente foi construída mais por obrigação que necessariamente um alívio cômico orgânico sem que prejudique o andamento do filme como aconteceu no filme anterior.
Comandado como um filho pródigo por mais de 15 anos por Bryan Singer, a adaptação dos filmes do grupo de mutantes baseados em quadrinhos se torna algo pouco visto no cinema do gênero, mas que pode ser um novo paradigma pelo cuidado e pensamento com a obra, e com material ainda a ser explorado.
Cotação 3/5
Rodrigo Rodrigues
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olha, temos que admitir, X-Men nos cinemas teve poucos bons filmes: os dois primeiros X da franquia, o ultimo Wolverine, o 1ª Classe… esse Apocalypse e o Dias de um Futuro Distante ate da pra curtir, mas nao sao grande coisa. O resto, infelizmente, é ruim.
Olá, parabéns pela crítica, pra mim a crítica está melhor que o filme hehehe sinto falta de mais críticas suas, desde que descobri esse site eu acessava sempre e tinha pelo menos duas criticas suas por semana…
Obrigado pelo carinho Janete.
Pode deixar que vou continuar a escrever e publicar com mais frequência.
Por momentos devido a logística de alguns filmes surge problemas para manter a demanda. Mas pode deixar que vou fazer de tudo para atender da melhor maneira possível.
Continue conosco.
Abraço
Assisti ontem e concordo com a crítica… acho que foi melhor que Guerra Civil e BvS… diria que é o melhor filme de heróis desde Cavaleiro das Trevas do Nolan
Saci,
Obrigado
Corajosa sua opinião. Quanto a BVS realmente concordo, mas Guerra Civil tem muito pontos positivos também.
Mas o importante que gostou e agradeço sua opinião
Continue conosco.
Abraço