Direção: Simon Kinberg

Elenco: Sophie Turner, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Kodi Smit-McPhee, Alexandra Shipp, Scott Shepherd, Ato Essandoh, Halston Sage, Summer Fontana, Evan Peters e Jessica Chastain

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Nota 2/5

A saga dos mutantes iniciada no ano de 2000 com X-men, atingiu sua maturidade com o excelente X-Men 2 e fechou seu ciclo de maneira correta com X-Men 3. Ainda assim, surpreendeu os fãs com o ótimo First Class ao apresentar um nova linha temporal com personagens rejuvenescidos sem exatamente renegar o que foi feito anteriormente; culminando de maneira simbólica a passagem de bastão de “gerações diferentes” no Dias de um Futuro Esquecido – claro, não deixando de mencionar os filmes solos do Wolverine, entre eles o excelente Logan. E se o esforço em tornar X-Men: Apocalipse algo mais grandioso e próximo ao universo dos quadrinhos – mas ainda mantendo certa coerência temática – tornou a obra talvez a mais fraca da segunda trilogia, esse posto passou de mãos com a chegada deste X-Men: Fênix Negra, que soa como uma obra ainda menor, como um ponto fora da curva, e errônea como, por exemplo, X-Men Origens: Wolverine.

O diretor Simon Kinberg pagou um preço alto pela sua inexperiência na direção, auxiliado por um roteiro (escrito por ele mesmo) no mínimo descuidado, que transforma o longa em uma tentativa frustrada e óbvia de conflitos com a sensação constante de anticlímax.

Situado no ano de 1992, onde o grupo liderado por Charles Xavier (McAvoy) agora fornece seus serviços ao governo americano, os X-Men têm uma missão de salvamento com um ônibus espacial, mas depois do encontro com uma força cósmica indefinida devido a um acidente, Jean Grey (Turner) precisa lidar com o peso de seus novos poderes adquiridos (bem original este argumento, não?), ao mesmo tempo em que uma raça de alienígenas/mutantes/invasores de corpos e sei lá o que mais, liderados por Vuk (Chastain, mais insossa que o próprio personagem e sem muito o que fazer com seu papel) também tem interesse no tal poder.

Já citando os problemas, podemos mencionar que a personagem Vuk fica o filme todo embromando sobre suas motivações ao ponto de criar incongruências do roteiro como o fato de ficarmos sabendo que a força cósmica “escolheu” Jean Grey por ser a única capaz de suportar tal poder para, no terceiro ato, ignorar tal fato. Isso sem contar com decisões e diálogos entres os personagens que soam banais e nem um pouco criativas, como o fato de que – sabendo que a instabilidade do poder de Jean poder matar a todos – Ciclope insista na frase “Eu voltarei por você”, ou coisas do tipo “acredite em seu poder, você é mais forte que isso” etc. Se isso não é suficiente, o roteiro realmente não consegue dar demonstrar um mínimo de esforço em outros momentos, como o fato dos alienígenas/mutantes/invasores de corpos e sei lá o que mais deseja conquistar a Terra e o único contra argumento dos heróis seja é “pessoas vão morrer!”… sério?

Fica até difícil situar o filme dentro da filmografia dos super-heróis sem o chamar de desonesto, principalmente pelo fato que no contexto atual já tínhamos visto algo parecido em X-Men 3, quando a Jean Grey (na época interpretada por Famke Janssen) não conseguia controlar seus poderes quando se tornou a… Fênix. Fora que algumas questões incomodam por simplesmente desconsiderarem o que aconteceu antes ou por fazer soarem frágeis as motivações, apenas para gerarem uma urgência artificial (e o filme é repleto desses momentos). Ou seja, os eventos ocorridos após Dias de Um Futuro Esquecido ou First Class não foram suficientes (independente da decisão) e somente agora que o governo decide “rever” seus conceitos sobre os mutantes? Soa no mínimo descuidado (já disse isso antes, acho). Inclusive tem um cena que soa até patética quando os militares invadem um reduto dos mutantes e, ao serem questionados do porque estarem ali, a resposta foi: “Ela (Jean) destruiu duas viaturas policiais!” (imagem se ela tivesse um poder cósmico para destruir um planeta inteiro!).

Aliás, outros aspectos narrativos não ajudam muito a salvar o longa: as cenas de ação, que poderiam ser um chamariz (talvez tirando a sequência do salvamento inicial) são um amontoado de cortes rápidos sem fazer qualquer sentido,tornando a mise-en-scene uma bagunça generalizada e irritante; a fotografia do premiado Mauro Fiore (Avatar) ainda tenta – mesmo raramente – contextualizar os sentimentos dos personagens diante da perda simbolizado, por exemplo, em uma tempestade que se aproxima, assim como a inserção de formas coloridas quando Xavier usa o cérebro para procurar algum mutante; e mesmo que a trilha sonora a cargo de Hans Zimmer (um dos maiores compositores de trilhas de todos os tempos) tente desesperadamente dar um tom épico às cenas mal dirigidas de Kinberg, ela não tira o gosto amargo quando levamos em conta as capacidades técnicas destes profissionais envolvidos.

Mas se a dinâmica entre os personagens era uns dos grandes atrativos nos longas anteriores, aqui se torna algo frouxo e expositivo. O maior exemplo é o relacionamento entre Xavier e Raven (Lawrence) que, mesmo tentando trazer um conflito pela liderança do grupo e um empoderamento feminino (mesmo que soe apenas por dizer que tem), ainda assim a sensação de desgaste é visível. Contudo, é elogiável que vislumbremos Charles Xavier mais instável e moralmente questionado sobre seus atos no passado com relação a Jean Grey, onde o ego por se tornar uma espécie de arauto do governo torna-o defectível.

Até mesmo o relacionamento entre Xavier e Magneto (Fassbender, subutilizado) é quase que sabotado, se não fosse uma tentativa em seu final de tenta ligar os personagens no que seria um embate intelectual de ideologias diferentes. Entretanto, é impossível aceitar que este Xavier e Magneto em 1992 sejam os mesmos interpretados por Patrick Stewart e Ian McKellen oito anos depois (no filme X-Men original); uma coisa é aceitar McAvoy e Fassbender interpretando tais papéis nos anos 60 e 70 e as linhas temporais criadas nos filmes anteriores, outra coisa é aceitar que apenas 8 anos separam tais personagens/atores…

Com relação ao restante do elenco, pouco pode ser dito, uma vez que a direção os usa apenas para compor uma base – frágil – para a personagem principal. Não que isso seja inédito, mas acabam sendo vítimas da falta de interesse que a própria Fênix desperta, onde a bela Sophie Turner passa o filme todo com as mãos para o alto invocando uma presença divina. Ademais, ao usar a perda de um personagem como fator motivacional e moral para o restante acaba soando artificial e até mesmo desmerece tal elemento dramático.

Enfim, X-Men: Fênix Negra é o último filme com o selo da Fox, mas agora com a aquisição da Marvel/Disney a esperança de uma caminho mais nobre é inevitável.

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

5 thoughts on “Crítica: X-Men – Fênix Negra

    1. Lari
      Bem vinda
      Realmente pouca coisa se salva.
      Abraço

  1. a franquia começou muito muito bem com XMen 1 e 2. Foram pioneiros, mostraram que era viavel ter super herois no cinema de forma realista, e nao da forma ludica e bobinha do Superman do Reeve e da forma exagerada e caricata do Batman do Burton. Deu super certo. Alias, o universo Marvel sucesso estrondoso so existe por causa de XMen e seus dois primeiros filmes. Ai vieram os Batman do Nolan, que “comprovaram” que o nicho, alem de viavel, podia dar muito muito lucro. E ai veio Homem de Ferro e o MCU… Mas depois de XMen 2, o nivel dos mutantes foi caindo. Teve bons filmes, como Firts Class, que apesar de bom nunca empolga realmente. Teve o Dias de UM Futuro Esquecido, que empolga muito mas nao é tao bom. Tem os dois ultimos filmes do Wolverine, muito bons (apesar de Logan exagerar no ato de se levar a serio). De resto, filmes medianos ou ruins, que acabaram nesse Fenix Negra pessimo. É pra se envergonhar. Historia requentada e piorada, tentativas bisonhas de lacração, atuações e dialogos mediocres. Terrible, terrible… que venham os mutantes no MCU pra assumir o lugar dos Vingadores!

  2. exagero… eu vi o filme e me diverti bastante, nao achei tao ruim assim, as vezes vcs exageram

    1. Nadia
      Bem vinda
      Não exagerei, até porque todos as razão que fizeram não gostar do filme eu exemplifiquei. Claro que não é obrigada a aceitar minha opinião e sua opinião é faço válida quanto a minha (a partir do momento que também especifique as razões de ter gostado), mas que o filme é bem irregular isso é!
      Abraço

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