Crítica: Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream)

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Direção: Darren Aronofsky

Elenco: Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon Wayans, Christopher McDonald, Keith David e Ellen Burstyn.

Nota 5/5

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Darren Aronofsky sem dúvida é um dos melhores diretores contemporâneos americanos. Desde Pi (1998) o diretor apresentou nos últimos 20 anos obras que dificilmente deixam de impressionar o espectador pela voracidade e estudos perturbadores de seus personagens.

É impossível, por exemplo, ficarmos indiferentes à sua narrativa visceral ao analisar a decadência sem uma redenção definitiva do ex- lutador interpretado por Mickey Rourke em O Lutador (2008), ou a obsessão pela arte levada ao extremo em Cisne Negro (2010) – premiando Natalie Portman -, e a complexidade de alegorias maternas e religiosas vista em Mãe! (2017). E até Noé (2014) e Fontes da Vida (2006), que abraçam mais um aspecto fantasioso, apesar disso, são obras elogiáveis pela sua coragem e ambição, sem desmerecer a estética (vide a lógica atribuída na sua visão do dilúvio e o mundo mágico da passagem bíblica do filme de 2014).

Assim chegamos a outra importante obra de Aronofsky: Réquiem para um Sonho (2000). Protagonizado pelos jovens Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon Wayans (antes de adentrar definitivamente nas comédias besteirol), o longa aborda vícios e a destruição do ambiente familiar e seus relacionamentos, trazendo consequências irreversíveis para todos os envolvidos, gerando uma angústia pela identificação que desenvolvemos por aqueles personagens. Jared Leto faz de seu Harry alguém transitando de maneira convincente ao estágio final entre um ambiente familiar (o amor de sua mãe) e a entrega definitiva ao vício, quando precisa usar qualquer artifício para conseguir um pouco de dinheiro para as drogas, mesmo que isso afete diretamente o convívio com sua mãe.

O filme traz ainda a atuação magnífica de Ellen Burstyn (Alice não Mora mais Aqui e O Exorcista) como mãe do personagem de Leto, sendo interessante que é a única personagem que acompanhamos a sua decadência desde o início, pois visualizamos uma senhora com um poder de negação, devido ao sentimento ao filho, passando pelo estado de esquizofrenia total, tendo como causa a frustração do abandono do marido e o peso de alimentar o vício do filho; culminando na tentativa de emagrecimento através de remédios para simplesmente caber em um vestido e assim participar possivelmente de um programa de auditório, ou seja, um ciclo que pontua seu estado mental complicado.

Filmado de maneira ágil em seus cortes, mas sem exatamente prejudicar a narrativa ao torná-la incompreensível, o diretor transforma o declínio de tais personagens em uma viagem literalmente ao fundo do poço com cenas impactantemente dolorosas e com transformações dos indivíduos que julgavam estarem no controle de suas ações e que visualizavam algum futuro bom para si; onde a dinâmica daqueles personagens é um reflexo do próprio contexto do filme, um misto de ternura e melancolia (“Gosto de pensar no vestido vermelho e na televisão e você e seu pai. Agora, quando tomo sol, sorrio“).

Usando lentes angulares que engradecem o estado de loucura dos personagens, o diretor ainda mistura situações que cruzam real e imaginário, como visto na cena em que Sara (Burstyn) vai ao consultório e o médico sai de um local etéreo e vazio. E falando em cenas impactantes, podemos tomar como exemplo em particular a cena em que a personagem de Connelly participa de uma festa, onde a sequência é forte pelo seu conteúdo (ao ver o filme, você obviamente irá notar o momento), e por ao mesmo tempo vermos aquela, antes doce jovem, sendo sugada por um mundo de que jamais sairá (sequência antecedida pelo famoso plano da atriz gritando submersa dentro de uma banheira).

Não deixando muito alívio para o público (e personagens) no seu clímax, Aronofsky atordoa através da ótima montagem de Jay Rabinowitz, comprovando que o diretor sabe como poucos criar uma atmosfera de sofrimento, que dificilmente deixa o espectador após a projeção. “Felizmente”.

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream)

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

17 thoughts on “Crítica: Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream)

    1. Nao sei se tem 10, mas realmente é um drama urbano e social que tem outros na mesma linha, uns melhores, outros piores… ta longe de ser o melhor filme do Aranhanofsky mas é um bom filme

  1. Um dos bons filmes desse diretor que flutua entre o horror casual e o surrealismo. DIficil até definir seu estilo. Recomendo!

  2. assisti ontem esse filme e hj vim atras de criticas pra ver se entendi direito pq em determinado momento minha cabeça estava dando voltas kkkkkkk

  3. se vc assistiu esse filme e ele nao te incomodou vc é frio demais… eu fiquei mal de assistir isso, filmaço

    1. Altafranco
      Bem vindo
      Realmente é impossível ficar imune ao filme.

  4. filme perturbador, mas longe do melhor desse diretor… Pi te assusta sem ser terror… o Lutador te deixa depressivo… Mae te deixa angustiado o tempo todo… esse é mais um filme a la Scorsese que a queda dos personagens é forte

    1. GDB,
      Bem vindo.
      A questão nem sei se é o melhor ou não do diretor, mas sim, discutir o impacto da sua narrativa.
      Quanto ser “mais um filme a la Scorsese” não acho que seja exatamente isso. As abordagens são bem diferentes.
      Mas de qualquer maneira a discussão já foi válida!
      Abraço

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