Crítica: Corpo e Alma
Corpo e Alma
Direção: Ildikó Enyedi
Elenco: Alexandra Borbély, Géza Morcsányi, Zoltán Schneider , Ervin Nagy , Tamás Jordán , Zsuzsa Járó e Réka Tenki
Corpo e Alma é o representante Húngaro a categoria de melhor filme estrangeiro de 2018. Um filme de sensações e nuances de um relacionamento dicotômico entre duas pessoas que se sentem deslocadas e imperfeitas – tanto externa como internamente. Endre (Morcsányi) trabalha como gerente num matadouro cujas rotinas sem grandes alterações são ainda mais dificultadas por uma deficiência em um dos braços. Mas a chegada de Maria (Borbély) – e portadora de algum tipo de autismo e transtorno compulsivo -, como nova inspetora de qualidade, faz com quem sentimentos comecem a surgir principalmente depois que os dois começam a coincidentemente terem os mesmo sonhos – representados na figuras de dois animais selvagens que se encontram na floresta.
Contando com uma ótima atuação casal protagonista (principalmente Borbély com sua face dura e introspectiva), a diretora Ildikó Enyedi aposta sem numa narrativa pautada pelo silencio e simbolismos (sexuais, inclusive) como na cena em que Maria idealiza seu romance num campo sendo regado, culminando também em rimas visuais para o sentimento destrutivo de Maria – assim, quando numa importante cena ocorrida no banheiro de Maria em que a personagem é tomada de culpa e resignação, somos remetidos imediatamente ao local ao seu local de trabalho pautado pelo sangue e morte.
(inclusive, é válido notar que para representar o mundo particular de Maria, a direção apresenta sua casa como um local sem lembranças e prático, ressaltado pela fotografia de cores frias. Assim como é interessante notar o momento em que a personagem adere a roupas vermelhas representando sua paixão inesperada)
Assim, o relacionamento de Endre e Maria é visto como uma fuga, uma necessidade de aliviar suas tensões, principalmente para o primeiro que, por ser mais velho e desiludido, entende os riscos que um romance com Maria poderá trazer. Portanto, é incomodo percebemos o risco que Maria corre por ver na presença de Endre a personificação de algo que nunca imaginou que pudesse acontecer. E neste conflito intenso dentro de uma realidade quase onírica vamos atentando para todas as formas que o amor pode encontrar em pessoas tão singulares.
Nota 4/5
Rodrigo Rodrigues
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filme bemn interessante esse minha mae adorou e eu tb gostei