Crítica: O Fundo do Coração (One from the Heart)
O Fundo do Coração
Direção: Francis Ford Coppola
Elenco: Frederic Forrest, Teri Garr, Nastassja Kinski, Raul Julia, Lainie Kazan, Italia Coppola, Carmine Coppola e Harry Dean Stanton.
Nota 3/5
Até consigo entender a estranheza que este subestimado O Fundo do Coração (1981) tenha causado em seu lançamento. Chegando aos cinemas após Apocalipse Now (1979) e depois de uma década em que o diretor dirigiu algumas das maiores obras da história do cinema, o filme é uma espécie de romance/musical em que o diretor Coppola segue a cartilha do gênero (fim e recomeço do relacionamento de um casal), abrindo os malfadados anos 80 de maneira completamente diversa da anterior – lembrando que a obra catapultou o prejuízo de Coppola, inclusive, dando fim à sua produtora Zoetrope (fundada em parceria com George Lucas).
Mas possuindo um visual apurado (sobre o qual falarei mais a frente), um elenco de apoio que sobressai até mais que os protagonistas e um ritmo agradável, o longa se torna um interessante exercício e merece uma assistida para quem ainda não conhece esta obra do diretor de O Poderoso Chefão. Ademais, quase quatro décadas depois é claramente significativo vermos semelhanças com La La Land, comprovando que em se tratando de musical, tudo se copia nada se cria, o que demonstra que, apesar de tudo, Coppola ainda se mostrava um diretor inquieto ao arriscar-se em dirigir uma obra incomum em sua carreira.
Ambientado em Las Vegas, o filme nos apresenta o casal Hank (Frediric Forrest tentando a todo o momento emular Marlon Brando, tanto pelo corte de cabelo como pela vestimenta) e Frannie (Garr) passando por uma turbulência no casamento. Contudo, ao conhecer o pianista Ray (Julia) e sua determinação em alcançar o sucesso como músico (alguém falou em Ryan Gosling?), Frannie vislumbra todo o desejo e aventura que não encontra em Hank, ao mesmo tempo em que este se envolve com Leila (Kinski), uma jovem e sonhadora artista que trabalha em pequenos cassinos.
O roteiro não oferece muito, é mais basicamente o que foi dito no primeiro parágrafo (idas e vindas de um romance), mas é justamente quando os personagens principais se separam que o filme ganha em carisma. Tudo isso, obviamente, recai nos ombros de Raul Julia, Nastassja Kinski e também na participação – um pouco menor – de Harry Dean Staton como amigo de Hank. Não que Frederic Forrest, por exemplo, esteja deslocado no papel, e é até visível a intenção do roteiro apostar na aparência e personalidade mais rústica do ator como exemplo de que os brutos também amam (“Se eu pudesse cantar, eu cantaria. Eu não sei cantar, Frannie!”), mas se não chega a comprometer, não é algo de grande identificação.
Portanto, mesmo preso ao papel coadjuvante de latino sedutor, Raul Julia demonstra o grande ator que sempre foi, inclusive ao exibir carisma, timming cômico e talento para dança. De modo que Nastassja Kinski – no auge de sua beleza – se torna um interessante contraponto de Hank, devido a sua personalidade livre e jovial; comprovando que, ironicamente, o casal principal soe muito mais identificável quando separado (algo que o roteiro do Coppola não teve a coragem de assumir no fim do filme, sendo assim méritos para La La Land que não entregou o óbvio).
A fotografia de Vittorio Storaro (Apocalipse Now) aposta em cores bem definidas e fortes para emular o relacionamento do casal principal, principalmente o vermelho, ou até mesmo a ausência delas, como visto no final do filme, representando o estado de Hank. Assim, tal lógica se aplica à direção de artes que emula uma atmosfera estilizada da cidade de Vegas com seus cenários e vias transitando entre o real e fictício como todo musical tende a ser. Destaque, obviamente, para a única sequência realmente musical do filme, em que vislumbramos explosão de cores e luzes (e novamente encontramos semelhanças com La La Land devido ao balé dos atores entre os carros e teatros da Las Vegas estilizada).
O longa mantém sua qualidade narrativa até o fim, inclusive devemos elogiar as transições de cenas sempre elegantes feitas por Coppola sempre, de modo que O Fundo do Coração entrega aquilo que se esperava sobre o romance de Hank e Frannie. Mas mesmo soando óbvio, ainda assim, o longa tem seus méritos narrativos com uma ode ao amor, apesar das complicações diárias do relacionamento com quem se ama!
Rodrigo Rodrigues
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ate vale pelos atores, mas a historia chinfrim falha miseravelmente
Bem vindo STS
Até posso concordar, mas depois de ver o documentário sobre o Apocalipse Now (filme anterior) eu perdoo qualquer escorregão desse O fundo do coração.
Abraço
Dica de filme pra vcs criticarem: Lance, com o Tim Roth e a Naomi Watts, um filmaço!
acho que é Luce né kkk
Maxiverso ta desenterrando defutos kkk
Tammy
Bem vinda
O filme é legal rs
nem sabia desse filme vou baixar
Ana
bem vinda
Caso desejar, o filme esta disponível na plataforma de Streaming “Belas artes a la carte”. Uma ótima opção para cinéfilos!
Abraço