Crítica: Invasão Zumbi (Train To Busan)
Invasão Zumbi (Train To Busan)
Direção : Sang-ho Yeon
Elenco: Yoo Gong, Soo-an Kim, Yu-mi Jung, Dong-seok Ma, Woo-sik Choi, Sohee e Eui-sung Kim
Aproveitando deste novo advento que surgiu com a série The Walking Dead – e da injustiça com George Romero – este Invasão Zumbi (Train to Busan) é uma obra que explora bem o conceito estabelecido ao se apresentar como uma obra fechada, diferentemente da famosa série que sempre precisa se reinventar e se manter em voga . Assim, toda vez em que se trabalha um gênero, é louvável que ao remexer nestes conceitos, seja feita de maneira que não o descaracterize, ao mesmo tempo em que se torna uma obra com boas resoluções dentro da proposta apresentada.
Depois de um incidente, e estranhos ataques começam a ocorrer na Coreia do Sul, testemunhamos um grupo de passageiros confinados dentro de um trem tentando sobreviver a todo o custo do ataque Zumbi que os pegou de surpresa. Simbolizando este ponto de vista temos o protagonista Seok Woo (Gong), um Workaholic e pai ausente que de tão negligente chega a comprar o mesmo presente para a filha e sequer comparece a apresentação da menina na escola. E para completar tal plantel também temos a inclusão de esteriótipos como dos estudantes, e até o morador de rua que todos rejeitam, mas sempre surpreende a todos com sua bondade e nobreza.
Como todo filme de Zumbi que se preze, e como diz a cartilha de George Romero, não devem somente servir ao apelo da violência em si, mas sim uma metáfora e estudo da personalidade humana em condições extremas. Assim, nada mais correto que determinado personagem, suborne um policial com informações financeiras em troca de segurança ou que se abra espaço para uma crítica como à letargia do governo Coreano , mesmo ciente que uma situação apocalíptica se apresente , insiste em chamar os zumbis de rebeldes, como fosse numa manifestação popular.
Com um visual inspirado em Guerra Mundial Z com um pouco de Extermínio, este Invasão Zumbi busca não apelar tanto para a computação gráfica, ao ponto que possa incomodar com feito em Eu sou a Lenda. Tal conceito é funcional e acaba gerando boas sequências, como na cena em que os sobreviventes, proibidos de desembarcarem nas estações, apenas vislumbram o ataque das criaturas enquanto passa a toda velocidade. Mas ao demonstrar que tais criaturas não conseguem ver no escuro, o roteiro do próprio diretor não somente se mostra inteligente como sabe explorar tal conceito em beneficio da narrativa. Tal elemento, não somente demostra a capacidade de reinventar uma ideia, com rende outras sequência criativas e tensas, como podemos comprovar quando o trem entra e sai dos túneis, e os personagens usam o pouco tempo de escuridão para seguir adiante e evitar as criaturas.
Outro méritos do longa é o poder de ambientalizar o público durante boa parte do tempo na ação que ocorre dentro do vagão, o que imediatamente nos traz a lembrança do confinamento visto no Expresso do Amanhã. Para isso é fundamental que a direção saiba posicionar os personagens e os espectadores na mise-en-scene e cortes – mesmo que a ação física ocorre sempre em um sentido da locomotiva. Para completar a narrativa, a direção é cuidadosa nos planos detalhes, como a porta se fechando sinalizando que estão presos, assim como trabalhar bem a preparação das cenas para, como um barulho de alguém pisando numa simples lata de refrigerante, por exemplo, poder causar uma interjeição involuntária no público.
Mesmo assim, a tensão não seria completa se não conseguíssemos criar certa identificação a ponto de nos preocuparmos com os sobreviventes. Para isso, criamos certo carisma, por exemplo, com o personagem Sang Hwa (Ma) que traz com grande força física, um pouco também de compaixão por soar quase com um líder moral dentro do grupo e fazendo de tudo para manter viva sua esposa grávida. Contudo, nada mais emblemático do que o desconhecimento e interesses de terceiros sendo postos acima de qualquer vida humana, algo recorrente no contexto de Zumbis. Assim, nada mais emblemático que tentando chegar a determinado ponto, um grupo de sobreviventes são proibidos de seguirem adiante, mesmo que um nenhum deles esteja infectado, tendo a pequena Soo-an Kim no meio deste conflito com a maior vítima do egoísmo e ignorância humana.
Se mantendo fiel a sua narrativa durante seus dois primeiros atos, o filme peca ao se entregar a convenções no seu terceiro ato. Tanto na conclusão do arco dramático de personagens que não fizeram diferença alguma, como podemos nas duas irmãs que seriam um alívio cômico (cujo sentimentalismo soa forçado) como na tentativa de criar de maneira brusca um vilão (como já não bastasse o perigo de ter zumbis rondando todos os cantos) desnecessariamente na figura de um personagem que não mede esforços para tirar qualquer um do caminho para sobreviver.
Enfim, este Invasão Zumbi é suficientemente capaz de satisfazer dentro da proposta sem saturar ou se perder em sua essência.
Cotação 3/5
Rodrigo Rodrigues
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Talvez um dos melhores filmes de zumbis, como Extermínio por exemplo. Explorou muito bem todos os clichês do genero (algo louva-vel), fazendo referência a esses conceitos clássicos do subgenero, e conseguiu um resultado muito acima da média. De fato o vilao quebrou um pouco o conceito geral do filme, mas ainda assim o resultado foi ótimo. Bela analise.
Oscar A Melo
Bem vindo e muito obrigado pelo elogio
Acho que realmente a qualidade do filme foi apresentar o velho conceito sempre de maneira invetiva na medida do possível. Até porque é importante que nos importemos com aqueles indivíduos para que o filme funcione.
Abraços
as pessoas nao se cansam de tanto filme de zumbi??? pra mim ja deu… nao aguento mais
JOFREY BARATHEON
Obrigado pelo comentário.
Acredito que ainda nao, mas isso não impede de você expor sua opinião. E procure sempre fazer isso de forma embasada. Pois , em alguns casos, as pessoas confundem gosto pessoal (algo alheio que nunca devemos tentar mudar) com qualidade da obra em si.
Abraços e seja sempre bem vindo…
cara se vc não gosta, deixa quem gosta curtir os filmes desse genero!