Crítica: O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice)

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O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice)

Direção: Edward Zwick

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Elenco : Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard,  Michael Stuhlbarg, Lily Rabe, Robin Weigert  e Evelyn Brochu

Visto como símbolo de uma disputa ente as duas maiores potencias bélicas do mundo, antes do auge da guerra fria, o longa O Dono do Jogo do diretor Edward Zwick se torna uma experiência falha, uma estrutura previsível e que mesmo historicamente fiel, o longa é prejudicado pela sua narrativa sem sensibilidade diante de assuntos complexos e tão diferentes.

Tido com gênio do xadrez ainda na infância, Bobby Fischer (Maguire) se tornou não somente o maior enxadrista de todos os tempos, mas proporcionalmente um homem atormentado pela sua paranoia de quem foi vigiado desde criança o que acabou o tornado num indivíduo antissocial e psicologicamente instável a ponto de encurtar precocemente sua carreira.

O roteiro tenta esconder com os exageros as falhas que acabam se tornando um problema como a fragilidade do desenvolvimento dos personagens e suas motivações. O filme apenas os usa para alimentar um conflito dramático sem aprofundamento – mesmo que parte do elenco funcione, como o padre vivido por Peter Sarsgaard. O religioso atua como uma bússola dentro do mundo de Fischer que poucos conhecem (criando uma metáfora de uma peça de tabuleiro – no caso o bispo – como suporte psicológico)

As inserções dos elementos femininos infelizmente surgem de maneira que não acrescentem nada a história. Como vista na personagem Donna (Brochu), que além de interpretar uma prostituta, foi criada apenas como rima cômica quanto a sexualidade do protagonista. Ou a mãe de Fischer, vivida pela atriz Robin Weigert que serve apenas como objeto de ódio de Bobby por ser comunista e ter o criado sem a figura do pai.

Assim abordagem dos Russos  é vista com a velha prepotência de querer que o público identifique-os como vilões. Tanto que, numa importante cena, me veio à tona o conceito América x Rússia visto em Rocky IV (sério!), onde supremacia americana é ratificada pelos aplausos soviéticos (lembrando, para quem viu o filme, que a fidelidade aos fatos não é necessariamente uma garantia de qualidade)

Tal pensamento é inevitável também quando Boris Spassky (Schreiber, em mais um papel contido e elogiável) surja em cena vinda do escuro da tela e com a câmera numa altura que ocultasse seu rosto como tentasse torna-lo um pop star ou figura de outro mundo e não um enxadrista.

infelizmente o desenvolvimento do bom trabalho feito por Schreiber é sabotado por tornar o arco dramático frágil e forçado apenas para atender o interesse do público como antagonista e não um homem que , assim como Fischer, sofre pressões , possui dúvidas e medos.

Assim chegamos ao protagonista interpretado por Tobey Maguire que não consegue em nenhum momento ter a identificação do público. Novamente o ator se excede com sua composição e auxiliado pelo comportamento do próprio personagem, acaba tornando a figura de Fischer tão irritante que chegamos a torcer por Spassky.

O diretor Edward Zwick apela de qualquer maneira para sentimentalismo e clichês sem cuidado que servem apenas para enfraquecer uma história como toques de melodrama, como numa determinada o ainda jovem Fischer, ao ser derrotado, vira-se bruscamente para a câmera para demonstrar o pranto da criança.

Os apelos visuais ainda permeiam de maneira ilógica ao tentar demonstrar ao público o raciocínio de Fischer diante de um tabuleiro com ilustrações da mecânica do desenrolar das peças no tabuleiro. Todavia tal narrativa já se mostra falha logo no início quando tenta impor ao espectador o conceito do xadrez.

Não seria uma cena que faria o espectador entender as estratégias do jogo tanto que a direção abandona tal argumento imediatamente apenas para focar, corretamente, não nos detalhes, mas na tensão que os movimentos sugerem independente de qual seja.

Mas nada incomoda e soa desnecessariamente desonesto (em qualquer filme) a insistência da direção em criar um tom histórico  e documental com a criação de cenas forjando cenas reais com fosse realmente existissem, com sua recepção diante do publico americano que o interpretou como um herói nacional.

Confirmando sua estrutura previsível durante seu ato final com imagens do verdadeiro Bobby Fischer, constatamos que até mesmo o gênio recusaria tal tratamento dado a sua figura reclusa que somente aumentou sua loucura.

Cotação 2/5

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

1 thought on “Crítica: O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice)

  1. gosto da historia do xadrez e o Bobby Fischer é um personagem pitoresco desse meio… muitos dizem que ele poderia ter sido maior que o Karpov ou o Kasparov se nao tivesse surtado… outros dizem que ele nao foi o genio propagado… a verdade é que jamais saberemos

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