Crítica: Independence Day : O Ressurgimento (Independence Day: Resurgence)

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independence_cartaz Crítica: Independence Day : O Ressurgimento (Independence Day: Resurgence)Independece Day: O Ressurgimento (Independece Day: Resurgence)

Direção: Roland Emmerich

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Elenco: Liam Hemworth, Jeff Goldblum, Bill Pullman, Jessie T. Usher, Maika Monroe, William Fitchner, Judd Hirsch, Sela Ward, Deobia Oparei e Brent Spiner.

Em 1996 Independence Day ficou marcado pela megalomania dos efeitos especiais pouco vistos no cinema e que encheram os olhos do público destruindo parte do mundo recheado da velha propaganda ufanista americana. Entretanto, dentro destes exageros, era possível criar certa empatia com a história e elenco.

Agora, vinte anos depois, poderia o filme repetir sua fórmula e apresentar uma nova obra que pudesse chamar a atenção do público que não fosse pela pirotecnia digital? A resposta obviamente é não.

O roteiro, que conta com a participação de nove (!) pessoas, não somente se esquece de que apesar de todo o escracho tecnológico, ainda existem seres humanos habitando o planeta Terra, como esquece de que criar os conflitos dramáticos expondo todos os clichês possíveis não é algo que possa passar despercebido (acho que seria loucura pedir algo a mais num filme de Roland Emmerich).

Durante a comemoração do 4 Julho e os 20 anos da vitória sobre as alienígenas (algo que o filme martela constantemente como se não fôssemos capazes de descobrirmos sozinhos), o mundo vive uma paz nunca alcançada. Um mundo utópico onde as nações agora vivem em prol da paz e sem conflitos. Onde todos os líderes mundiais (os mesmos países de sempre) são consultados ao se tomar uma decisão. Mas claro, a palavra final sempre será dos Estados Unidos contra uma nova e maior ameaça que ruma em direção da Terra para buscar nossos recursos naturais como fonte de energia (sim, a temática é a mesma).

Falho estruturalmente, devidos aos vários núcleos e personagens desnecessários, o filme somente comprova a falta de capacidade do roteiro de construir personagens que não sejam unidimensionais e estereotipados, como visto no personagem Floyd (Wright) que passa todo o tempo como um irritante alívio cômico ou como no fato do personagem Julius Levinson (Hirsch) peregrinar um ônibus cheio de crianças sem qualquer função na história.

Outro exemplo é o casal vivido por Liam Hemsworth e Maika Monroe que simplesmente são incapazes de desenvolver um diálogo que não seja sempre em tom dramático de despedida. Isso sem contar com o clima entre o próprio personagem Jake (Hemsworth) e Hiller (Usher) que parecem não conseguirem reagirem a situação que não seja como dois adolescentes vindo do colegial.  Com diálogos expositivos, que beiram ao incrédulo, é fácil perceber que o roteiro tenha passado por tantas mãos. Para ter uma ideia da falta de noção, durante um momento de vida ou morte um personagem indaga para outro ‘Quem vai molhar as orquídeas agora?’.

O design de produção talvez seja o único ponto interessante do longa anterior ao conceber o visual futurista dos maquinário e naves  cuja fusão da tecnologia alienígena remanescente do primeiro filme são vistos como fonte de energia (tudo claro nas mãos dos americanos). Se no primeiro filme ainda podíamos contar com o carisma de Will Smith (não presente neste) com a parceira de Jeff Goldblum, aqui tudo se transforma numa série de núcleos mal desenvolvidos que subjugam até mesmo o elenco remanescente do filme anterior (o próprio Goldblum e Bill Pullman, como o ex- presidente).

Todos os conflitos e desenvolvimentos dos personagens são destruídos por todos os clichês e situações forçadas possíveis, coisa corriqueira na filmografia do diretor, que é desnecessário listá-las (mas não resisto). A mulher prestes a dar a luz no meio da invasão para simbolizar a vida após morte de bilhões na cena anterior? Sim, tem. O personagem que morre justamente no momento que o parente chega para salvá-lo e assim aumentar a carga dramática? Sim. O cachorrinho da família para ser salvo? Sim, também esta lá.
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Claro que não poderia faltar, claro, a velha misoginia e machismo demonstrando a visão dos realizadores ao ver a mulher como algo como objeto.

Poderíamos nos perguntar se o fato do presidente americano ser uma mulher (Ward) não mostraria certa preocupação dos realizadores com o assunto da representatividade feminina? Até poderíamos, mas tudo é posto por água abaixo pela maneira como a personagem é abordada devido às suas atitudes e presença.

Até mesmo a ameaça alienígena podemos usar como exemplo. Sempre nominada como ‘Ela’, o termo parece ser o álibi que os realizadores precisavam para associar expressões como ‘vagabunda’ ao pronome feminino.

Uma produção com orçamento de 165 milhões de dólares tem mais do que obrigação entregar um espetáculo circense de destruição em massa de grandes cidades. Assim é irônico que a cidade escolhida seja Londres e poupe, por um triz, a Casa Branca, esta que foi o símbolo da destruição do filme anterior. Mas só.

Não vou chegar a ofensa de igualar as cenas de ação de Emmerich com as esquizofrenias de Michael Bay, mas sendo completamente burocráticas que ficam a mercê de interjeições do atores com seus ‘oh’e ‘ops’ que sinceramente não chegam a empolgar (onde o único momento do clímax que realmente soa interessante é uma referencia rápida à famosa cena de perseguição de carro com o personagem do próprio Goldblum em Jurassic Park).

Mesmo dentro do gênero, filmes como Independence Day: O Ressurgimento têm como obrigação cinematográfica ser mais que um puro escapismo.  Sei que seria demais pedir isso a boa parte do público, mas não acredito que podemos ser tão coniventes com algo assim.

Cotação 2/5

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

5 thoughts on “Crítica: Independence Day : O Ressurgimento (Independence Day: Resurgence)

  1. nao entendo os criticos… nao gostam de nada?! nao da pra assistir um filme e só se divertir e pronto? falam do Micael Bay mas ele é sucesso de bilheteria mesmo com vcs jogando contra… Emerich a mesma coisa: pode falar mal, continuaremos gostando dos filmes dele!

    1. ainda existe gente que acha que bilheteria boa é sinônimo de filme bom… fala serio

    2. Silvio
      Obrigado pelo comentário.

      Bem, dizer que um crítico (ou vários deles) não gosta de nada é um equivoco comum.

      Eu entendo que ler alguém falando mal de um filme que agrada, passa esta sensação (abaixo segue um link do MAXIVERSO abordando o assunto tendo como base o filme BVS)

      Quanto ao se divertir, garanto que isso pode ser feito com outros filmes que não sejam exatamente um blockbusters. E ratificando que bilheteria nunca foi e nunca será um requisito padrão para qualidade de um filme

      http://maxiverso.com.br/blog/2016/04/13/porque-os-criticos-nao-gostaram-de-batman-vs-superman/

      Abraços

    1. Martin Juan,

      Obrigado pelo visita

      Não diria exatamente novela, pois este clichês normalmente estão a serviço da narrativa novelesca ..rs.
      No caso de independence day a maioria não serve para engrandecer em nada o filme.

      Abraço e continue nos acompanhando…

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