Crítica: Logan
Logan
Direção: James Mangold
Elenco: Hugh Jackman , Patrick Stewart , Dafne Keen , Stephen Merchant, Boyd Holbrook , Richard Grant ,Elizabeth Rodriguez e Eriq La Salle
Num determinado momento de Logan, observando a cena de um jantar em família, imaginamos o protagonista tendo finalmente um pouco da paz e felicidade que nunca conseguiu. Realmente a curta sequência é o único alívio que o mutante se permite, tendo em vista que o restante do longa é transformado numa espécie de Road Movie de dor e a saga de um homem que há muito tempo perdeu qualquer motivação. Logan não se preocupa exclusivamente com os aspecto de um filme baseado em HQ (apesar de manter elementos característicos ao estilo), mas numa obra protagonizada por um homem que deixou a resignação tomar conta de sua mente.
Com andar trôpego, por vezes manco, mãos trêmulas e poderes de regeneração falhando – inclusive sempre ressaltando a necessidade de usar óculos de leitura e as garras que travam -, Logan (jamais Wolverine) é um homem envelhecido, corpo marcado, olhos avermelhados, sempre exalador dor desde de sua primeira aparição e tendo seu passado ao seu encalço, que podemos interpretar tal conceito na própria personificação de um personagem mais novo e forte.
E se Logan jamais deixa de demonstrar tais dores, Xavier é igualmente personificado ao se mostrar debilitado, cuja poderosa mente agora se tornou um fardo e perigo para todos. O roteiro do diretor – em conjunto com Scott Frank e Michael Green – é suficientemente capaz de criar uma atmosfera de melancolia sem perder a essência do protagonista, se tornando um obra que define o personagem que durante seus filmes solos nunca atingiu seu potencial. Assim como a inclusão de cenas de Shane (ou Os Brutos Também Amam) se torna uma interessante analogia de um homem usando suas últimas forças sendo usadas dentro de um panorama social (Logan constantemente insere tal contexto de preconceito a minorias – algo sempre presente nos filmes dos X-Men – para contextualizar o cenário do filme).
O roteiro alcança níveis paternos entre Xavier e Logan envolto numa nuvem de dor. Tanto por saberem que estão cursando os últimos momentos de uma longa jornada quanto pelo fato da vida, amizade, motivações e ideias há muito tempo foram deixadas para trás. Uma das qualidades que podemos reparar também é: mesmo não mostrando exatamente o que levou os mutantes a aquela situação – ou até mesmo o que realmente ocorreu com os X-Men – somos compelidos e conscientes que não há uma necessidade clara que tais fatos sejam revelados explicitamente. Uma vez que através da condição de Xavier e o estado psicológico e físico de Logan saibamos o suficiente para entendermos seus traumas e contextualizar os fatos. Até mesmo Caliban se torna um elemento envolto dentro do contexto autodestrutivo mas que ainda emana alguma racionalidade. Mesmo com seu aspecto vampiresco (remetendo a Nosferatu), sempre mantêm uma postura elegante e voz serena (um belo trabalho de Stephen Merchant e que a dublagem irá, como sempre, destruir), e criando um tom antagônico com Logan (reforçado pelo posicionamento oposto em um dos poucos diálogos que eles têm), mas mantendo sempre um respeito que somente condenados pelo tempo poderiam ter.
Em 2029 – e 25 anos sem o nascimento de um mutante – o mundo parece ter esquecido tais indivíduos e que agora sobrevivem ainda mais no ostracismo (remetendo ao inesquecível Os Filhos da Esperança de Alfonso Cuarón). Logan (Jackman) trabalha como motorista e passa seus dias também nos cuidados de Charles Xavier (Stewart), auxiliado por Caliban (Merchant), mas devido a chegada da pequena Laura Kinney (Keen), passa a ser perseguido pelo agente Donald Pierce (Holbrook) a mando da empresa de Transgenia, comandada pelo Dr. Zander (Grant). Aliás, surgindo com um dos destaques, a pequena Laura sempre se mostra uma personagem interessante devido ao belo trabalho da atriz Dafne Keen. Com poucas falas (e o quando faz pela primeira vez é servindo a narrativa), se mantendo imprevisível (e feroz) durante todo o longa, a menina convence em seus dramas e o medo ”de se tornar aquilo que foi criada para ser” ao buscar o seu ”Éden”.
Todavia, ainda apresenta certos pontos que incomodam (mas não tão influentes na narrativa), como o fato de uma personagem, ao revelar toda a trama para Logan, expõe gravações de vídeos que soam inverossímeis pelos detalhes de como foram mostrados e a necessidade daquelas informações soarem como segredos ocultos que ninguém sabia que estavam sendo gravadas. O design de produção apresenta a lógica de usar o ambiente para contextualizar e expressar o estado de seus envolvidos. Fora a própria questão da jornada do protagonista vivendo num local decadente e sujo – e a metáfora para seu estado físico e mental -, é emblemático ressaltar o próprio fato de Charles Xavier ser mantido num lugar que remete ao cérebro, mas não mais um local que usar seus poderes na sua plenitude, mas um ambiente degradado em que sequer ele pode manter um pouco de sanidade.
Com uma violência mais explícita que dos filmes anteriores (elevando sua faixa etária), tal questão não serve não somente a lógica do personagem, mas pelo fato de contrapor (finalmente) o tratamento dado anteriormente, que apesar de matar, jamais tinha o sangue exposta de maneira contextualizada – ratificando que não se trata de um desejo mórbido por sangue, mas sim, manter a lógica da ação. Mesmo se entregando tais cenas com corte rápidos e o problema da mise-en-scene, o diretor é suficientemente capaz (como na primeira aparição de Laura em que o diretor cria um clima de tensão antes de realmente apresentá-la) em não exagerar nas tais cenas para não subjugarem o desenvolvimentos dos personagens (apesar que numa sequência parece ter sido pensada em emular as cenas em câmera lenta de First Class e Dias de um Futuro Esquecido).
Soando uma lógica visual até seu último plano, o diretor James Mangold reverencia o protagonista em todos os momentos com sua narrativa (uma homenagem na despedida de Hugh Jackman no papel) com o uso constante, podemos dizer assim, de contra-plongées (câmera de baixo para cima) para engrandecer o personagem ao mesmo tempo em que esta câmera baixa simboliza o personagem sempre numa posição mental e física inferior do que do sempre foi – ratificando a rima visual no último plano do filme. Ademais, é elogiável que o filme use até da metalinguagem para empurrar a história para frente pelo fato de basear parte da motivação dos personagens numa HQ, servindo até mesmo para ratificar o senso de realidade e pessimismo de Logan ao confrontar as informações vindo de coloridas revistas.
Enfim, Logan se apresenta uma obra relevante sempre apostando no arco de um homem sempre em rota de colisão com seu passado, mas servindo ao propósito de deixar um legado menos doloroso que sua própria existência.
Cotação 4/5
Rodrigo Rodrigues
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Achei esse o pior filme dos X-Man ou de seus membros já veiculado. Mas a crítica acima achei muito boa. Escrevi uma também, mas que os fãs acharam péssima.
Muito bom esse site, curti pra caramba.
Pedroom
Bem vindo
Pena que não gostou. Mas mesmo assim achar como o pior de todos, terei que discordar. Se quiser compartilhar o motivo por qual não gostou , sera bem vindo.
Abraços
Não gostei pois achei a morte de Xavier um tanto quanto covarde e apelativa, o antagonista do filme é muito fraco. E achei que a mensagem subliminar no final do filme péssima. Mas só lendo a matéria completa em meu blog você irá entender melhor o meu raciocínio.
perdi no cinema… agora é esperar pra assistir em DVD… leio os quadrinhos dos X-Men, esse filme é baseado em Old Man Logan?
Luiz,
Bem vindo.
Pena que não conseguiu. Mas o filme ainda está em cartaz em algumas salas.
Quanto a fonte de inspiração eu não posso te afirmar se foi inspirada na história mencionada, pois não acompanho HQ a tempos.
Mas, Independente , acredito que irá gostar.
Abraço.
nao gostei… achei forçado demais dar um tom tao serio a um filme de quadrinhos… passou do ponto, virou dramalhao… se vc elogiou Kong pelo que ele fez, ou seja, por ter entregado o que a gente espera de um filme dakele, nao pode elogiar Logan por entregar algo que foge totalmente ao escopo do que deve se rum filme sobre SUPER HEROIS PODEROSOS MUTANTES… só essa descrição já bate d e frente com o tom do filme
Caio Teixeira
Bem vindo
Pena que não gostou, mas isso não torna sua opinião inválida. Todavia, discordo quanto diz que foi “forçado demais dar um tom tão sério a um filme de quadrinho”.
Primeiro porque devemos avaliar o filme baseado em como ele é, e não necessariamente sobre o que ele é (independente da fonte que o inspira) ou até mesmo como queríamos que fosse. E neste ponto, inclusive exemplifiquei no texto com vários exemplos, “Logan” se saiu bem.
Segundo, caso fosse, não acredito existir uma regra que filmes baseados em HQ não possam ser “sérios”.
Assim, o fato de ter elogiado “Kong” reflete exatamente o que falei (como ele é, e não sobre o que é), cujos pontos positivos eu identifiquei com exemplos tirados do próprio filme.
Abraços
pra mim fechou com chave de ouro tudo dos X-Men no cinema, recuperou a imagem do grupo e da Fox com os mutantes e podia servir pra acabar com a franquia na Fox e daki pra frente começar do zero outra franquia, outros atores, uma linha temporal mais acertada… o que vc acha?
Luis Gustavo
Obrigado pelo comentário.
Realmente, se levarmos em consideração como um filme da franquia, fechou muito bem (mesmo Logan tendo um lado independente dos outros filmes)
Com relação a linha temporal eu admito que “First Class” e “Dias de um futuro Esquecido” e “Apocalipse” cumpriram seu papel. Não acredito que a Fox ou outra empresa ira começar algo tão cedo (mas como hoje em dia basta alguns poucos anos para reativar uma franquia….rs)
Abraços,
achei bom o filme… mas o lance do video da emfermeira foi uma quebra de clima total me tirou do filme nakele momento e o final tb acho que podiam ter pegado mais leve ali nao rpecisava de uma luta climatica no final, mas nao, eles TEM que tentar fazer algo grandioso pra acabar… pena
pensa assim: em 2029 terá um app de edição de video facilzao de usar que da pra qualquer um fazer um video dakele kkkkkk
Leandrinho e Sonara
Bem vindos.
Realmente o lance da câmera realmente incomoda. Pois a questão nem se trata de como ela filma, mas pelo fato da cena querer passar algo escondido, mas acaba mostrando mais que a situação permitia. Quanto ao final, até admito que a cena , caso retirada, não faria falta , mas não prejudicou .
Abraços e continuem conosco.
Eu diria que é um dos melhores do “gênero” como o Rodrigo frisou… mas está abaixo do Superman original e dos dois primeiros Batman do Nolan. O interessante é que bastou fazerem uma abordagem mais visceral e fiel do personagem que o filme saiu excelente (claro que um roteiro errado poderia destruir isso mesmo com o personagem fiel). Pena que em nome de bilheterias maiores a maioria dos filmes acaba indo pro lado pipoca/familia e nao pode ser como queria, mais “adulto” e fiel aos herois.
concordo com tudo!
Boss,
obrigado pelo comentário.
Realmente bastou terem um pouco mais de cuidado com a essência do personagem para se saírem melhor que os outros. Acredito também , mesmo querendo atingir um público maior, ainda é possível fazer uma obra elogiável. Para isso devem, como dito antes, respeitar a essência do personagem e trabalharem bem a linguagem cinematográfica.
Abraços
Franklin,
Obrigado pelo comentário.
Bom que concordou com nossa opinião, mas se discordasse também seria válido rs
Abraços,
João Pires,
Bem vindo
Realmente Logan é um bom filme sim, mas o melhor (único e exclusivo) nem tanto – não que ele não tenha qualidades. Mas temos muitos outros bons exemplo do gênero que se tornaram tão celebres quanto . Como por exemplo, Superman, Cavaleiros das trevas, Homem- Aranha 2 e o próprio X-men 2 …
Obrigado pelo comentário
Abraços
amei… nao digo que é o melhor filme dos X-Men… digo que é o melhor filme de super heróis ever!