Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor Animação

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Acompanharam a cobertura que o Maxiverso fez do Oscar 2017? Se não viram ainda, confiram aqui as postagens a respeito do evento. Em relação à categoria de Melhor Animação, quem ficou com o prêmio foi Zootopia, e dentre as que concorreram ao prêmio também estava a A Tartaruga Vermelha (confiram a review aqui), que não chega a ser um anime exatamente, mas que teve na sua produção um dedinho do Studio Ghibli, muito reconhecido pelos seus belos filmes de animação. Devido aos ótimos trabalhos, o estúdio se mostrou sempre presente na história das animações japonesas indicadas ao Oscar de Melhor Animação. Vamos relembrá-las:

1c Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor AnimaçãoA Viagem de Chihiro (2001)

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Dirigido por Hayao Miyazaki, o expoente do Studio Ghibli, o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Animação e, dentre todos os que aqui estão, foi o único que levou o prêmio.

A história começa com a garota Chihiro viajando com seus pais de carro, por um lugar não muito familiar, até que se deparam com um túnel. Seus pais resolvem sair do carro para investigar para onde aquele túnel vai e Chihiro resolve ir com eles. Depois de passar por ruínas que acreditam terem pertencido a um antigo parque de diversões, chegam ao que parece ser uma vila, mas sem sinal de moradores. Seus pais encontram um restaurante por lá e resolvem começar a comer enquanto esperam o responsável pelo estabelecimento chegar.

Enquanto seus pais matam a fome, Chihiro decide explorar a cidade deserta e, assim que cai a noite, ao voltar para se reencontrar com seus pais, vê que os dois ainda estão comendo no restaurante, mas… se transformaram em porcos! Esse é só o começo das coisas inusitadas desse filme de aventura cheio de fantasia. A garota se encontra num mundo surreal onde habitam os seres mais estranhos, nem todos amigáveis. Lá, ela precisa encontrar uma maneira de ser aceita pelos seres não-humanos e tentar reverter a magia que transformou seus pais para que possam voltar para casa.

O filme é muito criativo nos personagens e cenários, além de as intenções de alguns deles não poderem ser propriamente classificadas em boas ou más. É complicado falar em vilões quando se trata desse filme, como se tudo fosse preto no branco. Na verdade, temos uma escala de cinza no que diz respeito à índole de muitos dos personagens. Além do Oscar, a animação é a mais bem classificada no ranking de score do site IMDB, e no MyAnimeList se encontra na 16ª posição, sendo o filme do Ghibli mais favoritado.

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2 Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor AnimaçãoO Castelo Animado (2004)

Assim como no filme anterior, temos uma protagonista, mas, desta vez, uma moça um pouco mais velha, Sophie. Se bem que “um pouco” mais velha seria eufemismo se levarmos em consideração o que ocorre com a personagem. Explico: Sophie era uma jovem adulta que trabalhava com chapéus e, um dia, acaba topando com um belo jovem mago durante uma andança pela cidade e, infelizmente, isso faz com que ela se torne alvo da Bruxa do Nada, que joga uma magia na moça transformando-a numa velhinha.

A pobre moça decide partir sem que sua família saiba, em busca de uma solução. Por incrível que pareça, ela acaba lidando com a transformação melhor do que imaginaríamos a princípio, procurando ver os pontos positivos da situação. Enquanto procura por alguém que possa desfazer o feitiço, encontra um espantalho pelo caminho, a quem dá o nome de Cabeça de Nabo, que acaba ajudando-a a embarcar no castelo animado do mago Howl, o mesmo jovem que se encontrou com ela por acaso anteriormente. Sem fazer cerimônia, Sophie começa a morar no castelo dizendo ser a nova faxineira, logo ganhando a simpatia do pequeno ajudante, Markl, e do próprio mestre do castelo, Howl. Não nos esqueçamos também do demônio do fogo, Calcifer, aparentemente um foguinho, mas muito poderoso, e que tem papel importante na história.

Mais um grupo de personagens inusitados num filme do mesmo diretor do anterior. Da mesma forma, enquanto é difícil falar em vilões ou heróis, somos conquistados pela personalidade pouco previsível dos personagens. Mais um filme do Ghibli que, apesar de não ter levado o Oscar, conquistou milhares de fãs pelo mundo. A história é uma adaptação de um livro de mesmo nome, da escritora britânica Diana Wynne Jones.

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3 Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor AnimaçãoVidas ao Vento (2013)

Só dez anos depois d’O Castelo Animado é que uma outra animação japonesa aparece na categoria do Oscar de Melhor Animação, com mais um filme de Miyazaki: Vidas ao Vento. Temos como protagonista Jiro Horikoshi, que para quem não sabe, foi realmente um engenheiro de aviões à época da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de um filme histórico, sem a fantasia dos já mencionados nessa postagem. Apesar do contexto no qual a história se insere, o filme é mais autobiográfico do que centrado nos eventos da Segunda Guerra. Acompanhamos a vida de Jiro desde sua infância, quando nele é despertada a paixão por aviões, e vemos a trajetória que o rapaz percorre para iniciar seus estudos em engenharia, trabalhar com design de aviões, se tornando um engenheiro exemplar, e até se apaixonar.

Um verso citado algumas vezes durante o filme é “le vent se lève, il faut tenter de vivre!”, de Paul Valery, cuja tradução poderia ser “o vento se levanta, é preciso tentar viver!” Como o próprio título da animação indica, todo o filme tem o vento como desencadeador de muitos eventos que ocorrem na vida do protagonista e de outros personagens. É um bom drama com a bela animação do Ghibli — mesmo que se passe um, dois ou dez anos, a animação do estúdio continua com seu estilo característico — e que com certeza irá agradar os fãs de aviões pela seriedade com que o tema é tratado, além, é claro, os amantes de história e de romances em geral. A título de curiosidade, o seiyuu do protagonista é ninguém menos que Hideaki Anno, diretor de Neon Genesis Evangelion.

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4 Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor AnimaçãoO Conto da Princesa Kaguya (2013)

Mais um filme do Ghibli, mas, desta vez, dirigido não por Miyazaki e sim pelo também diretor Isao Takahata, co-fundador do estúdio. Como era de se esperar, muita beleza transparece no filme que adapta uma antiga lenda japonesa do século X, conhecida tanto pelo nome que foi colocado no filme, como também pelo nome de “O Conto do Cortador de Bambus”. A lenda se inicia com um velho cortador de bambus que um dia encontra uma bebê dentro de um bambu incomum. Ele e sua esposa começam a cuidar da criança, que parece crescer muito mais depressa que as outras. De tempos em tempos, o cortador também encontra alguns artefatos preciosos dentro de bambus, como roupas finas e ouro.

A menina, a quem dão o nome de Kaguya-hime (Princesa Kaguya), realmente parece ter sido enviada ao casal como uma princesinha, por todos aqueles itens que, de tempos em tempos, seu pai encontra dentro de certos bambus. Eles imaginam que isso se deva a uma vontade divina de que a menina se torne uma princesa de fato. Então, o casal de velhinhos decide se mudar da sua casinha humilde na zona rural para a cidade, com a missão de transformar a garota numa princesa.

Kaguya, que crescera cercada pela natureza e pelos seus amigos camponeses, acaba tendo que deixá-los para viver na cidade, num palácio luxuoso recém comprado pelos seus pais com o ouro que lhes fora “enviado divinamente”, para que comece sua vida de princesa. Inicialmente, ela se entusiasma com a nova vida, mas não demora muito a se entristecer com as novas exigências de comportamento, vestuário e interações sociais, tão diferentes daquelas de sua vida de antes, a vida à qual ela gostaria de retornar.

O maior diferencial do filme em relação aos anteriores está no visual. Não vemos o character design usual do estúdio, mas sim um novo, que compõe uma animação bem diferente do cel shading normalmente utilizado em animes. Todo o filme é ilustrado como se fossem desenhos tradicionais, com cores mais claras, lembrando uma pintura aquarelada, com desenhos de contornos espontâneos e elegantes, que evocam o estilo japonês de ilustração.

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5 Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor AnimaçãoAs Memórias de Marnie (2014)

Este foi o último filme inteiramente produzido pelo Ghibli até o momento — recentemente tivemos a boa notícia de que Miyazaki voltou à ativa — e, como sempre, mais uma história emocionante, baseada no livro de Joan G. Robinson, e dirigido por Hiromasa Yonebayashi. A história começa com Anna, que vive em Hokkaido (a ilha mais ao norte do Japão), na cidade de Sapporo, e depois de sofrer com uma forte crise de asma, sua mãe adotiva resolve enviar a filha para passar uma temporada na casa de seus tios, numa cidadezinha pequena no litoral da ilha.

Anna logo se vê intrigada pela mansão próxima a um pântano, aparentemente abandonada, e resolve ir até lá algumas vezes até que se encontra com uma garota de cabelos loiros e olhos bem azuis, que mora na mansão e parece ter sua idade, chamada Marnie. As duas logo ficam amigas e o tempo que Anna passa com Marnie é a melhor parte de seu dia, mas há algo de estranho sempre que as duas estão juntas… O espectador ficará intrigado com as razões dessa estranheza, que é explicada posteriormente. Além de misterioso em certos aspectos, o filme é muito tocante. Mais um que vale a pena assistir!

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Karina Moreira

Formada em História, é membro do Grupo de Estudos de Histórias em Quadrinhos de Franca (GEHQ). Há anos não consegue viver sem sua dose diária de animes e mangás, o que aumentou seu interesse pela cultura japonesa, e espera conseguir dominar o complexo idioma dos kanji um dia... De vez em quando, gosta de desenhar e passar a madrugada rindo de vídeos de pegadinhas.
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9 thoughts on “Relembrando os animes já indicados ao Oscar de Melhor Animação

    1. Que bom que gostou, agora é só conferir alguns desses filmes caso ainda não tenha visto, são realmente bons!

    1. Teria sido um bom concorrente. Não sou a maior fã da história, mas a animação de Akira é excelente até para os padrões atuais.

  1. Só cinco animes concorreram ao Oscar de Melhor Animação ? Achei que os demais animes no formato de longa-metragem produzidos e exibidos nos cinemas nos anos 60, nos anos 70, nos anos 80 e nos anos 90 também haviam concorrido a estatueta. Obrigado pela informação.

    1. Pois é, quando pesquisei, também fiquei surpresa por terem sido tão poucos. Geralmente, você encontra vários pré-candidatos a cada ano, mas poucos acabam concorrendo ao Oscar de fato.

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