Crítica: Rocketman
Direção: Dexter Fletcher
Elenco: Taron Egerton, Richard Madden, Jamie Bell, Bryce Dallas Howard, Steven Mackintosh, Gemma Jones, Tom Bennett, Matthew Illesley e Kit Connor
Nota 3/5
Se a necessidade de uma cinebiografia passasse pela superficialidade dos acontecimentos históricos do biografado, uma dezena de filmes seriam considerados narrativamente bem sucedidos. Não que este Rocketman, dirigido por Dexter Fletcher seja considerado descartável, mesmo fazendo todo o esforço para tentar fugir dos problemas comuns do gênero musical (sim, a obra é um musical) quando falta espaço e tempo para abordar um vida inteira de uma personalidade de momentos tão grandiloquentes quanto a vida e obra de Sir Elton John.
Contudo, parece que o diretor, aproveitando o embalo do superestimado “Filme do Queen” em que foi produtor, tentou criar dentro da narrativa elementos que tentam cooptar os problemas de uma obra como essa (inclusive em um exercício de adivinhação, será que daqui há alguns meses teremos um filme sobre o Led Zeppelin?) ao mesmo tempo usando tons fantasiosos que refletem bem o contexto do cantor e suas músicas.
Abordando boa parte da trajetória do artista desde de sua infância de criança prodígio até meados dos anos 80 aproximadamente (o que não fica muito claro, e denuncia um dos problema estruturais do filme, por deixar de lado outros importantes momentos recentes do cantor, tanto que “ajustam” isso durantes o créditos finais), o roteiro de Lee Hall não é uma fonte de inspiração ao tentar focar as fases e abusos do astro. Pois, mesmo que a carreira de artistas desse porte tenham elementos comuns (drogas, sexo e fortuna, por exemplo), a história parece não ter habilidade de fugir ou tentar apresentar algo que não soe repetitivo ao mostrar seu relacionamento conturbado com o pai intolerante (Mackintosh), a mãe relapsa (Bryce Dallas Howard, surgindo sempre caricata e por momentos envelhecida com uma maquiagem digital pavorosa), além da importância da avó, a parceria duradoura com Bernie Taupin (Bell), a sua homossexualidade, etc. Mas ainda assim é válida a tentativa da narrativa de se mostrar inicialmente com o personagem principal fazendo uma auto reflexão de sua caminhada e ações em busca de um reconhecimento e amor que jamais teve, mas repetindo, ainda insuficiente para tirar a superficialidade e sentimentalismo da obra; principalmente quando do fechamento de seu arco dramático através de “reuniões” com um grupo de reabilitação.
Ademais, o fato de inicialmente surgir travestido de um demônio conflitante com suas memórias infantis, serve como porta de entrada para trazer o tom fantasioso (e musical) para o longa. É neste momento que Rocketman ganha o espectador ao trazer suas eficientes cenas musicais embaladas pelos sucessos do cantor, com um bom trabalho da direção de artes em trazer aqueles cenários diversos que inspiraram o protagonista, mesmo que em alguns momentos tais cenas surjam de maneira aleatória e cansativa (ao ponto do espectador torcer o nariz quando alguém começa a cantar, denunciando que virá outras cena musical pela frente…). Entretanto, ratificando, na maior parte do tempo, tais momentos são realmente a força matriz do longa até mesmo por agilizar e servir a história ao mostrar passagens importantes da formação de Elton John e suas influências musicais, que se tornariam um excesso ainda maior caso fossem mostradas de outra forma, como por exemplo, quando vemos um balé em um parque dos anos 60 ao som de Saturday Night’s… logo depois de uma sequência mostrando o início da carreira como pianista em pequenos bares.
Inclusive, é elogiável que tal “sincronismo musical” sirva até mesmo para momentos delicados como visto na sequência durante uma festa nos anos 70, ao som de Tiny Dancer em que, o observar seu amigo flertando, sua espera pelo amor é recompensada ao conhecer seu agente e futuro amante John Reid (Madden); algo que não acontece, por exemplo, quando o longa mostra seu casamento com Renate Blauel, que se mostraria interessante para conhecermos mais devido a orientação sexual de Elton John, porém aqui tudo acaba resumido em duas cenas simbolizando as diferenças com os personagens posicionados em cantos opostos do quadro e que poderiam ser facilmente descartadas não fosse um importante fato (que não citaremos para evitar spoilers).
Aliás, a montagem de Chris Dickens (Quem quer ser um Milionário) se torna fluída mesmo com muitos acontecimentos e a necessidade de abordar tantos assuntos. Não que seja algo de um Oscar como o absurdo feito na premiação deste ano (justamente para o “Filme do Queen”), mas não fica a sensação de se estar simplesmente jogando tudo na tela, apesar de que é isso que acontece, onde a câmera percorre a tela sempre de maneira igual nos números musicais, engrandecendo ainda mais as cenas que por si só empolgam de maneira natural pela músicas conhecidas há décadas. Sucessos que a direção, reconhecendo sua importância, as usa como bem entende de maneira atemporal (uma vez que muitas das canções nem existiam em determinado momentos retratados nas cenas) para o humor, como em uma cena em que o produtor ignora várias músicas que se tornaram sucesso por achá-las “ruins”.
Taron Egerton tem a grande performance de sua carreira até aqui, e considerando-se ainda que para um ator que ficou conhecido como o agente Kingsman nos dois filmes do agente secreto, assumir a persona de Elton John se torna um desafio ainda maior, suprido com elogios e sinceridade ao trazer a timidez do cantor, os trejeitos no palco etc.., mas devemos observar o fato de que o ator tem uma gama de muletas de interpretação devido ao próprio Elton John sempre surgir em público com seus figurinos carnavalescos, o que obrigado o ator a precisar sempre estar caracterizado (seja um óculos colorido e a peruca, por exemplo), o que pode trazer certa artificialidade, mas que nos momentos em que o ator surge de cara limpa, Egerton mostra que sua atuação poderia render outros bons momentos se o roteiro não fossem desestruturado em se dividir em drama e musical. E tudo se torna ainda mais falho em sua conclusão ao abusar do melodrama e sem sabermos realmente o que estamos vendo em uma redenção do personagem como se ele fosse o grande culpado, sem levar em consideração que a maioria das pessoas queriam explorá-lo em vez de amá-lo.
Como abordagem de um dos maiores astros da música de todos os tempos, Rocketman é como um show de rock que visualizamos toda sua potência naquilo que ele se propõe como entretenimento; mas não podemos esquecer que arte se faz pela experiências pessoais.
Rodrigo Rodrigues
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mais um filme videoclip emocionantemente melodramatico que é tido como filmaço pelos fãs do musico, tal qual o filme do Queen… passo
Grip
Bem vindo
O filme é realmente uma apanhado de números musicais , um protagonista carismático e um fio dramático irregular.
Mas ainda sim acho que Rocketman melhor que o “Filme do Queen”.
Abraço
filme super divertido, amei, recomendo a todos
Ma Mo
Bem vindo
Obrigado pelo comentário e que bom que o filme agradou !
Abraços