Crítica: Ford vs Ferrari
Direção: James Mangold
Elenco: Christian Bale, Matt Damon, Jon Bernthal, Caitriona Balfe, Josh Lucas, Noah Jupe, Remo Girone e Tracy Letts
Nota 3/5
Contando um recorte de uma história real e que, mesmo para as pessoas que não acompanham tanto as corridas automobilísticas, ainda assim se torna atraente e vibrante, Ford vs Ferrari, de James Mangold, acaba agradando uma público abrangente apostando ainda mais na bem vinda dinâmica entre Matt Damon e Christian Bale – respectivamente representando os papéis do ex-piloto Carroll Shelby (aposentado por recomendações médicas) e Ken Miles (apesar de um genial piloto, é traído pelo seu temperamento e sua dificuldade em manter sua pequena oficina mecânica durante os anos 60).
O longa mostra ambos vivendo uma amizade de amor e ódio, e tornando-se lendas no esporte e a obra ainda tem como pano de fundo a disputa entres as duas grandes montadoras da época, a partir do momento em que a americana Ford decide participar das principais corridas do calendário automobilístico, principalmente a famosa 24 horas de Le Mans – vencida seguidamente pela italiana Ferrari.
Isso, contudo, não é o suficiente para ocultar uma narrativa que aposta constantemente em diversos clichês e sentimentalismo forçados principalmente por trazer, fundamentalmente, uma obra propagandista da supremacia automobilística americana diante dos “vilões” italianos da Ferrari, ressaltando na metáfora como se estivesse na segunda guerra mundial contra nazistas… O maior exemplo disso é o próprio Henry Ford II (Letts) como herdeiro do império de Henry Ford e defensor do american way e da meritocracia estadunidense, e que pouco se importa com seus funcionários, mas a direção vai pintado o personagem como um executivo se rendendo aos talentos de seus pilotos. Ademais, não faltam decisões bastantes simples como descaracterizar os italianos, quando, por exemplo, no único momento que entendemos o que a equipe italiana fala durante uma corrida é quando fazem aquele famoso gesto com as mãos que os italianos fazem simulando descontentamento, e não através de diálogos para que possamos entender o que é dito (gerando impessoalidade naqueles personagens) ou o como no fato dos pilotos da Ferrari sempre soarem com olhares e sorrisos vilanescos.
Porém, contando com um visual caprichado na reconstituição dos carros e bastidores das corridas, Ford vs Ferrari tem obviamente nas disputas de monomotores seu ponto alto ao trazer movimentos de câmera em planos baixos que por vezes vão de encontro aos carros e tentando também não abusar – apesar que ainda esteja presente – do tradicional e sempre funcional “plano do piloto acelerando ou trocando a marcha” (ademais, chega a ser até engraçado que nessa reconstituição de época haja uma grande quantidade de propagandas saltando na tela, até me pareceu aqueles desfiles de escola de samba patrocinados em que a marca do patrocinador(es) tem que ser exposta a todo momento).
O longa não chega exatamente a alcançar os méritos visto, por exemplo, em No Limite da Emoção (2013), que para mim tenha sido o último grande filme sobre automobilismo, mas o importante é que tal elemento também sirva para gerar o conflito entre os protagonistas e superar as desconfianças e seus medos. Mas mesmo gerando um abrupto e desnecessário final para gerar um impacto dramático, Ford vs Ferrari consegue alcançar seus objetivos, mesmo que esteja em uma velocidade em que não acompanhe realmente suas intenções de ser sobre o homem ou a máquina.
Rodrigo Rodrigues
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Assisti o filme no fim de semana e gostei mais do que imaginava. Ainda que haja óbvia direção para os americanos serem os “bonzinhos” e por mostrar os italianos como antagonistas, o filme ainda assim consegue equilibrar a balança satisfatoriamente (ou mais do que o usual), mostrando como Enzo mantém seus princípios ao não vender a fábrica por saber que não poderia ser competitivo contra a Ford em momentos chave e ao jogar sempre limpo nas corridas (ao contrário de Shelby, que parece um Dick Vigarista criando pequenas trapaças sempre que pode). Fora que Enzo humilha Ford ao mandar o recado com várias verdades duras (“fábrica fria, desumana e feia” e “vc sempre será “apenas” o “segundo Ford na linhagem”, pare de se achar o revolucionário) e ainda critica o excesso de “playboyzisse” de Ford por usar o helicóptero. Ou seja, ainda que antagonistas, os italianos não são tão “maus” como por exemplo Clint Eastwood fez no Menina de Ouro, qd as lutadoras adversárias parecem vilões saidos da série do Batman dos anos 60, ainda que ocorram as derrapadas nas caracterizações como vc citou na crítica… (parece que se esforçam, mas mesmo assim não conseguem deixar de mostrar como os adversários são “malvados” rs mesmo que “um pouco”). Mas na verdade o grande vilão do filme é o executivo escroto da própria Ford, outro ponto favorável do longa. No mais, Bale tem outro bom desempenho em seu papel, mesmo com os citados sentimentalismos exagerados e o final previsível pelas pistas jogadas ao longo da trama, enquanto Matt Damon vai cada vez mais mostrando que é um ator mediano, no máximo, que ganhou nossa simpatia lá atrás com Gênio Indomável e se mantém no topo na indústria mais por todo seu background com os executivos. Um bom filme, que mostra um episódio interessante das corridas de automóvel e em momento algum cita Indianápolis (a versão americana das 24h de Le Mans, em termos de fama e prestígio, ainda que as 24h de Daytona seja mais análoga) e chega até mesmo a tirar sarro da Nascar (um xodó dos americanos), mostrando novamente que tenta evitar vilanizar muito os europeus e enaltecer os estadunidenses. Pelo menos tenta rsrs…
curti pra caramba esse filme
otimo filme pros amantes de carros e da formula 1 recomendo
filme divertido pena que tenha esse lance de Ford ser o bem e Ferrari ser o mal… americanos sendo americanos ne