Crítica: Sicario – Terra de Ninguém

3

Direção: Denis Villeneuve

RoteiroTaylor Sheridan

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Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro, Victor Garber, Daniel Kaluuya e Jon Bernthal.

Nota 5/5

Qual o limite na luta numa guerra que parece nunca ter fim? Independente da resposta algo é inevitável: não há mocinhos neste conflito e quanto mais se sabe, mais aterrorizadora é a verdade por trás de tudo. Após o magnífico Os Suspeitos, o diretor Denis Villeneuve repete a direção competente e envolvente em Sicario, que retrata a luta contra as drogas na fronteira do EUA e México na visão da agente Macer (Emily Blunt se especializando no papel de heroína). A agente se torna um corpo estranho e frágil ao fatos num terreno em que ela precisa tornar-se algo aquém dos seu principios morais e profissionais (“Você precisa ser o lobo”, como exemplifica um dos personagens). Tal contexto poderia até tornar o filme passível de ser chamado de sexista dependendo do ponto de vista, mas que não se sustenta pelo roteiro mostra soluções convincentes para introduzir a personagem na história.

Após investigar um local que serve de como cativeiro do cartel, Macer é convocada para trabalhar numa força tarefa liderada pelo agente Graver (Brolin) que também conta da ajuda do metódico Alejandro (Del Toro); mas o aparente convite é apenas a ponto do iceberg na história com personagens que cujas ações e comportamentos passam longe de qualquer escrúpulo e que apenas ratificam uma posição polêmica e reveladora de que esta guerra contra o narcotráfico é um ciclo sem fim. Podemos dizer que está guerra não restrita somente na fronteira, mas em qualquer lugar que tais condições a favoreça, como vemos numa das sequências onde facilmente identificamos similaridades sociais com as comunidades do Rio de Janeiro, por exemplo, que vive um clima de terror imposto pelo tráfico. Tal abordagem temática é influenciada claramente por Traffic de Soderbergh (que rendeu um Oscar para Del Toro) que trata tal tema que atinge a todos, tornando-se algo corriqueiro em suas vidas, como muitos não tivessem outra chance  – como paralelamente podemos ver no policial que vive entre dois mundos.

sicario_poster_2015 Crítica: Sicario - Terra de NinguémContando com uma trilha sonora extremamente invocativa que consegue impor uma tensão ainda maior nas cenas, a direção de Villeneuve consegue extrair o máximo das sequências sem apelar constantemente para movimentos de câmeras bruscos ou tiroteios em profusão. Como podemos constatar na cena em que os agentes escoltam um criminoso pelas ruas da fronteira do México (sequência esta que mostra toda a indiferença daqueles agentes com as leis e a população ao infringirem regras básicas de segurança), em que o diretor espera até o último minuto para entregar a violência ao espectador e se aproveitando do clima nervoso anteriormente preparado com a montagem, trilha e fotografia (ou na brilhante sequência que ocorre a noite o diretor expõe de maneira orgânica as várias visões noturnas sem fazer o espectador se sentir confuso ou incomodado, como feito em “A hora mais Escura”, por exemplo).

A relação entre os personagens e seus conflitos morais são um dos pontos altos do longa. Contando com um elenco inspirado, jamais podemos dizer realmente as intenções deles – excedendo claro a protagonista que é o elo do público com aqueles indivíduos. Josh Brolin e Benicio Del Toro têm em seus papéis a capacidade de construírem personagens carismáticos, mas não menos dúbios. Brolin é um agente que acredita realmente que neste jogo é necessário quebrar as regras independente de quem seja sacrificado. O ator sempre mantêm seus gestuais, no seu sorriso irônico com ar de deboche a prova do desdém para os protocolos. No mesmo terreno temos Alejandro (Del Toro), construído de maneira cuidadosa pelo ator, cujo personagem vai crescendo durante a projeção de maneira sublime. Mesmo no início se apresentando alguém que parece estar à margem da situação, é justamente este comportamento silencioso e sem grandes exaltações que faz o espectador pensar o quanto perigoso ele pode ser.

Envolvente até seu último ato, saímos do filme com a certeza – assim como a protagonista – que somos apenas elementos passivos diante de um problema sempre a espreita para nos atingir sem que possamos fazer nada. E quando nos damos conta não temos em quem confiar.

 

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Sicario - Terra de Ninguém

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

3 thoughts on “Crítica: Sicario – Terra de Ninguém

  1. otimos atores pra um filme bem bacana, fica ali um pouco (bem pouco) acima da média, vale a pena ver

  2. Calibre
    Bem vindo novamente
    Como fã incondicional de do diretor, sou até suspeito para confirmar sua opinião rs
    Obrigado pelos elogios sobre o texto!
    Se puder, curta nossa página
    Abraços

  3. excelente critica para um excelente filme, muito melhor que o segundo, na medida, nada sobra e nada falta, fotografia crua realça a tom “real” parece ate um documentario, muito bom parabens

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