Crítica: Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven)
Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven)
Direção: Antoine Fuqua
Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt , Ethan Hawke , Vincent D’Onofrio, Byung-Hun Lee, Haley Bennett, Matt Bomer, Martin Sensmeier, Manuel Garcia-Rulfo e Peter Sarsgaard
Mesmo se tornando uma obra escapista (com seus erros e acertos), ainda mais se tratando de um remake de um filme que já era uma cópia, este novo Sete Homens e um Destino consegue certa proeza ao incrementar elementos estabelecidos, perspectivas e contextos, sem ofender o conceito original estabelecido pelo filme homônimo de 1960 vindo, claro, do clássico maior Os Setes Samurais de 1954.
E por ser tratar de uma nova versão é inevitável que as comparações com o filme de 1960 sejam feitas, principalmente levando em consideração o envolvimento de astros do passado e presente. Se antes tínhamos um elenco com Yul Brynner, Steve McQueen, Charles Bronson, James Coburn, Robert Vaughn e Brad Dexter, agora, portanto, é muito bem vinda a diversificação étnica (negro, oriental, indígena, latino…), mesmo que fosse impossível dar um tratamento igual, mas se garantindo nos rostos conhecidos a tarefa é mais fácil e suas participações não são descartáveis.
Assim também é válido o conceito feminino de liderança e força. A personagem vivida por Haley Bennett é construída pela dor da perda e necessidade de liderar a ajuda aos pistoleiros contra os invasores sem que seja feita para auxiliar crianças e idosos em fuga, pelo contrário, ao ratificar sua importância, ela se consolida como uma das personagens principais. Contando com uma boa abertura conhecemos o vilão do filme e todas as premissas que estabelecerão ações seguintes: Bart Bogue (Sarsgaard), visando o lucro da mina de uma pequena cidade no oeste americano, invade a cidade e determina que os moradores aceitem sua proposta para venderem suas terras.
Imediatamente vemos aqui a primeira mudança com relação ao original por inserir a questão do capitalismo e a modernidade como desculpas para a invasão e tomadas de cidades alheias. Assim o ator Peter Sarsgaard transforma seu vilão em algo bem distinto do que foi feito por Eli Wallach em 1960, agora em vez de um pistoleiro pura e simplesmente, temos um homem de negócios que não toma a frente de um duelo (claro que isso não é motivo para sacar uma arma e matar covardemente).
O roteiro de Nic Pizzolatto e Richard Wenk insere mais o conceito de vingança que propriamente a questão da recompensa e fama, principalmente por personificar isso na figura de Denzel Washington que possui uma relação mais pessoal com a história (o que não deixa de ser óbvio por repetir a parceria com o diretor).
O diretor Antoine Fuqua é competente nas sequencias de ação ao estabelecer de maneira coerente a frente de duelos que acontecem simultaneamente entre vários personagens sem que o público fique perdido ou confuso, uma característica bem vinda do diretor de Dia de Treinamento e o irregular O Protetor (ambos protagonizados por Denzel Washington). Assim a história obviamente se aproveita praticamente de toda a estrutura do original incluindo cenas idênticas do filme de 1960, como a apresentação do personagem Billy (Lee) ser bem parecida com a protagonizada por James Coburn.
Ajudado pela fotografia de Mauro Fiore que estabelece de maneira simples a personalidade dúbia dos pistoleiros, a direção de Fuqua também faz certa homenagem o próprio gênero, como visto na chegada dos pistoleiros na cidade em que ocorrerá o conflito. Devido a isso temos em momentos os personagens sempre envoltos em sombras e com suas faces divididas pela iluminação e com a câmera a meia altura focando suas botas, como visto na cena em que o personagem de Denzel Washington, sempre vestido de preto como um anjo da morte, surge num bar observado por Chris Pratt, também envolto nas sombras (infelizmente em momentos parecia que a direção pecava por não explorar mais os ambientes e paisagens onde era perceptível a existência do chroma key dos efeitos).
Com relação aos personagens e seus conflitos, todo o chamariz é feito por Denzel Washington, e Chris Pratt assume o papel feito por McQueen. Mas, sabendo mexer nas premissas estabelecidas, o longa consegue ainda criar a empatia pelos seus personagens independente de sabermos de antemão o que irá acontecer. Portanto é fundamental que este receio pela integridade deles seja estabelecido pela dinâmica dos atores como Ethan Hawke, seu amigo oriental vivido por Byung-Hun Lee e Vincent D’Onofrio, mais uma vez se com um personagem de personalidade antagônica ao seu tamanho (mesmo que por momentos o ator não acerte o tom e seja vitima de frases religiosas como um conceito de redenção pelo passado violento, o ator ainda sim consegue criar certa empatia).
Enfim, seria injusto talvez acusar este Sete homens e um Destino de alguma incongruência se baseando num gênero que foi imortalizado por diretores com a capacidade de John Ford e Sergio Leone (e até mesmo o diretor do original, John Sturges) e é claro de Akira Kurosawa. Mesmo assim, o longa consegue criar e envolver o espectador com sua história, narrativa e personagens identificáveis, mas não podemos esquecer jamais que não era a intenção ir muito longe dentro de um contexto cinematográfico de entretenimento.
Cotação 3/5
Rodrigo Rodrigues
Latest posts by Rodrigo Rodrigues (see all)
- Crítica: Coringa – Delírio a Dois - 11/10/2024
- Crítica: Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice - 13/09/2024
- Crítica: Alien – Romulus - 24/08/2024
- Crítica: Caça-Fantasmas (Ghostbusters) - 18/06/2024
- Crítica: Furiosa: Uma Saga Mad Max - 11/06/2024
que filminho horrivel!!! péssimo!