Ranking: Os 10 livros mais vendidos da História
Trata-se de um ranking complicado, devido ao fato de diversos livros terem apenas estimativas de vendas, já que ou são muito antigos (de uma época em que não se registravam esses números ou não se registravam corretamente) ou não se teve controle sobre suas vendas, por diversos motivos, como o fato dos direitos terem virado domínio público ou terem sido publicados por várias editoras de forma independente. Ainda assim, foram levados em conta os principais estudos e referências sobre o assunto.
Na listagem incluímos apenas romances, deixando os “livros sagrados” como a Bíblia (mais de 5 bilhões de unidades vendidas ou distribuídas), o Alcorão (mais de 3 bilhões de exemplares vendidos ou distribuídos) e o Livro de Mórmon (mais de 120 milhões de unidades vendidas ou distribuídas), além do Livro Vermelho de Mao Tse-Tung (alegadamente mais de 1 bilhão de livros vendidos ou distribuídos) de fora, até pelo fato de que suas vendagens se devem a fatores diferentes dos romances, ocorrendo inclusive a compra por organizações diversas para a mera distribuição dos livros. Se levados em conta todos os tipos de livros, a Bíblia seria o primeiro colocado da lista.
Também não foi computado o livro Escotismo Para Rapazes de Robert Baden-Powell (com cerca de 150 milhões de cópias vendidas ou distribuídas) e não foram encontrados dados satisfatórios sobre as vendagens de Sherlock Holmes (ainda que o personagem esteja em várias obras de sir Conan Doyle, e não apenas em um único livro).
Por fim, não foram considerados nessa listagem dicionários, enciclopédias (como a Barsa) e outros tipos de publicação que fogem do escopo do ranking.
Confira então os 10 livros mais vendidos de todos os tempos:
Ela, a Feiticeira: Cerca de 100 milhões de exemplares é o que vendeu o livro She: A History of Adventure, não tão conhecido no Brasil, do britânico Henry Rider Haggard, publicado pela primeira vez em 1887.
Trata-se de uma história de aventura e fantasia que narra as aventuras de dois amigos, o professor Horace Holly e seu companheiro Leo Vincey, em uma região então ainda não explorada no interior da África, onde se deparam com uma civilização primitiva desconhecida, que era comandada por uma espécie de feiticeira, conhecida apenas como Ela. Para chegarem ao local, os dois aventureiros seguiram as indicações – que incluíam coordenadas – encontradas em um objeto de cerâmica que pertencia ao pai de Leo.
A obra inspirou outros livros e até alguns filmes, apesar de sempre ter sido bastante descaracterizada nessas adaptações, mantendo-se apenas sua essência.
O Sonho da Câmara Vermelha: Também aproximadamente 100 milhões de exemplares vendidos é a marca da obra Hung (Hong) Lou Meng, publicada em meados do Século 18 por Cao Xueqin.
Trata-se de uma das obras-primas da rica literatura chinesa, que narra um triângulo amoroso entre a protagonista Jia Baoyu, apaixonada por um primo adoentado, Lin Daiyu, mas que está prometida em casamento a outro primo seu, Xue Baochai. As desventuras do trio acompanham a queda da família Jia, que teve um passado de ascensão e um apogeu de prestígio, títulos e posses em Pequim, capital do império.
A obra é conceituadíssima pela incrível densidade psicológica dos personagens e pelos detalhes das estruturas sociais das aristocracias chinesas da época. Muitos acreditam que se trata de um relato autobiográfico da família de Xueqin, que além de escritor era pintor.
O Caso dos Dez Negrinhos: A obra-prima de Agatha Christie, que praticamente inaugurou um novo subgênero da ficção (aquele onde as “vítimas” de um assassino vão caindo, uma a uma, sem que se saiba quem é o culpado pelos crimes), vendeu por volta de 110 milhões de exemplares desde sua primeira publicação, em 1948, na Inglaterra.
And Then There Were None é o nome “popular” da obra, cujo título original, com a palavra “negrinhos”, acabou ficando polêmico.
O livro é fantástico, do início ao fim, e impecável técnica e narrativamente, tanto que virou referência e influenciou todas (isso mesmo, todas) as mídias existentes desde então, e conta a história de dez pessoas que são confinadas em uma ilha e começam a ser assassinadas, uma a uma. Parece uma coisa batida, que você já viu igual em outros livros, séries e filmes? Sim. Mas foi Agatha Christie quem “inventou” e firmou, com esse livro.
Harry Potter e a Pedra Filosofal: Uma exceção em termos qualitativos nessa listagem, o primeiro livro do jovem bruxo, escrito pela mediana e aglutinadora de conceitos consagrados J. K. Rowling, vendeu algo em torno de 120 milhões de exemplares, dando início à pottermania que levou à publicação de uma série de livros que deram continuidade à história iniciada em A Pedra Filosofal (1997) e uma conseqüente franquia cinematográfica de enorme sucesso.
Como virtude, pode-se dizer que tanto este livro como as continuidades de Harry Potter captaram toda uma nova geração de leitores, concorrendo com uma era em que videogames e cinema pareciam estar “roubando público” dos livros.
Harry Potter and the Philosopher’s Stone inicia Harry no mundo da magia, com a entrada dele na escola de Hogwarts e a descoberta de que é, advinhe, um predestinado a enfrentar um grande vilão.
O Hobbit: O doutor em letras e filologia J. R. R. Tolkien, considerado o “pai da moderna literatura fantástica”, vendeu algo em torno de 130 milhões de exemplares do livro The Hobbit, que, a princípio, escreveu sem grandes pretensões, mas como gostou do resultado, o publicou comercialmente em 1937.
O livro narra a história do hobbit Bilbo Bolseiro, uma criatura pacífica e bonachona, que vive em paz no Condado, um vilarejo sem grandes acontecimentos, até que é “recrutado” por um mago e vários anões para uma aventura/missão até então impensável para um hobbit: ajudá-los a recuperar sua “montanha” e seus “tesouros”, usurpados por um colossal e terrível dragão chamado Smaug.
A riqueza de detalhes dos personagens, suas vestes, costumes e até línguas, chamou a atenção do mundo todo, que também enalteceu as metáforas do enredo do tipo “A Jornada” pelo qual Bilbo passa.
O Pequeno Príncipe: O livro de Antoine de Saint-Exupéry vendeu perto de 140 milhões de exemplares desde 1943, quando sua primeira edição foi publicada na França, tendo sido então uma das obras mais traduzidas em toda a História.
Le Petit Prince narra, de forma poética e romântica, quase onírica, uma história de auto-conhecimento e auto-análise, cheia de metáforas e significados múltiplos, podendo ser considerada uma fábula moral para qualquer idade.
O livro conta um episódio vivido pelo narrador, que acidenta-se com seu avião no meio do deserto, e, quando acorda, está em companhia de um garotinho que diz viver em um pequeno asteróide que só tem ele, uma flor e três vulcões. Para surpresa do protagonista, o principezinho tem uma visão de vida bastante peculiar e, ainda assim, cheia de interpretações inteligentes e tocantes sobre tudo o que o cerca.
O Senhor dos Anéis: A obra máxima de J. R. R. Tolkien, publicada em três volumes entre 1954 e 1955, vendeu cerca de 150 milhões de exemplares desde sua primeira edição na Inglaterra, quando mudou a cultura pop mundial ao praticamente criar toda uma categoria de fantasia, envolvendo elfos, anões, trolls, orcs, etc, (expandindo o universo criado em O Hobbit), influenciando a literatura, o cinema e tudo relacionado à fantasia, desde então, incluindo games.
A história de The Lord of the Rings, uma das mais ricas de todas as ficções (com línguas criadas com dicionários e gramáticas e uma enciclopédia de apoio, com árvores genealógicas e milhares de anos de história detalhada, etc) narra os acontecimentos envolvendo vários povos da Terra Média, em uma aventura para impedir que um poderoso artefato – o Um Anel – caia em poder de forças malignas que podem mergulhar o mundo deles em uma terrível nova “era das trevas”.
O Conde de Monte Cristo: A obra escrita por Alexandre Dumas com colaboração de Auguste Maquet e publicada na França em 1844 fica praticamente no mesmo patamar do 2º colocado, tendo conseguido vender algo em torno de 200 milhões de exemplares, segundo as estimativas.
Le Comte de Monte-Cristo é o romance que firmou o enredo do tipo “A Vingança”, contando a história de um marinheiro que é preso injustamente e, depois de sofrer por anos em uma prisão solitária, escapa e, após encontrar uma fortuna enterrada em uma ilha (cujo mapa obteve na prisão), volta à sua terra – agora riquíssimo – preparado para se vingar dos envolvidos em sua prisão. A história é livremente inspirada em acontecimentos da vida de Pierre Picaud e inspirou outros livros e até filmes desde então, com citações recorrentes no cinema e na literatura.
Um Conto de Duas Cidades: O romance histórico de Charles Dickens, publicado em 1859, e baseado em uma obra de Thomas Carlyle, vendeu aproximadamente 200 milhões de exemplares desde então.
O nome de A Tale of Two Cities dá-se por conta da história se passar basicamente em Londres e Paris, narrando a vida dos Manette, uma família nobre francesa que precisou se exilar na Inglaterra durante a ebulição da Revolução Francesa. Os acontecimentos se entrelaçam entre as duas cidades, e mostram como a família levou sua vida diante das mudanças que ocorreram, não somente com eles, mas com o mundo todo, com a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa alterando o cenário sócio-geo-político global.
A trama, baseada quase toda em correspondências, inclui temas como vergonha e vingança, e detalha o funcionamento das classes sociais envolvidas na obra.
Dom Quixote: A obra de Miguel de Cervantes deve ter vendido algo em torno de inacreditáveis 500 milhões de exemplares desde sua primeira edição em 1605, segundo as estimativas. Apesar de não se ter os dados exatos, é quase consenso de que Don Quijote de la Mancha é a obra literária mais vendida em toda a História da humanidade, tirando-se as exceções comentadas no início do artigo.
Dividido em 126 capítulos, conta as desventuras de Dom Quixote de La Mancha, um fidalgo castelhano que, sem estar em seu juízo perfeito, passa a viver como um cavaleiro errante e a travar batalhas “imaginárias”, na companhia de seu escudeiro e amigo leal Sancho Pança, inspiradas nas literaturas de cavalaria que lia quando era são.
As épicas batalhas (na visão de Dom Quixote) acabam desmentidas na visão nua e realista de Sancho, dando um tom tragicômico à obra máxima da literatura espanhola.
Menções honrosas (entre 80 e 100 milhões de exemplares): O Código Da Vinci (The Da Vinci Code) de Dan Brown, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (The Lion, The Witch and the Wardrobe) de C. S. Lewis e Triple Representatividad (sānge dàibiǎo), de Jiang Zemin.
Por fim, segundo pesquisadores, é possível que Alice no País das Maravilhas (Alice’s Adventures in Wonderland) de Lewis Carrol, Os Miseráveis (Les Misérables) de Victor Hugo, Odisseia (Odýsseia) e Ilíada (iːliás), de Homero e Os Três Mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires), de Alexandre Dumas, também tenham tido números absurdos de exemplares vendidos ou distribuídos, na casa dos 80 milhões, porém, por ausência de dados confiáveis e controle das publicações, não se pode afirmar isso com convicção.
Fontes:
http://entertainment.howstuffworks.com/arts/literature/21-best-sellers1.htm
http://10mosttoday.com/10-best-selling-books-of-all-times/
http://www.goodreads.com/list/show/33934.Best_Selling_Books_of_All_Time
http://www.listchallenges.com/101-best-selling-books-of-all-time
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_best-selling_books
http://www.ranker.com/list/best-selling-books-of-all-time/jeff419
Ralph Luiz Solera
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otimo ranking vlw mesmo a publicacao… saber se os Guerra dos Tronos estao perto do topo?
Um ranking de qualidade, justo, mas, faltou “Guerra e Paz” não faltou ?
Prodiesel, legal a pergunta! Segundo as estimativas, Guerra e Paz vendeu algo em torno de 35 a 45 milhões de exemplares, o que o deixa distante das primeiras colocações do ranking… Abraço!
sempre alguem tem que criticar Harry Poter mas ele vendeu milhoes de livros ninguem venderia tanto se fosse ruim
E desde quando audiência ou vendagens são sinônimo de qualidade?
No Brasil, funk “vende” mais que música. Gugu, Faustão, Gimenez, Adristeu comandam a audiência da TV, cujo maior produto é o BBB. Alta vendagem não significa e nunca significará, forçosamente, qualidade.
HP cativou milhões, fez história e será sempre lembrado como uma aventura legal, uma história (que alguns chamam de “saga” rsrs) divertida, mas muito aquém, tecnicamente, das outras obras listadas nesse ranking…
Magno, como disse o Jackson, altas vendagens não significam, obrigatoriamente, alta qualidade. Tecnicamente vejo muitos problemas qualitativos nos livros da Rowling (que imita o Tolkien até ao usar o J. K. como iniciais no nome artístico), mas reconheço a contribuição da obra para a popularidade da literatura.
Que louco esse ranking… nao imaginava que tinha livro q vendia tanto