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A mini-série O Quarto Perdido (The Lost Room, EUA, 2006), é uma pérola para os apreciadores de séries de mistério e ficção científica, e poderia ser uma verdadeira obra-prima se não fossem alguns pequenos detalhes que a impediram de entrar no panteão das melhores séries desses dois gêneros.

Lançada no já longínquo 2006, com uma única mini-temporada de apenas três episódios (ainda que sejam longos, de 90 minutos cada), Lost Room tem uma trama bizarra, que no entanto, da maneira como foi feita, acaba nos convencendo a ponto até de só percebermos os (poucos) erros quando revisitamos a obra – seja em lembranças ou reassistindo.

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Praticamente desconhecida do grande público, e jamais tendo uma segunda temporada (o que se mostra incompreensível, diante da qualidade do material lançado), Lost Room conta a história de um policial que acaba encontrando a “chave” de um quarto de motel, que na verdade é um artefato poderoso, com poderes metafísicos, capaz de abrir qualquer porta do mundo e de te levar a qualquer destino desejado.

Depois de entender o funcionamento do objeto, o policial Joe Miller acaba se envolvendo com gente que deseja tomar dele o artefato, do qual ele não pode mais abrir mão – por motivos “pessoais” – e, no meio de uma disputa que envolve, além dele, três vertentes de interessados, Miller se aprofunda nas questões inerentes à “chave” e descobre a verdade por trás de seu funcionamento, do evento que “criou” a chave e os outros objetos poderosos e das reais motivações dos outros interessados em por as mãos neles.

the-lost-room3-300x300 Séries: O Quarto Perdido (The Lost Room)E as explicações, apesar de bastante fantásticas e surreais, foram colocadas na série de forma bastante competente, sendo que em pouquíssimos momentos nos pegamos “duvidando” da possibilidade daquilo ser “real”.

Os três episódios são muito bons, dosando cenas com um pouco de ação com cenas mais explanativas, mas sempre na medida ideal. Os personagens são introduzidos de forma bastante orgânica, mesmo com o pouco tempo de história, e alguns conseguem até se desenvolver de maneira muito satisfatória. O cerne da história, que acompanha Miller, nos prende do início ao fim e as poucas subtramas não atrapalham em momento algum (uma delas tendo ficado em aberto, provavelmente para ser continuada em uma eventual segunda temporada).

Muitos conceitos de ficção científica são usados pelos roteiristas, como realidades paralelas, física quântica e até elementos fantásticos, sem que em momento algum alguém precise explicar o que está ocorrendo ou dissertar para outro personagem, para que o espectador possa saber. Tudo é muito “natural” e faz sentido dentro da trama. Dificilmente se recorre a um diálogo expositivo para explicar uma cena ou uma seqüência ou então a uma explicação científica para o funcionamento dos objetos, ou seja, confiaram na capacidade do público alvo e entregaram o que sempre gostaríamos de ver em séries sci-fi.

Os poucos problemas encontrados na série se resumem à reação das pessoas que não sabem dos objetos e, diante do seu uso, não reagem de forma verossímil, encarando aquilo como algo “normal”, quando deveriam se assombrar e até mesmo entrar em pânico. Também podemos citar a ausência de interferência das agências americanas (como CIA e FBI) em um assunto que deveria ter despertado seu interesse muito antes de Miller topar com a “chave”.

O encerramento da série também deixou um pouco a desejar com relação à lógica de alguns acontecimentos, principalmente quanto a uma mal explicada “substituição de objetos” e à necessidade de um segundo elemento para puxar um gatilho que podia ter sido disparado décadas antes, mas o final propriamente dito foi bom, ainda que deixando em aberto algumas questões (novamente a impressão de que algumas respostas seriam dadas em uma segunda temporada).

The Lost Room, mesmo com apenas três episódios, é altamente recomendável para quem deseja assistir uma trama coesa, com roteiro quase perfeito, personagens interessantes e uma história muito criativa, que quase não deixa pontas soltas e entrega tudo o que promete no início.

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Ralph Luiz Solera

Escritor e quadrinhista, pai de uma linda padawan, aprecia tanto Marvel quanto DC, tanto Star Wars quanto Star Trek, tanto o Coyote quanto o Papaléguas. Tem fé na escrita, pois a considera a maior invenção do Homem... depois do hot roll e do Van Halen, claro.

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