Festival do Rio – 2° Parte (críticas)
Amigos, segue a segunda leva de críticas dos filmes que vi no Festival do Rio. Para minha surpresa fiquei muito encantando com o primeiro filme Os Garotos nas Arvores que espero que entre em circuito.
Quanto ao panorama as sessões correram dentro da normalidade. Com exceção do velho problema da falta de educação de parte do público que insistem em usar seu celulares e fazer comentários alheios durante o filme. Fora que fico curioso pelo fato de tantas pessoas se levantarem durante a sessão . Enfim…
Direção: Nicholas Verso
Elenco: Toby Wallace, Gulliver McGrath, Mitzi Ruhlmann, Justin Holborow
O diretor Nicholas Verso surpreende ao apresentar esta fábula delicada com tons de realismo fantástico ambientalizado nos anos 90 (com um trilha sonora com Bush, Marilyn Manson e Rammstein e referencias a Spielberg) como pano de fundo para assuntos complexos e dolorosos que permeiam principalmente a adolescência.
Assim não somos poupados pela narrativa de assuntos como Bullying, anarquia, puberdade, , carreira, conflitos familiares, amores, perda da inocência, amizades do passado e assédio. Até porque, como dito antes, a direção deixa bem clara seu tom fantasioso como metáfora para os conflitos dos adolescentes Corey e Jonah, onde a fantasia serve como ”alívio” para seu dramas sempre tratados de maneira adulta sem qualquer estereótipo ou preconceito.
Se passando numa noite de Halloween a direção aproveita para inserir um clima de suspense que jamais se perde em apresentar aquilo que o público acha que verá. A fotografia rende cenas plasticamente bonitas e evocativas como a cena dos jovens fantasiados com fogos de artifícios ( o que nos remete inclusive, pela temática, Indomável Sonhadora) ou a cena de conotações religiosas com um clima de comemoração dos dias dos mortos.
Não ficamos imunes em nenhum momentos as dores daqueles personagens , portanto Os Garotos nas Árvores foi uma agradável surpresa mostrando que as dores são inevitáveis para nossa evolução e se fazem presente em todos os momentos da nossa vida.
Cotação 3/5
Direção: Damien Odoul
Elenco: Nino Rocher, Pierre Martial Gaillard , Théo Chazal, Eliott Margueron
A sede de sangue da população Francesa durante a primeira Guerra Mundial fez com que jovens idealista e patriotas se alistarem no exército para lutar no front. Assim durante os horrores da guerra estes soldados vão perdendo suas esperanças e se afundando na loucura , restando apenas as lembranças do seu passado.
Entretanto, o longa do diretor não consegue criar uma identificação com o público, principalmente com a inexpressividade do protagonista. Como seu tom quase teatral nos diálogos filosóficos entre o Gabriel e sua amada e mesmo incluindo uma crítica religiosa visto no centro de mutilados, não consegue despertar muito interesse. Principalmente pela montagem que alterna de maneira prejudicial as cenas ocorridas entre os tais diálogos e as cenas nas trincheiras.
Tecnicamente correto a direção acerta ao criar um clima claustrofóbico nestas trincheiras com a câmera sempre junto aos soldados e sem mostrar o exército inimigo (detalhe importante para ambientalização). Sem empolgar durante toda sua projeção O medo decepciona narrativamente contando apenas com o fator histórico para se manter. Muito pouco.
Cotação 2/5
Direção: Direção: Kim Seong-hun
Elenco: Jung-Woo Ha, Doona Bae, Dal-Su Oh
O Túnel poderia ser facilmente comparado a produções catástrofes Hollywoodianas (o que de certa maneira não seria errado), principalmente por um assunto que permeou os noticiários devido ao incidente dos mineradores chilenos que ficaram presos por mais de dois meses depois de um desabamento.
Bem, aqui, ao contrário do fraco Os 33, o diretor Kim Seong-hun consegue validar sua narrativa com cuidado e tornar seu longa numa obra diferencial dentro do gênero onde o foco humano é bem desenvolvido e nos identificamos com o drama do protagonista (assim até um simples espreguiçada depois de horas preso num espaço mínimo , ficamos com o mesmo alívio do personagem). A direção não esquece de criar um clima crítico ao comportamento da mídia tecnológica estar mais interessada em recorde do que salvar vidas, gerando uma interessante cena com drones.
A direção também ao engrandecer o clima de tensão com humor. Não um humor com gags físicas mas sim com o inusitado e pela falta de atenção do envolvidos nos resgate que causam reações tipo ”putz” que ajudam a alimentar a tensão. Assim como a fotografia cria algumas ironias visuais para engrandecer o drama, como o fato do protagonista ter seu estoque de água reduzido e a equipe de resgate ter problema no resgate devido a chuva.
Mesmo que obviamente previsível em seu desfecho e se extendendo um pouco mais nos conflitos, O Túnel agrada por sua preocupação da narrativa sem causar desconforto ou cansaço diante do público.
Cotação 3/5
Rodrigo Rodrigues
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