Revista Ultra Jovem: nostalgia e muito Dragon Ball

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Atualização 30/10/17: uma ótima novidade, a revista Ultra Jovem está de volta, e o seu editor, Cláudio Balbino, também está na ativa com seu novo site Nextplay, voltado para animes, games e novidades! Tenham em mente que a postagem abaixo havia sido escrita antes que a revista voltasse. Boa leitura e boas recordações!

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Capa da primeira edição.

Semana passada, tive a oportunidade única de ter em mãos vários exemplares de uma revista que muitos fãs de animes da década de 90 provavelmente chegaram a conhecer: a revista Ultra Jovem. Graças ao colaborador Raul Cassoni, aqui do Maxiverso, e ao amigo dele, Adriano Souza, dono das revistas, elas me foram emprestadas para que eu pudesse conferi-las e sentir um bocado de nostalgia ao folhear as páginas com tantos animes que marcaram a infância de muitos otakus.

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Para quem nunca ouviu falar, a revista Ultra Jovem era uma publicação da editora Escala, lançada no começo dos anos 2000. Tratava-se de uma revista de cerca de 50 páginas com conteúdo voltado para animes, mas que também contemplava outros temas do mundo nerd, como filmes, jogos, tokusatsus, etc. A Ultra Jovem não foi a primeira revista do gênero, sendo que desde a década de 90 havia outras, década em que Cavaleiros do Zodíaco havia chegado ao Brasil e se tornado um grande sucesso. A primeira revista que falava sobre animes era a revista Herói, lançada em 1994 pela editora Conrad (antiga Acme). Depois dela, foram lançadas outras, como a Heróis do Futuro, pela Editora Press, a revista Animax, pela editora Magnum, e a Anime Mix no final dos anos 90, pela editora Escala. Só na década seguinte é que veio a Ultra Jovem, seguida de outras.

ultrajovem_capa Revista Ultra Jovem: nostalgia e muito Dragon BallSe a cara da revista Herói era o anime Cavaleiros do Zodíaco, a cara da Ultra Jovem era Dragon Ball, que nos anos 2000 era um dos animes mais populares entre os jovens brasileiros. Basta conferir as capas da revista para notar que os personagens de Dragon Ball aparecem em todas elas. Nessa época, muitas crianças e adolescentes acompanhavam o anime diariamente na TV, e essas revistas eram, até para os que já gostavam de animes há mais tempo, uma das poucas fontes de informação sobre animes. Isso porque, caso não se lembrem, a internet ainda demoraria um pouco para se popularizar.

Folheando a Revista

Ter essas revistas em mãos foi uma experiência muito interessante. De cara, é notável a predileção por Dragon Ball, bastando olhar para as capas. Além disso, nas cartas dos leitores selecionadas no final das edições, o anime era um dos mais citados, seja nas sugestões de matérias, seja nas perguntas que faziam ao editor, e por conta dessa demanda, Dragon Ball era o anime que mais recebia matérias na revista, além de figurar nos pôsteres que vinham nelas. Mas não só isso. Folhear as páginas da Ultra Jovem foi como entrar num túnel do tempo, com tantos animes antigos citados e tantas imagens no estilo de animação característico dos anos 90, além dos filmes, jogos e vídeo-games da época, que ganhavam um espaço na revista.

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As versões da Ultra Jovem que pude analisar são duas: a Ultra Jovem padrão e a especial. A primeira tem uma maior quantidade de textos e é organizada em seções: índice, seção de notícias (ultra news), jogos (game do mês e seção games), cinema, seção DVD (tratava de filmes não só de animação, mas também com atores e desenhos que não os japoneses), seção de desenho no estilo mangá, matérias sobre animes (especialmente Dragon Ball), guia de episódios de Dragon Ball e fichas de personagens, um pôster de duas páginas bem no meio da revista, seção anime (que ocupava a maior parte da revista), seção túnel do tempo (que tratava de animes mais antigos), seção RPG, seção de arte do leitor (continha cerca de 20 desenhos) e correio, onde eram selecionadas e respondidas algumas cartas dos leitores e, posteriormente, e-mails também.

 

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Lendo essas correspondências, pude conhecer um pouco como eram os leitores da revista. Eram meninos, em sua maioria, de idade bastante variada (desde crianças até adultos), a maioria fã de Dragon Ball, Pokémon e Cavaleiros do Zodíaco. Os leitores escreviam suas cartas de maneira bastante informal, faziam elogios, enviavam sugestões e, quase sempre, dúvidas sobre animes e personagens que gostavam.

Além das cartas, e-mails e desenhos, uma outra interação mais direta com os leitores se dava através de concursos, como o concurso de desenho, que premiava aos três selecionados, um concurso de cartas e outros diferentes. Isso tudo era uma boa maneira de dar visibilidade aos leitores e estimulá-los a comprar as próximas edições. Todas por um preço acessível de R$2,90.

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Tenchi Muyo numa Ultra Jovem Especial

A Ultra Jovem Especial não tinha textos tão extensos quanto a padrão. Era mais focada em sinopses curtas e uma boa quantidade de imagens e maior variedade de animes, sendo um ótimo material de divulgação. Não continha cartas do leitor, mas assim como a outra, o maior destaque da revista era Dragon Ball, que também aparecia em todas as capas e dentro de todas as edições, que focavam especialmente em Dragon Ball Z, a febre dos anos 2000, mas também davam lugar ao primeiro Dragon Ball e ao Dragon Ball GT.

Nem tudo era Dragon Ball

Animes e televisão não combinam na mesma frase quando se trata da TV brasileira nos dias de hoje, a não ser que estejamos falando de Netflix. Quando se trata de animes na TV, a realidade hoje é bem diferente daquela de uma ou duas décadas atrás, em que animes eram passados em vários canais e muitos faziam sucesso. Lembro que foi no final dos anos 90 que assisti ao primeiro Dragon Ball pela primeira vez, no SBT, e fiquei encantada com a história e os personagens. Porém, naquela época, eu ficava mais restrita aos animes que passavam na TV. Cheguei a alugar animes em VHS porque meu pai era dono de locadora e isso facilitava o acesso, e até tive algumas revistas sobre animes – um dos meus passatempos era folheá-las para admirar as imagens e copiar os desenhos dos meus personagens favoritos –, mas não costumava ir muito atrás e acredito que muitos, assim como eu, não procuravam animes além do que era transmitido por aqui.

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Matéria sobre Berserk, com foco nos acontecimentos do mangá

Por outro lado, sempre existiu um público ávido por mais animes e mais informações a respeito, e nos anos 90 e começo dos anos 2000, fitas VHS compradas ou emprestadas (muitas eram piratas) eram uma alternativa para quem queria ir além do que a TV trazia para o Brasil, mesmo que os fansubs fossem poucos. Além dos eventos, mais restritos às capitais, as revistas como Ultra Jovem e outras já mencionadas eram indispensáveis para quem não tinha internet ou outras formas de saber sobre mais animes e novidades.

Apesar de o destaque da Ultra Jovem ficar com DBZ, a revista também divulgava animes bem diferentes, alguns mais voltados para o público adulto, como Berserk e Ghost in the Shell, e alguns mais voltados ao público feminino, como Guerreiras Mágicas de Rayearth, Sakura Card Captors, Fruits Basket, etc. Sendo assim, divulgavam animes bastante variados, com foco nos mais conhecidos que passavam na TV aberta e nos canais de TV a cabo (como Locomotion, Cartoon Network e Fox Kids), mas também falavam sobre outros que sequer foram transmitidos no Brasil, e que com certeza o público sedento por mais variedade teria que se desdobrar para conseguir assistir.

A popularização da Internet

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Sites e redes sociais se tornaram uma competição e tanto para as revistas.

Hoje em dia, as coisas estão muito mais fáceis para os otakus. Se queremos informações, temos uma infinidade de sites à nossa disposição. Se queremos animes, temos vários fansubs nacionais e estrangeiros disponibilizando animes em ótima resolução, e para os que preferem ficar na legalidade, alternativas como Crunchyroll e Netflix têm sido uma boa pedida. Como a internet facilitou as coisas, poderíamos nos perguntar se o fim das revistas como a Ultra Jovem, e outras, se deve a esse fenômeno. É bem provável que este seja um dos fatores, mas não o único. De acordo com Sandra Monte, em seu livro “A Presença do Animê na TV Brasileira”, as dificuldades pelas quais esse mercado editorial passou não se devem apenas à internet, mas também à má administração, ou à recessão econômica no início da década de 2000, que levou ao fechamento de editoras e cancelamento de revistas.

Muitos fãs se lamentam do fato. Folhear uma revista é uma experiência diferente de ler um site, uma diferença parecida com a de ler um livro em mãos e um em pdf. Por isso, alguns fãs gostam de comprar as que ainda persistem nas bancas, como a NeoTokyo. Outros compram edições antigas e descontinuadas para completar a coleção e reler. Os mais desapegados aproveitam para vendê-las. Mas muitos ainda guardam as suas com muito carinho pela nostalgia de relembrar a época.

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Karina Moreira

Formada em História, é membro do Grupo de Estudos de Histórias em Quadrinhos de Franca (GEHQ). Há anos não consegue viver sem sua dose diária de animes e mangás, o que aumentou seu interesse pela cultura japonesa, e espera conseguir dominar o complexo idioma dos kanji um dia... De vez em quando, gosta de desenhar e passar a madrugada rindo de vídeos de pegadinhas.
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43 thoughts on “Revista Ultra Jovem: nostalgia e muito Dragon Ball

  1. Que matéria linda Karina parabéns! Nos anos 2000 essa revista era minha vida, tenho minha coleção até hoje guardada mas quase não a vejo, realmente a internet foi avassaladora com as mídias impressas mas eu não abandono essas relíquias jamais, sempre que as vejo relembro tantos sentimentos é uma ótima curadoria do que acontecia nessa época tão feliz. Viva a Ultra Jovem!

    PS: O criador Claudio ainda mantem a chama acesa e quem sabe os fãs não podem ajudar a renascer essa relíquia:
    http://www.instagram.com/ultrajovemoficial
    http://www.ultrajovem.com.br

  2. Nossa, hj inexplicavelmente acordei com uma saudade de DBZ, e procurando coisas da minha infancia achei esta matéria, ótima matéria diga-se de passagem! Que saudades, chorei lendo cada palavra dessa matéria e vendo as imagens dessa revista que foi tão marcante na minha vida, vendo todas elas juntas me faz lembrar a minha coleção. Eu gostava de juntar todas num tapetão que tinha na sala de casa, abria na página que tinha o poster e ficava admirando cada arte. Infelizmente, com a adolescência, acabei por burrice me desfazendo delas, lembro que dei todas pra um menino que era filho de uma amiga de minha mãe… ah se arrependimento matasse! O que resta é muita saudade desse tempo, e hj no auge dos meus trinta anos ainda sinto como se estivesse na sala da minha casa, admirando as revistas e mostrando cada uma delas pra minha avó kkk…

  3. Q saldade dessa época, deve ter sobrado metade da coleção completa q tinha? Voltei com tudo a assistir animes da minha época e atuais, como é bom ser Otaku novamente.

  4. Lozano contou que quanto mais a casa falava sobre o sr. A sugestao de Z, mais incomodava. Muitos acharam sua proposta de derrubar a bandeira esquisita.

  5. Bons tempos!!! Nostalgia pura!!!
    Como éramos felizes!!!! Ficou nota 10 dobrado!!!
    Parabéns!!!

    1. Fico feliz que tenha gostado. É sempre bom relembrar coisas boas =)

  6. nossaaaaaaaaa que legal isso, lembrei dos meus bons velhos tempos de jovem kkkkkkkk como era bom isso

    1. Relembrar momentos bons de infância é sempre bom, hehe.

  7. incrível a matéria! voltei no tempo por alguns intantes e revivi toda a minha infância
    era incrível como essas revistas faziam grupinhos de garotada ao seu redor nos recreios Brasil a fora
    que ótimo que a revista voltou

    1. Nostalgia é uma sensação muito boa, né? Que bom que gostou da matéria, e sim, foi muito legal a revista ter voltado!

    1. Pois é, como disse o Thiago, a revista já está de volta, tem site pra poder comprar e tudo, corre lá =)

    1. Que bom que gostou. Felizmente, a revista vai voltar! 😀

    1. Atualização inclusa no post, assim como a novidade sobre a volta da revista. Parabéns pelo sucesso! =)

    2. infelizmente esse site nextplay saiu do ar… alguem tem algum outro site sobre isso?

  8. Que nostalgia, meu Deus do céu rs… E pensar que joguei minhas UltraJovem, Herói e Pokévo no lixo… Hj em dia dói o coração lembrar kk, mas excelente postagem!! Recordar é viver =D

    1. O meu coração também doeria, haha.
      Obrigada pelo comentário!

  9. Tenho algumas destas revistas aqui, meu irmão comprou e ganhou uma pequena coleção de um amigo dele.

    1. Que legal, eu bem que queria ter as minhas revistas antigas.
      Um abraço e volte sempre.

  10. Karina, Eu sou Claudio Balbino editor e criador das revistas UltraJovem. Li sua matéria e fico agradecido pela abordagem incrível que você fez desse trabalho. Essa revista tem muitas historias, os bastidores eram tão incríveis quanto as paginas prontas.. Um dia vamos por essas historias para todos conhecerem.
    Muito obrigado pelas palavras.. Fico orgulhoso pelo trabalho feito e com toda humildade do nosso time fico feliz porque cada edicao valeu a pena a luta…
    .

    1. Olá, Claudio, é uma honra ter você por aqui. Fico feliz por ter gostado. Deve ter sido uma experiência incrível trabalhar nos bastidores da revista, com certeza. Eu e mais um monte de fãs adoraríamos saber das histórias dos bastidores.
      Eu é que agradeço. Muito obrigada pelo comentário e pela dedicação sua e da equipe para a elaboração da Ultra Jovem 🙂

    2. ola Claudio sou Daniel e tenho varias revistas do ultra jovem o que a Aconteceu por que Pararão de fabricar as revistas do Dragon ball z ?

  11. moça escorreu um suor hetero do meu olho ao ler essa materia rs… obrigado por me lembrar dessa antiga paixao

    1. Hahaha, é bom relembrar essas coisas que dão saudade, né? Obrigada pelo comentário.

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