Crítica: Nasce uma Estrela (A Star is Born)

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Direção: Bradley Cooper

Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliot, Andrew Dice Clay, Rafi Gavron, Michael Harney, Ron Rifkin, Barry Shabaka Henley e Marlon Williams.

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Nota 3/5

Sendo esta a  quarta versão da história de Nasce uma Estrela, o tema se confunde com a própria história do showbusiness, onde o sonho americano alimenta os desejos de anônimos em busca do sucesso. Estreando na direção, Bradley Cooper demonstra qualidades (e problemas) atrás das câmeras e Lady Gaga (em seu primeiro grande papel) se desnuda das parafernálias e figurinos de cantora para surgir de cara lavada como protagonista. Contudo, mesmo entregando aquilo que os fãs desejam (algo cinematograficamente sempre perigoso), devido a presença da cantora, e transitando entre gêneros, acaba que por trazendo riscos a sua narrativa.

Resumir a história de Nasce uma Estrela é quase desnecessário, uma vez que, como dito anteriormente, é algo dos mais corriqueiros dentro do cinema. Portanto, o que devemos notar é como estes elementos se apresentam durante a projeção, onde a direção tenta intensificar os arcos e conflitos daqueles personagens. Contando com uma boa introdução, a sequência de um dos shows de Jack é bem executada, onde somos inseridos pela câmera trazendo um ponto de vista de como estivéssemos no palco com o cantor. Aliás, é eficiente também que a direção crie um contraponto do cantor quando este entra em seu carro após o show, cujo silêncio presente em conjunto com as bebidas, trazem informações suficientes para apresentar o personagem e compreendermos seu estado atual de solidão. Elogiável, portanto, que Bradley Cooper faça um trabalho, por exemplo, mais minimalista que feito por Kris Kristofferson no filme de 1976. Sempre surgindo com aparência, gestos e voz sempre trôpegos, o ator consegue convencer de sua persona ocasionada pelo alcoolismo e drogas (trabalho que será, obviamente, destruído por quem optar pela versão dublada); cujo arco é engrandecido pela presença de Sam Elliot como seu produtor musical, com quem tem um relacionamento familiar de amor e ódio.

Assim chegamos ao personagem principal: Ally. Trabalhando em um restaurante durante o dia, vivendo em um ambiente dominado por homens (um “Cinderela às avessas”), a jovem expurga seus conflitos cantando em uma boate gay a noite, incluindo uma performance de Edith Piaf (La Vie en Rose, claro!). Inclusive, neste momento, a obra faz a contemporaneidade social pelo contexto LGBT, principalmente por Lady Gaga ser um de seus mais importantes ícones. Elogiável também que a fotografia de Matthew Libatique (Cisne Negro) ajude nesta atmosfera e no relacionamento de Ally e Jack quando abusa do jogo de luzes e cores, principalmente o vermelho, representando aquele romance, cujas faces são tomadas pela cor durante vários momentos da projeção.

E se Cooper traz este tom mais trágico, Lady Gaga não tem dificuldade em vestir a pele de cantora em busca de sucesso de maneira expressiva e forte, sendo ela uma estrela da música. Contudo, é visível que a linha tênue entre a atriz e cantora é quebrada durante os números musicais (bons, diga-se de passagem); principalmente quando a cantora tem que se desconstruir (ou construir) como atriz, deixando, por assim dizer, sua atuação pouco natural especificamente nestes momentos (e fazendo uma pequena pesquisa sobre as origens da cantora, é quase que sintomático que o longa traga o núcleo familiar como uma espécie de mafiosos aposentados levemente com aura italo- americana). E poderia até dizer que essa ruptura foi total quando, depois de surgir no mundo country, ela se transforme em uma artista pop ao melhor estilo… Lady Gaga! Tanto que, ao precisar demonstrar timidez por estar em frente com uma multidão ao ser chamada pela primeira vez ao palco, Gaga use de muletas de interpretação (como gestos, tapar o rosto) de maneira pouco convincentes (o que comparando com as versões anteriores acaba empalidecendo um pouco por, tanto Janeth Gaynor em 1937, Barbara Streisand 1976 e Judy Garland em 1954, já serem atrizes reconhecidas e consagradas – inclusive com Oscar-  quando representaram o mesmo papel).

Se em seus dois primeiros atos (quase a metade aproximadamente), o longa demonstra ritmo e interesse na dinâmica entre o casal sem grandes sobressaltos, o crescimento da carreira de Ally e a queda de Jack,  a inexperiência de Cooper na direção cobra seu preço e o roteiro de Eric Roth, Will Fetters (em conjunto com o próprio diretor) se entrega às convenções e sentimentalismo quase baratos até mesmo para um romance  – com direito a namoro em banheira de espuma, torta na cara, aquela corridinhas para abraçar o parceiro, etc. Isso sem mencionar passagens que, sinceramente, estão mais para um melodrama adolescente, como em determinado momento que Ally fica insegura porque, estando sóbrio, Jack poderia achá-la feia agora (e claro diálogos como “você deve acredite em si mesmo para alcançar as estrelas” que não ajudam na maturidade que o contexto pede).

Ademais, o próprio  roteiro apresenta ainda transições abruptas, onde de um momento para outro Ally se transforma rapidamente em uma estrela, cujos conflitos com seu produtor de como ela deve se comportar e vestir soam descartáveis (fora que ao transformá-lo em uma espécie de “vilão” que influencia a decisão de Jack no final do filme, se torna ainda mais pedestre e maniqueísta); assim como a derrocada de Jack passando de astro para coadjuvante tocando Pretty Woman ser um coisa quase que inexplicável – o que detona o possível problema no corte final do longa. Mesmo trazendo closes que chegam a causar risos pela sua artificialidade, como visto nas cenas em que Ally chora, Cooper tenta engrandecer sua narrativa ao criar uma rima visual durante o clímax envolvendo Jack mesmo que pouco sutil, como visto na presença do letreiro com la vie en rose remetendo à primeira vez que Jack viu Ally no bar (isso sem mencionar que o destino de Jack era previamente conhecido devido ao um plano no início do filme quando ele chega na boate gay, mas que não posso comentar para não dar spoiler). Contudo, tal tentativa acaba novamente  se tornando irregular pelo excessos dramáticos e falta de sensibilidade como uso de flashbacks deixando ainda mais expositiva a narrativa.

Sendo um longa de certa maneira atemporal, não podemos negar que há muitas boas intenções (tanto na direção quanto no seus personagens principais), isso é reconhecido; mas ainda assim há pouco sentimentos reais dentro do filme. Claro, que isso não vai impedir que muitos possam se sentir identificados com a história de amor, perda e superação. Sem problema algum! Mas ainda soa falho quando precisamos nos concentrar naquelas emoções.

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Nasce uma Estrela (A Star is Born)

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

9 thoughts on “Crítica: Nasce uma Estrela (A Star is Born)

  1. sempre achei que era teoria da cospiracao mas to começando a achar que tm critico pago pra elogiar esse filme nao é possivel terem achado tao bom ja um critico como vc isento apontou muitos defeitos sei nao heim pra mim tem caroco nesse angu

    1. Maninho
      Bem vindo
      Realmente há críticos que são influenciados. Eu jamais aceitaria dinheiro ou vantagem para falar bem ou mal de um filme. Mas me espantou mesmo tantas críticas positivas ao filme que apresentou tantos problemas. Mas de qualquer maneira , estas opiniões contrárias são sempre bem vindas, quando embasadas.

      Abraço

  2. bela critica a sua heim sr Rodrigo me interessei pelo filme apesar dos prblemas que vc citou vou ir assistir

    1. Ana Julia
      Bem vinda
      Obrigado pelo elogio. Depois fique a vontade para retornar e expor sua opinião sobre o filme
      Abraço

  3. eu gostei bastante me divertiu, me tocou, me deixou refletir sobre muitas coisas da vida achei muito bom

    1. Lai
      Bem vindo
      Que bom, mas se procurar achará muitos outros filmes melhores que façam isso
      Abraço

  4. engraçado ta todo mundo falando tanto desse filme que achei que era uma obra prima mas vejo que é sóp um dramazinho a mais

    1. Orem
      Bem vindo
      Realmente me espantou muito tantas opiniões positivas (não que o filme não mereça), sem dar o peso necessário aos defeitos
      Mas, cada opinião é válida e engrandece o debate
      Abraço

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