Crítica: Star Trek – Sem Fronteiras (Star Trek Beyond)
Star Trek – Sem Fronteiras
Direção: Justin Lin
Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Idris Elba, Joe Taslim e Lydia Wilson.
Depois de reerguida no cinema pelas mãos de J. J. Abrams em 2009, a saga Star Trek chega a seu terceiro episódio desta nova fase, agora dirigido por Justin Lin, um diretor mais acostumado com a velocidade dos carros de Velozes e Furiosos do que necessariamente com um tom mais reflexivo. Claro que seria injusto atribuir toda a responsabilidade ao diretor, entretanto aqui neste novo capítulo ele jamais tenta fugir completamente desta narrativa mais frenética iniciada por Abrams.
Mesmo com problemas no roteiro, no desenvolvimento de alguns personagens (alguns desnecessários) e estando mais preocupado em apresentar as sequências de batalhas interplanetárias e cenas de humor quase infantis do que propriamente com os conflitos pessoais mais presentes nos filmes clássicos, este Star Trek – Sem Fronteiras consegue se tornar reverencial e manter o respeito a todo o passado e suas figuras que se tornaram ícones dentro do universo de Star Trek. O que no fim serve com uma bóia de salvamento deste longa que infelizmente não chega a esboçar o tom de frescor visto nos anteriores.
Depois de uma visita diplomática (numa cena que serve de exemplo para o humor que beira ao infantil), a Enterprise chega a um planeta que serve de entreposto para logo em seguida ser convocada para ajudar uma refugiada, mas a ajuda não é exatamente o que aparenta ser e a tripulação liderada pelo capitão Kirk ( Pine) entra em conflito como vilão Krall (Elba, numa maquiagem que o deixa quase irreconhecível).
O design de produção transforma o planeta num mundo utópico, onde a câmera percorre seus prédios desafiando a gravidade onde todas as raças coexistem em paz e harmonia, num mundo cheio de cores onde a tecnologia é usada para benefício de todos. Numa destas cenas que ocorrem no planeta conhecemos o lado pessoal do Sr. Sulu que merece aplausos por demonstrar sua homossexualidade – o que soa uma homenagem também ao próprio ator George Takei que assumiu sua homossexualidade em 2005 (apesar do próprio Takei ter sido contra a idéia desta ‘homenagem’).
O roteiro de Simon Pegg e Doug Jung inicialmente se concentra em desenvolver o conflito pessoal de Kirk com relação às ações de seu pai no filme de 2009, assim como Spock que possui informações relacionadas ao seu futuro e que serve como uma bela homenagem a Leonard Nimoy que faleceu ano passado. Tal argumento serve como motivação de uma das poucas cenas em que o ritmo do filme permite um desenvolvimento dos personagens, como quando Spock (Quinto) e Dr. McCoy (Urban) estão presos no planeta (lembrando que o ator Anton Yelchin faleceu este ano num acidente absurdo).
Mas os problemas mesmo, se apresentam durante os segundo ato em que precisando lutar contra o vilão, a direção se concentra em perseguições (inclusive de moto), lutas acrobáticas, clichê de nave caindo em precipícios para criar tensão e outras cenas de ação com problemas de mise-en-scene. Tudo isso culminado em cenas onde as máquinas criam ‘ondas espaciais’ com a Enterprise surfando ao som de Beastie Boys (será que os realizadores quiseram fazer um trocadilho com Beach Boys? Deve ser minha imaginação fértil somente…).
O vilão vivido por Idris Elba é de certa maneira um desperdício. Jamais ficamos sabendo claramente suas motivações e seus poderes, apenas para criar de maneira forçada uma reviravolta no final. Como podemos ver o fato de que o personagem passa o longa inteiro em busca de um artefato e seu poder mesmo tendo um exército inteiro com tecnologia capaz de destruir naves inteiras em questão de segundos.
Uma incoerência que somente não é desastrosa pelo desfecho do personagem que usa um argumento envolvendo o passado bem ao estilo da franquia ( remetendo bastante o argumento usado no longa de 1979 cujo cartaz de divulgação é bem parecido).
Cientes que estão com um material mítico nas mãos, os realizadores não se preocupam em invocar suas referências clássicas para mostrar que independente de como a estão abordando, a franquia possui uma bagagem que, bem trabalhada, tem um futuro longo e próspero.
Cotação 3/5
Rodrigo Rodrigues
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Achei este último melhor que os dois anteriores, dirigido pelo J.J.Abrams. E esta nova série é quase um “estupro” do canon original. Eu cresci assistindo a série clássica, ia no cinema desde 1980 pra ver os filmes de cinema . Acompanhei a Nova Geração, DS:9. Voy e Enterprise. Sou trekker de carteirinha. Mas eles simplesmente pegaram o conteúdo filosófico e humanista da série e jogaram no lixo para criar estes filmes e ficar com cara de Star Wars para render mais no cinema. Conseguiram, mas deixou de ser relevante pra muita gente. Agora vem Tarantino para todo mundo aplaudir e para os fãs esperaram para enterrar a franquia de vez.
Meu é foda…rs
Jornada nas Estrelas ja tem sido “violentado” há muito tempo.
Características da série como trilha sonora não foi mantida (ao contrário de Star Wars) o que já foi um grande desperdício, depois inventaram de reinventar a roda.
A Interprise sempre foi uma nave cientifica com um corpo de oficiais que partiam em missões pelo espaço a fim de representar a federação e mediar conflitos, fornecer apoio logístico a alguma base remota, fazer relações diplomáticas com aliados da federação e patrulhar os limites do universo que cabiam a federação e não passar da zona neutra que podia ser área klingoon ou romulana.
Era só isso que precisava ser observado para fazer as continuações, não precisavam esquecer a trilha sonora, destruir , transformar tripulante em gay para fazer média com o politicamente correto, mudar o “layout ” da nave que sempre foi clara para o estilo “Nostromo” criado pelo Ridley Scott para Alien o 8º Passageiro.
Era só isso que eu esperava! e claro que com a tecnologia atual a abordagem sobre planetas, sobre os Vulcanianos, as novas naves inimigas e cenários iriam detonar geral, também é claro um banho de roteiro inteligente tirando aquelas tramas meio infantis com ordenanças sempre muito frágeis, ou cenas patéticas de luta onde até para ser empurrado o capitão Kirk tinha dublê.
Era nesse sentido que deviam reformular a série e não querer refaze-la distanciando a mesma do cerne que a tornou mítica, hoje Jornadas nas Estrelas não passa de + um entre tantos filmes de ficção, não tem relação nenhuma com a saga original…
Fernando.
Obrigado novamente pelo comentário.
Respeito sua opinião. Se acha que foi um tiro no pé… você esta completamente correto.
Quanto ao cometários sobre o filme , realmente isso (a cena do Sulu) esta lá e os comentários são devidos com filme.
Entretanto esta cena dura apenas 5 segundos, e me referiria sobre outros aspectos : roteiro, direção, montagem etc…
Mas qualquer discussão que o filme levante é válido. Isso é o mais importante.
Quanto ao Adam Sandler tenho que concordar: Ele deveria ser preso, no mínimo.
Abraços.
Uma crítica interessante… mas eu tenho uma visão um pouco diferente, não sei se concordarão. Não é exagero dizer que o que J.J. Abrams fez em 2009, com Star Trek, foi revolucionar a franquia Jornada nas Estrelas. O que se viu há sete anos não foi exatamente um reboot, nem mesmo uma sequência, tampouco uma refilmagem e, ao mesmo tempo, a produção daquele ano carregava um tanto de cada uma dessas modalidades – um sinal de respeito, reverência, homenagem, mas sem perder o frescor da originalidade. O que se seguiu, em 2013, com Além da Escuridão, foi um episódio do universo revitalizado. Coerente, sem dúvida; divertido, certamente; mas distante do caráter inovador do novo filme original – o que, convenhamos, era de se esperar, uma vez que não é todo dia que se inventa a roda. Ainda assim, portanto, episódico, tal qual este Star Trek: Sem Fronteiras, o terceiro produto da atual saga.
Quasimodo
Obrigado pelo comentário
Eu acho ainda que no mínimo mudou o conceito. Isso não quer dizer que não houve respeito ou reverencia a séria clássica. Houve e estes foi um dos grande méritos de Abrams.
Entretanto, esta renovada, para mim trouxe uma certa esquizofrenia estética que não condiz com os filme clássicos ( algo que sempre diferenciou de Star Wars por exemplo)
Agradeço seu comentário que foi muito bom.
Seja sempre bem vindo.
Abraços
esse filme ta mais controverso que BvS… tem critico dizendo que é uma porcaria, outro elogiando demais… inclusive vi alguns que os caras elogiaram a fidelidade à serie classica e elogiaram a ação desenfreada! heim???? mas a serie classica nao se notabilizou por ação…
Xandinho
Obrigado pelo comentário.
Criticas servem para levantar um discussão (saudável) sobre o filme e cinema. Esta divergências são normais. Mas discordo quando diz que é mais controverso que BVS.
Neste caso ST tem a média de opiniões bem melhores vindo da critica especializada.
Mas você já notou algo que eu concordo “A ação desenfreada é algo não muito relacionado a essência de Star Trek”
Todavia é muito importante que você veja o filme e tire suas conclusões e depois caso deseje engrandecer a discussão , será bem vindo.
Abraços
podiam mesmo ter criado um novo personagem gay ao inves de inventar essa do Sulu… nem o Takei que é o Sulu original e é gay aprovou essa presepada… querem fazer o certo por vias erradas mesmo viu eh fogo… custava criar um novo protagonista ali e ele ser gay desde sempre ou entao aproveitar que o Checov morreu e no proximo filme o seu substituto seria gay e pronto, tudo seria perfeito, mas nao, tinham que mexer em algo estabelecido pra causar…
Francis
Obrigado pelo seu comentário.
Concordo que poderiam abordar isso de outra maneira. Mas não acho ‘presepada’.
Como disse no comentário anterior “Abordar este fator no contexto, principalmente em grandes produções, nunca será desperdício ou penoso”
Mas agradeço imensamente seu comentário. E caso deseje comentar futuramente sobre o filme em si, será muito bem vindo.
Obrigado
Abraço
Ainda não vi o filme mas a questão da “homossexualidade” do Sulu me parece um tiro no pé… algo mais propagandesco e volátil do que propriamente uma sacada boa que ajudaria a combater o preconceito relativo ao tema… isso, principalmente, pq nunca houve menção ao personagem ser homo, algo que o proprio Takei – hoje um simbolo nerd de luta contra o preconceito cisgenero – acabou condenando. Mais uma vez hollywood perdeu a chance de fazer algo correto, como introduzir um novo personagem importante que fosse homossexual, ao invés de criar um remendo em cima de algo já fixado nos fãs… sei que muitos, como o critico, apoiam a ideia pelo conceito em si, ou seja, olha que legal temos um personagem grande em um filme de FC blockbuster, mas no fim a emenda saiu pior que o soneto… uma pena.
Fernando
Obrigado por comentar
Não considero um tiro no pé a opção de inserir o contexto homossexual (sem aspas) para o personagem Sulu. Uma coisa e achar que não funcionou (o que tem todo o direito, por diversos fatores apontados no seu comentário).
Mas dizer que um tiro no pé acho um pouco exagerado. Abordar este fator no contexto, principalmente em grandes produções, nunca será desperdício ou penoso.
Prefiro isso, mesmo que desagradem os fãs, que uma comédia do Adam Sandler, por exemplo, insultando todo mundo.
Mas com relação do filme, caso deseje comentar futuramente, seja bem vindo.
Agradeço novamente a clareza do seu comentário que serviu para engrandecer a discussão.
Abraço
Como disse o Francis ali em cima, podiam ter criado um outro personagem gay ao invés de mexer no Sulu… a reprovação do próprio Takei mostra que foi uma ideia tola, daí ser possível considerar um tiro no pé. No fim, criou polêmica (estamos aqui a discutir isso) e desviou o foco da ação planejada pelos produtores. Se me permite dois comentarios a mais, nao gostei da ironia quanto ao “Mas com relação do filme, caso deseje comentar futuramente, seja bem vindo”, pois isso é sobre o filme (tanto que vc colocou na crítica). E usar filmes do Adam Sandler como comparação não vale né, aquelas coisas ridículas deviam ser proibidas e ele preso por aquelas ofensas preconceituosas ao extremo.