Crítica: Jurassic World – Dominion

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Direção: Colin Trevorrow

Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum, DeWanda Wise, Mamoudou Athie, Isabella Sermon e BD Wong 

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Chegando ao sexto capítulo da série (ou o terceiro da nova trilogia, iniciada com Jurassic World e continuada com Reino Ameaçado) se há algo que não se pode reclamar é a falta de coerência com suas origens e história. Até porque a questão da manipulação genética está no cerne da franquia desde o primeiro episódio. Se em Jurassic World vimos o parque pela primeira vez em funcionamento pleno, Jurassic World – Reino Ameaçado foi usado como um passo adiante na trama, expandido os conceitos já apresentados (o que me leva seriamente, depois de seis filmes, a ler a novela de Michael Crichton por curiosidade em saber até onde isso levaria).

Além do mais, os capítulos anteriores conseguiram ao mesmo tempo criar um tom crítico ao sistema de exploração da natureza quanto um exercício de gênero, principalmente em Reino Ameaçado, ao transpor sua ação dentro de um contexto de terror clássico.

Assim, Jurassic World – Dominação, do diretor Colin Trevorrow, mantém essa lógica temática ao mesmo tempo em que reverencia os personagens principais da antiga trilogia, trazendo-os pela primeira vez juntos desde o primeiro filme de 1993 (Jeff Goldblum participou de Jurassic Park – Mundo Perdido e fez uma ponta no anterior, ao ponto que Sam Neil e Laura Dern – ela também numa ponta – participaram de Jurassic Park 3).

Dito isso, portanto, é uma pena que o roteiro de Derek Connoloy e do próprio Trevorrow tente abraçar desesperadamente os conceitos abordados no filme anterior (envolvendo Maisie Lockwood), a questão ambiental, a empresa Biosyn, ao mesmo tempo em que precisa lidar com uma série de personagens majorada pelos que foram acrescentados. E ainda nem falamos dos dinossauros em si! Até porque durante quase todo o primeiro ato, parece que os bichos pré-históricos ficam relegados ao segundo plano enquanto o filme apostas em perseguições nos telhados de “países exóticos” como um tradicional filme de espionagem (exercício de gênero).

Ademais, chega ser decepcionante que uma discussão relevante sobre o mundo sempre está a “três pratos de comida da anarquia” devido à ganância de meia dúzia vire apenas uma piada sobre barra de doce…

Iniciado num planeta em que a presença dos dinossauros não é mais algo estranho, vemos então as consequências que as criaturas podem causar ao “mundo real”, coisa até então não abordada nos outros filmes. Além do desequilíbrio na cadeia alimentar em todo o planeta, a presença das criaturas acaba criando outros problemas como comércio ilegal, reprodução não autorizada da espécie e disputas ideológicas. Além do mais, os tais gafanhotos geneticamente modificados ameaçam as plantações mundiais (menos aquelas pertencentes à Biosyn, liderados por Lewis Dodgson – Scott, uma fusão de todos esses CEO que boa parte do mundo devota ridiculamente).

Enquanto isso, o Cowboy (no caso, Dino) Owen (Pratt) e a agora ativista Claire (Dallas Howard) vivem em família com a jovem Maisie (Sermon), tendo sempre à espreita a velociraptor Blue e sua cria. Mas após o sumiço dos pequenos, eles partem para o exótico norte da África em busca de respostas, ao mesmo tempo em que Ellie (Dern, carismática como sempre) tenta convencer Grant (Neil, não muito a fim de estar ali) a investigar os gafanhotos. Nem que seja a contragosto, por solicitar a ajuda a Ian Malcolm (Goldblum sendo Goldblum já está bom).

Trazendo um problema para o montador do filme por atravessar vários lugares distintos em um curto espaço de tempo (Nevada, Texas, Alasca e África), o excesso de personagens acaba criando coincidências ou reviravoltas pouco convincentes, como o fato de Claire mostrar uma foto dentro de uma multidão para a única pessoa que poderia ajudar. Aliás, uma dessas novas personagens, Kayla (uma segura e ótima DeWanda Wise), parece uma mistura de Han Solo com Lara Croft, mas que cuja função, além de inchar o elenco, é servir como suporte aéreo da turma.

Confundindo correria com ação/tensão, o diretor Colin Trevorrow parece ter vários brinquedos caros nas mãos, mas não se contenta em mostrar apenas um para o público. Com uma profusão de dinossauros a partir da segunda metade do filme, o diretor atira para todos os lados, e se não decepciona, também não consegue montar uma grande cena inovadora ou realmente tensa. Não sendo coincidência que o roteiro tente logo amarrar as tramas quando as gerações de protagonistas se encontram, assim o encontro de Grant, Ellie e Ian com Owen e Claire tem uma série de referências ao filme original numa dinâmica entre eles que, pelo menos, atende a expectativa dos grupos interagindo uns com os outros.

Repito: não são cenas ruins (como aquela em que Claire fica submersa ou até mesmo o embate final das criaturas gigantes), mas estão muito além do que já vimos, inclusive com o próprio diretor no filme anterior, como vista na cena se passando na mansão. Nada que se aproxime da tensão dos velociraptors do primeiro filme, a cena do ônibus do segundo ou tantas outras. Outro exemplo do “copia e cola” exagerado? A cena do gelo com Kayle e Owen. Claramente inspirada na cena da janela se quebrando com Julianne Moore no segundo filme ou numa cena da Ellie e Kayla juntas no enquadramento em que vimos o T-Rex pela janela do veiculo do primeiro filme.

E a maior dessas referências ocorre no momento em que estão todos no mesmo plano perto de um jipe, contra-luz ao fundo (remetendo a uma das assinaturas estéticas de Spielberg). E temos algumas rimas visuais acabam sendo interessantes, como  Ian repetindo o mesmo gesto de atrair um dinossauro com uma luz; aliás, uma outra dessas rimas quase passa batido, mas achei engraçada. Num determinado momento, Ian fecha rapidamente a gola da camisa, criando uma contradição ao  filme original em que personagem ficava sem camisa (uma piada recorrente feita com Goldblum). E cito ainda que criaram uma simetria com o vilão (ou um dos vilões) do primeiro filme, ao trazer a mesma latinha em que foram roubados os primeiro embriões (os respectivos dinossauros que aparecem), ou seja, a obra se entrega de vez à idolatria ao original.

Finalizando ao melhor estilo “Jurassic Family” ao tentar fechar algumas pontas que ficaram soltas (humanas ou não) sem grandes revelações, Jurassic World – Dominação deixa pelo menos a mensagem de coexistência e até certo ponto otimismo das criaturas poderem viver finalmente em paz (algo já visto antes). Mas, tratando-se de CEOs e grandes corporações, não compartilho do mesmo entusiasmo…

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Jurassic World - Dominion

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

15 thoughts on “Crítica: Jurassic World – Dominion

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  2. Eu não sou formado em cinema, mas gosto muito de filmes, e passei a vida toda fazendo isso e sempre gostei de analisar roteiros.

    Para mim, Jurasssic Park Wolrd Dominion, é o pior filme de toda a série. O problema principal do filme é roteiro. A ideia era homenagear os personagens da série original, mas com isso o diretor acabou juntando dois roteiros, que necessariamente não tem muita ligação. Parece que são dois filmes mesclados em um só, o que tornou tudo bem confuso. O roteiro com os personagens originais explora a criação de gafanhotos gigantes, que ameaçam o suprimento de alimentos dos EUA. O outro roteiro explora a relação familiar entre os personagens da segunda trilogia. A ligação entre os dois roteiros é mínima. Além disso, a escolha pelos gafanhotos gigantes como principal ameaça é uma escolha muito infeliz. A série é sobre dinossauros e não insetos geneticamente modificados.
    Outro problema é que acontecem coisas no filmes totalmente inexplicáveis, como a questão da grande disparidades de climas entre dois cenários, um do lado do outro, cavalos que sustentam no laço dinossauros de algumas toneladas, velociraptors (verdadeiras máquinas de matar) se comportando totalmente contra a sua natureza e que foi muito explorada nos outros filmes, bem como diversos outros equívocos citados acima. Claro que em um filme em que dinossauros retornam à vida, é preciso haver alguma “suspension od disbelief”, ou suspensão da realidade. Mas existe um limite para isso. Dinossauros podem até ter voltado à vida, mas ainda assim são animais, feitos de carne e osso. Por isso é muito irreal que algum deles consiga correr tanto com uma moto, principalmente considerando o seu peso. Além disso, eles não são imunes a atropelamentos como o filme parece fazer crer.
    Outra questão que não faz o menor sentido é porque uma cientista querendo engravidar, optaria por um procedimento tão arriscado e complexo quanto a manipulação genética, quando existem diversas outras alternativas, como dormir com um homem, ou se não for o caso recorrer a um banco de esperma. No caso do filme anterior a situação era outra e a manipulação genética era necessária, porque que um dos personagens havia perdido sua filha tão amada. Aliás essa é outra incongruência que não se explica entre um filme outro.
    É preciso falar ainda na questão da quantidade de protagonistas. Como o filme resolveu usar 6 personagens principais, ele acabou ficando muito longo, sem que houvesse necessidade, para que cada um dos atores e atrizes tivessem tempo de tela suficiente capaz de justificar sua participação no filme.
    Só para comparar, recentemente foi filmado o novo filme Ghostbusters, que faz uma merecidíssima homenagem aos personagens dos filmes originais, sem que fosse necessário sacrificar o roteiro nem alongar injustificadamente o filme.
    No geral esse Jurassic Park World Dominion foi uma total decepção para os fãs que aguardavam ansiosamente um filme explicando como seria a interação entre as espécies atuais, incluindo o homem, com os novos dinossauros, soltos na natureza.
    Por fim, muito melhor do que perder tempo com esse último Jurassic Park World Dominion é rever os demais filmes, principalmente o primeiro, esse sik um verdadeiro marco na história do cinema.
    Iuri Buscácio

  3. Cervos q não fogem de galinhossauros. Raptores q acompanham motos mas não alcançam a Claire a pé. Piloto de avião mercenária que muda de ideia do nada, trai os contratantes e resolve ajudar quem nem conhece. Avião cai de bico e ninguém nem se arranha. Mocinho cai na água, mas o dino que o perseguia resolve passar por ele e dar a volta. Diálogos tipo “vc realmente a ama? TB gosto de ruivas “. Dinos atacam pessoas numa praça, comendo elas, mas ninguém corre ou grita. Espaço aéreo sem Dinos? Neve torrencial a poucos km de floresta tropical. Plano estupido de uso dos gafanhotos. Plano estupido dos oldies protagonistas. Carro capota onde todos podem se encontrar. “Ninguém se move!”… E todo mundo sai correndo! Ordem de evacuação cumprida TB por dinos. Cabo de força rompido no machado sem choque. Gafanhotos caem e furam teto, mas não danificam o helicoptero. Mas teve a música tema classica né então foi bom.

  4. Sabia que ia ter gente torrando o sac* e criticando… o filme é ótimo! Fecha perfeitamente a trilogia! parem de reclamar!

  5. eu faria uma nova trilogia ambientada uns 30 anos no futuro, num cenário pós-apocaliptico, os dinos dominaram tudo, destruiram tudo… saiu do controle! filme de terror mesmo, tipo de zumbi, mas ao invés de zumbi, teria dinossauro hahaha

  6. filme legal, sem quebrar a trilogia, pois ele alinha direitinho os acontecimentos com base nos filmes 1 e 2… tem umas horas que cansa um pouco pq parece que tem tramas paralelas inuteis, mas nada que atrapalhe muito

  7. acho que fecha bem a trilogia… mas nas duas trilogias o melhor filme foi mesmo o primeiro

  8. O CEO da Biosyn, Lewis Dodgson, é o mesmo personagem que no filme Jurassic Park original tenta contratar o gordinho Dennis Nedry , a roubar as propriedades intelectuais do parque …dando pra ele a famosa latinha de espumas…não foi feito pelo mesmo ator, pois o ator original se envolveu com pedofilia posteriormente.

    1. Bem lembrado Ricardo. Não me atentei ao detalhe.
      Obrigado!

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