Crítica: Avatar – O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)

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Avatar – O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)

Direção: James Cameron

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Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Kate Winslet, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, Brendan Cowell, Jemaine Clement, Jamie Flatters, Britain Dalton, Trinity Jo-Li Bliss e Jack Champion

Nota 3/5

James Cameron voltou depois de 13 anos de ausência (claro, não contando suas inserções documentais sobre… fundo do mar!). Ciente de sua capacidade de usar seus filmes como pontos de referência cinematográfica/tecnológicos quando falamos de blockbusters, Cameron nos envolveu com espetáculos visuais de ação que, por mais clichês que fossem em vários aspectos, ainda assim é impensável outro diretor (tirando o Spielberg) que pudesse ser tão bem sucedido durante tanto tempo; mesmo com uma filmografia relativamente curta – Piranhas 2 (1981, ok esse podemos pular!), os dois primeiros Exterminadores (1984 e 1991), Aliens – O Resgate (1986), O Segredo do Abismo (1989), True Lies (1994), Titanic (1997) e Avatar (2009).

(particularmente não me sinto atraído pelo primeiro Avatar, sua “revolução” tecnológica melhorou algo que já existia e, por exemplo, o uso do 3D – alardeado como inovador – é algo bem irregular).

Pode-se gostar ou não desses filmes (o que seria uma pena), mas minha defesa ao ego do diretor se deve justamente por ser “filmes de James Cameron” e sua autenticidade é algo completamente diferente do padrão atual dos blockbusters dominados pela linha de produção da Marvel; mesmo que a Fox de Avatar ainda tenha sido adquirida há pouco tempo também pela própria Disney. Portanto, comercialmente também vejo esse Avatar – O Caminho da Água, como uma espécie de tomada de rédeas para o diretor, como se dissesse “façam o filme que for, mas eu estou em outro patamar”.

Dito tudo isso, narrativamente falando, Avatar – O Caminho da Água, assim como seu antecessor de 2009 (um Dança com Lobos sci-fi), repete o alerta ecológico devido a uma raça ordinária e cruel (humanos) que é capaz de matar até a última criatura em busca do lucro de poucos, depois de explorar todos os recursos da Terra.

Contudo, James Cameron nunca foi um bom exemplo de roteirista, e aqui (dividindo a função com Rick Jaffa e Amanda Silver) temos mais um exemplo de que, mesmo com todo apuro visual, ainda é preciso convencer sobre aqueles personagens de maneira menos formulaica sem depender exclusivamente de suas cores; resumidamente, se você gostou ou amou o primeiro Avatar, vai acontecer o mesmo aqui. Caso não, eu acredito que sua opinião não irá mudar muito.

Passado vários anos depois do primeiro filme, o “Povo do Céu” retorna ao planeta Pandora para nova tentativa de dominar os Na’vi e explorar as riquezas do planeta para salvar a Terra. Mas até então, vivendo tranquilamente com uma família construída Jakesully (Worthington) e Neytiri (Saldana) precisam fugir da floresta em direção ao povo Metkayina, uma vez que o Coronel Quaritch (Lang) e seus soldados – agora todos como Avatares Na’vi – retornam em busca de vingança. Claro que essa explicação para seu retorno é feita rapidamente, até porque se o roteiro tentasse expor mais esse elemento iria piorar. Fora que não fica muito claro porque os humanos retornam (obviamente fica subentendido que seja o objetivo do primeiro), mas posteriormente todo aquele aparato militar é mais usado para busca de Jake e família que propriamente a exploração; tanto que a inserção de caçadores de baleias é feita quase que “coincidentemente”.

Passando toda primeira hora para apresentar as motivações e onde ocorrerá ação, o filme mantém a pegada naturalista e expõe a ligação daquele povo como alegoria religiosa; se teologicamente temos o conceito do “pó viemos e ao pó retornaremos”, aqui, a água é elemento de vida e morte, o tal “Caminho da Água” – o que simbolicamente tem um significado mais contextualizado para aquele povo cujos corpos são adaptados para o nado. Contudo, o roteiro é minimamente incapaz de fugir da previsibilidade de seus diálogos rasteiros, pueris (“Água é vida e morte, é luz e escuridão”, “somos os que somos”…) e com uma edição que torna esse Avatar por momentos maçante – senão enfadonho – e de pouco impacto, ao ponto de ignorar a trama principal por um longo período.

Um dos maiores exemplos disso se dá quando recém-chegados ao paraíso litorâneo do povo Metkayina, perde-se um tempo enorme com os conflitos adolescentes dos filhos do chefe local e os filhos de Jake e Neytiri; gerando até um previsível “You are Freak” (você é uma aberração). Seria com se o roteiro segmentasse o máximo possível esses elementos para um pit-stop e exibir toda a exuberância da sua tecnologia gráfica.

Mas trazendo pelo menos vilões que facilmente tomamos uma ojeriza pelos seus atos contra natureza, o longa não tem uma tarefa difícil em nos fazer torcer por sua derrota da maneira mais cruel possível (o que nem sempre acontece); o que por fim acaba denotando mais arcos e personagens que o filme parece poder sustentar (Quaritch e Jake tem um paralelo em seus dramas familiares, a ligação da filha caçula de Jake com a ilha, os já mencionados embates adolescentes, etc…), e falta coesão e liga nesse núcleos.

Não sendo coincidência que esses excessos acabam colaborando para a sensação de tanto Jake quanto Neytiri soarem quase coadjuvantes, mas o problema é para quem. Portanto, é fácil imaginar que os próximos filmes serão mais focados nos filhos que propriamente neles.

Mas é redundante dizer que, assim como o primeiro filme, todo foco artístico é voltado para a construção daquele planeta.  Naturalmente expandindo os cenários digitalizados para além da floresta, Avatar- O Caminho da Água apresenta um universo ainda mais vivo e esplendoroso, por mais cientes que estejamos de sua natureza artificial. Com sequências aquáticas lindíssimas, somos induzidos até mesmo a nos emocionarmos com a interação de um dos filhos de Jake com a baleia; curioso que este segundo seja justamente – por não ter falas – o personagem mais dimensional no filme.

Mostrando detalhes de seus personagens de aparência ainda mais vivas, somos facilmente cooptados pela textura dos movimentos (reparem, por exemplo, na expressão do olhar de raiva Neytiri ao saber sobre sua perda, os detalhes dos adereços e cabelos dos nativos da ilha, os movimentos dos corpos ao nadarem sob a água, etc…). Isso sem falar numa ótima mixagem de som ao equilibrar os sentimentos de dor e angustia como visto no momento da voz embargada pelo choro da própria Neytiri ou o farfalhar da água com o movimento da cauda das criaturas submarinas.

E por falar em visual, preciso comentar rapidamente duas questões. A primeira é o 3D que, mesmo não tendo assistido com ele – e deve ter sido uma tortura nauseante a quem o fez, devido ao tamanho do filme -,  acredito que o efeito tenha sido mais bem aproveitado que o filme de 2009; uma vez que Cameron investiu mais tempo em planos com maior profundidade de campo. A segunda é o fato de que, devido ao primor da tecnologia de Avatar, me surpreendi por cenas em que a câmera corria ou balançava demais. Ao pesquisar, descobri que essas cenas foram feitas assim propositalmente para aparentar um “defeito” e tirar o efeito “aparência de novela” devido à taxa de frames (provavelmente filmada em 48, assim como The Hobbit). Se isso será padrão daqui ainda é cedo para dizer; mas já fico assustado!

Para finalizar, Avatar – O Caminho da Água traz uma melhor eficiência na ação que o anterior, James Cameron ainda faz uma autorreferência (Titanic) dentro tantas que o filme traz, onde é inevitável que seus 192 minutos cobrem por um universo que, apesar da sua linda textura, seja tão superficial no aspecto das ações dos personagens na maior parte da projeção. Mas não podemos julgar que sua mensagem seja clara e muito bem embalada.

James Cameron pode ou não fazer concessões, e as próximas sequências serão lançadas até 2028, e caso for para criticar ou elogiar uma produção desse porte, prefiro que seja dirigida a alguém da sua autenticidade. Mas que beleza não é tudo, isso é fato!

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

18 thoughts on “Crítica: Avatar – O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)

  1. legalzinho…. assim como o 1… nao inventa a roda, nao tem uma historia f*da nem nada assim, o visual é um deleite, e vc se diverte… mas ta longe de ter uma historia memoravel

  2. o cinema so tem 2 diretores que fazem arrasa quarteirao que sao autorais: George Lucas e James Cameron… tem que respeitar demais esses genios!

  3. nao entendi bem o lance da camera tremida e o “filmada em 48”, o que isso significa?

    1. Bem vinda

      Os filmes normalmente são filmados em 24 frames/quadros por segundo; basicamente é o padrão desde o fim dos filmes mudos.
      Ou seja, a cada segundo visualizamos 24 frames/quadros por segundo gerando a sensação de movimento.
      Se aumentarmos esse frames/quadros para 48, iremos ter uma visão mais “perfeita” ou “real” da cena.
      No entanto, isso tem seus ônus. Com os 48 frames, as vezes temos a sensação de algo acelerando na imagem devido a perfeição.

      Então para não perder essa “sensação de cinema”, o diretores tentar tornar a obra “imperfeita”
      Seja pedindo o ator para hesitar mais na hora de atuar ou fazer um movimentação de câmera para soar “imperfeito” a cena.

      Espero ter ajudado.
      Abraço

  4. ad anunciaram o filme, esperei ansiosamente por ele e nao cheguei a me decepcionar, mas ele nao tem nada de mais nao

  5. James Cameron é uma maquina de fazer dinheiro, que coisa impressionante… o cara sozinho faz frente à Marvel e ao Star Wars

  6. como bem disse o critico, se vc curtiu o 1, vais em medo nesse… se o 1 nao te agradou, vc tera o mesmo problema nesse 2… qt a mim digo que é um filme que da pra assistir numa boa, mas saindo do cinema vc esquece dele pq nao tem nada ali relevante

  7. Avatar indo pra 2 BILHOES de Bidens e ainda tem gente falando “ninguem mais liga pra Avatar”… tae cambada

  8. filme ok, com cgi fenomenal e historia fraca, personagens medianos e roteiro tb mediano… da pra conferir numa boa sim, mas nao espere muito

  9. Filme visto no cinema – Avatar – O Caminho das águas (2022) – Fox/Disney – O filme é sequência de Avatar (2009), após dez anos da primeira batalha de Pandora entre os Na’vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive pacificamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney’tiri(Zoë Saldaña) formaram uma família e estão fazendo de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na’vi da região. Quando uma antiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente. Mesmo com dificuldade, Jake acaba fazendo novos aliados – alguns dos quais já vivem entre os Na’vi e outros com novos avatares. Mesmo com uma guerra em curso, Jake e Ney’tiri terão que fazer de tudo para ficarem juntos e cuidar da família e de sua tribo.
    O filme continua o legado do anterior 13 anos depois, quase uma continuação tardia…muitos efeitos, mas estória arrastada…meio que com tanta informação para o espectador, principalmente os mais velhos, o cérebro quase não consegue assimilar. Cameron, adora longas sequências de ação e drama em seus filme, agora ele usa o mundo marinho de Pandora, pra ser o prato cheio de toda a trama. Novos personagens junta aos antigos , mas um fato positivo do cinema de Cameron, são suas cenas bélicas de ação, o cara é realmente mestre e muitas das cenas, remetem a seus filmes anteriores como Terminator e Terminator II, Aliens – O Resgate (com um pouco de Rambo II A Missão,que ele roteirizou), O Segredo do Abismo e até Titanic. As características dos filmes de James Cameron, como o mundo submarino, o militarismo, o embate homem x máquinas e as personagens femininas fortes, estão todos aqui.
    Uma das cenas mais impressionantes, é a ação final que se passa em um Hoovergraft dos humanos que começa a afundar no meio do oceano. São tantas cenas de tirar o fôlego, sem contar as cenas com os “animais” aquáticos que parecem baleias de Pandora. Sei que o filme pode cansar alguns e pode chatear outros com as questões ecológicas novamente apresentadas no filme.
    E é claro, tudo isto ainda será uma saga de 5 filmes…mas ainda estou em dúvidas se Cameron, consegue levar isto até lá. Veja quem tem interesse em continuar a saga e gostou…quem não suportou o primeiro, então não vá assistir…simples assim.
    Nota 4 de 5 !!!

    1. pra mim é 3 de 5… muito visual, muita msg ecologica, mas historia rasa demais… legal, mas apenas isso

    2. tb acho nota 4 de 5 muito alta pra um filme tao raso em termos de roteiro, mas opiniao é coisa pessoal eu entendo

  10. eu ate gostei do Avatar antigo mas nunca mais assisti… nao tive vontade… ainda to na duvida se vejo o novo ou nao

  11. Odeio o 3D… O desserviço que Avatar 1 causou jamais será recuperado. Encareceu o ingresso, deixou os filmes escuros… A droga. Uma praga que qd parece q vai sumir vem Avatar 2… Ó céus, ó vida…

  12. eu gostei, mas nao amei, acho que é um filme legal e ponto, o que tb nao é nenhum problema…

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