4ª Dica p/ Novos Jogadores – Conheça a Arte/Design dos Jogos
Imagem: BGG Sereníssima (2nd Edition 2012)
Esse texto que aborda a arte e o design dos jogos, e é o quarto de uma série de textos, contendo dicas para boardgamers, iniciantes ou não, no sentido de ajudar quem iniciou no hobby agora. Outro objetivo é apresentar um ponto de reflexão aos boardgamers mais experientes. Quem tiver o interesse de ler os textos anteriores, basta acessar os links abaixo:
1ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça Melhor o Hobby
2ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Caixas
3ª Dica P/ Novos Jogadores – 7 Cuidados ao Iniciar nos BG
https://maxiverso.com.br/blog/2022/12/27/3a-dica-p-novos-jogadores-7-cuidados-ao-iniciar-nos-bg/
A arte é outro elemento material, ou concreto, dos board games, muito importante, que não envolve apenas a beleza artística do jogo. Ela também influencia diretamente na jogabilidade, por também envolver o design gráfico, incluindo ainda a iconografia do jogo.
Evidentemente, aquela imagem que uma pessoa vai achar bonita ou apropriada, outra pessoa pode achar feia ou inapropriada. No entanto, ao menos em relação à iconografia, as opiniões tendem a ser mais uniformes. Isso não se trata apenas de uma questão de beleza, mas dos ícones serem funcionais, do seu tamanho ser adequado, deles serem intuitivos e de fácil assimilação, etc.
Imagem Google: Race for The Galaxy
Dois exemplos de jogos excelentes, mas que a arte deixa a desejar são “Race for the Galaxy” e o “Terraforming Mars”. No primeiro, a iconografia é bem complicada para os iniciantes, e leva tempo para entender como os ícones funcionam. Já no segundo, as cartas são perfeitamente compreensíveis. Mas, com todo o respeito aos artistas do jogo, elas além de feias, parecem que foram feitas por amadores e não artistas gráficos e designers profissionais. E o pior, é que a qualidade do design gráfico dos tabuleiros individuais do jogo é ainda inferior ao das cartas.
Pela sua importância, tanto o “Race for the Galaxy” quanto o “Terraforming Mars” mereciam uma melhorada no quesito iconografia. Isso porque são dois jogos excelentes, muito prestigiados, muito queridos, muito representativos dentro do hobby. Além disso, eles têm uma base de fãs enorme, principalmente o Terraforming Mars, sempre nas primeiras colocações dos rankings do BGG e do Ludopedia.
Imagem Tabula Quadrada: Terraforming Mars
Outro fator que mostra o quanto a arte é importante, é a questão dos jogadores daltônicos. Isso porque muitos jogos são impraticáveis ou muito difíceis de jogar, para quem tem problemas de visão. Esse é o caso dos cubos do “Village” e de algumas cartas de bônus e de guilda do “7 Wonders”. Claro que no geral, dá para jogar, mas não é uma experiência agradável para quem é daltônico. E isso poderia ser facilmente resolvido, usando símbolos para diferenciar cartas e peças com formatos diferentes.
Falando em cores de jogos, não dá para deixar de citar o “Castles of Burgundy”. O jogo usa uma paleta de cores em tom pastel, totalmente lamentável. A arte desse jogo conseguiu igualar daltônicos e não-daltônicos, desagradando a todos, sem distinção. Continua feio, mas pelo menos é democrático e igualitário.
Também não podemos deixar de citar, ainda do “Castles of Burgundy”, o desastre de design que é a trilha de pontos do jogo. Para quem não sabe “trilha de pontos” é um recurso que alguns jogos utilizam para marcar a pontuação dos jogadores, localizada nas bordas do tabuleiro. A impressão que o tabuleiro do “Castles of Burgundy” dá é que os designers erraram no dimensionamento do tamanho dos números, e para fechar a marcação até 100, eles tiveram de fazer aquela “cobrinha”, no canto inferior esquerdo do tabuleiro. Isso é ainda mais inexplicável quando se vê que o quadrado inicial (0/100) é muito maior que os demais quadrados. Se isso foi feito para poder acomodar todas as peças no mesmo local no início do jogo, essa solução foi muito ruim, porque contribuiu para o uso, muito questionável da referida cobrinha no final da trilha de pontos.
Imagem Ludopedia: Castles of Burgundy
Existem também os jogos que não têm tantos problemas de cores, mas que são feios de doer. Isso acontece, por exemplo, no caso das primeiras edições do Puerto Rico, Dominant Especies, e o horrendo entre os horrendos que é o Caylus. Notem que todos esses jogos são fantásticos, sucesso de público e de crítica. Justamente por isso mereciam uma revisão das suas respectivas artes, nem que fosse para que suas ilustrações e iconografias ficassem à altura dos jogos que são.
Alguns jogos até já melhoraram bastante nesse quesito, nas novas edições (Caylus 1303), enquanto outros continuam com sérios problemas ao se verem no espelho, até por não terem sido relançados (Puerto Rico).
Imagem: Ludopedia – Caylus e Dominante Especies
E já que o assunto é beleza, ou mais precisamente, a falta dela, não se pode deixar de citar um jogo que já atingiu um status quase lendário. O famoso, mas infame “Selene” possui as mais horrorosas miniaturas produzidas para um board game. Isso demonstra que essa questão de gosto artístico questionável não afeta apenas as ilustrações.
Imagem: Ludopedia – Selene The Fantasy
Na outra ponta da escala, temos jogos que são lindos, contudo, nem sempre a arte do jogo é valorizada como deveria. É muito comum, no mundo dos board games, dar valor apenas aos designers e às mecânicas dos jogos (que são sempre mais comentados e apreciados que os artistas).
Porém, nem sempre as pessoas lembram que, certamente, boa parte do sucesso de um jogo, reside na arte e principalmente no seu design gráfico e na sua iconografia. Isso fica muito evidente, nos jogos que não usam texto, e, consequentemente, não têm dependência de idioma. Nesse caso, a fluência, o bom desempenho, e a boa aceitação do jogo dependem do jogador entender o que fazer com as cartas e componentes, sem poder contar com um texto escrito, como apoio.
Apesar disso, de um modo geral, uma pessoa podendo escolher entre uma versão feia ou uma versão bonita do mesmo jogo, certamente optará pela versão bonita. Nesse caso, a beleza é um ponto positivo, a começar pela caixa do jogo, que é outro quesito no qual a arte se destaca bastante. Algumas caixas são tão bonitas que dá até para pendurar na parede, e usar de decoração. Esse é o caso do Sereníssima 2ª Edição, dos artistas Arnaud Demaegd e Dominique Ehrhard, que aparece no início desse tópico, bem como as caixas de diversos outros dos jogos.
Dead Men Tell No Tales de Jason D. Kingsley e Chris Ostroswski (Imagem Ludopedia)
Castles of Mad King Ludwig de Keith Curtis, Ollin Timm, Agnieszka Dabrowiecka (Imagem BGG)
Sid Meier’s: Civilization de Hennig Ludvigsen (Imagem BGG)
Contudo, apesar da beleza certamente importar bastante, ela não adianta de nada, se implicar no sacrifício da funcionalidade. Não faz sentido algum prejudicar a jogatina, apenas para fazer o jogo ficar mais bonito.
Seasons de Xavier Gueniffey Durin, Stéphane Gantiez (Imagem Ludopedia)
Por outro lado, também não existe nenhuma regra que determine que um jogo precise, obrigatoriamente, ser feio para ser bom. Evidentemente, nada determina que um jogo bonito não possa ser funcional e rodar bem. Assim, o equilíbrio ideal é que se consiga produzir um jogo com a arte mais bela possível, sem comprometer a jogabilidade.
Takenoko de Nicolas Fructus Picksel, Yujo, Joel Van Aerde (Imagem BGG)
Existem vários exemplos de jogos assim, como é o caso do “Stone Age”, cujo tabuleiro é tão bonito que parece até um quadro. Ao mesmo tempo a iconografia do jogo é ótima e funciona perfeitamente bem, em favor da jogabilidade, excluindo, inclusive, a dependência de idioma. Do mesmo modo, existem outros jogos igualmente muito bonitos, que seguem na mesma linha. Atualmente, nessa questão da arte dos jogos, dois dos artistas que mais se destacam são Michael Menzel e Miguel Coimbra, que produziram verdadeiras obras primas.
Jogos com Arte de Michael Menzel
Stone Age (Imagem: ScotScoop)
The Pillars of the Earth (Imagem BGG)
Cuba (Imagem: Ludopedia)
As Lendas de Andor (Imagem BGG)
A Castle for All Seasons (Imagem: Pinterest)
Jogos de Miguel Coimbra
Giants (Imagem BGG)
7 Wonders (Imagem: Hrajeme.cz)
Cleopatra and the Society of Architects: Deluxe Edition (Imagem BrettSpielNews)
Outros artistas, e trabalhos artísticos que merecem destaque, nesse quesito arte são: Davide Corsi e Roberto Pitturru (Kingsburg), Fred Jordan e Atha Kanaani (Pandemic: O Reino de Cthulhu), Denis Louhasen (Village), Maniusz Gandzel e Michal Oracz (Stronghold), Xavier Collete (Abyss), Diego Sanchez (Jester) e Bianca Targão (Blacksmith Brothers, este juntamente com Diego Sanchez).
Kingsburg de Davide Corsi e Roberto Pitturru (Imagem: Ludopedia)
Pandemic: O Reino de Cthulhu de Fred Jordan e Atha Kanaani (Imagem: creakingshelves.com)
Stronghold de Maniusz Gandzel e Michal Oracz (Imagem: cyberfab.fr)
Abyss de Xavier Collete (Imagem Ludopedia)
Imagem: Estrutura Ludens – Village 1ª Edição (Denis Louhasen)
Em termos de arte bonita, os jogos nacionais, ilustrados por artistas nacionais, também não ficam de fora. Isso ocorre, por exemeplo, com o Jester da MS Jogos do Marcos Macri, bem como o Blacksmith Brothers de são jogos com uma arte caprichada.
Imagem: BGG – Jester (Diego Sanchez) – jogo nacional
Imagem: Ludopedia – Blacksmith Brothers (Bianca Targão e Diego Sanchez) – jogo nacional
É claro que para boa parte das pessoas essa questão de beleza é secundária, e não faz a menor diferença, desde que o jogo seja bom. Mas outras pessoas seguem no extremo oposto, inclusive customizando seus jogos preferidos, pintando peças e principalmente miniaturas. Isso dá um toque especial a mais (além de muito trabalho), como se pode ver nos comparativos abaixo.
Imagem: BGG – Comparativo de Miniaturas de Zombicide Black Plague, monocromática e pintada
Imagem: Ludopedia – Engrenagens do Tzolkin (nem parece o mesmo jogo)
Além das ilustrações, a arte também está presente nas miniaturas, que são uma atração à parte, como é o caso do Star Wars: X-Wing Miniatures Game, e do Star Wars Rebellion. Com isso, muitas pessoas compram as naves, desses jogos, mais para usar como decoração, do que propriamente para jogar. Vale destacar também as excelentes miniaturas de jogos no estilo “ameritrash”, como é o caso do Blood Rage, Rising Sun, Zombicide: Black Plague, Cthulhu: Death May Die, e Arcadia Quest.
Blood Rage (Imagem Miniature Market)
Rising Sun (Imagem Ludopedia)
Muitos jogos calcados no universo Star Wars fazem uso de miniaturas de alto padrão. Isso leva a uma situação muito interessante. Normalmente, por razões comerciais, alguns jogos dessa franquia famosa, disponibilizam a compra das miniaturas das naves, para complementar o material do jogo base. Com isso, muitas pessoas compram apenas as miniaturas das naves mais importantes, para servir de enfeite ou de memorabília.
Star Wars: X-Wing Miniatures Game (Imagem Amino)
Star Wars Rebellion (Imagem tiendamia.com)
Dentre os gêneros de jogos que mais fazem uso de miniaturas são sem dúvida os jogos ameritrash, principalmente medievais, bem como os jogos do universo lovecraftiano. Jogos como o Zombicide Black Plague e o Green Horde são exemplos do primeio caso, e o Cthulhu: Death May Die, é um bom exemplo do segundo.
Zombicide Black Plague (Imagem zombicide.com)
Cthulhu: Death May Die (Imagem philibertnet.com)
O aumento absurdo do nível de detalhamento das miniaturas dos board games levou ao surgimento de uma atividade paralela. Hoje, a pintura e customização de miniaturas acabaram se tornando um hobby próprio, dentro do hobby dos board games. Isso gerou uma demanda suficiente para criar um novo ramo profissional, tanto para empresas quanto para artistas individuais. O motivo disso é que a maioria dos boardgamers certamente não possui nem a habilidade e nem o talento necessários para conseguir um bom resultado na pintura das miniaturas de seus jogos.
Rising Sun (Imagem twitter)
Blood Rage (Imagem BGG)
No entanto, mesmo sem saber pintar tão bem, as pessoas ainda querem dar essa melhorada nos seus jogos. Com isso, as pessoas conseguem cópias únicas e customizadas de seus jogos, e o mais importante, estão dispostos a pagar caro por isso. As editoras, atentas a essa nova tendência, começaram a lançar pacotes avulsos, assim com edições de luxo bem mais caras, em que as miniaturas já vinham pintadas de fábrica.
Esse é o caso do “Waterdeep – Masmorra do Mago Louco”, que inclusive é normalmente a edição usada nos vídeos de gameplay desse jogo, principalmente devido às falhas da versão nacional. No mesmo sentido, a edição “de luxe” do “Corrida Maluca” também trás as miniaturas pintadas dos carros do desenho animado.
Imagem Pinterest – Zombicide Black Plague
No mesmo sentido, algumas empresas também começaram a investir na produção de itens 3D, para incrementar, principalmente os jogos “ameritrash”, no estilo medieval. Esse tipo de jogo, geralmente, tem um tabuleiro contendo uma masmorra, ou cidade. Mas os únicos elementos 3D sãos as próprias miniaturas dos personagens, seus aliados e seus inimigos.
Imagem Pinterest – Zombicide Black Plague 3D
Assim sendo, algumas empresas resolverem investir na melhora da experiência lúdica, para atender a essa demanda de mercado. Com isso, elas começaram a fabricar e comercializar, partes do cenário, tais como portas (que são as mais comuns), paredes, muralhas, ruínas, terrenos, árvores, bem como peças de decoração (mobília e objetos).
Imagem Quora – Chainmail
Essa nova tendência de incrementar a “área de jogo”, certamente remete aos antigos wargames, principalmente da década de 70 e 80, em que esse tipo de recurso era muito comum. São jogos, como o Chainmail (1971), Tricolor: Rules for Napoleonic Wargame (1974), Wahammer Fantasy (1983) e Wahammer 40,000 (1987), conforme recordarão os jogadores, com mais tempo de hobby.
Imagem Ludopedia – Tricolor: Rules for Napoleonic Wargame
O atual Memoir’44, apesar de ser um boardgame, certamente bebeu muito dessa fonte, e sofreu forte influência desses antigos wargames. Esse jogo é uma boa indicação para aqueles que gostariam de ter uma experiência próxima desse tipo de jogo. Isso porque, ele não inclui precisar aprender uma infinidade de regras, o alto custo e o aspecto colecionista, normalmente associados aos wargames.
Warhammer Fantasy Battle (Imagem BGG)
Warhammer 40,000 (Imagem gogeek.it)
E para aqueles que acham que o “Star Wars: X-Wing” precisa de uma mesa grande demais, saibam que, conforme reza a lenda, alguns wargames envolvendo conflitos navais em escala, precisavam de tanto espaço, que tinham de ser jogados no chão, de uma sala beeemmm grande.
Imagem hounamic.com – Memoir’44
Isso porque era inviável colocar o jogo em uma mesa, e ainda sim ser possível alcançar todos os locais necessários e fazer as devidas medições, a menos que se pudesse andar sobre ela.
Imagem spraguedecampfan – The Fletcher Pratt Naval Wargame
Por fim, não resta dúvida de que a arte e o design gráfico são outros dos principais elementos concretos dos jogos. Assim, chega ao fim esse quarto texto cujo objetivo e auxiliar os novos jogadores a compreender um pouco melhor o hobby dos board games.
Um abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
Iuri Buscácio
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excepcional topico sobre board games modernos, to entrando nessa agora apenas e a sensação é que é um mundo novo que eu tava perdendo
muito legal esse artigo, interessantissimo pra alguem como eu que ta iniciando nos jogos de tabuleiro modernos
Caro Maiumi Campos
Fico muito satisfeito que você tenha gostado. Continue acompanhando o site, porque dentro em breve será publicado mais um texto da série.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
interessante ver como tem arte que passa pelo crivo da editora mesmo sendo um LIXO
Caro Mann
Eu acho que LIXO talvez seja um termo muito forte, mas concordo contigo no descaso das editoras brasileiras, com controle de qualidade e revisão. Mas o problema vai muito além de uma mera questão de estética.
Alguns jogos são lançados com erro na impressão das cartas e outros componentes, e em um caso mais extremo até mesmo do tabuleiro. E o pior é que algumas editoras além de deixar passar esses erros, ainda consertam com uma gambiarra, em forma de adesivos para que as pessoas colem por cima dos componentes defeituosos. Basta uma olhada no Ludopedia para ver a quantidade de board games lançados com esse problema.
Mas, voltando à questão da arte altamente questionável, pelo menos isso não é culpa das editoras. Em primeiro lugar, porque os jogos estrangeiros são todos rodados nas gráficas chinesas, para gerar um volume monstruoso de produção e baratear absurdamente o preço dos jogos. E em segundo lugar, porque no caso desses jogos estrangeiros, os contratos de licenciamento não deixam quase nenhuma margem de manobra para a editoras locais, em relação à produção dos componentes.
Nesse caso a solução para os finalistas do “Troféu Cão Chupando Limão”, seria uma nova versão do jogo com a arte melhorada, e uma produção mundial. E mesmo assim não sei se isso resolveria o caso para nós brasileiros, pelo menos para jogos consagrados como Terraforming Mars, Castles of Burgundy e Race for the Galaxy, porque esses já jogos que venderam muito, apesar da arte discutível. Então ainda se encontram até mesmo cópias lacradas no Mercado de Usados do Ludopedia. Se fosse lançada uma nova versão, que introduzisse algumas mudanças, e de quebra desse uma melhorada na arte, aí a conversa seria outra.
Quanto ao caso do lendário Selene, não vou dizer que foi pilantragem da editora, mas sim incompetência e amadorismo da editora responsável. è sempre bom lembrar
* é sempre bom lembrar que esse jogo é de 2013, quando o mercado nacional de board games ainda engatinhava. A Galápagos que ainda era uma editora pequena, anunciou o financiamento coletivo do Sumonner Wars e poucos boardgamers brasucas ficaram muito empolgados, porque um jogo estrangeiro seria lançado nacionalmente. O financiamento foi um sucesso e isso levou muita gente a achar que consegui fazer o mesmo.
Nesse cenário surgiu o Selene, que, por incrível que pareça, era uma proposta boa, a princípio. O problema é que os protótipos do jogo apresentados nos poucos eventos de board games da época, não refletiam de forma alguma aquilo que seria o jogo produzido em larga escala. As miniaturas dos protótipos eram lindas e bem detalhadas, mas isso porque elas foram feitas em impressoras 3D de alta qualidade. Isso impressionou as pessoas e no financiamento coletivo a editora conseguiu arrecadar, salvo engano, mais de R$ 75.000,00 e isso em 2013. Mas na hora de produzir, o problema do custo apareceu, porque fazer meia dúzia de miniaturas em impressoras 3D de alta qualidade é uma coisa, mas produzir centenas ou até milhares de miniaturas nesse sistema é outra coisa muito diferente.
E para piorar, durante a campanha de divulgação do jogo, o uso dessa nova tecnologia na época, ao invés da injeção de plástico, foi um dos diferenciais para promover o jogo. Como diz a sabedoria popular “o ótimo é inimigo do bom”, e ao invés de usar injeção de plástico e apresentar um produto bom, a editora optou por usar a impressão 3D de baixa qualidade e as miniaturas ficaram horrorosas, parecendo velas derretidas. A editora tentou consertar e a emenda saiu pior do que o soneto, porque ela simplesmente pintou as miniaturas de preto, para tentar melhorar, mas isso não adiantou muita coisa. Com isso, muita gente se sentiu lesada, pela diferença entre o que foi anunciado e o que foi entregue, e tentou devolver o jogo e pedir o dinheiro de volta. Mas aí já era tarde porque a editora sumiu sem dar notícias.
Isso para você ver como lançar um jogo feio, nem sempre é o pior dos problemas.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
tenho o terraforming mars e as cartas eu nem ligo pra arte delas… uma o uoutra que sao meio exgaeradamente feias mas no geral a gente nem leva em conta, o que vale realmente é o jogo ser excelente
Dani Luiz
Apesar de bem feio, o Terraforming Mars é um jogão, mas não custava nada lançarem uma nova versão com uma arte mais bonita, e mais adequada à importância que esse jogo tem.
Nós estamos falando de um jogo que está na 6ª posição do ranking geral do BGG, o que significa que ele está entre os 10 melhores jogos de tabuleiro de todos os tempos, no maior site de board games do mundo.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio