Crítica: O Enigma do Outro Mundo (The Thing)
O Enigma De Outro Mundo (The Thing)
Direção: John Carpenter
Elenco: Kurt Russel, Wilford Brimley, T. K. Carter, David Clennon, Keith David e Richard Dysart.
Ficar acordado de madrugada em frente à TV, ao saber que iria ser exibido O Enigma do Outro Mundo (The Thing), não era, para mim, uma das tarefas mais fáceis.
Primeiro pelo fato de ter que acordar cedo para as obrigações estudantis e segundo, e mais importante, era superar o pavor ao ver este clássico de John Carpenter, que mais de 30 anos depois ainda merece todos os créditos, elogios e reconhecimentos que infelizmente não obteve na época do lançamento.
Aproveitando que o filme (difícil de localizar em DVD ou Blu Ray e ainda mais por um preço acessível) está pela primeira vez disponível na Netflix, nada mais justo que falarmos um pouco deste clássico de terror e ficção.
Em 1982, quando foi lançado nos cinemas , O Enigma do Outro Mundo sofreu a concorrência de nada mais que E. T. de Spielberg. Isso somente já seria um problema para qualquer obra, mas o filme do mestre John Carpenter sofreu tanto em termos de estrutura quanto questão, digamos, ideológica.
O filme é um dos mais caros realizados pelo diretor sempre acostumado a baixos orçamentos. Para ter uma ideia, o filme custou aproximadamente 15 milhões de dólares, o que era uma quantia considerável na época. Mas se levarmos em conta que o filme de Steven Spielberg custou algo em torno de 10 milhões, é mais que compreensível a decepção de John Carpenter.
Naquela época a preferência era para ver alienígenas bonzinhos que eram as vítimas dos humanos (e não o contrário) como visto em E. T. Assim, a bilheteria do filme de Carpenter mal conseguiu cobrir seus custos no EUA.
Antes que digam que sou contra E. T., o mesmo é um dos meus clássicos preferidos dos anos 80 e choro sempre ao revê-lo. Entretanto, em ver um alienígena “invisível” e assassino em detrimento a um com aparência frágil e doce, seria algo impossível para o público da época.
Refilmagem do O Monstro do Ártico de 1951 (que adaptou o livro Who’s Goes There – 1938 – de John W. Campbel), O Enigma de Outro Mundo era justamente a maior personificação (junto com Alien de Ridley Scott) do pesadelo em forma de alienígena que os humanos poderiam encontrar: uma equipe de cientistas em pleno isolamento do ártico, encabeçada pelo ator-fetiche de Carpenter, Kurt Russel, são vítimas de uma entidade extraterrestre, que tem o poder de se passar pelo organismo vivo com que tiver contato.
O contexto do filme, que já é interessante é explorado por Carpenter de maneira magistral, aumentando a tensão a cada segundo, fazendo com que espectador fique preso à poltrona, num jogo psicológico sem saber quem será a próxima vítima e quem realmente é o alienígena, no qual não sabemos sua aparência original. A única missão é se manter vivo!
Destaque para a cena em que os sobreviventes são submetidos a um teste de sangue e fogo para revelar qual deles não é quem aparenta ser. Cena esta que se tornou referência por inúmeras vezes em diversos filmes, como o recente Os 8 Odiados de Tarantino.
Tecnicamente falando, O Enigma do Outro Mundo é mais espetacular ainda. A fotografia e direção dão o tom certo de isolamento daquela estação de pesquisa no meio do gelo, explorando bem os ambientes com sua mise-en-scene, dando uma sensação de claustrofobia de que talvez ninguém saia daquela sepultura de gelo com vida (a menos, claro, o próprio alienígena).
Eu tenho certa queda por filmes ambientados em climas gélidos, assim assistir este filme é um prazer imensurável. A fotografia azulada da a tônica ao ambiente, ajudado pela luz da própria fotografia que limita o espaço externo com escuridão total, diminuindo o angulo de visão dos personagens e aumentando a sensação de perigo.
Para completar temos a trilha sonora do mestre Ennio Morricone aumentando o clima de tensão e nervosismo. Morricone demonstra como, apenas com poucos e repetitivos acordes, isso é mais que suficiente para se criar o clima de medo.
Por último e não menos importante, não podemos falar de O Enigma de Outro Mundo sem comentar os efeitos especiais e maquiagem dos mestres Lance Anderson e Rob Bottin, que até hoje soam convincentes e assustadores.
Como obviamente não existiam computadores avançados para tal, os efeitos eram todos mecânicos, fazendo o realismo saltarem aos olhos deixando qualquer CGI no chão. Principalmente por ser tratar de efeitos reais em que os atores contracenam como o mecanismo de verdade e não somente com as telas verdes do chroma key.
Um destes melhores exemplos é a cena do canil. A cena é grotesca e aterrorizante o suficiente para causar pesadelos. A(s) criatura(s) são de um primor técnico exemplar, com os animais se misturando com as formas alienígenas, assim como quando misturados às faces humanas, como monstros deformados. Tudo isso feito, literalmente, na mão.
O Enigma do Outro Mundo é um clássico de ficção e terror, tenso, com final ambíguo, que deve ser sempre visto e revisto, demonstrando às novas gerações, que mesmo com as inúmeras cópias (até uma refilmagem descartável em 2011), jamais perderá o impacto.
Rodrigo Rodrigues
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nao existe um filme de terror feito que seja melhor que esse e estamos falando de um filme feito 40 anos atras o que é um feito e tanto, sendo que so a cena do Palmer na cadeira se transformando nao ficou muito boa por causa do sangue muito vivo, mas todas as outras sao perfeitas
meus parabéns Maxiverso, seus artigos sobre meu filme favorito estão muito bons, sugiro uma publicacao sobre cada uma das historias em quadrinhos publicadas sobre ele obrigado e deixo aqui um pensamento: sempre achei estupido o Windows ficar olhando o Palmer-Coisa ccair do teto na sala de recreação e acabar sendo puxado pra ele ao invés de torrar o maldito… morreu a toa… desperdício
o filme de 2011 nao é refilmagem, é uma prequel, conta a historia da estacao norueguesa que o Macready encontra no filme de 82
Assisti uma vez em um Corujão na Globo, acho. Era o tipo de filme raro em que tem momentos que vc tem que fechar o olho para não desmaiar e mesmo assim passei dias com medo de dormir depois de assistir. Isso sim é filme de terror!
Esse filme é uma obra prima!
O filme de 2011 não é descartável
Tanto não é descartável quanto não é uma refilmagem, mas um prequell, e muito bem feito por sinal…. principalmente a sequencia final do filme de 2011 que costura as histórias ligando com a cena inicial do The Thing de 1982. Só acho que os noruegueses produtores do de 2011 deveriam ter usado efeitos com maquiagens e marionetes como no de 1982, e não CGI. Mas acho que ficou perfeito!!!
infelizmente é tanto descartável quanto ruim, mesmo tendo respeitado o de 82 e tendo o final certinho, ligado ao de 82 tb… zero suspense, zero verossimilhança do alien graças ao CGI tosco… uma pena… outro desperdício… so vale pela curiosidade mesmo
Parabéns pela resenha. Meu filme preferido do Horror!!
Ju Anito Silva.
Obrigado pelo comentário.
Realmente o filme é um dos meu preferidos também.
John Carpenter sempre genial.
Abraços e continue nos acompanhando