Crítica: Moana – Um Mar de Aventuras

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moana_cartaz Crítica: Moana - Um Mar de AventurasMoana – Um Mar de Aventuras

Direção: Ron Clements e John Musker

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Elenco: Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson, Rachel House, Temuera Morrison, Jemaine Clement e Alan Tudykmoan

Divago qual seria a reação, na época de lançamento de clássicos como CinderelaBranca de Neve ou Rapunzel se dissessem que em 2017, depois de um filme em que a ”princesa” não seria salva pelo príncipe (Frozen), ou um com uma protagonista negra (A Princesa e o Sapo), teríamos uma personagem de origem tribal e que tal protagonista rejeitasse a alcunha de princesa quando questionada se não seria uma por “usar saia e andar com bichinhos”.

Mas, caso não me falhe a memória, Moana (Cravalho), talvez seja até mais emblemática do ponto de vista feminista que as duas últimas citadas. Pois ao contrário do padrão em manter um personagem masculino para contrabalancear o conflito de gênero (além da rejeição do termo “princesa”), aqui tal elemento é mais visto com alguém mitológico (e com certo narcisismo) e não tem influência dramática sobre a protagonista que gere alguma subjugação, tornando este Moana – Um Mar de Aventura como um reforço da diversidade estabelecida das protagonistas nas animações dos estúdios Disney.

Moana é uma determinada e independente filha e herdeira natural de uma tribo na Polinésia, que parte numa aventura acompanhada de Maui (Johnson) para levar um artefato mágico para a ilha da deusa Te Fiti e assim salvar a ilha, em que a jovem vive, da maldição que se instalou pelo roubo deste mesmo artefato. Durante esta jornada temos os conflitos e amadurecimento comum às animações Disney, que devido aos inevitáveis diálogos expositivos (“Acredite em si”, “Sempre estarei contigo” etc.), podem se tornar mais incômodo para os adultos, mas cumprem a tarefa didática de auto-afirmação para os menores.moana_meio Crítica: Moana - Um Mar de Aventuras

Contudo, os números musicais, em alguns momentos, soam descartáveis com relação à narrativa e não acrescentarem muita coisa à história, como na cena ocorrida no fundo do mar com a participação de um siri gigante. Outro detalhe que merece o comentário é com relação às inserções musicais sem o impacto visto em Frozen e sua “Let It Go”. Entretanto, afirmo que tal falta de percepção se dê pela dublagem que praticamente aniquilou, como sempre faz, as cenas com as canções principais “How Far I’ll Go” e “You’re Welcome”

Mas contando com uma animação absolutamente sublime, a direção Ron Clements e John Musker aproveita todos os recursos e cores para engrandecer cada cena sem jamais se tornar repetitivo, principalmente por boa parte do filme se passar no mar. É elogiável também e fundamental repararmos em cada expressão dos personagens e suas feições, como podemos constatar nos movimentos dos cabelos, das mãos e as reações de Moana que fluem de maneira impressionante e dão uma verossimilhança surpreendente (reparem quando a personagem tem seus cabelos molhados e nos movimentos para ajeitá-los e suas expressões faciais). Até mesmo as inserções musicais, mesmo com os problemas ditos anteriormente, são construídas com uma bela lógica visual, como podemos ver na cena em que partindo rumo ao desconhecido ao som do tema principal, Moana tem seu caminho iluminado pelo espírito de sua avó. Ou quando Moana e Maui se encontram nas profundezas do mar, o local ainda é visto com um submundo de personagens coloridos a base de cores florescentes contrastando com a escuridão das profundezas.

Em seu terceiro ato e no clímax, Moana aposta na sua abordagem mitológica e de fácil percepção conceitual (monstro, lava e fogo) e assim como evita criar, de maneira correta, um vilão com um arco dramático além do habitual (busca pelo poder) , soando uma dubiedade mais eficaz dramaticamente que apostar na “vitória dos mocinhos”.

Quanto a dúvida inicial do texto sobre qual seria a reação, não me importa (pois é um tipo de exercício de adivinhação que evito fazer). Mas se baseando na atual sociedade, espero que daqui a alguns anos, possamos passar muito tempo dando exemplos de outras personagens femininas desta importância.

Cotação 3/5

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Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a historia ou acharem que cinema começou nos anos 2000. De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

5 thoughts on “Crítica: Moana – Um Mar de Aventuras

  1. A canção De Nada, que dublou a Youre Welcome, é espetacular!!! minha filha canta ela até hoje!

  2. Moana é a animação preferida da minha filha até uns dois anos atrás, quando ela partiu pra coisas mais “maduras” rs… assistíamos pelo menos uma vez por mês ao longo de alguns anos. Acho sensacional também! Engraçado que, de tanto ver, passei a gostar das versões dubladas das músicas, inclusive a You’re Welcome! A paixão por Moana virou tema de aniversário dela, brinquedos e afins. Amo Moana de todo o coração <3

  3. Orlando,

    Obrigado pelo comentário e elogio.

    Sim, é muito importante que o cinema em geral e principalmente as animações (devido ao seu público alvo) tenham esta consciência de que certas convenções devem ficar para trás.

    Espero que gostem do filme também.

    Abraços e seja sempre bem vindo.

  4. bom ver a Disney se atualizando conceitualmente… mandou bem na critica tb, vou levar minhas filhas pra assistir junto com meu filho hahaha

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