6ª Dica p/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Tabuleiros

Imagem Ludopedia: Pandemic – Tabuleiro

Esse texto “6ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Tabuleiros” é o sexto de uma série de textos contendo dicas para boardgamers, iniciantes ou não, mas principalmente no sentido de ajudar quem iniciou no hobby agora. Outro objetivo desse texto é propor um ponto de reflexão aos boardgamers mais experientes. Quem tiver o interesse de ler os textos anteriores, basta acessar os links abaixo:

1ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça Melhor o Hobby

https://maxiverso.com.br/blog/2022/07/15/1a-dica-p-novos-jogadores-conheca-melhor-os-board-games-modernos/

2ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Caixas

https://maxiverso.com.br/blog/2022/12/05/2a-dica-p-novos-jogadores-conheca-as-caixas-dos-board-games/

3ª Dica P/ Novos Jogadores – 7 Cuidados ao Iniciar nos BG

https://maxiverso.com.br/blog/2022/12/27/3a-dica-p-novos-jogadores-7-cuidados-ao-iniciar-nos-bg/

4ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça a Arte/Design dos Jogos

https://maxiverso.com.br/blog/2023/01/06/4a-dica-p-novos-jogadores-conheca-a-arte-design-dos-jogos/

5ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Peças

https://maxiverso.com.br/blog/2023/02/26/conheca-os-tipos-de-pecas/

Antes de tratar propriamente do tema tabuleiro, é sempre bom lembrar que as categorias apresentadas abaixo foram organizadas de modo a facilitar o entendimento do leitor. Um exemplo disso é a divisão em tabuleiros de mapa e tabuleiros de local. Possivelmente outros entendimentos serão divergentes, defendendo que esses tabuleiros ou são do tipo mapa, ou são do tipo local. Nesse caso, a verdadeira distinção estaria na mecânica do jogo. Como em diversos outros aspectos dos board games, nesse caso, também não existe uma única verdade, e os dois posicionamentos são válidos.

Imagem amazon.com: Camel Up 2ª Edição – Tabuleiro

Dito isso, um dos elementos concretos mais importantes para os jogos de tabuleiro, como não poderia deixar de ser, é o próprio tabuleiro em si. Basta dizer que esse elemento dá nome a esse tipo de jogo em particular. Um tabuleiro de jogo é uma peça com diversas formas (quadrada, retangular, redonda, etc) e é sobre essa peça que o jogo se desenvolve. Em outras palavras, é no tabuleiro que as peças são posicionadas, as cartas colocadas ou os dados lançados, conforme o tipo de jogo. Basta pensar em um tabuleiro de Xadrez, que nada mais é que um quadrado subdividido em 64 quadrados menores, sendo 32 claros e 32 escuros. É sobre esse tabuleiro quadriculado que são organizadas as peças de cada um dos jogadores, e por onde elas se movimentarão ao longo da partida.

Desde antiguidade até os tempos modernos, ainda não havia disponibilidade de alguns materiais, comuns hoje em dia, como papelão ou plástico. Por isso, os tabuleiros e as peças dos jogos utilizavam outros materiais mais resistentes, como, pedra, madeira, marfim e metal. Só com esses materiais, os jogos de tabuleiro, tão difíceis de produzir em tempos mais remotos, poderiam passar de geração a geração. Com o desenvolvimento da tecnologia, e a redução do custo de produção de certos materiais, os jogos de tabuleiros passaram a utilizar papelão, ou plástico em alguns casos. Os principais tipos de tabuleiro de jogos são os seguintes:

TABULEIRO DE CORRIDA

Esse tipo de tabuleiro apresenta um circuito que os jogadores têm de percorrer do início até o final do jogo. Ele é muito comum nos jogos do tipo “corrida”. Entre os jogos de tabuleiro clássicos, um dos melhores exemplos é o Jogo da Vida. Já entre os jogos modernos destacam-se o Dixit, K2, Rallyman GT, Corrida Maluca, Ave Cesar, Camel Up, Flame Rouge, Down Force, dentre vários.

Falando em jogos de corrida, é sempre bom lembrar que esse termo não se refere exclusivamente a uma corrida como ela é normalmente concebida, disputada com carros, bicicletas ou quadrigas romanas. A título de curiosidade, para quem não sabe, uma das mais famosas cenas de corrida do cinema, do filme Ben-Hur com Charlton Reston, foi disputada com quadrigas de quatro cavalos e não bigas que usam apenas dois animais, como se diz comumente por aí. Assim sendo, uma corrida é basicamente ir do ponto A (largada) ao ponto B (chegada), como ocorre no caso do jogo K2. Nesse board game, os jogadores disputam uma corrida, para ver quem chega primeiro ao topo da montanha.

Um aspecto interessante, ainda sobre jogos de corrida, é que normalmente quem termina na frente ganha o jogo, mas nem sempre é assim. Em alguns jogos o fim da corrida equivale ao fim do jogo, mas o vencedor depende de quem tiver feito mais pontos, como é o caso do próprio Jogo da Vida ou do Camel Up.

Imagem Google: Dixit – Tabuleiro

Outro esclarecimento necessário, diz respeito a outro termo que surge vez ou outra, que é a “trilha de pontos”, e que pode acabar causando alguma confusão. A trilha de pontos nada mais é que uma marcação dos pontos da partida que, normalmente, se localiza nas bordas do tabuleiro.

Imagem victoriana.com: Russian Railroads – Tabuleiro com Trilha de Pontos

O recurso da “trilha de pontos” é muito comum, principalmente em se tratando de jogos com alocação de trabalhadores (que será melhor explicada em outro texto, tratando das mecânicas de jogos), como, por exemplo, “Stone Age”, “Caylus”, “As Viagens de Marco Polo” e “Russian Railroads”. Mas esse elemento também é utilizado em jogos baseados em outras mecânicas, tais como “Terra Mystica”, “Blood Rage” ou “Ticket to Ride: Europa”.

TABULEIROS DE MAPA

Imagem gesellschaftsspiele.de: El Grande – Tabuleiro

Os tabuleiros do tipo mapa são aqueles que, obviamente apresentam um mapa, representando uma grande extensão geográfica, dividida em várias áreas menores. O melhor exemplo desse tipo de tabuleiro, entre os jogos clássicos, como não poderia deixar de ser, é o War. Entre os jogos modernos internacionais bons exemplos são o “El Grande” (provavelmente o melhor exemplo), “Scythe”, “Spirit Island” e “Small World”, para ficar apenas em alguns.

Imagem Google: WAR – Tabuleiro

Os tabuleiros de mapa são normalmente ligados à mecânica controle/influência de área (se aplica o mesmo que a alocação de trabalhadores), portanto esse tipo de tabuleiro mostra as áreas que o jogador deverá ocupar, e/ou controlar, ao longo da partida, Isso torna esse tipo de tabuleiro um pouco diferente do tipo de tabuleiro a seguir.

TABULEIROS DE LOCAL

Imagem Google: Detetetive/Clue – Tabuleiro

Diferentemente dos tabuleiros de mapa, os tabuleiros de local mostram uma determinada área muito menor. Essa área varia de tamanho e pode ser uma casa, uma cidade ou uma determinada região pequena. Os melhores exemplos de tabuleiros de área, entre os jogos clássicos são o “Detetive” (casa), o “Scotland Yard” (cidade), Interpol (cidade), ou “Star Wars – Fuga da Estrela da Morte”. Entre os jogos modernos os melhores exemplos de tabuleiros de local, são o Mansions of Madness (casa), o Arkham Horror (cidade), e o “Pandemic – Reino de Cthulhu” (região).

Imagem Google: Star Wars – Fuga da Estrela da Morte – Tabuleiro

Existem, entretanto, alguns jogos com tabuleiros de local, mas que retratam uma área geográfica muito grande. Esse é o caso do “Pandemic” normal e do “Eldrich Horror”, que retratam o mundo inteiro. A diferença é que no caso dos tabuleiros de local, as diversas áreas são locais de passagem, ou seja, os jogadores passam por esses locais. Por outro lado, nos tabuleiros de mapa, normalmente, os jogadores devem permanecer ou dominar esses locais. Isso é o que ocorre nos jogos de controle/influência de área, mais associados aos tabuleiros de mapa.

Imagem BGG: Eldritch Horror – Tabuleiro

Conforme explicado anteriormente, essa distinção pode não fazer sentido algum, e tanto tabuleiros de mapa, quanto de local, serem parecidos demais, para que qualquer tipo de diferenciação tenha alguma relevância prática.

TABULEIROS MODULARES

Os tabuleiros modulares são tabuleiros compostos de diversas partes, que podem se encaixar em diversas ordens distintas, conforme o desenrolar do jogo. Desse modo, a cada partida os jogadores se deparam com um tabuleiro totalmente diferente. Como não poderia deixar de ser, esse tipo de tabuleiro aumenta consideravelmente a rejogabilidade e a vida útil do jogo. Se a cada partida o tabuleiro muda, os jogadores terão de jogar muitas partidas até esgotarem cada uma de suas possibilidades em termos de tabuleiro. E se isso ocorrer, o que é pouco provável, os jogadores sempre podem contar com expansões oficiais, que trazem novas aventuras e novas peças de tabuleiro.

Imagem BGG: Zombicide – Tabuleiro

De uma maneira geral, os tabuleiros modulares estão associados aos jogos do tipo “dungeon crawler”. Nesse tipo de board game, os jogadores fazem parte de um grupo que necessita explorar uma masmorra ou labirinto, para conquistar o objetivo do jogo. Em alguns casos, o jogo já começa com todo o tabuleiro modular “aberto”, e desse modo, os jogadores podem elaborar suas estratégias, trançando o melhor caminho a seguir.

O melhor exemplo de jogos com tabuleiro modular aberto talvez seja o Zombicide. Nesse jogo, os jogadores podem ver desde o início da partida, os locais de entrada dos zumbis, e os prováveis caminhos que eles seguirão, podendo assim evitá-los. No entanto, existem jogos em que o suspense faz parte da diversão, de modo que as partes do tabuleiro vão sendo abertas aos poucos. Esse é o caso do Mansion of Madness, e do “Betrayal at House on the Hill”.

Imagem theboardgamefamily.com: Mansions of Madness – Tabuleiro

Outro fator interessante, a respeito dos tabuleiros modulares, é que boa parte dos jogos que se utilizam desse elemento possuem comunidades de entusiastas muito atuantes na Internet. Esses fãs criam as suas próprias aventuras, com novas configurações dos tabuleiros oficiais, principalmente em relação a jogos do tipo “dungeons crawlers”. Nesse caso, as peças do tabuleiro ação reorganizadas em ordens diferentes daquelas que aparecem no manual de regras do jogo. Um exemplo de muito destaque nesse particular é o aplicativo Valkyrie, que contém aventuras para o Mansions of Madness, criados pelos fãs do jogo.

Imagem Google: betrayal at House on the Hill – Tabuleiro

Assim sendo, por conta do trabalho das suas comunidades de fãs, que produzem suas próprias aventuras, os jogos com tabuleiro modulares, que já são longevos por natureza, possuem uma sobrevida ainda maior.

TABULEIROS INDIVIDUAIS

Os tabuleiros individuais, como o próprio nome já diz, são os tabuleiros que pertencem a um único jogador. Evidentemente, eles se diferenciam do tabuleiro central, que serve a todos os jogadores. Esse tipo de tabuleiro é muito comum nos chamados “jogos de fazendinha”. Nesses jogos, cada jogador possui o seu próprio tabuleiro representando a sua fazenda, e deve desenvolvê-la, utilizando as as ações, as peças ou as cartas do tabuleiro central.

Imagem Google: Agricola – Tabuleiro

Talvez os exemplos mais emblemáticos de “jogos de fazendinha”, com tabuleiros individuais, sejam os célebres jogos Puerto Rico e Agrícola. No entanto diversos outros jogos têm essa mesma temática, como Village, Clãs da Caledônia, Viticulture, entre outros. Existem inclusive jogos que são de fazendinha, mas procuram variar na temática, para tentar parecer diferente, como é o caso do excelente Stone Age, em que se troca “fazenda” por “aldeia”.

Imagem Google: Puerto Rico – Tabuleiro

Mas não são apenas os jogos de fazendinha que utilizam o elemento tabuleiros individuais. Esse tipo de tabuleiro também está presentes em jogos como King of Tokyo, 7 Wonders, Russian Railroads e Zombicide, que nada tem a ver com o tema rural.

TABULEIROS DE AÇÕES

Os tabuleiros de ações estão mais relacionados com a mecânica alocação de trabalhadores. Esse tipo de tabuleiro se divide em vários espaços, cada um correspondente a uma ação específica. Para realizar a ação desejada, jogador deverá colocar um de seus meeples/trabalhadores, no espaço correspondente.

Imagem Ludopedia: Stone Age – Tabuleiro

Retornando ao tema “fazendinha”, normalmente os tabuleiros centrais desse tipo de jogo, são tabuleiros de ações, e são essas ações que os jogadores utilizam para desenvolver suas respectivas fazendas, nos tabuleiros individuais.

TABULEIROS FEITOS DE TILES

Os tabuleiros feitos de tiles (qualquer dúvida sobre tiles, ver o texto sobre tipos de peças) são os tabuleiros compostos por diversas peças individuais (tiles), que os jogadores sorteiam, e unem umas às outras para formar o tabuleiro.

Imagem Google: Carcassonne – Tabuleiro

Nessa categoria o maior destaque sem sombra de dúvida vai para o aclamado Carcassonne. Outros jogos merecedores de destaque, nesse quesito, são o “Takenoko” e o “Dead Men’s Tell No Tales”.

Alguns jogos, de forma muito inteligente, acabam desafiando qualquer tipo de classificação de tabuleiros, inclusive mesclando as categorias acima. Um exemplo disso é o Kingdomino que mistura tabuleiros individuas com tabuleiros feitos de tiles. Outro exemplo de jogo, com um tabuleiro hibrido, é o “Lisboa”, que mistura um tabuleiro de locais com um tabuleiro de ações.

Imagem klessmscollege.com: Dead Men’s Tell No Tales – Tabuleiro

De todo modo, conforme dito no início do texto, classificações são normalmente arbitrárias. E mesmo quando não o são, ainda assim elas sofrem forte influência do entendimento do classificador, a respeito do item classificado. Por tal motivo, possivelmente algumas outras possíveis categorias ficaram de fora da classificação de tabuleiros, apresentada nesse texto.

Além disso, certamente algumas pessoas vão concordar e outras vão discordar a respeito dos critérios de classificação, o que é perfeitamente natural. Isso não que dizer que essa classificação dos diversos tipos de tabuleiros esteja, nem necessariamente correta, e nem necessariamente errada, e tampouco que ela tenha esgotado o tema. Na verdade o importante é que cada jogador experimente os mais diversos jogos, com tipos de tabuleiros diferentes, e construa dessa forma o seu próprio entendimento a esse respeito.

Por fim, esses são alguns dos principais tipos de tabuleiros dos board games, apresentados no sentido de auxiliar os novos jogadores a compreender um pouco melhor esse maravilhoso hobby dos jogos de tabuleiro modernos.

Um forte abraço e boas jogatinas!

Iuri Buscácio

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Iuri Buscácio

Leitor voraz de filosofia, teatro, literatura brasileira e estrangeira, suspense, e de romances históricos, de fantasia e ficção científica, além de ser fã de quadrinhos americanos e europeus, desde os tempos da saudosa Ebal, amante do cinema e das séries, e também um grande entusiasta e pesquisador dos jogos de tabuleiro, tanto clássicos quanto modernos, cuja trilha sonora é o bom samba, a MPB de qualidade, black music e música pop dos anos 70 e 80.

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