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Direção: Lukas Dhont

Elenco: Eden Dambrine, Gustav De Waele, Émilie Dequenne, Léa Drucker, Igor van Dessel, Kevin Janssens, Marc Weiss e Herman van Slambrouck

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A toxicidade masculina é uma sombra que paira sobre toda a sociedade. Alimentando-se das vítimas através da misoginia e homofobia, esse preconceito nada sutil perpetua-se nas gerações, independente da época; seja demonstrado, por exemplo, em Ataque dos Cães (2021) ou em Tomboy (2011). Em casos assim, a orientação sexual se torna ofensa, cuja necessidade natural em expor seu amor por alguém é considerada um “crime” para parte de uma sociedade que ve sentimentos puros entre pessoas do mesmo sexo como “antinatural”.

Assim, Close, dirigido de maneira dolorosamente delicada por Lukas Dohnt sugere, pelo seu minimalismo, contornos autobiográficos, mas sem deixar de abrir uma discussão onde amor e rupturas seguem o mesmo ritmo; pontuando que amor entre pessoas do mesmo sexo não significa necessariamente um relacionamento do significado “padrão” (entrega constante, divisões conjugais, sexo, etc…). Essa linha tênue é um dos grandes méritos da obra.

Se os jovens Leo (Dambrine) e Remi (Waele) tem em suas amizades algo puro e sem julgamentos, principalmente pelos contornos quase oníricos dentro do ambiente familiar que vê com naturalidade a intimidade dos jovens, é mutuamente proporcional que, ao começaram a frequentar um novo ambiente escolar, seus comportamentos logo despertam o estranhamento de outros jovens.

Claro que a conotação de um filme homoafetivo é evidente, e essa sensação está intrinsecamente remetida no comportamento dos outros alunos, mas é elogiável que o roteiro do próprio diretor em conjunto com Angelo Tijssens não tente trazer um preconceito diretamente ligado a um personagem em si. Obviamente temos alguém que tripudia através de agressões físicas e a meninas tendem a ter curiosidade por eles “serem” gays (ratificando que em nenhum momento eles assumem suas orientações sexuais, até porque é algo que pouco importa na relação naquele momento). Ademais, o olhar de Leo para Rami (méritos para os dois jovens atores) transmite uma doçura na medida exata: suas nuances e gestos tendem a mexer como o instinto em ser algo infantil e ao mesmo tempo um aflorar de sexualidade. Uma experimentação, um misto de sensações que soam tão naturais quando a orientação inerente a qualquer pessoa.

Essa sensação, no entanto, acaba recaindo proporcionalmente inversa em todos os outros jovens como se eles fossem moldados externamente pela sociedade que esta fora da tela, mas que é diretamente influente. Tanto que, assim como os pais de Leo e Raime, os professores (os outros únicos adultos no filme) demonstram total compreensão sobre os dois, entendendo que nesse momento de amadurecimento cada julgamento pode tornar contornos em algo sem precedentes. Se Raime vê Leo sendo cooptado pela sociedade que tenta “corrigi-lo” ou “cura-lo”, Leo é integrado ao time de hóquei como simbolismo que o longa traz para criar esses contraste na mente do jovem, como uma prova para o parâmetro de sua masculinidade e para ser aceito; algo que futuramente será visto por ele como um exercício inútil de provação.

Não sendo coincidência que a fotografia de Frank Van den Eeden faz um trabalho correto para exemplificar todo o contexto da historia. Se inicialmente os jovens surgem simbolicamente em um túnel subterrâneo como se tivessem algozes em seus encalços, rapidamente são transportados para um campo de flores e algodão onde correm lado a lado como estivessem em um mundo mágico e inalcançável. Portanto, é nada mais do que lógico que todo o ambiente ao redor de Leo vá mudando ao usar ambientes de trabalhos braçais e chuvosos, como se aquele universo pueril fosse deixado para traz.

Close não permite redenção de personagens, e uma perda atinge a todos ao redor e num mundo que as pessoas parecem atônitas sem entender seus papeis na vida dos jovens Leo e Raimi, o diretor poderia facilmente ceder a um esquema pessoal de acerto de contas; no entanto ele estaria indo no sentido contrario a tudo que a temática do filme propõe. É louvável, a meu ver, portanto, que o diretor permita entender que a única coisa que pode unir os principais sacrificados é justamente o perdão e amor. Essa interpretação é o que torna o filme tão humano. São dolorosas as lembranças? Sem dúvida, e essa dor os acompanhará para sempre, e somos melancolicamente capturados pela agonia deles, cujos caminhos, antes entregue às próprias paixões, terão que encontrar outros refúgios numa floresta de sofrimento.

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Close

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

3 thoughts on “Crítica: Close

  1. a força que a gente faz pra emplacar um filme GLBTQ+ mesmo ele sendo ruim é algo digno de louvor

  2. parece um filme bem ruim que alguns tao propagando so por ser woke, acho que nao vou perder meu tempo

  3. Vamos ponderar acerca de preconceito e tb lacração… “Em casos assim, a orientação sexual se torna ofensa, cuja necessidade natural em expor seu amor por alguém é considerada um “crime” para parte de uma sociedade que ve sentimentos puros entre pessoas do mesmo sexo como “antinatural”.” Bom, se vc considerar que biologicamente os mamiferos precisam de macho e femea para procriar, ou entao se vc considerar apenas socialmente os humanos e a esmagadora maioria das pessoas sendo hetero, não é errado dizer que ser homo é “antinatural”, apesar que essa palavra significa nessa questao “incomum” e não “errado”, pena que o preconceito leva a maioria dos heteros a acharem que o “incomum” (menos comum, menos vezes ocorrido) é errado, pior, feio, etc. Erram os homo e simpatizantes ao tentarem fazer o homo ser “natural”, já que não é. Deveriam tentar fazer o homo ser respeitado e não aceito como normal. Erram ainda mais os hetero que veem o homo como algo errado. Erram os dois. Mas evidentemente quem sofre com os erros sao os homos. Pq os heteros nao podem simplesmente ver os homos como humanos iguais que simplesmente gostam de outros homos? Pq demonstrar amor por um igual é visto como feio ou errado? Talvez nos incomode visualmente ou ate desperte uma fragilidade masculina em muitos heteros, alem da questao religiosa que ve isso como pecado. Seja como for, um dia o preconceito vai acabar, e os homos vao parar de sofrer por amar quem eles querem.

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